Rei Demônio ao Trabalho

Rei Demônio ao Trabalho – Vol. 04 – Cap. 03.6 – O Rei Demônio Admira o Vasto Mundo (e Choshi)

 

— Mamãe! Faca!

Graças ao seu Elo Mental com Alas Ramus, Emi desviou um ataque à sua esquerda com seu escudo, o Tecido do Dissipador, sem nem mesmo olhar.

— Garfo!

A onda de garras surgindo pela direita foi rapidamente defletida pela sua Cara-Metade.

Um guerreiro Malebranche, por si só, não era o mais formidável dos lutadores.

Mas Malacoda, o líder deles, com sua necromancia poderia conjurar alguns movimentos traiçoeiros, e—

— !!

Por exemplo, no momento em que apareceu em seu campo de visão, o guerreiro foi dilacerado em diversas pedaços,

Era uma simples farsa ilusória, mas Emi estava lutando um literal combate 1 vs 1.000 sozinha, não tinha tempo de adivinhar se a visão era real ou não.

No momento em que ergueu o escudo para bloquear a investida de restos mortais:

— Garfo!

O aviso de Alas Ramus soou.

Ela não notou o disparo de energia demoníaca a tempo de se esquivar. — Raio do Espelho Celestial!

Ela reagiu instintivamente à ameaça.

— Grahh!

Mas, graças a ter sua concentração distraída por dois atacantes, foi pega em seu próprio feixe de luz.

Cambaleando no ar, Emi se deparou com a aproximação de uma dúzia de Malebranches.

— Ugh, o que você… Larga! Ugh… Yah! Não me toque aí!

Se outro disparo de energia demoníaca a atingisse enquanto estivesse contida no ar, não haveria como bloquear. Emi cerrou os dentes.

— Onda de choque Luminosa!!

A magia sagrada disparou do centro de seu estômago. Era um movimento poderoso e exaustivo, magia sagrada jorrou de seu corpo e jogou os Malebranches para longe como bonecas de pano. Mas enquanto voavam em todas as direções, uma de suas garras roçou a testa de Emi.

Uma linha de sangue escorreu, e em uma reviravolta de eventos ainda pior, alcançou o olho direito, bloqueando sua visão.

— Mamãe, você está bem?!

Não havia tempo para responder ao choro de Alas Ramus. Seria mais difícil do que nunca lutar agora.

— Ugh! Isso já está um pé no saco o suficiente!

A horda estava usando uma estratégia de batalha que Emi nunca havia visto antes.

— Faca!

Para eliminar o Malebranche que se aproximava pela esquerda, Emi usou:

— Avanço Aéreo!

Nem a magia sagrada nem sua espada, mas uma arte marcial de movimentação.

Seu punho infundido com magia sagrada esmagou a garra do Malebranche, esmagando-o em  finas partículas. A besta brandou e recuou.

— Obrigado por esse, Albert!

Apertando o punho esquerdo mais uma vez, uma chuva de golpes caiu sobre o Malebranche que tentava um ataque frontal.

— Disparo Aéreo!!

O vento gerado pelo punho de Emi formou projéteis que voaram em direção ao atacante.

Alguns acertaram no estômago, outros no topo da cabeça. Ele voou para longe, não totalmente no controle de suas faculdades.

O Malebranche que se esquivou dos disparos de vento disparou bolas de energia em retaliação. Emi vaporizou todos com um golpe da espada, então:

— Hrah!

Performou um chute frontal no queixo do Malebranche na liderança, deixando os que estavam atrás dele de guarda aberta para uma enxurrada de Avanços Aéreos.

— Isso é… mais difícil do que eu pensava… que seria…!

Emi só sabia lutar com armas antes de Albert lhe ensinar artes marciais.

