Rei do Labirinto

Rei do Labirinto – Vol 01 – Cap. 04 – Um Duelo com a Lâmina Celestial

1

Tendo terminado de lutar nas profundezas do labirinto, Percival começou sua viagem de volta à superfície.

Só porque estava subindo não significava que podia baixar a guarda, pois precisava passar por muitos corredores com monstros fortes no caminho. A escalada também seria um bom treinamento.

Percival chegou ao quadragésimo nono andar e decidiu fazer uma pausa para comer.

Essa foi uma expedição que valeu a pena.

Cheguei até o nonagésimo sexto andar e até dominei o uso do Escudo de Ende contra monstros grandes.

Havia cinco tesouros passados de geração em geração na Casa Mercurius. A Pulseira de Alestra, que anulava magia.

A Adaga de Kaldan, que protegia o corpo de seu portador contra venenos e status negativos.

O Anel de Raika, que disparava magia ofensiva.

O Escudo de Ende, que refletia ataques físicos de volta ao inimigo.

E o Amuleto de Bolton, que absorvia magia e concedia o poder da invisibilidade.

Percival alternava quais tesouros usava dependendo do andar e criava estilos de luta para cada um.

Se utilizasse plenamente os poderes dos cinco tesouros, talvez pudesse chegar ao centésimo andar. No entanto, seria incapaz de derrotar o monstro que servia não só como chefão daquele andar, mas do labirinto como um todo: o dragão de metal.

Na verdade, seria difícil até para ele derrotar os basiliscos e hidras que vagavam pelo centésimo andar.

Por isso, Percival vinha se esforçando constantemente para aumentar sua força e estudar como utilizar os tesouros de sua família.

Um dia, desceria ao coração do labirinto. Lá, derrotaria o dragão de metal.

Faria isso sozinho, sem ninguém para estragar seu prazer na batalha. Era quase como se sua única motivação na vida fosse a busca por emoção.

Se tivesse se juntado a um grupo, poderia ter derrotado o dragão de metal há muito tempo.

Não era como se nunca tivesse procurado companheiros para explorar as profundezas. Procurou, mas nunca deu certo.

Teve um feiticeiro poderoso, um curandeiro proficiente e o tipo de lutador habilidoso o suficiente para tranquilizar os outros.

Mas as batalhas com eles eram desajeitadas.

Para Percival, não era só vencer que importava, a graça do combate também.

O que ele buscava era um estilo de luta altamente polido e afiado.

Vencer sem isso não o satisfazia.

Não conseguia encontrar outros que compartilhassem esse mesmo objetivo, então ainda estava sozinho. Porém, isso não o incomodava.

Terminada a pausa, Percival guardou a Pulseira de Alestra e a Adaga de Kaldan na Bolsa, tirou as botas e calçou um par de Botas do Tolo.

Botas do Tolo eram um tipo de item amaldiçoado que reduzia significativamente as habilidades físicas quando equipadas. Percival as usava para treinamento.

As bestas dos andares daqui em diante não o atacariam. Monstros de labirinto fugiam de oponentes significativamente mais fortes que eles.

Percival estava exausto das lutas nos andares mais profundos, mas felizmente não tinha ferimentos externos. Conseguiria deixar o labirinto sem beber uma poção vermelha.

Poções vermelhas curavam ferimentos e removiam exaustão, mas deixar essas coisas para recuperação natural levava a um crescimento mais rápido.

Pretendia usar as Botas do Tolo para dar ao corpo um treino rigoroso na subida pelos quarenta e nove andares restantes.

Percival guardou sua espada favorita e prendeu uma lâmina simples no quadril. Era muito cega, mas não se importava. Não haveria mais batalhas na volta. Usava-a apenas porque não considerava correr sem uma espada no quadril durante o treinamento de combate.

Ele veria sua esposa e seus filhos depois de sair do labirinto. Mais uma vez, se embriagaria com as expressões angelicais deles ao vê-lo retornar são e salvo.

Percival chicoteou o corpo cansado de volta à forma e começou a correr.

2

Agora no oitavo andar, o minotauro sentiu algo voando em sua direção. Tentou bloqueá-lo rapidamente com o machado direito, mas foi lento demais.

Era uma faca. A lâmina perfurou seu abdômen, mas não penetrou muito na musculatura, caindo no chão com um tilintar.

