— Ei, Emi, aconteceu alguma coisa ruim?
— Hã?
— Sei lá, você esteve com esse olhar irritado na cara a manhã toda.
Emi levou uma mão à testa quando a sua colega de trabalho, Rika Suzuki, fez a observação.
— Espero que não seja algum tipo de problema com aquele tal do Maou de novo.
Emi saltou ao ouvir aquilo, um golpe direto no meio do seu coração.
— O… O que te faz pensar isso?!
— Bem, Emi… tipo assim, sempre que você está incomodada com algo, nunca é algo além dele.
— Quê? Não! Não, não é!
— Oh, sérioooooo? Não me lembro de você ter agido assim no trabalho antes de eu começar a ouvir sobre o Maou.
Isso foi uma surpresa.
Como Heroína, cuja missão suprema só estaria completa quando a cabeça do Rei Demônio estivesse em uma estaca para que todos pudessem ver, Emi sempre tentou manter um certo senso de urgência dentro de si, uma disposição para lutar a qualquer momento. Não tinha como ela desperdiçar o seu tempo com trivialidades da vida humana do dia moderno! Nunca!
— Quero dizer, tipo assim, sempre que saímos para comer, você parecia tão feliz que fazia todos os meus problemas desaparecerem como se não fossem nada. Sempre que saíamos juntas, também. Faz bem pouco tempo que você passou a ficar séria assim.
— Ooooooh…
A falsa bravata no coração de Emi se desfez no mesmo instante.
Houve um certo período da sua vida em que tudo sobre o Japão: sua comida e costumes culturais, lhe proporcionaram uma apresentação sem fim de novas e refrescantes surpresas. Instilaram novos valores diários dentro dela. Tudo parecia brilhar em sua mente. Sentia-se confiante em dizer que até mesmo toda a culinária ente islanense não seria nada em comparação com a variedade e qualidade da comida no Japão.
— Oh, espere! Acho que o seu ar condicionado quebrou por volta dessa época, no ano passado, correto? Eu me lembro de você dizer que teve muita dificuldade para dormir por causa do calor.
— …
Emi gentilmente colocou a mão sobre a mesa.
Fazia pouco mais de um ano desde que chegou ao Japão. A ideia de que suas preocupações ficaram tão inutilmente triviais logo depois de sua chegada fizeram com que sentisse aversão de si mesma.
— Oh, e aquela vez que reclamou sobre como DokoDemo estava te dando tantas horas, e você não conseguia marcar um horário com o cara da companhia elétrica…
— Rika, você me pegou, beleza? A vitória é sua. Não precisa insistir em um assunto que já está morto e enterrado.
— Oh? Oh. Opa, tem uma chamada.
A chamada da estação de trabalho da Rika cobriu o grunhido de Emi, oferecendo-lhe consolação por alguns minutos.
— E o que foi agora, menina? Do que está reclamando desta vez?! — Logo depois que sua chamada terminou, Rika tirou o headset e inclinou-se sobre a parede do cubículo para confrontar Emi de novo.
— Você está gostando demais disso, não é?
Ela mostrou um olhar ofendido em resposta, o que não chegou nem perto de perturbar Rika.
— Ei, não deixe o aborrecimento tomar conta.
A forma com a qual Rika nunca escondia seus verdadeiros sentimentos era um dos seus melhores traços, assim como também era o pior dos seus hábitos.
— Além disso, sabe, odeio ter que deixar uma amiga na mão quando ela precisa!
— Algo me diz que a desculpa do “aborrecimento” está muito próxima da verdade. — Emi sorriu para si mesma. — As coisas estão… sei lá. Tipo um saco, sabe? Mas não posso me desvincular deles ou algo do tipo.
— Ohh?
— Tem uma criancinha envolvida.
Rika assentiu para si mesma, seus cotovelos apoiados no topo da parede do cubículo.
— Sua e do Maou?
— Bem, é o que ela diz, mas… Agh!!
Emi percebeu tarde demais que sua tentativa exageradamente fofa de negar todas as acusações só serviram para cavar a sua própria cova.
Nem mesmo Rika esperava uma execução tão soberba. Ela baixou o cotovelo, olhos arregalados enquanto observava Emi.
— Espera, quê, sério?
— N-Não! Não dessa forma. Tipo… Bem, não é exatamente não, mas não, entendeu?!
— Uou, uou, calma lá! Você não está fazendo sentido algum.
Emi tentou recuperar o fôlego enquanto seu tormento tentava acalmá-la.
