Rei Demônio ao Trabalho

Rei Demônio ao Trabalho – Vol. 04 – Cap. 03.3 – O Rei Demônio Admira o Vasto Mundo (e Choshi)

 

O anjo caído se virou para Emi enquanto ela acertava o gelo que entupiam os cantos e recantos da máquina.

— A propósito, Yusa, tem algo que eu queria perguntar agora que temos a oportunidade perfeita.

— O que? Dê onde veio isso? Se vai me elogiar e etc, vai perder a cabeça.

— Cara, está tudo bem, okay? Só escuta. — Urushihara soltou um arroto audível ao tomar um gole da lata. — Urp… Então, assim, o que você acha de Olba, afinal?

Se não fosse pelo interior brilhante e ensolarado da loja, o ambiente estaria subitamente envolto em um silêncio sombrio e ansioso.

— Isso é muito repentino da sua parte. E rude…. O que você quer dizer, com o que eu acho dele?

— Oh, nada muito profundo. Você é otimista o suficiente para pensar que ele está apenas sendo um prisioneiro certinho em algum lugar?

— Bem, não, mas… Não é como se eu pudesse descobrir onde ele está agora, e mesmo que eu soubesse, o que eu poderia fazer sobre isso?

— E se eu disser que sei?

As ondas, a praia e as pessoas ao redor de Ohguro-ya estavam tão animadas quanto antes, relaxadas e despreocupadas.

— O que quer dizer?

— Ele está sendo indiciado na prisão do distrito de Shibuya. Mas não sei exatamente onde ele está. O prenderam por posse de armas e destruição de propriedade, mas tenho certeza que é apenas um paliativo até encontrarem alguma evidência para conectá-lo à nossa pequena onda de assaltos.

— P-Por que você sabe de tudo isso?

— O que? Eu não invadi os registros do governo nem nada, cara. Qualquer um pode procurar por aí se quiser. Você tem que passar por um monte de besteira, mas ainda assim. Também prenderam Olba como um estrangeiro, e isso significa que grupos de direitos humanos e outras coisas têm que se envolver. Você sabe como estão as notícias sobre estrangeiros sendo libertados da prisão por crimes que não cometeram, certo?

Urushihara estava realmente aprendendo sobre a sociedade japonesa, à sua maneira. Emi ficou impressionada por um momento.

 — Então, de qualquer forma, eu hackeei um desses bancos de dados de grupos de direitos humanos.

Só por um momento.

— Bem, me corrija se eu estiver errado, mas eles só podem mantê-lo na cadeia por alguns dias, certo? Isso é diferente de ficar preso.

— Hum. Você tem estudado?

 — Bem, sabe como é, eu assisto muitas séries na TV para conseguir acompanhar as conversas no trabalho. Sé loco, quando a esposa do protagonista foi morta durante a sexta temporada de Quaking Mad, minha cabeça quase explodiu!

Entre seus programas de samurai e séries na TV, Urushihara começou a se perguntar se a heroína passava a noite para assistir o anime da noite.

 — Não é uma coisa digna de orgulho. Oh, São cento e vinte ienes. Obrigado.

 — Com um suspiro, Urushihara entregou uma garrafa de cola a um cliente que passava. Nas últimas horas, todo o processo, desde receber dinheiro até a entrega de refrigerantes, ficou mais suave e rápido —algo que nem Emi nem o próprio ex-anjo perceberam.

— De qualquer forma, muitas vezes as prisões estão tão lotadas que as pessoas continuam detidas mesmo depois de terem sido condenadas. Olba não foi acusado de nada sério ainda, então tenho certeza que ele está bem baixo na lista de prioridades para uma vaga na prisão. Mas esse não é o problema real.

O rosto de Urushihara ficou sério (para seus padrões).

 — Depois que vocês me venceram em Ente Isla, aceitei sua oferta por dois motivos. A primeira, basicamente é por ele ter dito que não me mataria. Depois que eu perdi, eu meio que não tinha para onde ir. Malacoda e eu não estávamos realmente em bons termos, e não é como se vocês fossem me deixar fugir.