— Giii, giiii!

Um monstro metade da altura do minotauro e coberto de pelos grossos o encarava com ódio nos olhos. Humanos chamavam esse monstro de goblin.

Mais dois goblins avançaram contra o minotauro por trás daquele que atirou a faca. Um à esquerda e um à direita, segurando um porrete e uma espada, respectivamente.

A velocidade da aproximação era lenta comparada aos lobos cinzentos. Também eram bem desajeitados.

O minotauro tentou parar os ataques da espada e do porrete com os machados direito e esquerdo, respectivamente.

O goblin à esquerda torceu o corpo de repente, porém, e acertou o machado direito do minotauro com o porrete. Isso o distraiu, e o goblin à direita aproveitou para atacar o abdômen inferior com a espada.

O minotauro recuou rapidamente, e a lâmina do goblin apenas o picou levemente.

O minotauro rugiu de desagrado.

Sentia raiva da criatura estranha que o ferira, mas estava ainda mais furioso consigo mesmo por falhar em desviar de um ataque tão lento.

A raiva do minotauro invocou e amplificou sua verdadeira força.

Ergueu o machado direito com força incrível e desceu, partindo o goblin da cabeça ao peito.

Seguiu com um balanço horizontal do machado esquerdo, rápido demais para os olhos seguirem. A cabeça do goblin voou dos ombros.

O goblin que atirou a faca virou-se e tentou fugir, mas o minotauro o perseguiu com velocidade inacreditável para seu tamanho e chutou o pequeno monstro nas costas. A criatura foi lançada contra a parede de pedra, miolos e fluidos corporais espirrando em todas as direções no impacto.

Isso não acalmou a raiva do minotauro. Entregou-se a essa fúria, vagando pelos corredores e massacrando violentamente todo goblin que via.

Os goblins sempre andavam em bandos de dois ou três. Eram lutadores inábeis, mas seus assaltos eram coordenados. Esses ataques não representavam risco nem mínimo para o minotauro, mas eram uma boa mudança de ritmo em relação ao estilo de luta monótono dos orcs, e ensinaram ao minotauro a importância de ler os movimentos do inimigo.

Deixavam moedas de bronze e armas de aparência barata, mas após matar um número desconhecido deles, um goblin deixou uma poção vermelha. O minotauro estava prestes a continuar andando sem pegá-la como de costume, mas de repente parou.

Uma cena piscou no fundo de sua mente.

Via um humano bebendo uma daquelas coisas vermelhas.

Aquele humano estava ferido e fraco, mas após esvaziar uma, recuperava força para a batalha.

O minotauro abaixou-se para pegar a poção vermelha, então a colocou no armazenamento invisível acima do ombro esquerdo.

Encontrou a sala do chefão e entrou, mas estava vazia. Pouco antes, o chefão daquele andar foi derrotado por aventureiros.

Encontrou humanos duas vezes, mas eles fugiram assim que o viram, então não perseguiu.

Não havia sentido em perseguir criaturas que nem tentavam lutar.

Enquanto vagava pelo andar, o minotauro eventualmente encontrou a próxima escadaria.

Se fosse para outro andar, encontraria novos inimigos. Ele já entendia isso.

Mas sua fome não seria saciada. Não tinha ideia de como alcançar satisfação.

3

— Foi no oitavo andar dessa vez?

Logan recebeu informações de testemunhas. Todos na guilda sabiam que ele se interessava por qualquer informação relacionada ao minotauro, então isso lhe foi entregue imediatamente.

— Entendo. Viram o minotauro e fugiram imediatamente para a superfície.

A besta aparentemente estava sozinha. Não havia sinal de alguém nas proximidades controlando-a.

Diziam também que o minotauro não atacou.

— Hmm… O que isso significa…?

Logan também investigou os itens deixados por Paja, Sharlia e Raystrand.

Pelo pequeno número de poções restantes, podia inferir que tiveram uma batalha longa e dura, mas não entendia nada além disso.

— Aqueles três realmente poderiam ter tido tanto trabalho contra o minotauro?

A ponto de serem todos eliminados…?

Não importava quão forte esse minotauro fosse, deveriam pelo menos ter conseguido prender seus movimentos e fugir. No pior cenário, mesmo se um ou dois caíssem, alguém deveria ter escapado.

