Rei do Labirinto

Rei do Labirinto – Vol 01 – Cap. 01 – O Monstro Único

 

1

No décimo andar do Labirinto Sazardon, no espaço conhecido pelos humanos como sala do chefão, um minotauro bocejou ao vir à existência.

Era um monstro com cabeça de touro e corpo de homem, carregando um machado em cada mão.

Sua cabeça com chifres balançava de um lado para o outro, enquanto seus olhos se abriam lentamente, ajustando-se à luz.

O ambiente era sombrio se comparado com o mundo exterior ao labirinto, mas ainda assim um pouco claro demais para o minotauro, que havia surgido há poucos instantes.

Um certo aroma invadiu suas narinas. O minotauro foi tomado por um desejo imediato, certo de que o que quer que aquele cheiro indicasse saciaria sua ânsia ardente.

Ele espiou as profundezas da caverna e lá viu um pequeno lago. Como monstro, nada sabia da palavra lago. Seus instintos, porém, diziam que era exatamente isso que seu corpo buscava.

O minotauro avançou em direção à água.

Ajoelhou-se e contemplou a superfície do lago, estudando seu reflexo. O ar úmido e refrescante aumentou ainda mais sua sede.

Então, mergulhou toda a cabeça no lago e engoliu grandes goles d’água. O líquido correu por seu corpo ressecado, hidratando suas células e enchendo-o de força.

Ergueu a cabeça, espirrando água ao redor.

Em seguida, inspirou profundamente e expirou, soprando uma leve rajada pelo cavernoso espaço escuro.

Baixou novamente a cabeça ao lago e bebeu mais.

Esse ciclo de beber e ofegar por ar repetiu-se três vezes. Por fim, sua sede foi saciada.

Isso, no entanto, não satisfez completamente o minotauro. Ao atender uma necessidade, um novo desejo imediatamente emergiu.

Os humanos conheciam essa sensação como “fome”.

Todo o seu corpo foi tomado por ela. Ele se levantou e virou-se do lago.

A criatura era enorme. Todos os monstros do labirinto nasciam já adultos.

Não demorou para o minotauro avistar a entrada da caverna.

Talvez houvesse algo naquela direção capaz de satisfazer esse novo desejo.

Ele cambaleou em direção à boca da caverna, mas ao tentar passar, foi tomado por uma forte sensação de desconforto.

Seus passos cessaram.

Apesar de todos os esforços, o minotauro não conseguiu dar mais um passo adiante.

Não podia ir além daquele ponto. Essa foi a primeira lição que seu corpo lhe ensinou.

Mas se não podia deixar a caverna, como saciaria a fome? O minotauro andava de um lado para o outro na sala do chefão.

Andou, andou e andou, mas a fome não diminuía. Na verdade, crescia a cada segundo.

O minotauro grunhiu e sacudiu a cabeça, cuspindo saliva, antes de voltar ao lago e sentar-se à beira da água. Esperava que o local de sua primeira bebida trouxesse alívio a essa nova irritação.

A fome enlouquecedora e a dor no estômago, porém, não cediam. Era tortura.

E o minotauro odiava isso.

Odiava o mundo que o gerou e se odiava por ser tão enfraquecido pelo desejo.

2

Monstro não era um termo científico que designasse qualquer tipo específico de criatura. Era apenas um rótulo que os humanos usavam para seres que consideravam ameaçadores.

Estritamente falando, não havia distinção clara entre o que tornava uma criatura um animal ou um monstro.

Ninguém chamaria um coelho de monstro, mas os jackalopes – criaturas parecidas com coelhos, porém com chifres – eram vistos como tal. Ainda assim, ambos podiam ser comidos, e não havia grande diferença biológica entre eles. O que diferenciava os jackalopes era sua agressividade incomum contra humanos. Para pessoas sem habilidade de combate, um encontro podia até ser fatal. Esse detalhe consolidava seu status de monstro.

Criaturas que os humanos não compreendiam – ou que eram sinistras e assustadoras – também eram chamadas de monstros.

Havia outros seres que recebiam o rótulo de “monstro” sem nunca serem considerados animais, como ogros, orcs, goblins e kobolds. Era inegável, porém, que eram criaturas vivas. Havia até casos em que esses seres construíam comunidades pacíficas longe dos humanos.

Em contraste, existiam monstros que não podiam ser considerados vivos, como os tipos fantasmas e demônios.

Esses monstros não cresciam com a idade e eram incapazes de gerar descendentes. Onde quer que aparecessem, traziam dor, morte e desastres aos humanos.

