Rei Demônio ao Trabalho

Rei Demônio ao Trabalho – Vol. 04 – Cap. 02.6 – A Heroína Ajuda o Rei Demônio a Remodelar seu Local de Trabalho

 

Em meio à brisa calma do mar, um redemoinho de chamas coloridas dançavam ritmicamente na escuridão.

 — Isso… Isso é bem potente, né?

Na outra extremidade da vara, segurada com cuidado por Ashiya em uma das mãos, faíscas emitiam uma cascata aparentemente interminável de cores, iluminando de forma estranha seu rosto sofrido1Esses fogos de artifício japoneses são chamados de Senko Hanabi, são literalmente mini fogos de artifício, um graveto que ao acender a ponta solta faíscas/luzes similares ao de um fogo de artifício, é bem comum em animes, normalmente nos famosos episódios de praia..

— Mamãe! brilhinhos, brilhinhos!

 — Nós só podemos assistir, Alas Ramus, okay? Você ainda é muito nova para isso.

A fala era duvidosa, considerando que sua filha poderia se transformar em uma espada poderosa o suficiente para deixar arcanjos choramingando como crianças. Mas, como qualquer criança pequena, luzes brilhantes e barulhos altos muitas vezes podiam fazer Alas Ramus chorar.

O panorama da praia dava uma boa visão dos fluxos de luz, mas até mesmo uma pequena centelha em sua mão provavelmente seria demais para ela.

 — Então, tipo, o que tem de tão divertido nessas coisas, afinal?

Urushihara, agachado nas proximidades, nunca ficaria particularmente absorvido pelas pequenas linhas de fumaça e granulados cinzas diante dele. Emi nem se incomodou em responder, preferindo se concentrar em seus deveres maternais.

A casa de praia Ohguro-ya agora pelo menos parecia a parte de uma lanchonete acolhedora e retiro de praia – o suficiente para que Amane tivesse tempo de organizar uma festa de fogos de artifício à beira-mar para receber Maou e seus amigos.

— Ei! Ashiya! Me dê uma luz! Vou tentar quatro desses ao mesmo tempo!

Agora ele estava tentando acender quatro fogos de artifício ao mesmo tempo, fora os que Ashiya carregava.

O todo-poderoso Rei de Todos os Demônios ergueu os braços para o céu, com quatro variedades de varetas coloridas em suas mãos.

— Fico feliz em vê-lo de bom humor, meu soberano.

Ashiya levou seu fogo de artifício em direção à miscelânea de Maou… mas não a tempo.

 — Ah, muito devagar…

Sua faísca alcançou o meio do bastão, deixando-lhe tempo para acender apenas três de Maou.

— Ah, Cara… Eram todas de cores diferentes, mas a luz é a mesma.

O Senhor dos Demônios ficou um pouco desapontado.

Quando Emi voltou para a casa de praia naquela tarde, chegou a tempo de encontrar Suzuno e Alas Ramus, ambos um pouco entediadas de brincar na areia. Fizeram uma pausa rápida enquanto Ashiya experimentava fazer yakisoba em lotes, precisaria apenas ter os ingredientes à mão. O que acabou se tornando o almoço de todos.

 — Ohh, se tivéssemos esse tipo de poder de fogo no Castelo do Demoníaco…

A temperatura da chapa movida a gás foi suficiente para surpreendê-lo, a ponto de ele se manter murmurando para si mesmo.

Após a pausa para o almoço, Maou recrutou Suzuno para escolher um local protegido pelo vento e construir uma versão completa de seu antigo castelo de areia de estilo japonês. Emi deixou a equipe de trabalho temporariamente para manter Alas Ramus distraída.

Urushihara se ocupava lixando o topo das cadeiras das quais acabara de arrancar a espuma.

Ashiya, estudando as principais receitas para o menu, tentou prepará-las com o que pode encontrar nas prateleiras. Chiho, pegou o papel de construção que Emi comprou e começou a escrever os itens do menu em letras grandes, criou personagens tão fofos e femininos quanto possível.

Enquanto isso, Maou, sob a direção de Amane, realizou um ataque frontal às casas de banho, o critério pelo qual toda cabana de praia era medida. Ao esfregar com sabão, de canto a canto, nem um único grão de mofo pode escapar de sua fúria assassina.

O sol começou a descer no horizonte de Byoubugaura, um famoso penhasco à beira-mar popular entre os fotógrafos, conforme o céu moldou-se em um crepúsculo azul escuro.