Assumindo que algum problema realmente levou à morte deles, o que no mundo impediria Paja de deixar qualquer informação?

Foi mesmo o minotauro que aqueles três enfrentaram? Logan simplesmente não conseguia entender a situação.

4

Agora no sétimo andar, o minotauro farejou o ar.

Sentiu algo estranho. Qual era a fonte dessa peculiaridade? Ali mesmo.

Era uma rocha na parede do corredor. Havia algo estranho nela.

O minotauro a encarou intensamente. Definitivamente era estranha.

Ergueu o machado direito e desceu sobre a pedra perplexante.

Ela se estilhaçou.

Era um slime de rocha.

Quando camufladas na parede, slimes de rocha ficavam tão duras que aventureiros no nível apropriado para esse andar não conseguiam nem arranhá-las. Só quando a camuflagem era removida e ficavam gelatinosas é que podiam ser atacadas. Mas a alta defesa da slime de rocha não era páreo para a força esmagadora do minotauro.

Dropou uma poção vermelha.

O minotauro a pegou e rapidamente a jogou no espaço invisível acima do ombro esquerdo.

Esmagou mais quatro ou cinco slimes de rocha enquanto rondava os corredores e então sentiu algo ao virar a esquina à frente.

Humanos. Três deles.

O minotauro se preparou.

5

Nesco era uma amadora nível 25. Formou um grupo com o espadachim Rondo e a feiticeira Halbara, especializada em magia de encantamento. Planejavam explorar o vigésimo oitavo andar e estavam a caminho dele.

Tem algo aqui!

Parou imediatamente e gesticulou para os companheiros pararem também.

Nesco tinha a habilidade Percepção, que permitia sentir presenças próximas, então avançava pelo labirinto à frente dos outros dois. Sempre que encontravam um inimigo, ia para a retaguarda.

O que sentia à frente não parecia um monstro típico desse andar. Avançou com cuidado e espiou pela esquina.

Era um minotauro.

Ficou chocada ao ver algo que claramente não deveria estar ali.

Seu choque rapidamente virou medo.

Ele sabe que estamos aqui!

Ouvira rumores de que um monstro estranho parecido com um minotauro aparecera, mas não levara a sério. Agora que estava bem na frente deles, entrava em pânico.

Achou que viu os olhos do minotauro se acenderem ao encará-los.

Nesco tirou uma Flecha Vunkar da aljava nas costas, encaixou no arco e saltou pela esquina.

O monstro correu em direção a eles.

Nesco trabalhou freneticamente para suprimir o medo, mirou uma flecha no abdômen e disparou.

A Flecha Vunkar acertou o monstro e explodiu.

— Fujam! Estamos voltando!

Nesco correu na direção de onde vieram. Rondo e Halbara correram atrás dela.

6

Aqueles três humanos não pareciam muito fortes.

Ainda assim, o minotauro não gostou da arma que o humano usava, então decidiu persegui-los e matar o agressor usando a mesma arma.

O minotauro conseguiu desviar da coisa que o humano atirava. Seus reflexos haviam melhorado significativamente desde que lutou contra os três aventureiros na sala do chefão.

No entanto, a arma acabou acertando seu machado direito e detonou no impacto.

As explosões produzidas por Flechas Vunkar eram pequenas, mas poderosas.

Os dedos da mão direita do minotauro foram explodidos, e o machado foi lançado ao longe.

Parou por um momento para pegar o machado, mas percebeu que não conseguia pegá-lo por causa dos dedos faltantes. Quando se virou para eviscerar os humanos, eles já haviam virado a próxima curva no corredor.

O minotauro olhou para a mão direita. Era incapaz de uma boa luta naquele estado.

De repente, teve uma ideia. Colocou o outro machado no chão e levou a mão esquerda ao ombro.

Tirou uma poção vermelha.

O minotauro jogou o frasco na boca e engoliu de uma vez. Os dedos da mão direita começaram a regenerar imediatamente.

Bebeu outra, e a taxa de regeneração aumentou.

Se os três humanos tivessem visto isso, certamente ficariam perplexos.

Poções funcionavam apenas em humanos. Mesmo se fizesse um animal ou monstro beber uma, não teria efeito. Isso era conhecimento comum.

Mas a poção vermelha acabou de curar o minotauro.