Havia lendas sobre a origem de fantasmas e demônios, frequentemente ligadas a alguma divindade maligna. Esses monstros eram, em geral, extremamente repulsivos e causavam dano atacando com magia ou maldições. Muitos também usavam venenos mortais.

Mas e os monstros que apareciam nos labirintos?

Ogros, orcs, goblins e kobolds podiam ser encontrados em labirintos, mas não nasciam do ventre de uma mãe. Eram gerados diretamente das paredes.

Após serem mortos, reapareciam algum tempo depois, mas como indivíduos completamente diferentes, sem memórias ou experiências dos antecessores.

Monstros de labirintos nasciam adultos e não mudavam nem evoluíam. Não tinham sexo ou gênero, não podiam acasalar nem gerar filhos.

Por isso, monstros de labirintos não eram considerados seres vivos e eram frequentemente chamados de “criaturas mágicas” ou “criptídeos”.

No labirinto, os tipos de monstros que apareciam em cada andar nunca mudavam. Isso valia também para o monstro da sala do chefão.

Um minotauro surgindo na sala do chefão do décimo andar do Labirinto Sazardon significava que o chefão anterior também foi um minotauro. Ele havia sido morto por um humano.

Humanos exploravam o labirinto para matar monstros. Ao fazê-lo com sucesso, recebiam dinheiro, armas, poções e mais. As armas obtidas de monstros em labirintos eram muito superiores às encontradas fora e, por vezes, feitas de materiais raros e caros.

Labirintos transbordavam de tesouros. Era por isso que humanos se aventuravam regularmente lá dentro para explorar e abater monstros.

Às vezes, pessoas morriam em batalha, mas a promessa de riqueza incomparável motivava muito mais do que o medo da morte detinha.

Lutar contra monstros em labirintos também ajudava as pessoas a ficarem mais fortes em ritmo acelerado. Tornar-se mais forte permitia enfrentar monstros em andares ainda mais profundos. Triunfar contra monstros de níveis inferiores recompensava com ainda mais riqueza e experiência.

Pelo desejo de ficar mais forte… Pelo desejo de ficar mais rico… Nesse dia também, humanos entrariam corajosamente no Labirinto Sazardon.

3

Erina era uma aventureira.

Um ano antes, na cidade de Micaene, Erina visitou um templo e fez um juramento à deusa da terra, Bora. Recebeu a ocupação sagrada de aventureira e uma medalha correspondente.

As ocupações sagradas de cavaleiro e ladrão também permitiam explorar labirintos. Aventureiros, porém, podiam obter a habilidade Mapa e cresciam mais rápido dentro dos labirintos que outras classes. O sistema de armazenamento mágico, conhecido como Bolsa, também era atraente.

Fazer juramento à deusa da terra era prática comum para quem usava espada, como Erina. Receber a ocupação sagrada de Bora concedia proteção divina que aumentava ligeiramente ataque e defesa físicos. Também aumentava a quantidade de vida recuperável.

— Ora, ora, se não é a Erina — disse Logis.

— Oi, Logis.

— Vai entrar sozinha hoje?

— Sim. Saí do meu grupo.

— Saiu, é? Bem, de qualquer forma, que armadura de couro bem polida.

— Obrigada.

— Boa sorte lá dentro.

— Para você também.

Quatro dias antes, Erina deixou seu grupo de aventureiros.

Eram boas pessoas, mas sem ambição. Não pretendiam descer aos andares mais profundos tão cedo.

Erina queria ser aventureira para ganhar mais dinheiro. Precisava de cada moeda para recomprar a fazenda da família. Se conseguisse, a saúde do pai melhoraria e o sorriso da mãe voltaria.

Esse era um dia especial para ela. O dia em que se tornaria aventureira rank C.

Havia várias formas de alcançar o rank C.

A primeira era elevar o nível para 21. Ao atingi-lo, o aventureiro podia voltar à Guilda dos Aventureiros e receber uma oração de alguém com a habilidade Juramento para subir de rank.

Também era possível subir por simples acúmulo de conquistas, independentemente do nível. Dizia-se, porém, que as conquistas necessárias para o rank C eram difíceis, e nem a Guilda sabia exatamente que missões eram precisas. Por isso, subir por conquistas era impreciso e demorado.

Havia, porém, uma forma especial de alcançar o rank C na cidade de Micaene.

Esse método era derrotar sozinho o chefão do décimo andar do Labirinto Sazardon, o minotauro.

Normalmente, o chefão de um andar tinha força equivalente aos monstros dois andares abaixo. Por exemplo, o chefão do quinto andar seria tão forte quanto os monstros do sétimo.

