Rei Demônio ao Trabalho

Rei Demônio ao Trabalho – Vol. 04 – Cap. 02.1 – A Heroína Ajuda o Rei Demônio a Remodelar seu Local de Trabalho

 

— Uau! Veja esse trem! É tão fofo.

Na estação ferroviária de Choshi, no ponto final da linha JR Sobu, Chiho gritou em pura alegria com a visão diante dela.

Chegaram ao fim de uma longa jornada, tendo baldeações não muito familiares, Sasazuka para Shinjuku, de Shinjuku para Kinshichou e então para a estação central de Chiba, onde embarcaram na linha principal do Sobu. Sua viagem, com destino para o leste de Tóquio, levou pouco mais de três horas.

O trem que chegou na plataforma da ferrovia elétrica de Choshi, modestamente localizada na borda da plataforma JR, não era como nada que Maou, Ashiya ou Urushihara tivessem visto antes.

Não fazia nem dois anos desde que os demônios puseram os pés na Terra. Como tal, a ideia de “trem”, um carro com quatro portas de aço e com vários acentos internamente, foi firmemente incutida em suas mentes.

Mas o “trem” que se aproximava deles agora acabou com o conceito “urbanizado” em um piscar de olhos.

A aerodinâmica não era o foco em seu formato retangular. Metade inferior era um tom de vermelho e a superior uma espécie de preto com fuligem. A iluminação era limitada a uma única lâmpada redonda no topo da frente do trem. Embora fosse um único vagão, fazia um enorme barulho conforme atravessava a linha.

O carro ferroviário principal de Sobu em que vieram era algo futurista em comparação. Para ser o mais franco possível, este era velho.

Assim que finalmente chegou à plataforma, o ruído do acionamento dos freios era estridente, quase doloroso, o atrito do metal contra metal.

— Cara, isso é realmente um trem?

Como esperado, a primeira coisa que Urushihara fez foi reclamar. Chiho revirou os olhos para ele.

O cérebro de Maou desligou por um momento ao ver essa estranha linha de trem alienígena. De repente, porém, percebeu que as pessoas ao seu redor estavam repletas de excitação.

Até Maou pode perceber que os outros passageiros não ofereciam nada além de sorrisos para este trem absurdamente antiquado.

Era “legal”. Isso “Me lembra da minha época” É “totalmente retrô”. As pessoas que vieram ao redor estavam tão felizes. O senso de admiração era palpável.

Então a multidão sacou seus telefones. Os nerds ferroviários um pouco mais dedicados tinham suas câmeras digitais e tripés prontos, começaram a tirar fotos.

— Bem! Suponho que pessoas como você não consegue sentir a elegante nostalgia exalada por este trem, hmm?

— …Você está aqui há tanto tempo quanto nós, sua comédia.

Maou zombou das palavras zombeteiras que o atingiam por trás.

Lá, ele viu Emi, Alas Ramus em seus braços e Suzuno, que segurava um guarda-sol.

— Hmm. Este é o modelo Linha Elétrica Choshi De-Ha 1001 series. Um nativo desta linha férrea desde 1950. Embora, de acordo com o que li, esse tipo de trem existia por todo o Japão naquela época.

Suzuno estudou o panfleto gratuito que pegou na estação.

A questão de onde ela pegou seus materiais de pesquisa, como os consumiu e por que isso a levou a ter o olhar de “dona de casa do pós-guerra” que tão habilmente conseguiu ainda era um mistério.

— Mas onde compramos as passagens?

A plataforma Elétrica de Choshi começava no fim da JR. Não havia catraca ou qualquer coisa entre os dois, tudo o que eles viam era um pequeno leitor de cartões computadorizado.

Mas toda esses adoradores de trem tinham consigo os ingressos que compraram no balcão de serviço de Shinjuku.

— Hmm. Suponho que os compramos no trem, ou talvez de alguém na plataforma. Aquele cavalheiro, talvez? Ele tem um furador na mão.

— Nossa. Eles fazem tudo à mão?

— Por que você está tão impaciente? Apenas algumas décadas atrás, todas as catracas de Shinjuku a Ikebukuro e Shinagawa tinham pessoas para cuidar disso manualmente.

Sempre que a discussão envolvia o Japão do passado, do início ao meio do século XX em particular, Suzuno ficava empolgada.

Na época em que estudou sobre a cultura antes de viajar para o Japão, a equipe da JR ainda perfurava todos os bilhetes do país à mão. Mas pode muito bem ter sido séculos atrás, até mesmo Chiho, a única japonesa nativa do grupo, nasceu bem depois que todo o sistema foi automatizado.

Tudo o que Suzuno sabia sobre aquela época era o que aprendeu com livros e TV. E isso se aplicava igualmente a Maou e Emi.

— Mas por que eles passam por todo esse problema? Tipo, há um leitor de cartões de viagem bem ali.