Antes da Ilha do Norte de Ente Isla ser conquistada por Adramelech, comandante das forças do Rei Demônio na região, era o lar da famosa Tropa da Montanha, uma equipe de soldados de elite cujas variadas habilidades mágicas marciais e sagradas eram passadas de geração em geração.

Quando Emi conheceu Albert, sua tropa já havia se separado, o mesmo dividia seu tempo entre treinamento e cortar madeira. Mas como um monge lutador talentoso, ele era bem versado em todos os tipos de técnicas, incluindo o combate com espadas.

— A Ilha do Norte está repleta de todos os tipos de tribos e senhores da guerra, sabe? Então, quando lutamos, lutamos assim. Dessa forma, mantemos as coisas civilizadas. Para impedir que piorem. É assim que sempre foi.

Mas não parecia se aplicar à missão de Emi. Ela pensou que só funcionava contra oponentes humanos, a ideia de lutar sem matar.

<—Não se aproximem!>

Nesse momento, uma voz sombria ecoou pelo exército Malebranche.

Em um piscar de olhos, o ataque incessante parou.

<—Garota humana… Você não é uma lutadora ordinária.— >

Era um Malebranche, maior que o resto da horda.

O líder desta ralé, sem dúvida. Usava um tapa-olho, uma rara demonstração de vaidade para um demônio, e a única e longa presa arqueada de um lado de sua boca o tornava ainda mais notório.

— Obrigado pelo elogio. Não quero desperdiçar energia em um Elo Mental, então vou me ater à linguagem humana.

<— Mil e duzentos de nossos bravos Malebranche… e nós nunca sofremos uma única morte… Nenhum ser humano normal poderia lutar dessa maneira. Você poderia ser…?>

Enquanto falava, o líder Malebranche ergueu a mão direita.

Nele havia uma bugiganga de aparência barata, como o pingente de uma garotinha, feito de um vidro colorido.

O vidro de repente brilhou um roxo opaco, então emitiu um feixe de luz direto para Emi.

<— Roxo Claro É isso…!>

— Mamãe! Yeffod! Atrás dessa coisa brilhante! Yeffod!!

A voz de Alas Ramus, fundida em sua espada, disse a Emi que não era nenhum erro. Então o líder Malebranche, da maneira demoníaca habitual, riu uma risada saudável e maligna.

<—Krah-hah-hah-hah! Nunca imaginei que te encontraria tão cedo. Então você é a portadora da espada sagrada, a Heroína Emilia Justina?!>

Os olhos do líder brilharam, a energia demoníaca borbulhava por todo o seu corpo.

<— Se você tem a força para vencer o Rei Demônio Satan e quatro de seus generais, então devo dedicar toda a minha alma a esta batalha! E quando eu te derrotar, a espada sagrada será minha!>

—…Não adianta esconder.

Emi, a própria, sorriu com confiança enquanto ergueu Cara-Metade para o ar. — Liberte-se, minha força, e livre o mundo do mal!!

O bravejar em si foi suficiente para arremessar Malebranche.

As hordas se esforçaram fracamente para fugir, com olhos fracos demais para presenciar a aura dourada que a envolvia.

— Quero que todos recuem, ou então alguém vai acabar se ferindo.

Seu cabelo era prata azulado, olhos vermelhos escarlate. O Tecido do Dissipador estava agora totalmente formado, curando instantaneamente suas feridas.

— Pela primeira vez desde que cheguei ao Japão, minha lâmina sagrada atingiu seu segundo nível… e ela corta muito mais do que pão, sabe?

A Cara-Metade evoluiu. Cresceu… melhor.

Outrora uma rapieira de uma mão, a espada sagrada agora era mais larga, seu cabo estendera, as asas e a jóia do fragmento de Yesod brilhavam muito mais do que antes.

<—É verdade! O flagelo da força do Rei Demônio! a Heroína da Espada Sagrada! Emilia!>

O líder Malebranche ficou cara a cara com Emilia, não demonstrando um único traço de medo.