Ohguro-ya, uma espelunca em que Emi declarou há algumas horas que nunca colocaria um pé, um lugar que ninguém esperava ver de forma apresentável a tempo para amanhã, agora estava restaurado ao ponto em que um observador imparcial (ou, pelo menos, muito caridoso) poderia identificá-lo como uma loja rural velha, surrada, mas ainda operante.

Não havia nada que pudessem fazer imediatamente pelas rachaduras e manchas nas paredes, sem mencionar o sinal enferrujado, tantos anos de desgaste não sairiam tão facilmente. Tudo o que eles tinham para se concentrar eram as entregas de comida amanhã e os toques finais.

Nesta altura, a obra-prima de Suzuno — “Sarou-Sotengai”, como ela chamou, ou “Paraíso Azul Coberto de Areia” — estava completa.

— Droga, Kamazuki! Devemos apenas mudar a loja para lá, hein?

Amane tinha um ponto. Era um edifício enorme e bem elaborado.

Não tinha como dizer que tipo de magia ela fazia com a areia. Você poderia até cutucar as paredes e elas não desmoronariam.

Como Suzuno colocou, as areias de Kimigahama eram perfeitas para fazer esculturas. Se você misturasse água e areia nas proporções certas e esculpisse os resultados depois de endurecer, ela permaneceria intacta por um ou dois dias.

Emi e as senhoritas aproveitaram a oportunidade para caminhar até sua pousada, um ryokan2https://media-cdn.tripadvisor.com/media/photo-s/08/c7/63/ac/caption.jpg de estilo japonês, cerca de dez minutos de distância de Kimigahama. Depois de terminar o jantar, voltaram para a costa, ansiosos para ter sua primeira experiência com fogos de artifício de perto.

— Oh, o quê, então você vai ficar aqui?!

Foi nesse momento que Maou finalmente descobriu a extensão de seus planos. Protestou em voz alta, mas uma vez que Chiho explicou que tinha a permissão de seus pais, ficou em silêncio, ainda não muito convencido.

Fora Amane e Chiho, ninguém no grupo tinha qualquer experiência com fogos de artifício.

Sabiam o que eram, é claro — um ano ou mais no Japão os ensinou muito — mas, na verdade, se familiarizar com eles os fez perceber o quanto de cuidado foi dado a esses pequenos brinquedos baratos.

Não havia nenhum tipo de magia, demoníaca ou sagrada, eles sabiam que poderiam gerar cores e sons tão hipnotizantes.

— Ei, Alas Ramus! Olhe só isso!

Chiho pegou um fogo de artifício particularmente longo e ameaçador, mostrando-o para a criança.

— Uau, o que é isso? Essa é bem grande.

Emi ficou igualmente encantada. Era longa com um de papel dobrado na hexagonal, que servia como o fusível, ainda maior do que os fogos de artifício do tipo fonte que eram prendidos no chão.

Certificando-se de que a costa estava clara ao seu redor, Chiho levou a ponta até uma vela que eles colocaram dentro de um buraco cavado na areia às pressas, para mantê-la segura contra o vento.

— Ooooohhhh!

Alas Ramus exclamou extasiada.

O tubo de papel hexagonal girava no próprio eixo, despejando um arco-íris de faíscas coloridas para todas as direções.

Durou apenas cerca de dez segundos, apesar de seu tamanho, mas o que aconteceu em seguida fez os olhos de Alas Ramus brilharem de admiração.

— Pássarinho!!

Sem avisos, o tubo de papel partiu ao meio, transformando-se em uma espécie de gaiola de papelão. Dentro havia um pássaro amarelo caricato.

— Paaássarinho! Piu-piu piu-piu!!

Ela se esforçou ao máximo para tocá-lo.

Chiho entregou o bastão para Emi.

 — Ainda está meio quente, então talvez espere um pouco antes de deixá-la fazer isso, ok?

— Isso é um tanto impressionante… Muito mais do que você esperaria de um brinquedo.

— Há alguns outros que soltam paraquedas, ou aquelas cordas de pequenas bandeiras de plástico de todo o mundo. Pena que não podemos lançar nenhum nesta praia.

Fogos de artifício do tipo foguete foram proibidos na maioria das praias do Japão. Os ventos de maré eram fortes o suficiente para que não houvesse como dizer para que lado eles iriam.

— Piu-piu!

Depois de verificar o nível de calor, Emi entregou a vara para Alas Ramus, seus olhos brilhavam conforme observava o pássaro dentro da gaiola.