— Mesmo hoje em dia, eu me arrependo de não ter te matado de vez. Só mais um empurrão.

 — Mano, o vocabulário de Alas Ramus vai ficar estranho se você continuar assim. Falando nisso, onde ela está?

 — Eu disse a Amane que ela está no seu quarto atrás da loja. Mas ela está aqui.

 — Emi apontou o dedo para sua têmpora.

 — Ela não está chorando, nem fazendo um escândalo ou algo do tipo?

Foi uma pergunta surpreendentemente bem pensada, para seus padrões.

 — Acordamos antes do amanhecer para ver o sol nascer. Brincamos na água um pouco antes de vir aqui também, então ela está dormindo agora. Qual é o outro motivo?

— Hum. Legal…, mas como Maou lhe disse antes, Olba me disse que serviria como intermediário entre mim e o paraíso.

Não muito tempo atrás, em frente à estação Sasazuka, Urushihara e Emi se enfrentaram como inimigos mortais. Nenhum deles poderiam imaginar que estariam cuidando de um restaurante beira-mar em Chiba mais tarde.

 — Os exércitos do Rei Demônio tinham sido aniquilados, mas eu não podia ficar no mundo humano. Quanto a um refúgio, voltar para o paraíso era praticamente a única opção. Eu me lembro dele me dizendo… Disse: — Eu tenho todo o material que preciso para negociar com o céu.

— “Negociar…com o céu”?

— Sim. E também disse que eu era uma de suas fichas de barganha. Quero dizer, pegar um anjo caído sobre o qual as pessoas cantavam em lendas e transformá-lo em um anjo digno de retornar ao céu… Tipo, isso faria os grandões lá em cima inverterem suas mitras, certo? Inferno, eles provavelmente fariam dele um anjo neste processo.

— Depende de como se vê — Emi refletiu. Nessa lógica, Maou, ao pegar um anjo que havia caído tão baixo, e moldá-lo em um trabalhador pelo menos semi focado, também deveria ter garantido um lugar entre as nuvens para o Rei Demônio.

— Mas o verdadeiro ás que ele tinha na manga, você sabe, era você, Emília.

 — Eu?

Ter seu nome aparecendo inesperadamente fez a mão de Emi parar no ar.

 — Assim como Maou disse. Achamos que você não era muito mais para ele do que outro espinho. Mas uma coisa não batia. Ele literalmente tinha Emeralda Etuva e Albert Ende em uma cela em Ente Isla, mas ele os deixou viver. Por quê? Quero dizer, Emeralda está lá no ápice da política no Império, certo? Ele deveria saber que deixá-la ir significaria problemas mais tarde.

 — Verdade, sim.

A relação do Império Sagrado de Santo Aile com a Igreja estava indiscutivelmente se desgastando. Emeralda contou pelo telefone. Com os crimes de Olba surgindo um pouco à superfície, oferecendo fortes indícios de corrupção na Igreja, algumas perguntas vinham à tona, sobre sua influência na Ilha Ocidental. Isso colocou a Igreja em uma ligeira desvantagem nas lutas pelo poder que se seguiram sobre a reconstrução do Continente Central e, aparentemente, todo o resto.

 — Então, tem algo que quero verificar. A Prata Sagrada que é usada em sua espada e o Tecido do Dissipador… Quem controlava essas coisas?

Emi podia sentir o sangue escorrer de sua cabeça quando ouviu a pergunta.

— …O departamento de operações diplomáticas e missionárias da Igreja ( onde Olba estava.) O lado missionário lida com todos os instrumentos sagrados… Esses estão no centro dos assentos dos arcebispos, afinal. O edifício principal da igreja.

— Hum. Eu imaginei. Bem, todos eles provavelmente sabiam o tempo todo que a Prata Sagrada era realmente um monte de fragmentos de Yesod. Eu não conseguia adivinhar o que mais ele poderia ter tentado barganhar com o céu.

Não foi o frio da máquina de gelo que fez Emi tremer naquele momento.

