Rei Demônio ao Trabalho

Rei Demônio ao Trabalho – Vol. 04 – Cap. 03.9 – O Rei Demônio Admira o Vasto Mundo (e Choshi)

 

Mesmo com todos os custos de viagem e preparação, um bônus de 50.000 ienes por demônio em cerca de dois dias e meio de trabalho não era ruim.

Contando com os 10.000 ienes que Emi e Chiho receberam, e os 20.000 que Suzuno ganhou por sua maestria no castelo de areia, Amane gastou a maior parte do lucro de ontem nesses envelopes.

Mesmo depois de todos os eventos bizarros das últimas quarenta e oito horas, o Rei de Todos os Demônios ainda tinha sérias preocupações sobre se Ohguro-ya poderia continuar.

— Eu… presumo que isso não é falsificado? Não vai dissolver em água ou algo assim?

Depois daquela reunião de sombras desfrutando da praia, ninguém poderia culpar Suzuno por suas suspeitas.

Como o vilão rico de um desenho, todos eles observaram cuidadosamente cada milímetro das notas. E assim:

— …Vamos embora.

Ninguém discordou.

Não tinha nenhuma cobertura durante o trajeto para se esconder, forçando Emi a colocar suas roupas secas por cima do biquíni.

A Pousada Inuboh-saki e o farol à distância pareciam os mesmos dos últimos dois dias. Mas se você perguntasse a qualquer um dos transeuntes sobre uma praia pública por ali, não havia dúvida de que todos eles balançariam a cabeça.

A senhoria de Maou desapareceu de Tóquio depois de tomar uma atitude igualmente sugestiva com eles, deixando um número ilimitado de dúvidas no ar. E, da mesma forma, se tentassem procurar qualquer vestígio de Ohguro-ya e Amane agora, provavelmente sairiam de mãos vazias.

Eles tentaram ligar para o celular de Amane, apenas por precaução — mais por curiosidade do que qualquer coisa —, mas sempre aparecia como não disponível ou fora do alcance do serviço.

— Vossa Alteza Demoníaca! Encontrei isso entre nossas bagagens.

Maou passou os olhos pelo grande pedaço de papel que Ashiya lhe entregou.

— …Cara. Isso já é demais. Ela leva alguma coisa a sério, ou o quê?

Era um guia escrito à mão para os melhores locais turísticos de Choshi.

 

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O oceano preenchia 330 graus ao redor deles. A altitude possibilitava a vista de toda Choshi com um olhar.

— Cara, grande coisa. Nós estávamos voando mais alto que isso à  pouco-ow!

Maou, calando Urushihara antes que ele pudesse arruinar ainda mais o clima, subiu as escadas para uma plataforma no meio do deck de observação.

—…Droga. Isso é demais.

O local privilegiado tinha uma visão panorâmica de 360 graus de Choshi e do oceano ao seu redor, inspirando-o a esticar seu corpo e absorver o vento inebriante.

A plataforma tinha o nome um tanto complicado, “O Observatório que Faz a Terra Parecer Redonda”.

Estava mais para um telhado do que um observatório, mas o local, no topo de uma das colinas mais altas perto da estação ferroviária de Inuboh, era um dos pontos turísticos mais conhecidos de Choshi.

A intenção do grupo era entrar no vagão da Ferrovia Elétrica de Choshi e dar o fora de lá, mas foram amaldiçoados pelo péssimo timing, o trem saiu da estação assim que chegaram.

O próximo estava previsto para mais de meia hora, então subiram lá ao invés de passar o tempo olhando para o nada na estação. Foram recompensados com uma visão que superou todas as expectativas.

O sol brilhava com intensidade acima deles, mas o céu limpo possibilitou a visão desobstruída de Choshi, de ponta a ponta.

O Farol Inuboh-saki parecia muito grande de perto, mas ali em cima, parecia tão alto quanto um semáforo.

— Se me permite, Vossa Alteza Demoníaca, isso não é nada. Um mero pontinho. Dificilmente algo digno de seu louvor. Você está destinado a tomar Ente Isla um dia. Não engane Emília para acreditar que essa visão é suficiente para satisfazê-lo.

— Sim, Ashiya. Eventualmente. No momento, porém, tivemos que confiar em um monte de outras pessoas apenas para manter Choshi seguro.

— Isso é… talvez seja o caso, sim.

— Além disso, se eu não tivesse você, Urushihara, Malacoda, Adramelech e Camio, eu nem estaria governando os reinos demoníacos. Houve um tempo em que todos vocês eram meus inimigos, lembra? E então você se juntou a mim para apoiar minha causa.

Maou colocou a mão no ombro de Ashiya.

— É assim que os humanos funcionam também, você não acha?

—…De fato. Talvez você esteja certo.

— Eesh. Achei que essa observação perspicaz o surpreenderia um pouco mais do que isso.

— Estou bastante acostumado com as reviravoltas em seus discursos nesse ponto, meu suserano.

Algo na tréplica perfeitamente afiada de Ashiya irritou Maou.

— Bem, quero dizer, olhe para tudo isso. Às vezes não te faz pensar com o que diabos estávamos perdendo nosso tempo? Quero dizer, eles fazem eletricidade com essas coisas.

Ele apontou para as turbinas eólicas que pairavam sobre Byoubugaura.

— Não há poder mágico na Terra, e eles ainda construíram aquela coisa ali parecida com a Skytree. Aquilo é mais alto que meu antigo Castelo Demoníaco!

— De acordo com o mapa, chama-se Torre do Porto de Choshi, Vossa Alteza Demoníaca. O Castelo Demoníaco era um pouco mais alto.