— Espere aí, Alas Ramus. O que você diz a Chiho?

— Obligada!!

De longe, Amane e Suzuno sorriram enquanto observavam Alas Ramus expressar sua gratidão.

— Hmph. Isso seria três em uma fileira para mim.

No outro extremo da praia, Maou — finalmente cansado de seus movimentos de espada com o fogo — sentou-se em círculo com Ashiya, Amane e Suzuno em seu quimono noturno. Estavam ocupados tocando “Morte Súbita”, onde competiam para ver quanto tempo poderiam fazer um simples fogo de artifício durar contra a brisa do mar.

 

 

 

— Merdaaa! Bem, quem se importa, é o que eu digo! Ela parece tão bonita naquele quimono, com o fogo de artifício e tudo mais! Né, Maou?

Amane cutucou o ombro de Maou enquanto avaliava a aparência ligeiramente coquete de Suzuno.

— Não, eu realmente não…

— Você não pode perder! A vitória será nossa da próxima vez!

Do outro lado, Ashiya, que era o árbitro, tirou três varetas novas da caixa.

— Mamãe, Mamãe?

— Hmm? Algum problema?

— Aquele é piu-piu, também?

Alas Ramus, com gaiola ainda delicadamente mantida debaixo do braço, apontava para além de Maou e seu jogo de fogos de artifício.

Era uma série de luzes de um grupo de barcos de pesca, operando seu comércio exterior. Parecia um grupo bastante grande, e se olhasse eles, as luzes eram quase da mesma cor daquela gaiola que haviam acendido antes.

 — Não sei. Mas, sabe, Alas Ramus, aposto que você não teria medo desses pequenos brilhos. Por que você não vai até Suzuno e entra na brincadeira?

— Irmazona Suzu?

Gentilmente voltando sua atenção para os fogos de artifício, Emi colocou Alas Ramus na areia e a empurrou para frente.

Alas Ramus correu em direção a Suzuno o mais rápido que pôde, embora quase tenha tropeçado na areia uma ou duas vezes.

Vendo-a partir, os olhos de Emi se voltaram para o mar.

Luzes distantes, ondulantes no horizonte longínquo acima do mar, nunca eram um bom presságio.

Na Ilha do Sul de Ente Isla, os fogos espirituais que voavam sobre o oceano eram considerados a própria personificação do mal.

Qualquer um que pusesse os olhos nesses orbes de luz — supostamente liberadas pelos espíritos dos mortos — seria amaldiçoado por algum tipo de desastre dos portões do submundo. Essa velha tradição ainda se mantinha forte na Ilha do Sul.

Os exércitos de Malacoda, um dos Grandes Generais Demônios, tinham o dote nos caminhos da necromancia, a magia da morte. Era a arma perfeita para travar guerra na Ilha do Sul, uma terra onde a superstição ainda era verdadeira para a maioria das pessoas.

Mas é claro, ali era o Japão, e Emi sabia que eram apenas luzes em barcos de pesca. Ela sabia que o fenômeno natural chamado de fogo de santelmo3Historicamente o fenômeno associado a divindades, como no caso dos gregos, que chamavam essas descargas de helena, hoje já é sabido pela ciência que se trata de um tipo de plasma, causado pela diferença de potencial atmosférico, visualmente é uma luz brilhante azulada ou violeta, que surge em estruturas altas e pontiagudas como mastros, cruzes de igreja, chaminés ou na fuselagem e nas pontas das asas de aviões. na Terra era perfeitamente explicável pela ciência moderna.

Mas, em Ente Isla, eles eram nada menos do que arautos grotescos da desgraça.

— Algum problema? Você acredita no fogo de santelmo ou algo assim?

Emi ergueu a cabeça com a pergunta repentina. Vinha de Amane, de pé enquanto observava o horizonte apontado por Alas Ramus.

Ela se esquivou da pergunta com outra.

— Você terminou com as luzes?

— Ah, cara, de jeito nenhum eu poderia vencer aqueles caras! Kamazuki não está usando esse quimono só para mostrar, sabe. A Chiho estava comigo.

Emi nunca ouviu falar de qualquer relação entre ostentar um quimono e ser abençoado com habilidades divinas no manejo de fogos de artifício. Amane continuou, implacável.

— Sabe, eu não estou tentando assustá-la ou algo assim quando digo isso, mas aqui em Choshi, há uma velha história sobre aqueles moren-yassa4São um tipo de Yokai, os característicos demônios japoneses..

— Moren-yassa?