O minotauro, porém, era mais forte que os monstros dos andares dezoito e dezenove, apesar de ser chefão do décimo. E, decepcionantemente, dava pouca experiência ao derrotá-lo. Ocasionalmente, caía uma espada longa abençoada de valor moderado, mas a probabilidade era baixa. Pior ainda: chefões a partir do décimo primeiro andar às vezes davam habilidades ao serem derrotados, mas o minotauro não. A recompensa por matá-lo era desproporcional à dificuldade.

Ninguém sabia quem descobriu a regra de que derrotar o minotauro sozinho permitia subir para rank C, nem quando isso começou. Ainda assim, funcionava sem exceção ao receber o juramento, e Erina era grata por isso.

Embora tivesse trabalho estável como guarda, tornar-se rank C era muito mais lucrativo. Havia missões aceitáveis apenas por rank C ou superior. Para apenas se alimentar, rank D ou E bastava, mas para juntar poupança era preciso pelo menos rank C.

Erina levou a mão direita ao peito esquerdo.

Sua armadura de couro brilhava, polida com óleo por meio dia. Um amuleto estava costurado na parte esquerda do peitoral. Era o amuleto da deusa da terra, Bora, imbuído com bênção de segurança.

Em seguida, verificou o cinto.

As bolsas continham duas poções amarelas, cinco vermelhas e uma azul. As amarelas não haviam sido baratas, mas Erina precisaria delas contra o minotauro.

O minotauro era um oponente difícil, mas Erina conhecia suas habilidades e estilo de luta. Um aventureiro veterano contou tudo após ela pagar uma cerveja. Desde que mantivesse a calma, a vitória era possível.

Derrotar o minotauro sozinho talvez tivesse se tornado qualificação para rank C porque testava a capacidade de extrair informações de aventureiros mais experientes. Podia-se pagar por dados na guilda, mas não seriam tão detalhados quanto os que recebeu. No nível de Erina, o minotauro não era um inimigo que pudesse derrotar sem conhecimento prévio detalhado.

4

Erina entrou no Labirinto Sazardon.

Por algum motivo, ao entrar sentia uma estranha tranquilidade. Provavelmente por sua designação de aventureira.

Algumas ocupações, incluindo cavaleiros, aventureiros e ladrões, recebiam diversos benefícios ao entrar no labirinto.

O mais útil eram as poções.

Poções vermelhas recuperavam vigor e curavam ferimentos. Tinham até a incrível capacidade de regenerar membros perdidos.

Poções azuis restauravam poder espiritual, necessário para usar magia e habilidades.

Poções amarelas curavam paralisia, petrificação e outros estados anormais. 

Poções verdes curavam envenenamento.

Na maior parte, as poderosas bênçãos dessas poções não funcionavam fora do labirinto. Poções só eram encontradas em labirintos e inúteis em outro lugar.

Essa regra valia para mais que poções. Muitas armas e armaduras poderosas obtidas no labirinto aumentavam ataque ou defesa, melhoravam habilidades físicas ou davam outros efeitos. Esses efeitos eram chamados de bênçãos, nomeados pela graça dos deuses. Bênçãos normalmente funcionavam só dentro de labirintos. Ocasionalmente, corria notícia de arma ou armadura com bênção que funcionava no mundo exterior, mas era raríssimo. Itens assim eram incrivelmente valiosos.

Os passos de Erina eram leves enquanto corria pelos corredores de pedra. As habilidades físicas de aventureiros eram ligeiramente melhoradas ao entrar em labirintos, e ela aproveitava isso.

Eu consigo. Eu consigo.

Posso derrotar o minotauro!

Erina ouvira que a ocupação sagrada de aventureiro não existia há muito tempo. A designação não tinha uma história tão longa quanto cavaleiros, mercadores ou lenhadores.

Também ouvira que essa terra existia muitos anos antes de alguém descobrir o fenômeno dos níveis.

Não conseguia imaginar um mundo sem aventureiros, e era ainda mais difícil acreditar que houvera tempo em que as pessoas desconheciam níveis. Como nenhum dos dois desapareceria, o mundo do passado era irrelevante para ela.

Erina usava o poder das bênçãos para aumentar sua verdadeira força. Poupara dinheiro e comprara uma espada de alta qualidade, depois treinara duro para dominá-la.

Não havia como perder para monstros que só conheciam força bruta.

Disso, Erina tinha plena confiança.

5

Erina atravessou os cinco primeiros andares sem lutar.