Após receber a bênção da deusa Bora e se tornar um aventureiro, o minotauro tornou-se capaz de receber os efeitos das poções.

Humanos usavam ferramentas estranhas. O minotauro tomou consciência disso.

Não importava quão fraco fosse, a ferramenta que empunhava podia capacitá-lo a derrubar um oponente mais forte.

O minotauro não podia se dar ao luxo de ser descuidado.

7

Os monstros do sexto andar eram morcegos vermelhos.

As pequenas criaturas voavam ao redor e mal faziam barulho. O minotauro tinha muita dificuldade em acertá-los.

Após um tempo, eventualmente parou de dar grandes balanços com os machados e começou a golpeá-los com pequenos tapas dos braços superiores. A última estratégia era muito mais eficaz.

Os morcegos morriam facilmente se um golpe acertasse.

Nem precisava ser um acerto direto, apenas roçar um morcego o matava.

As garras, presas e guinchos dos deles não danificavam o minotauro de forma alguma.

Na maior parte do tempo, os morcegos vermelhos deixavam duas ou três moedas de bronze. Poções vermelhas eram raras.

O minotauro pegou uma poção vermelha e bebeu.

Sua exaustão sumiu, e ferimentos menores desapareceram.

Justo quando pensava em seguir para o próximo andar, porém, encontrou um inimigo interessante.

8

Percival correu rápido pelos décimo, nono, oitavo e sétimo andares. Sua velocidade era impressionante considerando que usava Botas do Tolo.

Hã?

Ao chegar ao sexto andar, notou algo estranho no Mapa. Mapa era uma habilidade dada a aventureiros que apresentava as áreas do labirinto visitadas como um mapa que podiam ver na mente. Quando o nível da habilidade Mapa aumentava, também exibia os monstros ou pessoas naquele andar.

A Adaga de Kaldan, atualmente guardada na Bolsa, concedia outro recurso incrível. Só de equipá-la, recebia um mapa detalhado do andar em que estava mesmo sem tê-lo explorado, e podia ver as localizações de todos os monstros e pessoas.

Esse andar deveria ter apenas morcegos vermelhos, mas seu Mapa revelava um inimigo que parecia bem poderoso. Estava perto da escadaria para o quinto andar. Percival sentiu uma curiosidade passageira, mas como realmente queria sair do labirinto rápido, decidiu ignorá-lo. Provavelmente cruzaria com o monstro por um momento, mas quando o notasse, já estaria na escadaria.

Justo quando estava prestes a subir a escadaria para o quinto andar, porém, sentiu uma sede de sangue emanando de trás. Virou-se e sacou a espada.

Um minotauro?

O que o chefão do décimo andar está fazendo aqui?

Isso não fazia sentido. Mas labirintos nunca faziam sentido.

Sem pensar profundamente, virou a espada na mão direita para o inimigo e começou o assalto.

Nem pensou em tirar sua espada favorita da Bolsa. Não achava necessário. Esperava vencer essa luta com um único golpe.

Percival tentou apunhalar o minotauro no coração, mas embora a lâmina afundasse fundo no peito da criatura, parou antes de alcançar o alvo verdadeiro.

Hã?

O monstro mal evitou um golpe letal.

Nem o menor vestígio de sorriso restava no belo rosto de Percival, mas seus olhos se iluminaram.

Parece que vou poder me divertir um pouco com esse.

Todos os pensamentos de exaustão sumiram de sua mente.

9

Ao ver o novo humano correndo para a escadaria, o minotauro de repente ficou muito furioso.

Estava furioso com o humano por ignorá-lo. Essa raiva virou sede de sangue.

O humano então virou e o apunhalou com a espada.

Aquele ataque era rápido demais para desviar. O minotauro conseguiu recuar ligeiramente, mas a arma cortou fundo no peito, e o ferimento começou a sangrar profusamente. A dor veio acompanhada de raiva e… alegria.

Esse oponente era mais forte que qualquer um que encontrou até agora. Sua força estava em um nível completamente diferente.

A espada do humano era longa o suficiente para chamar de espada longa, e surpreendentemente fina.

Por um momento, o minotauro sentiu algo parecido com medo. Era a primeira vez que experimentava essa emoção.

Logo, o sentimento deu lugar à raiva.

Animado, o minotauro atacou o espadachim.