<— Eu sou Ciriatto! Os Malebranches tem apenas um chefe! Pelo bem da vontade do nosso falecido Malacoda, pelo bem do futuro do nosso Novo Exército do Rei Demônio, eu sozinho arrancarei a espada sagrada de suas mãos! Todos vocês, fiquem para trás!>

Quando Ciriatto ordenou que suas tropas recuassem e declarou seu nome ao estilo clássico, Emi trouxe Cara-Metade para seu rosto e ofereceu a saudação de um cavaleiro.

— Honestamente, estou descobrindo muito sobre demônios ultimamente… Mas eu não posso lhe conceder misericórdia!

Por um único momento, poder sagrado se chocou contra o poder demoníaco acima do Oceano Pacífico. A Cara-Metade cruzou com a garra negra e rígida de Ciriatto.

<—Gnnh! >

A espada cortou sua garra direita, enviando-a para o oceano abaixo.

— Ainda quer mais?

< —Kuh…>

Uma única troca foi o suficiente para Ciriatto gemer de frustração.

Ele era completamente incapaz de acompanhar a espada de Emi com seus olhos.

Ninguém esperaria que um chefe Malebranche vencesse um inimigo que os arcanjos não poderiam derrotar, mas apesar de enfrentar essas probabilidades esmagadoras, o guerreiro se recusou a se mover.

A espada sagrada tinha que ser dele. Precisava chegar às mãos do Novo Exército do Rei Demônio, para que possa reunir os reinos demoníacos e ter sucesso em Ente Isla, onde o Rei Demônio Satan falhou tão lamentavelmente.

—…Você realmente não está indo embora, hein?

<— Eu sou Ciriatto, único líder dos Malebranches! Nenhum demônio que se afaste com medo de ser derrotado merece o título de comandante do Exército do Novo Rei Demônio! Orrrhhhh!! >

— Oh! Só um segundo!

Emilia se viu pedindo um momento para Ciriatto.

O demônio usou sua garra restante para cortar ordenadamente o toco danificado em seu outro braço.

<— Eu não tenho necessidade de armamento inútil! Ele sempre voltará a crescer!>

— Ah, é assim que funciona?

Ela se arrependeu de ter ficado impressionada com o ato.

— Mas isso não significa que não haja dor, certo? Parece que está sangrando. Tem certeza que ainda quer fazer isso? Depois de perder uma de suas melhores armas?

<— Até que meu sangue seque e meu corpo seja despedaçado!>

Uma abordagem muito antiquada para a guerra.

Emilia não via valor na ideia de que um lutador só se prova morrendo em combate. Mas se era assim que Ciriatto se sentia, era o trabalho dela dar ao demônio seu último desejo.

— É melhor você não esperar que eu simplesmente te mate.

Emilia preparou sua espada.

— Hã? Sério, mamãe?

Alas Ramus notou a mudança de tática de Emilia.

Ela estava deliberadamente enfraquecendo a energia sagrada de sua espada. Estava voltando ao seu primeiro nível, mesmo depois de tão espetacularmente alcançar o segundo. Na verdade, estava quase no nível de uma espada comum, não uma  boa espada não-mágica, apenas o suficiente para mantê-la materializada.

— Assim é mais fácil manter isso em pé de igualdade…

Ela fechou os olhos por um momento. Os rostos dos demônios se materializaram em sua mente.

— …se eu não quiser você morto!

<—Faça isso!>

O próprio Ciriatto diminuiu a força demoníaca em seu braço esquerdo para níveis mínimos, aceitando o convite de Emilia. Aqui não haveria magia extravagante, apenas pura técnica.

A Heroína e o líder dos Malebranches olharam fixamente nos olhos um do outro. A área acima do mar ficou tensa.

Uma preocupação permaneceu com Emilia: ela poderia ser capaz de derrotar Ciriatto sem dar o golpe letal. Mas até aquele momento chegar, não tinha ideia se os demais Malebranches aceitariam.