— E apesar disso, eles têm porcarias como a Ferrovia Elétrica de Choshi. Pegando todas aquelas locomotivas velhas e desajeitadas e construindo algo novo com elas. Uma nova cultura. Nunca que eu poderia aniquilar essas espécies. Você não quer apenas reuni-los todos e governá-los em vez disso?

— É um bom pensamento, meu soberano, mas primeiro devemos encontrar uma maneira de lhe dar acesso consistente à sua força demoníaca.

Ashiya sorriu impotente para Maou, seus olhos brilhavam em meio a uma ambição infantil. Emi escolheu o momento para falar.

— Diga, como você encontrou poder suficiente para retornar à forma demoníaca?

Dessa vez não foi igual às anteriores. Choshi não foi arruinado por algum desastre que encheu os habitantes locais com energia negativa suficiente para alimentar a transformação.

— Ah, isso? Bem, você se lembra da espada que Camio trouxe, certo? Acontece que é feita daquele meu chifre que você cortou.

— Huh? — O queixo de Emi quase caiu. — Ei, não me culpe. Culpe Olba. Ele coletou todos os fragmentos de chifre e forjou uma espada com eles, mas havia tanta força demoníaca, que não conseguiram encontrar ninguém para empunhar a coisa. Acho que ele trouxe para Camio como uma espécie de moeda de troca. Mas esse não é o problema agora. Isso é.

Maou tirou algo do bolso do short e jogou para Emi.

Era pequeno, do tamanho de um mármore, e emitia um brilho roxo ao sol.

— Isso é…?!

— Eu a encontrei junto com as outras joias gravadas na bainha. Se lembra do que Camio disse? A pista em que Olba confiava para rastrear a espada sagrada? Provavelmente é isso.

— Contudo, quem… será que fez aquele conjunto de espadas?

— Bem, duvido que Olba carregasse essa espada sem a bainha. Eu não ouvi nada sobre isso, mas tenho certeza de que ele tinha a lâmina e a bainha como um conjunto, então… Meio que torna mais fácil imaginar que tipo de bastardos estão apoiando ele, hein?

— Ah… sim. Minhas investigações internas revelaram um suprimento de fragmentos de seu chifre no escritório particular de Olba…, mas como alguém poderia usá-los para forjar uma lâmina?

— Como é que vou saber?

Não era nada que Suzuno pudesse ignorar. A razão pela qual ela encontrou o Japão foi porque havia rastreado o caminho que Olba seguiu depois de examinar os fragmentos do chifre.

E mesmo agora, o nome de Olba exercia um poder considerável entre os oficiais da Igreja na Ilha Ocidental de Ente Isla.

No entanto, o que o levou a fazer tudo isso? Ela ainda não conseguia nem supor.

— Se eu tivesse que imaginar, este fragmento de Yesod estava preso lá para tentar compensar o poder demoníaco no meu chifre. Uma espécie de válvula de segurança para impedir que minha força vazasse da espada… embora ainda vazasse o suficiente para manter Camio e aquele ciclópico em suas formas demoníacas na Terra. Não que eu saiba por que ele desistiria desse fragmento tão facilmente, mesmo que esteja enlouquecendo procurando sua espada sagrada.

Emi olhou para o fragmento roxo de Yesod em sua mão.

— Mas de qualquer forma, não tem muito uso para mim. Deixe que Alas Ramus fique com ele. Talvez isso te torne mais forte ou algo assim, huh?

— O-obrigada! Espere, não, obrigada não! Está falando sério?! — Emi balançou a cabeça, tentando desesperadamente evitar que sua gratidão escapulisse para todos verem. — Você percebe que não está brincando, certo? Isso realmente vai amplificar o meu poder. Só me fundir com Alas Ramus já me deixou vencer um arcanjo!

— Ah, você não quer?

Maou bufou indignado.

— Não se iluda, garota. Apenas alguns pedaços do meu chifre que você gentilmente quebrou em pedaços foi o suficiente para transformar a mim e outros três demônios de alto nível. Se eu recuperar toda a minha força, vou dominar esse planeta inteiro. Incluindo você.

— O quê?! — Chiho foi a primeira a reagir a sua declaração. — Então você realmente vai fazer isso, Maou? Você vai conquistar o mundo? Sério?!

Havia algo sobre a maneira como Chiho usava o termo “conquistar o mundo” que parecia drená-lo de todo o significado à medida que se dissolvia no ar.

Emi estava perplexa, seu rosto vermelho de vergonha.

— Eu… Oh, agora sobre o que você está falando?

— Emília, não é tarde demais. Poderíamos procurar por Amane agora, pedir para transportar o Rei Demônio e seus companheiros de volta ao nosso mundo, e matá-los lá. Sim. Deveríamos fazer isso de uma vez. Venha.

O convite de Suzuno soou mais como um encantamento, emanando de seu rosto escuro e pensativo.

— Meu soberano, se você puder se conter… Tem pessoas por perto.

— Cara, você está me envergonhando seriamente agora, Maou. Está muito quente para essa baboseira. Podemos ir agora? Eu não quero ganhar uma queimadura.

Para o par de ouvidos errado, Maou pode ter soado como alguém fazendo uma séria ameaça. Ashiya se preocupava consigo mesmo com isso, enquanto Urushihara zombava ativamente, apenas certificou-se de que estava a uma distância segura primeiro.

— Eu… eu nunca fui tão humilhada na minha vida! — O rosto de Emi queimou de raiva. Ela parecia pronta para atacar Maou a qualquer momento.

Mas mesmo ela era prudente o suficiente para não quebrar sua espada sagrada.

Era uma discussão infantil e completamente imatura entre humano e demônio, e logo, foi absorvida pelo céu sem nuvens do verão e desapareceu.

 


 

Tradução: Vinicius

Revisão: Bravo

 

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