 — Ele teve que dar a espada e a armadura ao Herói para lutar contra o exército do Rei Demônio. Mas ao contrário de Sariel e Gabriel, ele sabia que eles não poderiam simplesmente buscar a Prata Sagrada em seus corpos depois. Ele achou que você não estaria muito disposto a devolvê-las assim que terminasse. E se você entrasse na política assim que a reconstrução começasse, a Igreja perderia uma carga de influência. Isso, e eles nunca receberiam seus pedaços da Yesod de volta.

— …Por que Olba estava tão ansioso para fazer contato com o céu, afinal?

 — Isso eu não sei. Mas dada a quantidade de ferramentas que ele tem, duvido que Olba fique na prisão pelos próximos anos. Não nos preocupamos muito com ele ultimamente, mas agora que estou aqui e meio que, você sabe, pensando seriamente nas coisas… Estou começando a ficar um pouco nervoso.

— Lúcifer…

— Além disso, o novo Capturar Monstros deve sair para o portátil GSP em breve. Se ele começar algo importante aqui, não poderei comprar a versão de edição limitada. Com o GSP personalizado e tudo.

—……………………………………………………

— Não tem como te salvar, né? De muitas formas.

 — Uh, eu posso ler seus lábios.

— Oh? Ah.

 — Além disso, a espada sagrada e outras coisas são problema seu de qualquer maneira, certo? Eu só estou dizendo, pense um pouco sobre isso.

— Sim, obrigada! Realmente aprecio esse conselho. É por isso que estou fazendo todos esses favores agora, lembra?

 —  Você chama raspar o gelo daquela coisa de favor? Além disso, você e Maou parecem pensar que tudo acabou com Gabriel, mas de jeito nenhum ele vai dar para trás. Ele é bem conhecido por ser esse tipo de idiota persistente.

— Eu meio que sei disso também, obrigado.  — Havia emoções mistas na voz de Emi enquanto ela lançava um olhar para Maou e Chiho.

Assim como Chiho se preocupava, Emi ainda tinha que elaborar algum plano concreto para lidar com Gabriel, e para qualquer uma das outras ameaças desconhecidas que desceriam dos céus.

 — Mas comigo e Alas Ramus agora, eu realmente não acho que perderia contra eles.

— Sim. Um a um, talvez. Não é como se soubéssemos que o que aconteceu ontem à noite também não tem nada a ver. Talvez eles estejam tentando algum truque estranho ou algo assim para nos atacar onde nós…

— O que aconteceu na noite passada?

— Uh, você não notou?

 — Notar o quê?

Urushihara fez uma pausa. Presumiu que Emi e Suzuno haviam percebido o ataque da noite anterior.

O poder demoníaco com o qual Camio usou ontem à noite não era nada trivial. E Urushihara usou sua magia sagrada também, embora não uma enorme quantidade dela.

Ele não sabia onde Emi e Suzuno ficaram na noite passada, mas se elas estivessem dentro da cidade de Choshi, elas não poderiam ter notado.

— Ei! Emi. Tem um segundo?

Assim que Urushihara estava prestes a confirmar sua suspeita, ouviu Maou chamar Emi enquanto conversava com Chiho.

Virando-se para cima, viu Maou e Chiho, que estavam envolvidos em alguma conversa boba sobre uma coisa ou outra há um momento, agora se aproximavam deles com rostos estranhamente sérios.

— Eu ouvi de Chi que você ficou no Cabo Inuboh-saki, certo? Quando toda aquela névoa chegou, você realmente não notou nada?

— Notar o quê? Eu realmente não tenho certeza do que você está falando, mas qual é o problema?

Maou trocou olhares com Urushihara, depois baixou um pouco o tom.

— Estou dizendo, você não notou nenhuma força demoníaca ou sagrada?

— Hã? — Ele lançou outro olhar, desta vez para garantir que Amane ainda estava focada na louça, depois continuou.

— Uh, vamos voltar por um momento… Ei, Amane! Vou sair por um minuto!

— Sem problemas! — Amane gritou de volta, sem se preocupar em se virar.

Como o bar ainda estava aberto, os três deixaram Urushihara no caixa, acenaram com a cabeça um para o outro e se dirigiram para os aposentos dos hóspedes nos fundos.