Havia todas as chances de que a morte de seu líder os levasse a um frenesi.

Se isso acontecesse, a esmagadoramente poderosa Emilia seria forçada a cometer um massacre de fato.

…Eu realmente perdi minha vantagem, não perdi?

Emilia respirou fundo para colocar seus sentimentos em ordem. Seu inimigo era o chefe Malebranche, no mesmo nível de Malacoda…, talvez até maior. Um erro poderia significar seu fim. Ela teria que considerar esse momento quando chegasse.

Nenhum chifre de batalha soou no início desta luta, o clímax do combate provavelmente seria o suficiente para demolir uma cidade inteira se conduzido em Ente Isla. Em vez disso, os combatentes se encararam, rosnando… apenas para de repente levantar a cabeça para cima.

Buooooooooooooooonnnnnnnnnnnnnn…

Buooooooooooooooooooooonnnnnnnnnnnnnn…

Buoooooooooooooooooooooooonnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn…

O rugido de um antigo dragão trovejou dos céus.

Se isso fosse tudo, Emilia e Ciriatto teriam entrado em confronto imediatamente depois.

Mas o rugido convocou o governante da névoa branca, que pairava acima da água. Emilia se virou. Não havia nada além de branco puro ao redor dela mesma e do Malebranche.

<—?!>

Dentro deste mundo de branco, havia um único ponto de escuridão, “algo” grande e escuro — se aproximava.

Sua presença por si só fez a névoa se separar, formando um caminho como serventes atormentados colocando um tapete vermelho para seu rei.

— “Ciriatto”? Me recordo desse nome. Um dos chefes Malebranches abaixo de Malacoda, acredito eu.

A enorme sombra surgiu atrás de Emilia.

— Mas qual é o significado disto? Não ouvi nada quanto a esse tal de Novo Exército do Rei Demônio. Quem ousaria se proclamar de Rei Demônio e reconstruir a força real… sem mim?

<—Quem… é vo…?!>

A voz questionadora do demônio vacilou, seu pescoço sufocado por alguma mão invisível antes que pudesse completar a fala.

— Não lhe dei minha permissão. Feche a boca dele… Esmague a garganta desse pretendente insolente de Malebranche ao trono.

Outra forma negra, revelou-se ao lado da primeira sombra, apontando um braço para Ciriatto.

O homem estava consumido pela raiva , com uma aparência retorcida, cauda bifurcada, voz estridente, áspera e pele desprovida de sangue.

Antes dessas duas ameaças repentinas, o exército Malebranche tentou o seu melhor para recuar. Eles não foram muito longe.

— Você prometeu uma luta, e agora você está correndo sem nem mesmo um pedido de desculpas? Tão patético. Muito patético.

Outra nova voz. Um jovem, sua voz soou como uma lâmina de gelo. O Malebranche perto do Portão se virou para encará-lo.

Era uma figura pequena, não diferente de qualquer ser humano.

Mas atrás de si, suas asas, mais escuras do que qualquer noite escura, mantiveram os Malebranches longe de sua rota de fuga.

— Ugh… Se você vai aparecer, precisa fazer isso mais cedo. Eu me sinto como uma idiota ficando tão agitada.

A força da luz se dirigia à força da escuridão retorcida, como se discutissem o que comer no café da manhã.

— Ha ha! Foi mal. Estou um pouco sem prática.

A sombra gigantesca na retaguarda lentamente se aproximou de Emilia.

<— O que…  ngh… você é… >

Ciriatto finalmente soltou a pergunta. Como se em resposta, uma voz profunda e estrondosa ecoou pelo reino nebuloso.

— Silêncio! Guerreiros Malebranche! Quem vocês pensam que estão vendo?!

— Pfft!

Emilia riu da linha. A cena a lembrou dos muitos dramas samurais que assistiu.