Monstros do labirinto tendiam a fugir de oponentes muito mais fortes, então os habitantes dos cinco primeiros andares não se aproximavam dela.

Teve de lutar algumas vezes nos andares seis a oito, mas derrotou os monstros sem problemas. Sofreu arranhões, mas nada grave. Os monstros deixaram algumas moedas de bronze e uma poção vermelha.

Pensou em guardar a poção vermelha na Bolsa. Em vez disso, colocou-a numa bolsa do cinto para acesso rápido em emergência.

Descansou na escadaria que levava ao penúltimo destino e comeu uma refeição preparada antes.

Então, era hora de enfrentar o nono andar.

Os monstros desse andar eram orcs. Criaturas horrendas, com aparência entre homem e besta. Força suprema e resistência eram marcas dessa raça.

Orcs não eram páreo para Erina em luta um-contra-um. Porém, tinham o hábito de andar em bandos de dois ou três, o que tornava o andar traiçoeiro.

Lutar contra dois já era difícil; contra três, era algo que ela definitivamente queria evitar.

Felizmente, orcs corriam devagar. Erina planejava aproveitar isso e atravessar o andar sem lutar. Conhecia muito bem o caminho até o décimo andar.

Como esperava, conseguiu correr entre os orcs sem combater. Faltava pouco para a escadaria do décimo andar.

Quase colidiu com um orc que não notara.

Maldição.

Erina avançou, cortou levemente o braço do orc – que segurava um porrete simples – e contornou-o correndo.

Sentia o orc perseguindo-a, mas se chegasse à escadaria do décimo andar, estaria segura.

Monstros não percebiam as escadarias. Isso significava que monstros do nono andar não podiam descer ao décimo nem subir ao oitavo.

Quê…?

Ah, qual foi!

Bem na frente da escadaria para onde corria, um grupo de três aventureiros lutava contra um orc solitário.

Pensou brevemente em desviar deles para alcançar o destino.

Se fizesse isso, porém, o orc que a perseguia se juntaria à luta contra os aventureiros. Se isso fosse relatado à guilda, a carreira de Erina iria por água abaixo.

Merda!

Erina pisou forte no chão de pedra do labirinto, girou bruscamente e ergueu a espada. Avançou contra o orc e desferiu um golpe para baixo.

A mão direita do orc voou, cortada limpa do braço. Isso, porém, não o deteve.

Ela desviou ágil para a esquerda, mas não evitou completamente o corpo grande do monstro, e sua perna direita colidiu com a perna direita dele.

Perdendo o equilíbrio, Erina sentiu o ombro esquerdo bater na parede de pedra. O orc também pareceu cair. Não tinha tempo para pensar na dor.

Orcs tinham senso de dor muito fraco e ignoravam ferimentos graves em combate.

Um pouco tonta, virou-se para o inimigo bem quando ele se lançou contra ela.

Erina não entrou em pânico. Estava acostumada a lutar contra orcs e não sentia medo diante de seus rostos horrendos.

Sua espada cravou-se na garganta do monstro. Mesmo assim, ele continuou avançando.

A fúria do orc apenas aprofundou a lâmina, e logo a criatura parou de se mover. A luz sumiu de seus olhos.

Cinco moedas de bronze tilintaram ao cair no chão. O orc desaparecera.

— Ufa…

Encostou as costas na parede de pedra e recuperou o fôlego, depois espiou mais fundo no corredor. O grupo de três acabara de abater seu orc.

Erina recolheu as cinco moedas de bronze, pegou a poção vermelha do cinto e bebeu.

Sua visão instável normalizou, e a dor no ombro sumiu. Os três aventureiros olharam para Erina. Ela conhecia um deles.

— Ei, Jansen.

— Erina! Vai sozinha dessa vez?

— Sim. Vou seguir em frente.

— Ah, uau. Você vai mesmo fazer isso?

Erina parou após passar por eles e virou-se para Jansen. Deu um leve aceno e desceu a escadaria para o décimo andar.

6

Os monstros do décimo andar eram lobos cinzentos.

Os itens que podiam dropar eram de boa qualidade: moedas de prata, poções vermelhas e até azuis. Tinham chance rara de dropar poções amarelas.

Ainda assim, esse andar não era bem-quisto.

Uma luta um-contra-um contra um lobo cinzento tinha dificuldade adequada para o décimo andar. Como se moviam rápido pelos corredores, ouviam e cheiravam oponentes de longe, era fácil ser cercado se demorasse a lidar com um. Lobos cinzentos eram muito mais eficientes em matilha, então enfrentar vários aumentava muito a ameaça.