Diante desse novo e poderoso inimigo, finalmente conseguiu esquecer a fome que o atormentava desde o dia em que nasceu.

10

Para surpresa de Percival, ele não conseguiu matar o minotauro imediatamente. Já lutou contra um antes. Suas memórias daquela luta trabalhavam contra ele.

Um ataque de corte que deveria ter cortado o braço foi repelido pelos músculos grossos, deixando apenas um ferimento leve.

Seus ataques eram obstruídos repetidamente pelos balanços inesperadamente rápidos do machado do minotauro.

Provavelmente poderia encerrar a batalha instantaneamente se tirasse até um de seus itens abençoados da Bolsa, mas esse monstro era surpreendentemente inteligente e esperto. Não parecia que lhe daria essa chance.

Como resultado, Percival não tinha escolha senão fazer o que podia com essa espada longa.

Mas tudo bem, porque isso faria um desafio divertido.

No entanto, não importava quantas vezes cortasse o minotauro, ele não perdia o espírito de luta. Parecia apenas se animar mais.

Não posso entrar em pânico.

Hora de tentar as novas técnicas em que venho treinando.

Balançou a espada em arco após arco, vertical e horizontal, grande e pequeno.

O monstro gradualmente perdeu espaço para contra-atacar e foi encurralado contra a parede.

Justo quando Percival pensava que encerraria a batalha a qualquer segundo, seu joelho de repente cedeu.

Droga!

Mesmo com sua força sobre-humana, seu vigor ainda tinha limite, e o corpo cedeu à exaustão.

Percival desferiu uma sequência de ataques de corte rápidos.

O minotauro recuou meio passo. Assim que o fez, Percival saltou para longe.

Então deslizou a mão esquerda numa pequena bolsa no quadril. Estava alcançando uma poção vermelha.

11

A forma do humano era bela ao balançar a arma.

Todo o corpo desse minotauro estava sendo lacerado pela brilhante esgrima do homem, mas sobrevivia focando em guardar os pontos vitais.

Ele então mudou de estratégia, desferindo uma gama diversa de ataques em rápida sucessão.

Contra-atacar se tornou difícil, e o minotauro foi sendo empurrado para trás pouco a pouco.

Justo quando pensava que não podia recuar mais, a postura do espadachim colapsou por um momento. Ele se recuperou rapidamente e veio com uma série de movimentos rápidos.

O minotauro deu meio passo para longe e se recompôs.

O espadachim então criou distância saltando para trás, e a mão direita alcançou a bolsa no quadril.

O minotauro avançou no humano, usando ambos os machados para lançar pedras do chão contra ele.

O espadachim defletiu três pedras com a espada e duas outras com a mão esquerda.

Não permitiu que nenhuma das outras pedras nem o roçasse.

No entanto, o item que tentava tirar da bolsa com a mão esquerda caiu no chão.

Era uma poção vermelha.

O minotauro percebeu que o oponente devia estar cansado.

Não chegou a essa conclusão por análise consciente, simplesmente sentiu.

O minotauro decidiu que não daria folga ao espadachim.

Aproximou-se enquanto ele estava ocupado desviando as pedras, plantando-se no alcance externo dos machados.

Planejava manter essa posição.

O minotauro com seus machados tinha um alcance ligeiramente maior que o espadachim com sua espada longa. Se balançasse os machados sem parar mantendo essa posição, o oponente seria forçado a priorizar defesa e teria dificuldade para atacar.

O espadachim tentou repetidamente ganhar distância, mas o minotauro o obstruía toda vez.

De vez em quando, a criatura permitia que um dos grandes balanços do humano conectasse com seu lado para desregular o timing.

O espadachim deveria estar sob pressão com essa virada inesperada na batalha, mas em vez disso, um leve sorriso parecia surgir em seu rosto sempre inexpressivo.

O espadachim ajustou a estratégia.

Desistiu de criar distância entre eles ou usar a poção vermelha, em vez disso encontrando o minotauro na distância desejada e mirando na garganta e coração da besta.

A força por trás da lâmina era tremenda.

O minotauro não recuou, nem quando o rosto foi cortado. Caso se afastasse de qualquer forma, teria que estender os braços demais, enfraquecendo o poder dos balanços dos machados.

Seu peito estava pintado de sangue, mas não cederia terreno por motivo algum.