Eles precisavam despertar o Ashiya ainda inconsciente de qualquer maneira.

Deixando a entrada da frente, encontraram Suzuno ocupada consertando o castelo Sarou-Sotengai quando a areia seca e a brisa do oceano começaram a corroer as paredes.

Dado que ela estava fazendo isso em seu maiô, uma multidão já havia se formado ao seu redor. Como uma artesã experiente, ela se concentrava em seu trabalho, não dando a seus espectadores nem um olhar passageiro.

Era uma cena encantadora, mas era preciso questionar se ela queria ser uma figura tão pública naquele momento. Maou pensou em construir uma barricada para amanhã enquanto deixava os outros dois entrarem no quarto de hóspedes.

— Oh, eu acho que ela está se levantando.

No momento em que entraram, o rosto de Emi se virou para cima em reconhecimento enquanto ela se sentava no chão do tatame.

Ela estendeu as mãos para formar um berço natural. Ao fazer isso, uma massa de luz oscilou para fora de seu corpo, fixando-se ordenadamente em seus braços antes de assumir a forma de Alas Ramus.

— Bem, isso é realmente útil. Aposto que todas as mães do mundo estão com ciúmes de você agora.

— Sim, contanto que elas não se importem de serem acordadas à noite, com berros dentro da própria cabeça, eu adoraria receber algumas dicas algum dia. Você está acordada, Alas Ramus?

— Mnngh…uuugh…

A recém-formada Alas Ramus se contorceu nos braços de Emi, com as mãos estendendo para o espaço vazio. O brinquedo de pássaro e gaiola do show de fogos de artifício da noite passada ainda estava cuidadosamente em suas mãos.

Emi levou a mão para a mão livre da criança. Ela agarrou suavemente um dos dedos de sua mãe, enquanto abria gradualmente os olhos.

— Bom dia, Alas Ramus. Sua fralda está bem?

— Oogh diaa… Nnh, tudo bem.

Alas Ramus esfregou os olhos com ambos punhos enquanto respondia, ainda grogue.

— Bem, agora que ela está acordada, acho que estou fora do horário de trabalho.

Emi segurou Alas Ramus em seus braços enquanto falava. Maou assentiu. Ele não tinha nenhuma queixa.

— Claro. Obrigado pela sua ajuda. Mas de qualquer forma, eu queria que você visse isso.

Maou apontou para a caixa de papelão no canto. Atrás dele, algo longo e fino estava embrulhado em uma toalha preta, um pouco suja.

Chiho e Emi deram uma olhada lá dentro.

— Aw, que fofo.

Chiho sussurrou imediatamente.

— O piu-piu se mexeuu!!

Alas Ramus, comentando no lugar de Emi, inclinou-se para tocá-lo.

— Não, Alas Ramus. Não toque. Parece tão fraco….

— piu… piu… Senhor Satan?…Já concluiu suas obrigações?…Piu?

?!

— Piu-piu!

A pergunta repentina do melro fez Chiho e Emi recostarem-se em espanto, ao mesmo tempo que enchera Alas Ramus de alegria. Era sem dúvida uma visão melancólica para o pássaro dos fogos de artifício da noite passada, o qual ela acabou de jogar para o lado.

— Não faça isso, Alas Ramus. Chiho te deu ele, lembra? Você precisa ser legal com ele.

Maou, obviamente gostando da reação do público, pegou o pássaro de brinquedo e o devolveu à mão de Alas Ramus.

Piu…mnngh… Eu detectei a presença de humanos. Senhor Satan, piu, quem são esses…?

Era claramente um pássaro pequeno, chilreando bonito e tudo mais, porém a maneira grave e pesada como falava tornava as coisas mais do que pouco estranhas.

— Isso é um mynah 1https://www.littlepeckers.co.uk/cdn/shop/articles/bird-1367119_1280.jpg?v=1619250511 ou algo assim?

— É… fofo? Ou talvez não tão fofo…

Chiho e Emi olharam para Maou em busca de uma explicação.

A resposta que ele deu chocou ambas.