Por essas razões, muitos aventureiros tentavam evitar combate ao atravessar o andar.

Havia dois tipos de itens para pular esse andar, ambos populares na guilda.

O primeiro era isca falsa. Apenas carne sintética com cheiro, mas os lobos adoravam. Jogar a isca falsa os distraía, permitindo seguir por outro corredor.

Carne verdadeira não era tão eficaz, pois os lobos a engoliam de uma vez e voltavam a perseguir. Carne envenenada também não funcionava, pois eles farejavam veneno. Simplesmente ignoravam e atacavam. Até a isca falsa não era perfeita, os lobos ainda atacavam se você se aproximasse, então era apenas distração momentânea.

O outro produto era bolsa de cheiro. Liberava odor que os lobos cinzentos detestavam, fazendo-os manter distância. Não era tão confiável quanto a isca falsa, mas reduzia muito a chance de ser encurralado. Era uma escolha popular para quem queria passar com o mínimo de aborrecimento.

Erina era uma dessas pessoas e levava uma bolsa consigo.

No entanto, teve sorte incomum, chegou à sala do chefe sem encontrar um único lobo cinzento.

Consegui.

Quase lá.

Tudo bem, fique calma.

Só preciso ficar calma.

Podia-se ver a área fora da sala do chefe de dentro, mas o inverso era impossível. Também não se ouvia nada do lado de fora. A sala do chefe era um espaço isolado.

Erina respirou fundo, preparou-se e caminhou confiante até o local de sua tão aguardada batalha.

7

A sala era muito mais ampla do que esperava.

Era a primeira vez de Erina na sala do chefe do décimo andar, e embora tivesse ouvido falar, ver a largura e altura com os próprios olhos fez seu fôlego prender.

Deveria ser impossível o teto da sala do chefe ser tão alto, considerando a distância descida do nono ao décimo andar. Ao passar pela entrada, Erina entrara num espaço distorcido.

O minotauro… não está aqui?

Ah, está.

Estava sentado na margem de um lago mais ao fundo da sala, mas de costas para Erina parecia uma enorme rocha.

A rocha se levantou e virou-se.

É enorme!

É um monstro único?!

A espécie de monstro que aparecia em cada sala do chefe era sempre a mesma, assim como sua força.

Mas os indivíduos tinham pequenas variações.

Podiam ser ligeiramente mais altos ou baixos, e a cor podia ser mais escura ou clara.

Se medidos de perto, alguns provavelmente seriam um pouco mais rápidos ou fortes que outros.

Mas essas diferenças costumavam ser pequenas o bastante para ignorar.

Em raros casos, porém, nascia um indivíduo extremamente forte. Isso tornava a luta difícil, e se o aventureiro vencesse, fazia nome na guilda. Essas anomalias eram chamadas de “monstros únicos” e tinham alta probabilidade de dropar itens raros. Por isso, quando corria notícia de um monstro único, aventureiros corriam para enfrentá-lo.

Erina ainda podia voltar.

Se recuasse para o corredor, o minotauro não poderia segui-la. Monstros chefes não podiam deixar a sala do chefe.

Por que estou tão medrosa?! Não posso desistir agora!

Erina rangeu os dentes, preparou-se e fixou os olhos no minotauro.

Ao notá-la, a criatura avançou em sua direção.

— RAAAAAAAGGGGHHHH!

Erina soltou um grito de guerra bestial e correu ao encontro do minotauro.

Imediatamente foi tomada pela euforia da batalha, todo o medo desaparecendo num instante.

Vou matá-lo!

Vou abater o monstro e finalmente ter o que tanto trabalhei!

O minotauro empunhava um machado curto em cada mão. Ergueu o da direita acima da cabeça.

Certo!

Minha informação estava correta!

Ouvira que o minotauro era destro e, na maioria dos casos, atacava primeiro com a mão direita.

Erina desacelerou o avanço.

Nesse momento, seu único foco era a mão direita do minotauro.

O primeiro movimento do minotauro era sempre um ataque com machado. Desde que prestasse atenção ao braço direito, o ataque era evitável.

Erina desacelerou ainda mais e sacou a espada. Agarrou o cabo com as duas mãos, ergueu a arma com força sobre o ombro direito e usou essa mesma força para desferir o golpe.

No mesmo instante, o minotauro atacou com o machado. A lâmina de Erina cortou perto do pulso direito do minotauro, e ela saltou para a esquerda.

O golpe severo na mão não diminuiu a força do balanço do minotauro. Soltando um gemido grave, ele cortou o espaço onde a cabeça de Erina estivera.