— Tudo bem, ouça. Agora é sério.
— Oh, estive séria o tempo todo!
Ela lançou um olhar para a inocência pura de Rika antes de organizar as ideias e continuar:
— Então, tem uma criança na casa do Maou agora, certo? Parece que… Bem, ele está cuidando dela para alguém.
— É parente dele?
— Não sei de todos os detalhes.
Emi manteve as respostas deliberadamente vagas, pois precisava evitar a todo custo os problemas futuros.
— Sabe aquela garota de quimono que encontrou um tempo atrás? Vi a criança quando fui ver ela.
— Oh, sim… Ela tinha um nome bem raro, né? Kamazuki, eu acho. Suzuno Kamazuki.
— Sim, essa mesma. Ela mora ao lado da casa do Maou, como eu já te disse, por isso meio que preciso vê-la, querendo ou não. Foi por isso que descobri. Enfim…
Emi colocou o cotovelo sobre a mesa e suspirou.
— Por algum motivo, a garota acha que sou a mãe dela.
— Hein?
Rika inclinou a cabeça para frente. Essa virada de eventos era boa demais para deixar passar.
— Nunca a vi na vida, e ela fica com “Mamãe” pra cá, “Mamãe” pra lá…
— Só não está sendo bastante, mas bastante mesmo, amigável com você, e por isso te chama assim?
— Não, eu… eu acho que ela colocou na cabeça que sou sua mãe, sabe?
Emi balançava a cabeça enquanto olhava para Rika, cuja expressão jovial de antes tornou-se em preocupação sincera.
— Oof… Sim, tem problema aí. Se só estivesse sendo apegada, beleza, mas se quer mesmo ser a sua filha…
Rika cruzou os braços, sobrancelhas curvadas para baixo enquanto inclinava-se na cadeira de escritório, pensando.
— Hm, sinto muito se estou sendo inconveniente e tal, mas essa garota… A mãe dela morreu logo depois que ela nasceu ou algo do tipo?
— Hã?
A seriedade presente na voz da Rika pegou Emi de surpresa.
— Tipo, se estivesse com a mãe dela o tempo todo, não começaria a chamar outras pessoas de “Mamãe” logo depois de ficar longe durante uns dois ou três dias. Caso contrário, ou você é a irmã gêmea idêntica da mãe dela, ou ela nunca teve memória alguma da própria mãe.
— Isso…
Isso é loucura, pensou Emi, mas parou antes de dizer essas palavras em voz alta.
Hesitou porque ela mesma não tinha memória alguma da sua mãe e, na verdade, nem sabia, até pouco tempo atrás, onde ela estava.
Agora Rika a fez se lembrar de algumas memórias fracas, de quando era criança, da vez em que confundia as mulheres da sua vila com a sua mãe.
Claro, ainda nem estava claro se Alas Ramus tinha uma família. Mas algo sobre o seu grito de “Mamãe, não vá embora de novo!” a fez sentir algo. Isso implicava que ela foi separada da sua mãe, e não havia sido por um motivo qualquer.
— Foi algo assim, será?
— Hmm… Nem ideia. Não sei da história toda, na verdade.
— Ah… tudo bem. Enfim, droga, é problema do Maou mesmo, né? Por que precisa se importar com isso, Emi?
Agora Rika decidiu aliviar o clima. Emi estava começando a cismar demais novamente.
— Eu só pensei que… Sabe, há tanta coisa que alguém como você pode fazer aqui, e talvez nós duas estejamos pensando demais, mas se não tiver qualquer intenção de ver isso até o fim, por que se envolver?
Rika deu um tapinha tranquilizador no ombro de Emi. Como se seguisse a sugestão, o sinal que indicava o fim do expediente tocou, despertando a atenção de Emi.
— Sim, mas eu já disse que ia dar uma passada lá, hoje…
— Oh, Emi! Você está se envolvendo pra valer, né?
Rika ficou, de repente, bem menos tranquilizadora.
— Pois éééé… acho que fui arrastada pelo clima de lá, sabe?
— Bem, se só está tentando negar compromisso sem motivo perto de Maou e seus amigos, é menos um motivo para ir.
Rika sempre tinha um jeito de acertar Emi onde doía.
— Não… não é que… Beleza, talvez um pouco…, mas não é só isso.
Até mesmo com Suzuno exercendo seu trabalho de guarda no apartamento ao lado, a ideia de um bebê — mesmo um com dons sobrenaturais como Alas Ramus — sozinho, dentro do Castelo Demoníaco, enchia Emi de preocupação.