— Este é um demônio do meu reino. Ele caiu do céu ontem à noite.

Camio, o Regente Demoníaco. Emi nunca tinha ouvido o nome e nem o título anteriormente.

Ela também nunca pensou que seria guiada em assuntos políticos pelos lábios retorcidos de um demônio.

Mas este passarinho Camio era um oficial militar, que aparentemente serviu ao Rei Demônio desde quando começou sua conquista. Não havia Exército do Rei Demônio naquela época, nenhuma organização em massa de monstros escravizadores à sua disposição. Ashiya e Urushihara ainda nem sabiam o nome de Maou. Era um tempo antigo, quando o caos ainda governava os reinos demoníacos.

Satan, procurando unificar aquele reino sob seu domínio, convidou Camio (implorou, na verdade, repetidamente), para se juntar à sua causa, embora sua força de guerreiros ainda estivesse muito mal equipada e desorganizada para ser chamada de “exército”.

Embora fosse um inimigo formidável para um humano comum, Camio não estava particularmente no topo da pirâmide social demoníaca.

No entanto, em um reino onde a força e a depravação eram tudo o que contava, Camio havia reunido um grupo de seus próprios demônios (mesmo que um humano em boa forma provavelmente pudesse ter nocauteado alguns deles em três rodadas de combate franco), criando uma força que poderia sobreviver e se defender por si mesma.

Vendo isso, Satan recrutou Camio para aprender o que era preciso para se manter vivo neste jogo.

Camio dificilmente levou Satan a sério no início, nem o fraco clã de aspirantes que ele liderava. Mas com o tempo, se juntou a eles, impressionado com a percepção e sabedoria inatas do jovem senhor da guerra.

A sabedoria, é claro, que Satan foi presenteado em uma idade muito jovem por um certo anjo.

Como Maou disse: Se Camio não estivesse lá, de jeito nenhum eu poderia ter formado algo parecido com a força demoníaca que tínhamos.

Uma avaliação como essa teria feito de Camio o inimigo imediato de Emi e do resto em Ente Isla. Mas ele era um dos poucos habitantes dos reinos demoníacos dotados nas artes da persuasão e negociação.

Ele tinha um dom inato para a linguagem, aprendendo as línguas e costumes de cada tribo de demônios e até mesmo decifrando os chamados de todas as criaturas da natureza.

Essa pode ter sido a razão pela qual usou japonês de nível nativo desde o momento em que caiu em Kimigahama, como se nada pudesse ser mais natural.

Graças aos seus conselhos, Satan e seu grupo evitaram o confronto com os inimigos mais formidáveis do dia, ocasionalmente resgatando outras tribos do desastre, ocasionalmente usando os dons diplomáticos de Camio para gradualmente construir e expandir sua força.

Então, no que Satan e Camio chamariam de seu maior ponto de virada em suas carreiras, eles encontraram Alciel.

Assim como os dois, Alciel era um homem forte, com o objetivo de aproveitar sua inteligência para fortalecer seus poderes e exército já em expansão.

A essa altura, a força de Satan tinha de um tamanho bastante decente, seu nome começando a alcançar notoriedade entre o público demônio em geral. Era uma época em que lutas internas entre diferentes raças demoníacas reunidas na mesma região ameaçavam explodir em uma guerra em larga escala.

Graças à oportuna chegada de Alciel na tribo, Satan foi capaz de deixá-lo com a tarefa de gerenciar a expansão militar, enquanto Camio se concentrou em suavizar as coisas com os recrutas de seu exército. Sua força como organização cresceu exponencialmente e, antes que percebessem, eram uma força importante, poderosa o suficiente para que demônios de todas as regiões se voluntariassem para se juntar às hordas.

— A única coisa em que Camio realmente me surpreendeu quando reorganizamos a estrutura da nossa equipe foi o conceito das licenças wyvern.

— Licenças… Wyvern?

— O que é um wyvern?

Emi e Chiho inclinaram a cabeça em confusão por diferentes razões.

Wyverns era uma das várias criaturas montáveis que a força do Rei Demônio usava como transporte no campo de batalha. A melhor maneira de descrevê-los seria como lagartos voadores. Mas quem daria licenças para essas coisas, e como?