— Sim. Os moren-yassa, ta ligado, eles são esses fantasmas marítimos que aparecem em dias realmente nebulosos ou tempestuosos no mar. Vão até os pescadores e tentam afogá-los para se juntarem às suas fileiras. Eles dizem “Me empreste sua inaga” inaga é uma palavra antiga para concha de água — e qualquer um que empresta, o navio afunda, bem no local. Dizem que quando se vê luzes no oceano assim, um moren-yassa deve estar perto. Há uma história como essa em Kyushu, também, eu acho. O padrão, acredito, espíritos que não conseguem encontrar o caminho para o céu pregando peças nos vivos.

Os olhos de Amane permaneceram fixos nos barcos de pesca.

— Tem muito disso. Fantasmas voltando ao nosso mundo e mexendo com os vivos. Mas isso realmente não faz sentido para mim.

— Não?

— Bem, quero dizer, esse é o objetivo das cerimônias de Obon no Japão, certo? Para ajudar os mortos a fazerem uma rápida viagem de volta à Terra, para passar um tempo com suas famílias e outras coisas. É muito mais bondoso do que todo esse papo de “uuuuh, eu estou vindo para pegar sua alma”. Acho que qualquer um que começou a ter medo de espíritos vingativos e essas coisas… aposto que viveram com certa crueldade. O suficiente para ficar todo preocupado sobre o que vai acontecer no pós vida.

— Sim, mas todo mundo tem medo de morrer. Tem algo além disso?

Urushihara se intrometeu. Na frente dele jaziam restos de dez ou mais fogos de artifício, suas cinzas começando a crepitar na areia. Ele deve ter gostado deles.

— Bem, ter medo da morte é uma coisa, mas ter medo dos mortos se aproximando e tocando você é totalmente diferente, não?

Foi um inicio repentino ao debate sobre suas visões de vida ou morte de Amane. Suzuno provavelmente seria mais qualificada para participar.

— Eu só estou dizendo, por que todo esse ódio pelos espíritos, só porque talvez tenham tido alguns arrependimentos na vida não resolvidos? Quero dizer, o que é realmente assustador…

Os olhos de Amane dispararam para a borda do penhasco de Inuboh-saki, e a torre lançou sua luz sobre as águas escuras.

— O que é realmente assustador são as pessoas que vivem para sempre. A imortalidade sempre será muito pior, no longo prazo. Além disso, a maioria das coisas que vemos como maus presságios, existem explicações científicas para isso. É tudo apenas um monte de pequenas coincidências. Então… acho que o que estou tentando dizer é…

Ela voltou os olhos para a praia.

À frente dela estavam Maou, Ashiya, Suzuno, Chiho e Alas Ramus, agarrando-se alegremente ao fogo de artifício que Chiho guiava em sua mão.

— Tente não criar sua criança para que ela comece a discriminar os espíritos, ok?

— Amane?

— O que você quis dizer com isso?

Emi e Urushihara, não seguindo o ponto de Amane, ambos intervieram. Então, foram interrompidos.

Buooooooooooooooonnnnnnnnnnnnnn…

Buooooooooooooooooooooonnnnnnnnnnnnnn…

Buoooooooooooooooooooooooonnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnnn…

Um estrondo baixo e parecido com uma sirene ecoou por Kimigahama.

Foi repentino o suficiente para fazer todos, exceto Amane, se contorcerem em choque.

 — Uhm?

Alas Ramus, ainda ocupada com sua luz, parou e virou a cabeça, com um olhar insatisfeito no rosto, deixando cair seu bastão ainda cintilante.

— Está tudo bem. Não tem nada de errado.

Chiho agilmente lhe deu um abraço reconfortante, acariciando sua bochecha para acalmá-la. Mas o estrondo incessante fez o rosto de Alas Ramus se aproximar cada vez mais do estado de choro.

— Está tudo bem! Não tem nada de errado!

Ela tentou o seu melhor para acalmá-la, mas agora, Alas Ramus estava a um milésimo de segundo de explodir. Este ser sobrenatural, que uma vez ficou em pé (estava mais para flutuar) com orgulho, bem na cara de Gabriel, era tão fraca contra o sinistro e desconhecido como qualquer outro bebê.

Então outra salva desse estrondo desconhecido invadiu a praia. Esse foi o gatilho. As lágrimas começaram a fluir.

— Nnn-waaaaaaaggghhhh!!!

— Oh, querida, querida… Isso sempre irrita um pouco os jovens.