Isso, e…
— Não é como se eu estivesse sentindo pena da garota ou coisa do tipo, é que… se é divertido para ela passar um tempo comigo, não vejo motivos para negá-la…
Rika, olhando de cima para Emi enquanto tentava explicar-se de uma maneira estranha, sorriu e balançou a cabeça enquanto retirava o headset.
— Você sempre foi essa Senhorita Gente Boa, né? Por bem ou por mal.
É que eu sou a Heroína, respondeu Emi, internamente.
— Claro, acho que não se sabe o que é bom ou ruim para a criança até que ela cresça um pouco mais, hein? De qualquer forma, por que não se aproxima dela da forma que você prefere? Pense sobre o que é bom para você, não para o Maou ou quem quer que seja.
De repente, um murmúrio de dúvida surgiu nos olhos de Rika.
— Então, Emi, você nunca cuidou de animais de estimação para algum amigo, certo?
— De… onde saiu essa?
— Bem, tipo, teria ficado surpresa sobre como é alimentar um cachorrinho por um ou dois dias. Boa parte do tempo é amor puro, sabe? Por isso só estou dizendo, não se apegue muito. Caso contrário, aposto que vai doer quando ela voltar para a família.
— Sim… vou lembrar disso.
— Opa, boa! Melhor ir agora, né? O seu amado pacotinho de alegria te aguarda!
— Rika!!
Emi levou um tempo para remover o headset e expulsá-la do seu cubículo.
— Sua família, né…?
Ao deixar o headset no lugar sobre a mesa, Emi levantou-se.
— Ei, sabe, Emi, se quiser fazer com que o seu tempo com ela seja especial, o que acha disso?
Já no vestiário, Rika a chamou, com a bolsa de maquiagem em uma mão. Aproximando-se, Emi foi presenteada com alguns papéis.
— Eu não sabia disso até agora, mas acho que a DokoDemo está patrocinando essa filial, então tem um mega desconto para funcionários.
Seis pedacinhos retangulares de papel estavam sobre a mesa que ficava no centro do Castelo Demoníaco.
— …
— …
— Que ixo? Que ixo?
Maou, Alas Ramus e Emi estavam sentados ao redor deles, em silêncio.
— Bem, coincidência ou não, agora estão com a gente.
Chiho, olhando de lado, parecia ter dificuldade para determinar que tipo de expressão facial fazer.
Na mesa estavam seis ingressos para o Tokyo Big-Egg Town, o parque de diversões híbrido localizado próximo ao famoso estádio em domo, Tokyo Big-Egg, no distrito Bunkyo.
O envelope que Maou recebeu de Kisaki continha um Ingresso de Um Dia que liberava acesso gratuito a todas as atrações, além de dois cupons para desconto no ingresso, tudo dado como parte da promoção de assinatura do jornal. Enquanto isso, o pacote que Rika deu a Emi continha três cupons com desconto de funcionário para ingressos de um dia… ainda mais baratos que os de Kisaki.
De qualquer forma, tanto Kisaki quanto Rika forneceram seus respectivos métodos para que um casal e seu filho criassem algumas memórias.
Ficou claro para todos os envolvidos que não havia como eles trancarem Alas Ramus dentro de um apartamento de cômodo único pelo resto da vida. Mesmo que ela pudesse lidar com isso, Ashiya sem dúvida alguma ficaria em pedaços mais cedo ou mais tarde.
— Eles vão ser úteis para nós, não é? Um parque de diversões, afinal, é feito para a diversão das crianças mais novas, creio eu. Poderíamos combinar estes cupons e ter um belo aproveitamento.
Suzuno fazia todo sentido, mas havia um problema maior no momento.
— Parque de diversões! Com Mamãe e Papai!
Para Alas Ramus, isso tinha todas as características de umas férias em família.
Família, neste caso, referia-se a Maou e Emi.
O ato de caridade de Kisaki podia ter sido uma mera coincidência, mas Rika fez um esforço combinado para arrumar três cupons. Para todos os envolvidos, parecia que havia motivos ocultos por trás.
Maou e Emi permaneceram imóveis, olhos fixos nos ingressos.
Ambos queriam protestar contra esse passeio com toda a força que tinham, mas também sabiam que Alas Ramus, talentosa o suficiente para atiçar as emoções deles, imediatamente começaria a fazer birra. O paradoxo os deixou incapazes de tomar qualquer decisão.
