Rei Demônio ao Trabalho – Vol. 04 – Cap. 01.9 – O Rei Demônio Perde o Trabalho, Então a Casa

 

— Nós nos encontramos no MgRonald. Vai levar isso para Choshi? Essa é uma mala muito bonita.

— Sim. Vamos precisar levar várias coisas para lá, então tive alguns problemas para decidir qual escolher…

Ashiya ainda parecia hesitante enquanto colocava a mão na mala de viagem grande e equipada com rodinhas, oferecendo espaço mais do que suficiente para as roupas, toalhas e quaisquer outros itens essenciais que três demônios precisariam na praia.

— Não temos permissão para deixar nada no apartamento, então precisamos de espaço para trazer nossos registros bancários e outros documentos valiosos. E não há como dizer em como a situação de segurança poderia ser, então pensei que algo resistente e com tranca funcionaria melhor para nós.

— Oh. Isso pode ser uma boa ideia.

— Você pegou o trem para comprá-lo?

— Sim, Vossa Alteza. Havia mais opções no centro da cidade e, considerando nossa longa jornada amanhã, decidi pegar o trem em vez de caminhar para economizar energia. Isso, e eu queria usar o telefone público na estação.

Ashiya era tão pão duro que caminhava alegremente por mais ou menos meia hora até Shinjuku, o centro central de Tóquio, regularmente, em vez de pagar a tarifa do trem de 120 ienes. Mas sob este sol abafado do verão, trazer uma mala pesada do outro lado de Tóquio tiraria o sorriso do rosto de qualquer um.

Além disso, com todas as sandálias e roupas extras que Ashiya teve que comprar para a viagem, Maou não estava pronto para criticá-lo por pegar o trem para uma viagem rápida de ida e volta.

Maou ainda estava curioso sobre quem Ashiya queria encontrar ao longo do caminho, mas nem mesmo o Rei Demônio sentiu que tinha o direito de invadir a privacidade de seu subordinado.

Ashiya geralmente não era o tipo de demônio que escondia coisas das pessoas. Ele deve ter tido uma boa razão para fazê-lo desta vez, mas o telefonema não deve ter tido nada com grandes repercussões para qualquer outra pessoa.

Depois de empacotar cuidadosamente essa questão em sua mente, Maou examinou sua mala. Era nova, com a etiqueta ainda presa, explicando como a bolsa permitia que a segurança do aeroporto a destrancasse e inspecionasse sem danificar nada.

— Essa bolsa que você tem é realmente cara, hein?

— Pode chegar a hora, meu senhor, em que devemos viajar para o exterior para restaurar seus poderes demoníacos. Eu considerei como um investimento para esse dia.

— Ooooh! Então você pode conquistar o mundo, certo?

Havia poucas pessoas na Terra que podiam jogar tão livremente termos como “conquistar o mundo” na frente de um Arqui Demônio que realmente conquistou o mundo. Isto é, outro mundo. Quase.

— Precisamente, senhorita Sasaki. A propósito, compraremos uma ou duas lembranças para você lá. É o mínimo que podemos fazer, afinal, para retribuir. Ouvi dizer que Choshi, é um dos portos de pesca mais conhecidos do Japão.

A julgar pela resposta inabalável de Ashiya à observação da aluna do ensino médio, o conceito de “conquistar o mundo” tinha tanto peso com eles quanto um balão de hélio.

— Oh… legal, obrigada.

Mas o coração de Chiho ficou pesado por outras razões. Era de se esperar, mas dentro da mente de Ashiya, Chiho não fazia parte da caravana Choshi. Porém outra coisa lhe ocorreu: se Maou estava indo para Choshi, quais eram as pessoas que absolutamente iriam atrás deles?

— …

— …Falando de conquistar o mundo, Yusa ou Suzuno discutiram algo sobre viajar para Choshi com você?

Maou e Ashiya lançaram um olhar um para o outro, como se para confirmar que sim, eles realmente iriam conquistar o mundo algum dia. Agora não, mas quando quisessem.

— Pensando bem, elas não falaram nada na verdade. Eu acreditei que ela também pensasse que vocês estavam tentando fugir. Eu estava esperando aquele discurso épico sobre como ela iria persegui-lo até os confins da Terra e assim por diante, mas nada.

— Sim, ela provavelmente acha que vamos andar na linha enquanto estivermos com alguém que conhece nossa senhoria. Ela já a conheceu antes, então… Mas Urushihara também me disse que as duas o pressionaram e o fizeram chorar sobre o quão preguiçoso ele é, foi na noite passada. É estranho, o quão cooperativas elas têm sido com a gente encontrar um trabalho. É como se elas quisessem que conseguíssemos.

—  Você está certo… huh? Eu estava pensando que Yusa tem sido muito gentil com você ultimamente, também…

Era impossível pensar que Emi deixaria os demônios simplesmente sair de Tóquio sem pestanejar. Mas se ela tivesse um plano em mente, com certeza demoraria para executá-lo.

E a notícia inquietante de Sariel fez Chiho se preocupar também. Se Maou não soubesse o que Emi estava fazendo, ou vice-versa, isso poderia colocar Alas Ramus em perigo.

Não que isso significasse, é claro, que Emi trabalharia junto com Maou se ela soubesse sobre esse novo desenvolvimento. Isso era simplesmente impossível de imaginar.

— Apenas certifique-se de obter a permissão de seus pais primeiro, tudo bem? É uma longa viagem de campo.

— Siga o caminho que tiver que seguir. Enquanto não fizer algo que envergonhe a si mesma ou sua família, eu não irei dizer nada.

As vozes de duas figuras de alta autoridade na vida de Chiho soaram em sua cabeça.

Cheia de um novo senso de determinação, Chiho pegou seu celular.

Esta foi provavelmente a primeira vez em sua vida que ela fez algo tão egoísta. Isso envolveria agir de má-fé ao enganar seus pais sem realmente mentir para eles.

Mas valeria a pena.

Ter as pessoas que ela amava tão longe era perigoso. Ela queria reduzir esse perigo, o máximo que pudesse.

Acenando com a cabeça para Maou e Ashiya, Chiho deu alguns passos para longe e ligou para casa.

— Oi, Chiho. Tudo bem?

O telefone fixo na casa deles tinha um identificador de chamadas. Sua mãe imediatamente soube quem estava em linha.

Chiho respirou fundo, acalmando seu batimento cardíaco acelerado.

— Mamãe…?

— Hm?

— Eu quero ir ver a Ferrovia Elétrica Choshi. Tudo bem se eu fizer uma viagem de um dia com Yusa e Suzuno?