A pura força do ataque fez um calafrio subir pela espinha de Erina.

Se não me acertar, essa força não significa nada!

Com o braço do minotauro estendido após o ataque falho, Erina desferiu a espada contra o cotovelo.

Com um rosnado irritado, o minotauro ergueu o machado na mão esquerda.

Agora é a esquerda, hein? Tudo bem. Venha!

Dessa vez, desviou para a direita e golpeou o braço esquerdo do minotauro.

O minotauro recolheu o cotovelo e avançou o braço direito, machado e tudo, contra Erina.

Ela desviou para a esquerda e aproveitou para cortar o braço direito estendido.

Fique calma!

Só fique calma!

É forte, mas os ataques são muito simples. Posso desviar de todos se prestar atenção.

O minotauro berrou de frustração, respirou fundo e recuou. Depois jogou a cabeça para a frente e avançou com os dois chifres apontados para Erina.

Ela saltou com segurança para o lado. O minotauro virou-se lentamente, e Erina o encarou friamente.

Só sabe balançar e avançar com os machados ou investir com os chifres.

Vou continuar desviando e cortando seus braços até ele não conseguir mais empunhar os machados.

O minotauro continuou agitando os machados sem muito mais.

Enquanto Erina desviava de um lado para o outro, ganhava cada vez mais margem para atacar.

O chão sob seus pés era um pouco irregular, dificultando o movimento e quase a fazendo ser atingida por um machado de vez em quando.

De quando em quando, fragmentos de pedra chutados pelos pés do minotauro a acertavam pelas frestas da armadura.

Mas nenhum ataque direto do minotauro a atingiu.

A troca de ofensivas e defesas continuou por mais um tempo.

Erina suava em bicas e respirava pesado, mas não estava ferida.

Os braços do minotauro estavam dilacerados e ensanguentados.

Se você apenas ficasse calma e observasse com atenção, perceberia o quão primitivos são os ataques do minotauro.

Seus golpes eram rápidos, mas o preparo era lento, facilitando prever a trajetória.

Era lento ao transitar de um movimento para outro, e sua marcha era desajeitada.

Agora que olhava para o minotauro com a cabeça fria, Erina percebia que ele era apenas um pouco mais alto que ela. O nervosismo e medo ao vê-lo pela primeira vez provavelmente criaram a impressão de que era mais alto.

Não era um monstro único. Era apenas um minotauro comum.

Ela desviou de um ataque e ficou em posição perfeita para contra-atacar.

Agora!

Erina balançou a espada com toda a força num golpe pesado. A lâmina cantou pelo ar.

Ao impacto, ouviu-se o som perturbador de osso sendo cortado. A mão esquerda do minotauro voou pelo ar, ainda segurando o machado.

Eu venci!

Mas sua celebração foi prematura. Baixara a guarda.

O monstro balançou o braço esquerdo agora sem mão contra ela, acertando forte no peito e lançando-a contra a parede de pedra atrás.

O minotauro ergueu o machado na mão direita.

Erina sacudiu a cabeça para se orientar, depois chutou a parede e saltou para o lado.

Ouvindo o som de pedra sendo esmagada pelo machado atrás, Erina correu dez passos adiante, virou-se para o minotauro e respirou fundo.

Aí vem!

Levou a mão ao cinto e tentou pegar uma poção. Iria beber uma amarela para curar o estado anormal.

Mas estava com dificuldade de agarrá-la.

Olhou para o cinto. A bolsa estava quebrada.

Todas as garrafas de poção haviam se esfacelado ao ser jogada contra a parede.

— GROAAAAAAARRRRRR!!

O minotauro soltou um rugido tremendo. Toda a caverna tremeu.

Erina perdeu toda coragem de enfrentar o inimigo e foi tomada por desespero.

Era Grito de Guerra.

Grito de Guerra era um ataque especial dos minotauros. Sacrificava um terço do vigor restante do usuário para inibir os movimentos do oponente por tempo limitado.

O minotauro balançou o machado direito.

Ela tentou saltar, mas o medo a impediu de desviar completamente. Erina foi cortada no peito.

Percebendo que não tinha mais chance de vencer, começou a fugir.

“O minotauro corre devagar.”

“Se correr o mais rápido que puder, ele não conseguirá te alcançar quando tentar escapar.”

Lembrou-se das palavras do aventureiro veterano. A espada parecia pesada na mão direita.

Sempre fora tão pesada?

Pensou em largá-la, mas logo decidiu contra.

Se perdesse essa espada aqui, não teria escolha senão abandonar a vida de aventureira.