 — Você não sabe? Esse é o objetivo. As pessoas gostam de todo esse processo.

— Sério?

Ignorando o duvidoso Maou, Emi levou Alas Ramus a um agente da estação nas proximidades. — Um adulto e uma criança para Inuboh. Ah, mas eu acho que ela também quer um bilhete…

Maou imaginou que ela tinha aprendido em algum lugar que as crianças entravam de graça. Mas os olhos de Alas Ramus brilharam de antecipação, focados no furador, preso no cinto do agente.

Uma vez que seu bilhete foi carimbado e devolvido a ela, Alas Ramus sorriu de alegria, segurando-o cuidadosamente em suas mãos.

— Bem, muito obrigado, mocinha!

Sua pura felicidade foi suficiente para até mesmo fazer o agente sorrir um pouco.

— Entendeu como funciona?

Suzuno olhou em triunfo.

— Nunca se esperaria esse nível de serviço com aquelas catracas automáticas frias e inumanas.

— Não, acho que não.

Maou aceitou, não que se importasse.

Ashiya copiou o procedimento de Emi para comprar seu próprio bilhete, embora Chiho estivesse muito ocupada tirando fotos do trem para prestar atenção.

Urushihara, enquanto isso, estava jogado sobre um banco na plataforma, o calor provou-se demais para ele.

— Mas sabe… Eu realmente não pensei que vocês se juntariam a nós.

Maou deu de ombros enquanto olhava para Suzuno. Seu rosto espreitava por de baixo do guarda-sol, revelando um sorriso.

— Quantas vezes preciso dizer? Não estamos atrás de você. Simplesmente escolhemos o mesmo destino para nossas férias de verão.

Era uma mentira descarada

Tudo começou há várias horas.

Quando Maou chegou à estação de Sasazuka às oito da manhã, encontrou Chiho lá, tentando recuperar o fôlego.

No início, pensou que ela veio apenas para se despedir. Mas Chiho carregava uma mochila esportiva bem pesada, o que o fez pensar se iria viajar para algum lugar.

Do ponto de vista do senso comum, não importava o quanto os pais de Chiho confiassem nela, não havia como eles permitirem ela se juntar a um grupo de homens em seu trabalho de verão na praia. Na época, a ideia de Chiho os acompanhar para Choshi nem havia passado na mente de Maou.

— Você também vai a algum lugar, Chi? Acho que estamos compartilhando um trem para Shinjuku, hein?

— Bem — Chiho respondeu alegremente enquanto atravessavam a catraca —Um pouco mais do que isso, na verdade.

Nem trinta segundos depois, Maou percebeu o que estava acontecendo.

— Oh, bom dia, Chiho. Ei, quem são esses três caras atrás de você?

— Meu Deus, Chiho, pensei que ficaríamos esperando até o fim dos tempos! Vejo que encontrou o Rei Demônio e seus lacaios. Que coincidência, hein?

— Papai! Irmãzona Chi!

Lá, em um banco no lado de Shinjuku da plataforma, ele viu Emi, Suzuno e Alas Ramus sentadas lado a lado.

O choque desagradável foi difícil para Maou, Ashiya ou Urushihara expressarem em palavras no início.

Graças à sua partida cedo, eles não pensaram em dizer olá a Suzuno ao sairem.

Emi e Suzuno devem ter planejado isso para emboscá-los na estação. Seus rostos, assim como fizeram questão de cumprimentar apenas Chiho e expressar surpresa para os indivíduos suspeitos atrás dela, deixou claro o que estavam se divertindo com a situação.

Empoleirado na frente delas estava uma bolsa de transporte de tamanho médio. Sem dúvida elas haviam decidido segui-los.

— De qualquer forma, não estaremos no mesmo trem apenas até Shinjuku. Na verdade, vai ser até Choshi. Mas tudo bem. Eu tenho a permissão da minha mãe e tudo mais.

Chiho certamente escolheu uma maneira grandiosa de responder à pergunta anterior de Maou.

As mandíbulas dos três demônios caíram. Que tipo de mundo era esse, onde um par de pais bem-intencionados concordariam com isso?

— Vocês não estão entendendo errado ou algo assim, certo?

Enquanto Maou lutava por uma resposta, Emi zombou deles de seu assento.

— Ela pode estar indo para Choshi, mas não porque está seguindo vocês. Ela veio conosco, só isso.

— Haha, que alegria…

Era demais para qualquer um deles acreditar.

— Tipo, com o que vocês aberrações vão trabalhar, afinal? Você está planejando ficar em Choshi por duas semanas inteiras?

Emi sorriu vagarosamente.