Amane, perfeitamente composta, voltou os olhos para o farol novamente.

— Hum, nós também ficamos meio assustados, mas…

Outro estrondo soou quando Emi respondeu.

— Bem, esse é o som da sirene de nevoeiro do farol. Isso não significa que estamos em perigo ou qualquer coisa, então você não precisa se preocupar com isso.

— Sirene de Nevoeiro?

Emi repetiu o termo desconhecido.

— Sim. É um chifre no farol que faz aquele zumbido soar sempre que o nevoeiro está muito espesso para avisar os barcos. Para evitar que fiquem por aí, sabe. Acho que há um pouco de neblina lá, hein?

Se as condições o permitissem, o nevoeiro poderia aparecer tão facilmente nos meses de verão quanto no auge do inverno.

— Sim, mas não estava totalmente limpo há apenas um segundo?

Todos na praia ofegaram um pouco enquanto olhavam para Maou. Lá, no oceano distante, uma névoa branca surgiu, como se fosse parte do ar. Já havia envolvido os barcos de pesca, suas luzes agora tremeluziam a distância.

— É… é certamente rápido.

Ashiya arrastou o olhar para lá e pra cá ao redor da área, enquanto Chiho abraçava Alas Ramus com força para evitar que ela entrasse em pânico.

—Sim, com certeza está chegando.

Parecia haver uma pitada de nervosismo na voz de Amane.

— Kimigahama costumava ser chamado de ‘Kirigahama’, ou ‘praia da névoa’, antigamente. Isso é o quão notório são as coisas. Poderemos vê-lo aqui em terra em pouco tempo. Desculpe, pessoal, mas o show de fogos de artifício acabou por enquanto.

Amane acenou com a cabeça para si mesma enquanto apontava as cápsulas de fogos de artifício queimadas para Maou.

— Vocês se importariam de limpar isso para mim? Vou levar as meninas para a pousada. Uma vez que a névoa chega, pode ficar tão espessa que até mesmo os moradores locais não saem de suas casas.

A mal-humorada Amane, que dava ordens, estava muito longe do ato descontraído que esbanjaram mais cedo.

— T-tudo bem…!

Maou e Ashiya se uniram para coletar o lixo. Alas Ramus se recusou a parar de chorar.

— Feehhhhhhhraaaayaaaiaiaiaaaaaa!!

— Ela não começa um ataque desses com muita frequência…

As sobrancelhas de Maou se contraíram para baixo. Mesmo ele poderia dizer o quão rápido o nevoeiro estava ameaçando consumir a costa.

— Você pode cuidar de Chi e Alas Ramus para mim, Amane?

— Uau, e quanto a Kamazuki e sua pequena dama? — Amane brincou com ele, embora ainda acenasse com a aprovação. Não havia muito tempo para brincar mais.

— Claro. Mas tentem não ficar muito tempo do lado de fora, ok? Vamos acordar cedo amanhã, então tente dormir um pouco enquanto pode. Senhoras, estão prontas para ir?

As mulheres, guiadas por Amane, se apressaram para fora da praia. Maou e seus companheiros as observaram partir, suas mentes não totalmente livres de preocupação.

No momento em que chegaram à pousada, a cidade já havia sido engolida pelo nevoeiro espesso, o suficiente para reduzir a visibilidade para apenas algumas centenas de metros.

E, no entanto, Amane, depois de deixá-los, estava estranhamente ansiosa para mergulhar de volta na estrada.

— Certo. Boa noite, pessoal. Passem por lá amanhã para pegarem o pagamento, okay?

— Amane, a névoa ainda é terrivelmente espessa. Seria mais sensato esperar no saguão, talvez?

A sugestão de Suzuno parecia senso comum para todos. Qualquer um, exceto Amane.

— Não, eu tenho algumas coisinhas para cuidar. Meio que relacionado ao meu trabalho, sabe? Às vezes eu sou chamada para trabalhar se o nevoeiro começa, então… Mas não se preocupe. Estou bem acostumada com isso. Até amanhã.

Com essa resposta apressada, Amane mergulhou no nevoeiro noturno e desapareceu antes que pudessem detê-la.

Emi, Chiho e Suzuno observaram o nevoeiro ansiosamente, a atualmente silenciosa Alas Ramus finalmente lhes dando um momento de paz.

Em meio à densa névoa que os enchia de inquietação, um único feixe de luz — provavelmente do farol — abriu caminho em meio a escuridão.

 

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Tradução: Vinícius

Revisão: Bravo

 

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