Mas ainda era o suficiente para fazer o indefeso Ciriatto congelar no lugar.

Diante de seus olhos, um guerreiro Avian Negro subiu do vazio com leves batidas de suas asas.

<— Ah… Regente Demônio…Camio…>

Ciriatto olhou para a forma de Camio.

— Você! Se atreve a mostrar suas presas ao seu mestre, iludido pelas doces tentações da humanidade?

<— “M-Mestre”…?>

Em seu tormento, Ciriatto voltou seus olhos angustiados para a enorme sombra que Camio apontava.

Ele usava uma capa de guerreiro aviário, seu torso maciço acentuado por sua espada de jóias, que brilhava com um vermelho carmesim vibrante. Seus pés tinham cascos. Um chifre estava quebrado. Seus olhos poderiam causar medo nos corações de todos os vivos e daqueles que já viveram.

<— Ah…não… Não…?!>

— Guerreiros Malebranche! Curvem-se diante de seu mestre: Satan, o Rei Demônio!

O talento do homem de voz rouca para o drama fez Emi bufar para si mesma novamente.

— Ah cara, vocês estão fazendo isso de propósito?

<— O-O Rei Demônio?! >

<— Sua Alteza Demoníaca?!>

Mil e duzentos combatentes de vanguarda Malebranche se viram inundados por uma onda de admiração e confusão, a frase “Rei Demônio” soou como fogo em seus lábios.

— Ah, ótimo, eles estão interpretando o papel de camponeses assustados perfeitamente também, hein?

<— É o líder da força de invasão da Ilha Oriental… O Grande General Demônio General Alciel?>

<—P-Por que o Regente Demoníaco está aqui…? O senhor Satan não tinha falecido em combate?>

Choque continuou a reinar entre os Malebranche, como:

— Uh, rapaziada olá? Estou aqui. Vocês estão me ignorando? Ah, vocês estão me ignorando totalmente!

A birra de Lúcifer enquanto bloqueava a fuga do exército de demônios fez os Malebranches na retaguarda se virarem. Depois de um momento, eles o notaram.

<— O general caído…>

<— Senhor Lúcifer, o General Caído?!>

— Eu realmente não me lembro de deixar me chamarem assim, mas… É esse o tipo de respeito que as tropas de Malacoda me deram? Hã?!

Empurrado de volta pela raiva de Lúcifer, vários Malebranche tentaram fugir para o resto da horda.

— Alciel, deixe-o ir.

Uma ou duas palavras relaxadas de Satan foram o suficiente para Alciel relaxar o braço estendido.

Ciriatto, liberado de seu estrangulamento, ofegou para respirar.

Foi tão repentino que flutuou no ar, ereto, tentando recuperar o rumo.

Seus olhos viraram para a esquerda e para a direita. A Heroína Emilia. O Regente Demoníaco Camio. Dois Grandes Generais Demônios, Alciel e Lúcifer.

E, por fim, não mais não menos importante,

<— Perdoe-me por minha tolice, meu Rei!! >

Lentamente, caiu de joelhos aos pés de Satan.

O resto dos Malebranches seguiu humildemente.

— “Ciriatto”? Chefe do Malebranches.

A voz do monólito demoníaco retumbou.

<—S-Sim!>

— Não me lembro de permitir que ninguém além de Camio liderasse meu povo. O que você tem feito na minha ausência?

<—Isso… Eu… eu!>

Ciriatto baixou a cabeça. A resposta de Satan foi surpreendentemente gentil.

— Venha. Erga a cabeça. Se você tem algo a dizer por si mesmo, deixe-me ouvi-lo.

<—Eu, eu te agradeço, meu soberano… Nós, os Malebranche, sob a liderança de Barbariccia, não fomos apenas atraídos até aqui pelas palavras tingidas de mel de um humano! Lutamos pela paz nos reinos demoníacos, para que possamos obter a espada sagrada diante daqueles que ameaçam nossa pátria.>

— Paz nos reinos demoníacos?