— Bem, não haviam muitos wyverns por aí, para começar. Precisávamos ser mais eficientes ao usá-los. Então selecionamos os demônios que tinham o melhor talento para disputas wyvern e lhes demos uma condecoração de combate que servia como seu direito de lutar em uma montaria voadora.

Isso fez com que o conhecimento da criação wyvern fosse uma espécie de símbolo de status na força de Satan, melhorando muito a coesão e dando aos demônios da base algo para visar em suas carreiras brutais e violentas.

Para Emi, aprender sobre tais práticas altamente civilizadas sendo criadas por demônios de outro mundo, foi uma surpresa pura e inalterada.

No final, Satan uniu todos os reinos demoníacos e declarou-se Rei Demônio. Quando suas ambições se voltaram para Ente Isla, Camio serviu como regente de Satan durante a conquista, assumindo a liderança sobre os habitantes restantes de sua terra natal.

Ele ainda não tinha tido a chance de perguntar por que Camio caiu direto em Kimigahama, ao lado de vários de seus soldados demoníacos.

Emi, enquanto isso, teve dificuldade em acreditar em qualquer uma dessas histórias.

— Então você está dizendo que não apenas Camio, mas dois outros demônios surgiram na praia? Naquela névoa?

—Abraço Piu-piu!

O foco de Alas Ramus ainda estava diretamente sobre o pássaro à sua frente, e colocar as mãos nele. Emi habilmente manteve os dedos redondos dela afastados enquanto observava, seu rosto ainda imerso em uma profunda confusão.

— Os ciclópicos e as bestas demonóides são principalmente lutadores de combate corpo a corpo… mas eu realmente não os vi à distância entre aqui e o Cabo Inuboh-saki. Isso é ridículo.

 — Exato, viu? Quero dizer, inicialmente eu pensei que vocẽs poderiam ter destroçado aqueles caras. Mas nem sequer tocaram neles, certo?

— Não. Se soubesse, eu os teria matado. Nem deixaria que fugissem sangrando.

— Então… alguém além de você, Maou, e você, Yusa, despachou esses demônios de outro mundo?

Maou acenou com a cabeça para aprovar o resumo de Chiho.

— Estou pensando em verificar aquele farol mais tarde.

— O farol Inuboh-saki? Estivemos lá esta manhã.

— O quê?! — Chiho olhou para Emi em busca de aprovação. Emi assentiu.

— Você também pode. Se pagar pelo bilhete pode subir as escadas se quiser. Eu vi a casa de sinalização com aquela grande sirene do nevoeiro de ontem à noite. Não havia mais nada de especial nela.

A sirene de nevoeiro que soou várias vezes. Essa foi a única experiência compartilhada que Maou e Emi tiveram naquela noite.

— Eles tinham aquele cara do farol desenhado nos avisos, dizendo quantos passos você tinha que dar. Era bem fofo!

A ideia de algo “especial” para Emi era um pouco diferente dos detalhes da revista de viagens sobre os quais Chiho falava.

— Então a névoa chegou, esses caras apareceram, cobertos em névoa, a luz do farol surgiu e eles se foram. Seria uma loucura se o farol não estivesse envolvido de alguma forma, certo?

— Mas esse é o Japão. Você não tem faroleiros ocupando o topo dessas torres a noite toda como em Ente Isla. Além disso, esse aí foi construído anos atrás. Não tem como estar infundido com energia demoníaca ou…

— Piuuuuuuuu?!!

— Piu-piu!

O súbito grito estridente de Camio interrompeu a refutação de Emi.

Enquanto os adultos estavam tendo sua conversa extremamente adulta, Alas Ramus fugiu das mãos de Emi e se inclinou na caixa para tocar Camio… apenas para agarrar e pegar o melro pelas penas da cauda.

— Whoa! Ah, Ramus, não!

— Sem Piu-piu?

— Me-me liberte! Criança humana maldita! PIU!