— Nugh…
O murmúrio de resignação de Maou quebrou o silêncio sufocante. Emi deu de ombros, com leve concordância.
— Sabe, se é esse tipo de coisa que trouxe, posso assumir que está aceitando o seu papel nisso?
— N-No quê?
— Ei, Alas Ramus? Estou pensando em te levar para um lugar, mas está tudo bem se a Mamãe não vier junto?
— Não! Juntos!
A resposta dela veio da alma, com força o suficiente para agitar o coração dos dois.
Alas Ramus saiu do joelho de Maou para encarar Emi, quase derrubando o chá de cevada que estava na mesa. Ashiya apressou-se para movê-lo para o lado.
— Tudo bem, então, o que acha de você ir com a Mamãe e eu não ir?
— Não!!
A boca dela abriu ainda mais do que antes.
— E aí está… Se alguém mais tiver alguma ideia brilhante, sinta-se livre para tentar convencer a Alas Ramus a qualquer momento. Eu e Emi vamos ajudar o máximo possível.
— Chiho Sasaki, está disposta a ver aquilo… Aghh!
O sarcasmo de Urushihara de dentro do armário foi rapidamente silenciado. Suzuno, pertinho dele, deu um forte soco na porta.
— Porém, Vossa Alteza Demoníaca, se for junto com a Emilia e Alas Ramus…
Chiho intrometeu-se para deixar a reclamação de Ashiya de lado.
— Sinto muito, Yusa, mas poderia ir junto? Pelo bem dela?
— Uh? Chiho?
Ashiya, Suzuno e Emi olharam surpresas para o pedido inesperado.
— Tipo, pense nisso como se estivesse observando Maou e certificando-se de que ele não fará nada de esquisito. Pode ser assim, né?
— …
— Além disso, Maou nunca foi a um parque de diversões antes. Tipo assim, ele mal passou de Shinjuko até agora, em Sasazuka, e isso é dentro de apenas duas milhas. Não te deixa nervosa saber que alguém como ele está levando um bebê pela cidade?
Maou permaneceu em silêncio. Ele sabia que Chiho não queria dizer que ele era um bocó pobretão, embora ela tenha acabado de ter sucesso nisso.
— Além disso, ainda nem sabemos o motivo de Alas Ramus estar aqui no Japão, também. E se outro cara mau, tipo o Sariel, estiver pelas redondezas e tentar ir atrás da Alas enquanto Maou está vagando por aí, sozinho? E se Maou acabar sendo morto?
— Você seria uma bela advogada, Chiho, de fato.
Suzuno sussurrou baixinho para si mesma.
Não havia evidências de que a vida de Alas Ramus estava em perigo, mas, ao considerar as circunstâncias que a levaram ao Castelo Demoníaco, não tinha como dizer que Chiho estava exagerando.
— Mas e quanto a você, Chiho…?
— Oh, tudo bem. Não precisa se preocupar comigo. Só estou dizendo que, se realmente estamos preocupados com Alas Ramus aqui, deveríamos tentar ficar juntos com ela o máximo possível, assim não teremos arrependimentos quando tudo acabar.
Depois de ter dito tudo de maneira rápida e clara, Chiho colocou ambas as mãos na cintura e olhou para os pais felizes. Emi abaixou a cabeça, resignada e enojada.
— Chiho!
A vizinhança de Sasazuka estava escura quando Chiho foi para casa, mas uma voz vinda de trás a parou.
— Huh? Oh, Suzuno.
Suzuno estava vindo correndo, as sandálias emitindo sons que cobriam o murmúrio da vida urbana.
— O que foi? Esqueci de algo?
— Não, nada do tipo… — Suzuno afastou o cabelo preso à testa suada. — Sei que não deveria me meter…, mas espero que você não vá se importar.
— Com o quê?
— O quê…? Bem, eu… me refiro ao fato de Emilia e o Rei Demônio estarem saindo juntos…
— Ohh… bem, se está preocupada com o Maou sendo picotado depois de alguma discussão com a Emi, acho que não posso te culpar.
— Não, eu… Tem isso também, mas não é o que quero dizer.
Depois de todo o esforço que teve para alcançá-la, Suzuno estava sendo irritantemente evasiva em suas intenções. Chiho, tendo uma estranha sensação de preocupação de irmã, sorriu.
— Eu meio que me importo. Até porque não acho que a Yusa odeia tanto assim o Maou.
A observação seria o suficiente para fazer Emi desmaiar na hora, caso ouvisse aquilo. Mas Suzuno escolheu não negar.