Ciriatto avistou Emilia à beira de sua visão, com Cara-Metade de prontidão.

<— Nosso líder, Barbariccia, apenas fingiu concordar com o plano do ser humano. Ele desejava trazer a espada sob o controle total do nosso…>

— Que superficial da sua parte!

Outra voz carregada de raiva interrompeu Ciriatto.

<—L-Lorde Alciel?!>

— Você foi atraído aqui por um único ser humano, Olba Meiyer, companheiro da Heroína. Se os chefes Malebranche conferissem uns com os outros, poderiam facilmente extrair as informações necessárias do humano, matá-lo e dar a si mesmo tempo suficiente para agir. Mas por que isso não aconteceu? Por que você não procurou o consentimento real de Camio?!

<—Por-Porque…>

— Não o intimide, Alciel.

Inesperadamente, Ciriatto encontrou um aliado improvável no próprio Rei Demônio.

— Eles não são estúpidos o suficiente para não considerar isso. Isso é o que Barbariccia provavelmente queria fazer em primeiro lugar. Mas Olba não foi levado com tanta facilidade, e não estava sozinho. Foi isso que aconteceu?

<—…Não tenho como expressar minha tristeza!>

Ciriatto voltou seu rosto angustiado para Satan.

— “Ciriatto”.

<—Ngh…>

Então se voltou para Emilia.

— Aquela pedra roxa que você tinha… Posso ver?

<— A pedra roxa…? isto?>

A palavra-chave fez Satan e seus generais se contorcerem ligeiramente também.

O item na mão de Ciriatto era um pingente decorado com uma jóia incolor e translúcida, não roxa.

Apesar do que Emilia assumiu no início, o pingente em si não era um fragmento de Yesod. A jóia era apenas uma jóia. Mas algo em seu brilho despertou sua memória.

— Um Cristal de Ligação…

Um objeto que permitia que qualquer pessoa conversasse via Elo Mental a qualquer distância. Mais ou menos, eram os celulares de Ente Isla.

— Aquela luz roxa mais cedo… Aquilo foi de alguém do outro lado do Cristal?

Não muito tempo atrás, Emilia invadiu o Castelo Demoníaco em Isla Centurum com seus companheiros, procurando matar o Rei Demônio que agora flutuava na frente dela. Ela não tinha como saber na época, mas sua espada sagrada reagiu com a semente de Alas Ramus plantada perto da sala do trono, fornecendo uma “luz guia” para seu inimigo.

Emilia pensou que o motivo do brilho era para levá-la a Satan, mas a luz era simplesmente os fragmentos gêmeos de Yesod puxando um ao outro.

<— Tudo o que sei é que a espada está na direção dos pontos de luz. Mesmo que esta jóia esteja conectada a algum lugar, não tenho ideia de onde.>

— …Você jura? Em meu nome?

O rosto de Satan estava repleto de dúvida quando perguntou. Mas Ciriatto permaneceu firme.

<— Pelo nome do meu soberano, Senhor Satan, digo a verdade.>

Ciriatto desviou o rosto dolorido, Satan, olhando para ele, parecia muito mais sereno.

— Bom… A propósito, o portal do qual você veio… Aonde está conectado? É um portal de mão dupla?

<—O…Portal?>

— Não, eu meio que gostaria de chutar vocês de volta para o outro lado, mas eu me sentiria meio ruim se vocês voltassem de mãos vazias e fossem punidos por isso, então…

<—Meu soberano, eu… er..>

Os olhos de Ciriatto brilharam em descrença com a súbita mudança de humor de seu rei.

— Relaxem, rapazes. — Lúcifer sorriu da maneira mais insincera possível. — O Rei Demônio não está disposto a chicoteá-los trinta vezes ou algo assim. Aqueles de vocês que tentaram enfrentar a Heroína… Pense nisso como uma daquelas lições de vida, sabe? E melhorem logo!