Camio continuou gritando enquanto Alas Ramus segurava, espiando como louco e chicoteando as asas como um beija-flor. Era uma exibição menos do que nobre para o Regente Diabólico e um dos demônios mais eruditos em todos os reinos.

— P-Pare com isso, Alas Ramus! Não! O pássarinho está dizendo que você está machucando ele!

— Isso, é verdade! Ow! Ela vai arrancar minhas penas antes de terminar! Piu! Uma maneira clássica de lidar com uma criança que não sabe como tratar os animais com cuidado é tentar alguma variante de: — Está vendo? Ele está chorando! não consegue ouvir? — Esta, no entanto, foi provavelmente a primeira vez que qualquer pássaro literalmente implorou por misericórdia nas mãos de seu atormentador.

— Gahh piu!

Repreendida por Emi, Alas Ramus finalmente o soltou. Camio, que bateu as asas com todas as suas forças, acabou voando até a parede.

A força foi suficiente para derrubar o longo objeto escondido pela toalha atrás da caixa, prendendo o pássaro por baixo enquanto caía.

— Ah…

— Camio! Você está bem?

O objeto semelhante a um tubo fez um som pesado contra o chão.

Gnh, piuu… s-sim, meu senhor! Não é uma lesão grave…

Agora a surpresa foi suficiente para fazer Maou congelar.

— Uh, uau, você é enorme…

Camio, que eles pensavam ter sido esmagado pelo objeto na toalha, de repente surgiu inchado do tamanho de uma galinha, como uma esponja nova crescendo várias vezes o seu tamanho ao entrar em contato com água.

— có-có-ri-có!!

Os olhos de Alas Ramus brilharam puramente encantados.

Ela agilmente escapou das mãos de Emi, aproveitando-se do choque e admiração de seu guardião, e tentou um ataque de corpo inteiro ao Camio, que tinha o tamanho de um galo.

— Ah! Alas Ramus, pare com isso!

Nhh! E-Eu não vou aceitar essa indignidade uma segunda vez, piu!!

Camio, em sua defesa, não estava disposto a participar. Saltando sobre o objeto caído que caiu sobre ele, cravou as garras de suas pernas curtas no chão do tatame, trotando fora do alcance de Alas Ramus.

— Cocó-có-cóoo!!

— Você pensou que uma mera criança humana… piu… poderia me capturar?!

Correria, pulos, engatinhando, bater de asas.

A galinha preta, com as asas batendo incessantemente, e a criança de cabelos prateados perseguindo-a se arrastaram entre Maou, Emi e Chiho, igual a um certo Dogge Alemão e seu amigo magrelo sendo perseguidos por um alienígena assustador em uma casa mal assombrada.2Scooby-Doo?

 

 

 

— Não! Alas Ramus, pare com isso! Você vai cair…

Como se esperasse a deixa, Alas Ramus caiu.

Tropeçou no longo objeto coberto de toalhas que Camio acabara de pular uma segunda vez.

Ao menos obedecendo a Lei da Conservação do Momento, ela caiu para a frente, dando um salto mortal no chão. Olhou em volta, um pouco perplexa demais para saber o que acabou de acontecer.

— V-Você está bem, Alas Ramus?! Você se machucou?

Maou a ajudou em pânico, mas Alas Ramus parecia feliz e imperturbável enquanto balançava a cabeça.

H-Huff-huff-huff-piu… huff… A vitória é minha… Piuuuu?!

Enquanto isso, Camio, a galinha preta, recuperando o fôlego de uma maneira muito não adorável em um dos cantos, se viu agarrado pelo pescoço por Emi, seus olhos quase saltando de suas órbitas.

— Se você machucar Alas Ramus, eu vou te temperar e depois jogar em uma panela de curry. Estamos entendidos?

— Hum, eu realmente não acho que Camio seja o culpado aqui… — Chiho se virou para a criança, sua voz continha uma severidade incomum. — Vamos, Alas Ramus, diga que sente muito pela galinha aqui. Você o assustou, não vê?

Alas Ramus parecia que iria chorar por um momento, mas acenou com a cabeça.

 


 

Tradução: Vinicius

Revisão: Bravo

 

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