A espada era a única coisa que não podia perder. O minotauro a perseguia.

Estava se aproximando.

Erina corria, lutando desesperadamente por sua vida.

Quando estava a poucos segundos da entrada, porém, tropeçou nos próprios pés e caiu.

O minotauro rugiu, e ela sentiu uma rajada de vento nas costas.

Uma dor aguda explodiu em seu tornozelo esquerdo, mas ignorou. Rolando como um barril, conseguiu passar pela entrada e sair da sala do chefe.

Ofegante, olhou para a perna esquerda e viu que o pé sumira. Fora cortado pelo machado do minotauro.

Erina tirou uma corda fina da Bolsa e amarrou firme na perna para estancar o sangue.

Estava no labirinto. Se alguém passasse, poderia pedir uma poção vermelha, que não só salvaria sua vida como regeneraria o pé perdido.

Por ora, sua vida não corria perigo.

Foi então que Erina notou as lágrimas caindo de seus olhos. Não eram pela dor. Apenas gratidão por estar viva.

8

No instante em que aquela criatura entrou na sala, o minotauro soube que não estava sozinho no mundo.

Ao virar-se para o intruso, sentiu uma violenta sensação de ódio. Não, ódio não descrevia bem.

Se fosse preciso resumir o que o minotauro sentia pela aventureira em uma palavra, hostilidade seria a mais adequada.

Sua fome se intensificou.

Mas era um pouco diferente da fome anterior. Um desejo diferente.

Um desejo por vitória em batalha.

Seus instintos ordenavam que fizesse tudo para destruir o inimigo.

A criatura era ligeiramente mais baixa que ele.

Ainda assim, projetava clara animosidade contra o minotauro.

O minotauro deixou essa agressão envolvê-lo, sentindo um leve entusiasmo pela chance de agir em seus impulsos destrutivos.

Acumulando força no braço direito, ergueu o machado. Nem percebera que segurava um machado até aquele momento. E não só na direita, mas também na esquerda.

Não sabia há quanto tempo os segurava. Provavelmente desde o instante em que nascera.

Os machados eram confortáveis em suas mãos, e ele gostava porque tornavam seus ataques mais letais.

O minotauro balançou a arma confiável da mão direita contra o inimigo que se aproximava.

A frágil intrusa deveria ter sido esmagada pela força daquele golpe.

Mas o ataque errou.

Em seguida, balançou o machado da esquerda. Também errou.

Balançou as armas repetidamente. Errou todas as vezes.

Não só não acertava, como o frágil inimigo dava pequenos cortes em seus braços.

Os cortes individuais não doíam.

A dor veio gradualmente, à medida que as lacerações nos braços se acumulavam.

Esse sentimento negativo se intensificava.

A frustração do minotauro crescia.

Tentou investir com os chifres várias vezes. O inimigo desviou de todos.

Seus braços eram rasgados pela espada do inimigo.

Colocou força extra no próximo golpe para esmagar o inimigo de uma vez, mas esse ataque também falhou.

O inimigo então cortou a mão esquerda do minotauro. Depois disso, o adversário parou de se mover.

O minotauro balançou o toco esquerdo contra o inimigo, acertando o primeiro golpe direto.

O intruso foi lançado para trás e bateu na parede de pedra.

O minotauro seguiu com o machado na mão restante, mas o inimigo mal desviou, e a lâmina cortou o ar antes de arrancar um pedaço da parede.

O inimigo correu para ganhar distância. Naquele momento, os instintos do minotauro tomaram as rédeas.

Inspirou fundo, sacudiu a cabeça e ativou a habilidade que humanos conheciam como Grito de Guerra.

A habilidade do minotauro pegou o inimigo, enfraquecendo-o e sobrecarregando-o de medo.

Balançando o machado, o minotauro esperava um golpe final, mas a presa virou as costas para a batalha e tentou escapar.

Raiva brotou dentro do minotauro. Imediatamente deu perseguição.

Logo.

Logo alcançaria o inimigo. Logo mataria o inimigo.

A criatura tropeçou.

O minotauro ergueu o machado na mão direita e desceu com força. Esse balanço acertou e cortou um pedaço do corpo do intruso.

Quando estava prestes a terminar com o próximo golpe, o inimigo escapou pela entrada da caverna.

O minotauro não teve escolha senão deixar por isso mesmo.

9

Do outro lado da entrada que o minotauro não podia atravessar, o frágil inimigo estava deitado de bruços no chão.

Eventualmente, começou a se tratar. O minotauro queria matar.

Queria matar essa criatura.