— Porém, Maou me disse que confia em mim e tal, por isso…
— O quê?
— Hee-hee! Oh, nada.
Chiho colocou um dedo na boca.
— Mas se é para nos preocuparmos com alguém aqui, não acho que seja eu. Yusa está deixando-os sozinhos hoje à noite também, né?
— Ah. Sim. Ela ainda precisa criar coragem para ficar com eles, pelo que disse.
— Neste caso, aposto que ele vai dar um piti daqueles quando a Yusa for para casa. E, com ele, estou me referindo ao Ashiya.
— Alciel?
Suzuno olhou para cima, confusa.
— Meu soberano! É perigoso demais! Por favor, imploro para que reconsidere! — A previsão de Chiho tinha se tornado verdadeira quando Suzuno voltou para o apartamento.
— Calma aí, cara. Acha que a Emi vai escolher agora para me matar em público, depois disso tudo?
— Mesmo que ela não represente uma ameaça, pense na hipótese da Senhorita Sasaki. E se alguém por aí estiver atrás da vida de Alas Ramus, no pior dos casos…?
— Ouça, sério, calma aí! Se for verdade, não vai mudar nada se a gente sair ou não, entendeu? Acha que nos isolarmos aqui dentro e trancar todas as portas e janelas será o suficiente para protegê-la de um assassino de Ente Isla ou dos céus? Tipo, ui, vou mijar nas calças por causa de alguém que nem sei se existe mesmo, vou morrer de insolação aqui dentro bem antes que alguém consiga me matar!
— Sua Alteza Demoníaca, a mordida de um mero cupim tem o poder de fazer um grandioso castelo desmoronar!
— Essa nem deveria ser a metáfora aqui, cara! Está falando de tentar defender um tiro com um escudo feito de papelão! O que faremos se mantivermos Alas Ramus aqui dentro, dia e noite, e ela acabar ficando igual ao Urushihara, hein?
— A garota possui qualidades muito mais altas do que isso, meu soberano! Quando ela termina de comer, traz o prato para que eu limpe, e agradece pela comida!
— Oh, está dizendo que estou abaixo da Alas Ramus agora?! — O recluso se intrometeu.
— Isso mesmo!
— Urushihara!!
— Caras, vocês estão sendo injustos demais!!
Todas as janelas estavam abertas, permitindo que Suzuno pudesse ouvir toda a disputa verbal. Isso foi o suficiente para trazer de volta todas as dores de cabeça.
— Por que os idiotas estão brigando agora? Consigo ouvir tudo o que dizem!
— Bem-vindaaaaaa, Mana Suzu!
Alas Ramus ergueu um braço roliço para cumprimentar Suzuno. Ela estava perto da porta, rasgando algumas folhas de jornais por diversão, sem interesse algum no choramingo imaturo do seu guardião semilegal.
— Oh. Hm… Sim, é bom estar de volta.
As bochechas de Suzuno ficaram vermelhas novamente. O apelido era algo com que ela ainda não estava acostumada.
— Mana Suzuno, é Sepila!
— Hmm? O que é isso?
Alas Ramus puxou as mangas do quimono de Suzuno para mostrar-lhe uma página colorida retirada de um jornal antigo. Era a propaganda de uma minivan.
Uma foto do carro ficava na frente e no centro, e uma imagem de cidade desenhada ficava ao fundo, e a propaganda dava ênfase à quantia enorme de espaço interno. A porta de trás estava aberta, com um grande amontoado de balões de hélio saindo pela traseira.
— Sepila!
— Hm…? Oh, é, entendo.
Suzuno deu apenas uma resposta rápida, sem saber ao certo o que Alas Ramus tentava dizer, então virou-se para Maou.
— Onde está a Emilia? Já foi embora?
— Sim, saiu logo depois da Chi. Não a viu quando saiu?
— Não… Mas me admira que a partida dela não fez com que Alas Ramus entrasse em um choro frenético.
— Bem, ela prometeu a Emi que não faria cena, e nós planejamos colocar o plano em ação no domingo.
— Vossa Alteza Demoníaca, você deve reconsiderar…
— Ketter, Netack, Mecado e… no Binah. Papai, no Binah!
— Hã, quê?
Alas Ramus bateu a mão na propaganda de carro favorita e chamou por Maou.
Suzuno sussurrou ao ouvido de Ashiya enquanto olhava de longe:
— Se você está tão preocupado assim, Alciel, basta irmos vigiá-los em segredo.