Enquanto o minotauro mantivesse essa distância, não importava quanta pele e carne o espadachim raspasse, ele seria incapaz de cortar o peito grosso e alcançar o coração.

Todo o corpo do minotauro agora estava coberto de sangue. O espadachim também estava manchado de vermelho profundo pelo jorro do peito do monstro. Sangue até caía nos olhos do homem, mas ele não os fechou por um segundo.

Continuaram assim por muito tempo com o espadachim lutando corpo a corpo com o minotauro, mas o espadachim não permitiu que um machado o conectasse nem uma vez.

Esse humano é muito impressionante.

Se o que o minotauro sentia pelo oponente tivesse que ser expresso em fala humana, provavelmente seria algo próximo a respeito.

Mas humanos tinham vigor limitado. Após cortar os braços do minotauro com uma cadeia de ataques particularmente ameaçadores, a respiração do espadachim ficou ofegante, e os movimentos afrouxaram.

O machado direito do minotauro então afundou no ombro direito dele. O espadachim tropeçou.

Seus olhos não perderam a força, mas olheiras escuras se formaram ao redor deles pela exaustão.

O minotauro prendeu a respiração e continuou a golpear, então acertou um raro golpe direto na lâmina do espadachim, repelindo o ataque.

Ele provavelmente perdeu a força para desviar adequadamente.

O minotauro continuou pressionando o espadachim até que eventualmente caísse. Balançou o machado esquerdo e cortou a perna esquerda do espadachim no joelho.

O minotauro deu um passo à frente e mirou o machado direito no torso do humano.

O espadachim interrompeu isso cortando rapidamente a perna esquerda do minotauro, desequilibrando-o. Então cortou a garganta da besta com velocidade impossível.

O minotauro conseguiu torcer o pescoço o suficiente para evitar um ferimento fatal, mas sangue começou a jorrar, chovendo sobre a parte inferior do corpo do espadachim.

O sangue do minotauro e do espadachim se misturaram a ponto de não ser mais possível diferenciar.

Tendo perdido o equilíbrio completamente após o golpe no pescoço, o minotauro começou a colapsar sobre o espadachim.

Enquanto caía, percebeu que outro balanço mirava as costas de seu pescoço, então cravou o cotovelo esquerdo na mão direita do espadachim.

A espada apenas roçou o lado da cabeça do minotauro.

O minotauro de repente notou que o oponente segurava uma poção na mão esquerda.

A mesma poção que deixou cair antes.

O minotauro não tinha ideia de quando ele encontrou tempo para pegá-la. Não podia se dar ao luxo de um momento de descuido com esse humano.

Ele usou a mão direita para bater o frasco para longe, fazendo-o se estilhaçar contra a parede.

O minotauro rapidamente ajustou o aperto no machado direito e balançou ao redor das costas.

A espada atacou enquanto o minotauro repelia um golpe com o machado. O espadachim puxou a arma de volta.

O minotauro bateu o cotovelo no peito do espadachim e usou o recuo desse golpe para se erguer.

A ponta da espada passou bem na frente de sua garganta.

O espadachim, agora no chão, nem tentou se levantar. Provavelmente perdeu o vigor para isso.

Fechou os olhos e deitou a espada sobre si.

O minotauro tentou manobrar ao redor da cabeça do espadachim.

Sem som, a espada varreu o minotauro, visível apenas como um rastro de luz. Quase parecia ter acontecido em câmera lenta.

A espada executou um movimento de varredura belo. Cortou até a metade do tornozelo direito do minotauro.

A besta tentou localizar a arma, mas de alguma forma ela voltara ao peito do espadachim.

O minotauro, o humano e o chão ao redor estavam todos encharcados de vermelho e preto. Apesar disso, a espada brilhava com uma cor prata brilhante.

O espadachim parecia estar dormindo, mas se o minotauro se aproximasse descuidadamente, provavelmente seria instantaneamente atacado.

O espadachim formou um arco ao seu redor tão belo quanto uma lua cheia, dentro do qual estava completamente seguro.

O minotauro não sabia o que fazer.

Se apenas esperasse, o espadachim eventualmente morreria. Tudo o que precisava fazer era impedi-lo de usar uma poção vermelha. Esperar provavelmente era o movimento certo.

De repente, riu de sua própria tolice.

Sou um idiota.

O que venho buscando não é vitória. O que busco é batalha.