— Tirei um tempo de folga. Eu precisava de um pouco para ajudar Suzuno a se mudar, de qualquer maneira. Mas o que quer dizer com “duas semanas”? Somos apenas três garotas visitando algumas das linhas ferroviárias mais diferenciadas e antigas do Japão. O que te faz pensar que vamos ficar por aqui tanto tempo? Você não está escondendo nada de nós, está?

Maou olhou nos olhos de Emi. Sua malicia era aparente entre suas perguntas retóricas. Mas…

— Vai, papai, adivinha! Adivinha!

Uma Alas Ramus animada bloqueou sua visão, impedindo-o de responder de volta.

— Nós vamos para a praia!

E assim, tudo se encaixou. Maou abaixou a cabeça, desanimado.

O tempo passou.

Ao chegar a Shinjuku, Maou e seus inesperados companheiros de viagem embarcaram na linha de Sobu, maravilhados com a visão iminente da Tokyo Skytree, quando o trem expresso chegou à estação de Kinshichou. Isso os levou até Chiba, onde mordiscaram a caixa de almoço ekiben vendida na plataforma enquanto esperavam o trem local para Choshi. Depois de um curto período de tempo, eles passaram pela cidade de Asahi, perto da parada final da linha em Choshi.

— Irmãzona Chi! Moinho de vento! Moinho de vento.

Alas Ramus estava aninhada no colo de Chiho.

Emi e Suzuno estavam com elas, ocupando a totalidade de uma cabine de quatro pessoas dentro do vagão enquanto inocentemente compartilhavam lanches. Os três demônios sentaram-se na cabine do outro lado do corredor, ignorando o empresário acima do peso que já ocupava um lugar, e logo se viram física e mentalmente apertados.

Olhando pela janela, Alas Ramus estava entusiasmada. Pouco antes de chegar a Choshi, ela avistou uma das gigantescas turbinas eólicas gerando energia fora da cidade.

— Uau, Alas Ramus. Você aprendeu a palavra moinho de vento e tudo mais, hein?

— Hee-hee! Uh-huh!

Quando as turbinas ficaram fora de vista, a caixa de som anunciou que a parada final de Choshi estava próxima e aconselhou os passageiros a se prepararem para a chegada.

Agora, na Plataforma Ferroviária Elétrica de Choshi, Maou tentava se defender enquanto Suzuno olhava para ele.

— Quero dizer, acho que Chiho realmente tem interesse nesta linha de trem, então tudo bem, mas por que vocês têm que me perseguir todos os dias da minha vida? Vocês só estão aqui para nos vigiar, sobre o pretexto de acompanhar Chiho!

A resposta de Suzuno foi quase bem ensaiada demais.

— Pense no que quiser. Não há como sabermos que tipo de ato covarde você pode tentar enquanto estiver longe de nós. Espero, para seu bem, que use o bom senso em seu destino, assim como em Sasazuka. Lembre-se, nossos olhos estão por toda a parte, nossos ouvidos em cada um dos cantos!

— Olha, você me conhece há tempo suficiente, certo? Eu sou como uma personificação de bondade e sinceridade aqui.

— Um Rei Demônio é um Rei Demônio.

Havia pouco que ele pudesse fazer para negar isso.

— Você não se sente estúpida? Pedindo ao Rei Demônio para exercer “bom senso” na praia? O que, você acha que eu vou te empurrar ou algo assim?

— Hmph. Bem. Como eu acredito que já mencionei antes, nós simplesmente compartilhamos um destino hoje. Então vá em frente… Fuja para o seu novo local de trabalho. Não ligue para nós!

— Tudo bem, sério

Elas pretendiam segui-lo até a casa de praia. Isso era muito óbvio.

— Vossa Alteza Demoníaca, eu comprei um bilhete para você.

Ashiya interveio, com os papéis na mão. Urushihara, por sua vez, cambaleou até o trem e se jogou frouxamente em um assento. O calor o afetava seriamente.

Ele e Ashiya não se incomodaram mais em cutucá-lo, já acostumados com esses parceiros de viagem desagradável. Era algo que já esperavam de qualquer forma. Além disso, Emi, a mulher que eles mais temiam, sem dúvida seria forçada a voltar ao seu próprio trabalho em breve.

Apesar de ser questionável se havia alguma esperança para as raças demoníacas, dado que seus antigos líderes supremos estavam tão dispostos a serem observados pela Heroína diariamente, onde e quando ela quisesse.

— Não se parece muito com um bilhete para mim.

O papel que Ashiya entregou a ele era fino, com a borda cortada, tendo todas as estações ao longo da linha Elétrica de Choshi nele.

— Olá, jovem. É a sua primeira vez em Choshi?

— Eep!

O corpo de Maou se contorceu involuntariamente com a voz repentina advinda de trás.

Em algum momento ao longo da linha, uma mulher idosa usando um chapéu de sol largo se aproximou deles, com uma sacola de compras na mão.

 


 

Tradução: Vinicius

Revisão: Bravo

 

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