Mas não podia cruzar o limiar.

Assim como um peixe não nada pelo ar ou um pássaro não voa além da atmosfera, um monstro chefe não pode deixar sua sala.

Isso não diminuía seu desejo de matar. Sua fome só crescia. O enorme minotauro estava em fúria, querendo mais que tudo resolver essa luta.

Por isso, precisava avançar.

Precisava passar pela entrada e entrar no corredor.

Com todos os instintos do corpo resistindo ao passo que tentava dar, o minotauro perseverou e eventualmente forçou o pé direito através do limiar e para fora da sala.

Seu pé chiou, queimando horrivelmente.

A dor e o choque fizeram-no largar o machado, mas o minotauro não parou de tentar.

Empurrou a mão direita, que também chiou e borbulhou ao queimar.

Ombros, cabeça, peito e pernas queimaram enquanto forçava passagem pela entrada.

Seu rosto estava horrivelmente distorcido; saliva escorria da boca, mas nunca parou de empurrar.

Seus olhos também foram queimados, deixando-o quase cego.

Se o minotauro pudesse ver, certamente notaria o rosto da guerreira coberto de horror, incapaz de fazer mais que sacudir a cabeça enquanto encarava a figura demoníaca atravessando a barreira, algo que deveria ser impossível.

— Não pode ser… Simplesmente não pode ser…

O minotauro não entendia a língua humana. Compreendia, porém, que essas palavras eram expressão de medo. Também ajudaram a localizar o alvo.

Podia ouvir o barulho? Podia ouvir o som dos dentes da aventureira batendo?

Seu rosto agora horrivelmente desfigurado e derretido pelo calor, estendeu a mão restante em direção à presa.

O punho, enegrecido pelo carbono e escorrendo fluidos, abriu-se de repente e agarrou o peitoral da guerreira.

O minotauro então a ergueu no ar, girou o próprio corpo que desabava e esmagou o rosto dela na parede de pedra.

A cabeça da guerreira foi esmagada. Fragmentos de crânio, sangue e massa cinzenta explodiram do espaço arruinado acima do pescoço.

Seu corpo desapareceu imediatamente.

Restaram apenas a espada e vários itens.

Sua carne e ossos espalhados sumiram logo depois. No labirinto, até humanos desapareciam após a morte.

O minotauro caiu no chão, ainda segurando o peitoral com a mão direita.

Seu corpo estava enegrecido, encolhido e exalando fumaça de cheiro fétido. A curtíssima vida desse monstro estava prestes a acabar.

Mesmo assim, o minotauro fervia em sua mente.

Mais!

Mais luta! Mais inimigos fortes!

Mais poder!

Inimigos para matar e mais poder!

Provavelmente seriam esses seus pensamentos se traduzidos para a língua humana. Eram ao mesmo tempo delirantes, odiosos e suplicantes. Um grito do fundo do coração, expresso claramente apesar da falta de palavras.

Naquele momento, uma voz ecoou na mente do minotauro.

Teu desejo será atendido.

O minotauro não entendia a língua humana, então claro que não compreendeu o que a voz dissera. Sabia, porém, que era abordado por um ser muito poderoso.

O amuleto da deusa da terra, Bora, estava embutido no peitoral da guerreira. A voz que o minotauro ouvira era a mesma que falara à aventureira quando ela orara por proteção divina no templo da deusa da terra.

Uma luz fraca cor de terra envolveu o minotauro.

O monstro ouviu o som de uma brisa suave, e num piscar de olhos sua pele e pelos foram regenerados. Voltou à forma original, até recuperando a mão esquerda perdida.

Na verdade, não era exatamente a forma original. Seu corpo estava ligeiramente maior e mais forte que antes.

Esse era o fenômeno que aventureiros conheciam como “subir de nível”.

Pela proteção divina da deusa Bora, os pontos de experiência que o minotauro ganhou ao matar a aventureira foram convertidos e aplicados às suas taxas de crescimento definidas, resultando em um nível acima. Esse evento também restaurava o receptor à saúde plena.

O minotauro voltou à margem do lago, bebeu água e adormeceu.

Dizia-se que os monstros do labirinto nasciam da pedra.

Pareciam criaturas vivas, mas não eram nada mais que imitações pálidas.

A prova mais clara disso era o fato de que não cresciam.

Mesmo por meio de subir de nível, o fenômeno de um monstro evoluir no labirinto era extremamente incomum.

Nesse dia, o Labirinto Sazardon dera à luz um monstro único.

 


 

Tradução: Rlc

Revisão: Pride

 

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