O que busco é um eu mais forte.

Encontrei um inimigo incrível que consegue me sobrepujar mesmo à beira da morte.

Não morra.

Me atormente por mais um pouco.

O minotauro circulou até a cabeça do espadachim, tendo cuidado com o alcance da espada.

Estava atormentado de dor e sangrando por todo o corpo. Também não tinha muito vigor sobrando.

Mirar na cabeça ou coração do espadachim, porém, provou-se impossível. Era a espada.

Enquanto a lâmina existisse, ele não podia ser derrotado. Sua espada se tornara sua vida.

Cauteloso com a arma, o minotauro entrou no alcance do inimigo.

Clink!

A espada atacou as pernas do minotauro com precisão cirúrgica, mas o minotauro a pegou entre os machados, prendendo-a. Quando tentou puxar de volta, o minotauro torceu os machados com toda a força, estilhaçando a lâmina.

O espadachim abriu os olhos pela metade e encarou os restos de sua espada.

O minotauro cravou o machado no coração do homem. Seu corpo estremeceu, e ele tossiu sangue.

O espadachim olhou para o minotauro. Não havia raiva, medo ou ódio em seus olhos.

Enquanto devolvia o olhar do espadachim, o minotauro separou sua cabeça dos ombros.

O corpo do minotauro começou a mudar. Era outro subir de nível.

Seus ferimentos desapareceram.

O minotauro então ganhou uma quantidade temível de força.

Lamentou que os ferimentos infligidos pelo espadachim desaparecessem tão rápido.

Então era isso que uma espada era capaz de fazer.

Foi um excelente inimigo, e essa foi uma vitória satisfatória.

O espadachim desapareceu, deixando para trás uma grande quantidade de itens. Ele também devia ter um sistema de armazenamento.

Sentindo uma profunda sensação de satisfação, o minotauro pegou uma pulseira e uma espada curta e colocou-as na própria Bolsa.

A pulseira e a espada curta na verdade estavam gravadas com selos de propriedade de elite, aplicados por um feiticeiro humano. Os selos significavam que ninguém além do dono apropriado podia guardar esses itens na Bolsa. O que o minotauro acabou de fazer deveria ser impossível.

Toneladas de poções vermelhas caíram no chão, e o minotauro as pegou e colocou na Bolsa também.

Seus ferimentos haviam sido curados, mas estava mental e fisicamente exausto.

Sua cabeça também estava turva.

O minotauro voltou à sua sala no décimo andar. Bebeu água do lago, então dormiu como uma pedra.

Quando acordou, bebeu novamente.

Sentia-se reabastecido em mente e corpo.

Sua força de combate aumentou significativamente, a ponto de seu eu anterior não se comparar.

Sua inteligência aumentou mais dramaticamente que qualquer coisa.

Monstros tinham intelecto baixo por natureza. A inteligência dos minotauros era particularmente ínfima, mesmo entre monstros.

À medida que o minotauro subia de nível, porém, sua inteligência aumentava, e seu conhecimento, compreensão, pensamento crítico, memória, capacidade de resolução de problemas e mais melhoravam exponencialmente. Seus pensamentos agora eram claros, e podia recordar os eventos desde seu nascimento até agora em detalhes vívidos.

Lembrou-se da luta contra o espadachim e compreendeu, com mais clareza, que havia vencido uma batalha que jamais deveria ter vencido. Repassou mentalmente, várias vezes, as ações do espadachim e as suas próprias, avaliando cada uma delas.

Ele foi um inimigo formidável. Sua habilidade, impressionante.

O minotauro gravou em sua mente os belos arcos que o espadachim traçou no ar com sua espada.

Pouco depois, o minotauro deixou sua sala. Logo encontrou dois lobos.

As criaturas se lançaram contra ele, mas o minotauro os abateu com um só golpe de machado, sem praticamente nenhum esforço, matando ambos instantaneamente. Era difícil acreditar que aqueles inimigos já haviam lhe causado tantos problemas.

O minotauro subiu as escadas mais uma vez.

Provavelmente não encontraria monstros fortes se continuasse subindo, mas decidiu ver até onde podia ir.

O espadachim estava subindo, afinal. Que tipo de lugar era seu destino?

O minotauro decidiu que queria ver por si mesmo.

 


 

Tradução: Rlc

Revisão: Pride

 

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