A sugestão foi o suficiente para fazer com que ele adotasse um tom branco fantasmagórico.
— Temos cupons de desconto o suficiente. Você pode, pelo menos, ficar de olho nos movimentos deles.
— M-Mas…
Ashiya emitiu sua desaprovação por entre os dentes antes de assumir um semblante muito mais cismado.
— Mesmo que meu soberano use o passe livre e Emilia pague o dela, Alas Ramus não ganharia grande coisa no desconto para crianças. E mesmo que seja metade do preço, se colocar a questão do custo do trem na equação… Dependendo da hora, eles podem ter que comer em um restaurante, também, e isso só complica a situação.
Suzuno não precisava de poderes psíquicos para saber o que estava incomodando a mente de Ashiya.
— Então, Alciel — Ela agarrou um dos cupons que continuavam em cima da mesa, virou-se e mostrou-o a Ashiya. — Esse parque de diversões não cobra taxa de entrada. Os preços são das atrações, na verdade. Mesmo que não faça nada além de segui-los, você só vai ter que se preocupar com os valores de locomoção.
— Ah… E… Entendo.
— Então quer dizer que agora todos vocês vão? Eu vou ficar em casa, entãããão…
Justo quando Ashiya estava começando a ficar mais tranquilo, a voz de Urushihara veio do armário. O som foi o suficiente para endurecer a expressão de Ashiya novamente.
— Não! Isso não pode ser permitido! Maldito seja, Urushihara, não tenho dúvidas de que vai aproveitar a oportunidade da minha ausência prolongada para comprar alguma bugiganga daquela maldita Jungle.com!
— …
O silêncio prolongado já era confirmação mais do que suficiente.
— Se quer ir, vá. Ficarei alegre em ficar de olho no Lucifer.
— Mano!
— Qual é o seu plano aqui?
Ashiya olhou para Suzuno, seu rosto contorcido de preocupação, quando Urushihara protestou por trás da porta.
Maou, por sua vez, estava em silêncio, limpando os pedaços de jornal que Alas Ramus espalhou por todo lugar.
— Eu sou tão residente desse prédio quanto você. Se algum problema fosse mesmo cair sobre nós, você acha que Lúcifer seria capaz de conseguir resolver o problema sozinho?
— Ngh… Você…
— Uou, mano, Ashiya, pare de agir como se concordasse relutantemente com ela!
— E, mais especificamente, se alguém relacionado a Alas Ramus entrar em cena, ele ou ela pode não ser o malandro que Chiho sugeriu. Se os pais verdadeiros dela forem aparecer, devemos prover um ambiente para ela que nos permita proceder com as coisas de maneira tranquila e harmoniosa. Há a chance de algum malandro tentar lhe causar mal, é claro…, mas, pela localização do último Portal que foi aberto, existe uma grande chance de esse visitante aparecer no Vila Rosa Sasazuka pessoalmente. Neste caso, acha mesmo que Lúcifer é capaz de lidar por conta própria?
— Ng… nnnnngh.
— Cara, Ashiya, faça com que ela retire o que disse! Diga alguma coisa, pelo menos!
— Claro, suponho que podemos nos preocupar com isso quando chegar a hora.
— Nnnnnggggghhhhhhhhhh.
Deixando Ashiya com o cérebro fritando e Urushihara alegando o seu caso inexistente, Suzuno virou-se na direção de Maou.
— E, caso algo aconteça a você, suponho que o pior dos destinos é ter a Emilia vindo ao seu resgate.
— Hmm, pois é, também acho. Mas também posso conseguir o meu poder demoníaco de volta, caso tenha muita gente por perto.
Parecia que ele tinha ouvido toda a conversa enquanto tomava conta de Alas Ramus.
— Roa! Tiperai!
A garota ainda estava encantada com a propaganda do automóvel.
— Mesmo assim, não faz muito sentido em se preocupar com isso, já que nem mesmo sabemos o que vai acontecer. Eu vou me preocupar mesmo com o destino mais provável de acontecer, que é o de não acontecer nada e ser só mais um dia normal.
— Hm? Como assim?
— O que você acha?
Maou fez carinho na cabeça de Alas Ramus. Ao perceber isso, ela tirou os olhos da propaganda e jogou os braços para cima, tentando agarrar a mão.
— Vou continuar trabalhando. Basicamente isso. Se não conseguir manter essa menina alimentada, estaremos fritos em pouca banha, né?
Tradução: Taiyō
Revisão: Milady
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