Ciriatto assentiu sem vida.

— Se você quiser retornar ao reino demoníaco… ou se essa era sua intenção… não vamos impedi-lo. Camio, ordeno que não persiga a facção da vingança dos meus exércitos quando eles retornarem. Meu reino está em suas mãos.

— Sim, meu Soberano.

Camio ajoelhou-se em sinal de deferência.

— Sim. “Ciriatto”. Vou levar todos vocês de volta para onde precisam estar. Vai ser um passeio meio acidentado, mas lide com isso, ok? Camio seguirá vocês.

<—Acidentado…?>

— E quando você voltar para casa, dê a todos uma mensagem em meu nome. Diga-lhes que o Rei Demônio Satan está bem vivo.

— Ei! O que você… Aiigh!

Emilia temia que Satan estivesse usando Ciriatto para levantar a moral nos reinos demoníacos. Mas antes que pudesse falar, gritou enquanto Satan a segurava pelos ombros.

Sentindo as mãos sólidas de Satan através de seu Tecido do Dissipador, ela congelou, com arrepios irrompendo por seu corpo.

Ignorando isso, Satan emitiu uma ordem tão ensurdecedora quanto as ondas quebrando abaixo dele.

— E diga-lhes também que uma das espadas sagradas já está ao meu alcance! Diga ao meu povo que Satan está em outro mundo, acumulando seus poderes para trazer a paz de volta aos reinos demoníacos. Use isso para acalmar a inquietação deles. Ciriatto, nomeio-o como assistente de Camio. Até que eu volte, vocês devem liderar meu povo e unir meu reino!

O comando do Rei Demônio Satan, líder supremo de cada demônio que respira (seja oxigênio, fogo ou gás venenoso), ecoou pelo Pacífico nebuloso.

Naquele momento, Ciriatto foi acompanhado de joelhos por sua tribo Malebranche, juntamente com Alciel, Camio, até mesmo Lúcifer. Foi um momento de homenagem, de respeito unido.

Satan examinou a cena diante dele e assentiu, satisfeito.

— Muito bem. De qualquer forma, todos os passageiros, preparem-se para a partida!

<—Huhh? Brnngh!!>

A confusão reinava entre a névoa.

Ciriatto, ainda ajoelhado na frente de Satan, foi subitamente envolvido por uma névoa semelhante a um casulo. Ele foi iluminado por um feixe de luz, depois desapareceu com um grito de dor.

A visão fez o Malebranche entrar em um estado de horror e confusão

— Tudo bem, está lotado nos fundos, então todo mundo formem uma fila, tudo bem? Não se preocupem… Aparentemente, não dói, então… — Usando as habilidades que aprendeu com a máquina de gelo raspado, Lúcifer acalmou a multidão enquanto reunia os Malebranches em duas filas. Como se estivesse esperando por esse momento, a luz passou novamente.

Cada um dos Malebranche, envolto em um invólucro de névoa semelhante a um charuto, emitiu seu melhor grito semelhante ao de Ciriatto antes de desaparecer, um após o outro.

— Sabe, não posso deixar de notar alguma hesitação aqui. Talvez estejam gritando porque atingiram o chão na velocidade da luz do outro lado? Sei lá.

A observação ansiosa de Satan se dissipou no espaço vazio agora livre de Malebranches.

— Bem, Ciriatto ainda é um chefe Malebranche. Ele não vai morrer tão fácil.

— Sim, mas na velocidade da luz? — Não sei se eu sobreviveria a isso.

— Que os pecadores paguem por seus pecados. Agora precisamos fechar esse enorme Portal.

Alciel, geralmente era silencioso em forma de demônio, a menos que fosse necessário falar, voou em direção ao Portal pelo qual Malebranche havia passado.

 

 


 

Tradução: Vinicius

Revisão: Bravo

 

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