Rei Demônio ao Trabalho

Rei Demônio ao Trabalho – Vol. 01 – Cap. 01.2 – O Rei Demônio Foca em Sua Carreira por Questões Monetárias

A partir das informações que conseguiram na estação, descobriram que, para viver no Japão, precisariam de duas coisas: um “registro no censo” e um “endereço”. Sem isso, parecia que não seriam capazes de conseguir o trabalho que precisavam para ganhar dinheiro.

Um “registro no censo” e um “endereço” eram coisas que podiam ser conseguidas em um local chamado “subprefeitura”. Eles decidiram que esta seria a primeira missão. Arrastando os corpos maltratados pela guerra, se dirigiram até a “Subprefeitura de Shibuya”, a mais próxima deles… apenas para descobrir que não abriria até a manhã seguinte.

Tão miserável quanto parecia, Satan e Alciel passaram a noite em frente à porta da subprefeitura, com os joelhos dobrados diante do peito.

Era uma cidade onde parecia que as luzes nunca se apagavam, mas as coisas ficaram mais animadas quando a manhã chegou. Humanos andavam de um lado para o outro usando roupas de milhares de cores diferentes. Conforme mais e mais homens passavam, usando trajes uniformes e coloridos de preto e azul escuro, a Subprefeitura de Shibuya abriu. Correndo em direção à janela, Satan controlou a mente do trabalhador do outro lado, um que se surpreendeu ao ver aqueles dois homens. Rapidamente, conseguiram criar algo chamado de “registro familiar” para eles mesmos.

A próxima parada era uma “imobiliária”, um local que poderia arrumar aposentos para eles.

Satan e Alciel ficaram fluentes na língua humana de Ente Isla em apenas três dias. Agora resolveram fazer o que fosse necessário para aprender esta nova língua: japonês, até um nível prático.

Ao perceber que os dois tinham um japonês emperrado e roupas estranhas, o agente imobiliário, assumindo que eles deviam ser homens de negócio de um pais estrangeiro, começou a bombardeá-los com casas grandiosas de preços igualmente grandiosos.

Satan precisou explicar ao ansioso agente que eles não poderiam viver em locais que tinham aluguéis altos.

Hipnotismo não consumia grande quantidade de poder mágico se usado apenas uma vez, mas, já que seriam recusados por não poderem pagar, a vida em uma cobertura que ocupava todo o andar, sem o salário adequado, exigiria uma hipnose continua sobre o senhorio. Por isso eles disseram ao agente que queriam algum lugar que fosse barato, contato que tivesse um teto para se abrigarem.

O agente, mais do que desapontado, lhes mostrou um possível local.

— A senhoria desse aqui é bem… digamos… única.

Era um quarto em um prédio de apartamentos localizado em “Sasazuka”, aparentemente uma subseção de Shibuya.

O aluguel era 45.000 ienes por mês, sem depósito, sem pagamento adiantado e fiador não era necessário. Era o Quarto 201 nos apartamentos do Vila Rosa Sasazuka, de sessenta anos, aproximadamente cem pés quadrados, sem área para banho, apenas um banheiro simples por quarto.

— A senhoria disse que ela dá tratamento preferencial a pessoas como vocês, que são… deixa eu pensar, incomuns? Melhor dizendo, com circunstâncias incomuns.

Era uma aproximação de vendas pouco ortodoxa, mas se era tudo o que ele tinha para oferecer, tanto faz. Depois de uma carona no “carro” do agente — então é assim que eles chamam essas carruagens! —, chegaram em um prédio de dois andares localizado em uma vizinhança quieta, quase que desolada. Gesso descolava das paredes, e o teto não tinha algumas telhas aqui ou ali. A calha anexada ao teto cedera completamente à desgraça marrom, a ferrugem, e a escadaria até o segundo andar estava inclinada em vários ângulos precários ao mesmo tempo. Não havia uma alma sequer por ali; parecia que todos os quartos estavam vazios.

— Isso… isso é espantoso. — Alciel resmungou para si mesmo.

— Sim. Até eu consigo perceber isso.

Os dois conversavam entre si na língua dos demônios. Como ainda eram inexperientes neste mundo, a dilapidação total que lhes foi apresentada ainda era óbvia.

Eles eram, acredite se quiser, a elite dos demônios, dois homens que rastejaram e lutaram até o topo do submundo. Eles caíram depois disso, sim, mas era difícil aceitar viver neste casebre durante sua estadia. E se cada quarto estava vazio, significava que nem mesmo pobres humanos se rebaixariam tanto a ponto de viver ali, não é?

Era simplesmente impossível.

Justo quando Satan virou-se para dizer isso ao jovem agente, percebeu que outra pessoa estava lá.

— Aquilo é… uma pessoa?

Para os sentidos demoníacos deles, era uma criatura totalmente enigmática e estranha. Era alta, quase da altura de Alciel, que ficava acima de quase todos os outros até mesmo em sua forma humana. O corpo roliço e arredondado — a palavra “dotado” não era o suficiente para descrevê-lo — a tornava quase irreconhecível como uma mulher.

Um chapéu com hortênsias decorava sua cabeça, de cor roxo-prateado e apontado para o céu. Um cachecol violeta estava sobre seus ombros, cobrindo um vestido de verão roxo, extremamente vibrante.  Cada um de seus dedos tinha um grande anel de ametista, e seu salto-alto estava coberto por uma laca roxa. Ela tinha uma sombra de olho roxa-avermelhada e creme de base branco e espesso, o qual parecia que poderia rachar se alguém desse um tapa. A grande quantidade de blush vermelho sobre a bochecha parecia brilhar mais que o sol. A imagem apresentada era a de uma gigantesca batata roxa que foi descascada em locais randômicos.

— Olá! Não me diga que vocês dois querem se mudar para cá?

— Aquilo… aquilo fala!

A resposta instintiva de Alciel era compreensível, dada a visão assustadora diante deles.

— Meu nome é Miki Shiba, sou a proprietária do Vila Rosa Sasazuka.

Ainda imóveis, Satan e Alciel conseguiam ver o carro do agente imobiliário se afastando atrás da presença roxa na frente deles.

— O nome Miki é composto pelos caracteres “Bonito” e “Brilhante”. Mas, por favor, sintam-se à vontade para me chamar de Mikitty.

Os demônios pensavam que estavam começando a pegar o jeito do japonês falado, mas algo dentro do instinto deles fez com que rejeitassem as palavras sendo ditas por aquele intrigante tsunami de intenção, a tal Shiba, que chamava a si mesma de senhoria.

Eles deviam manter distância dela a todo custo. Conseguiam sentir aquilo em suas veias, mas ainda acabaram sendo arrastados para dentro de um quarto do prédio de apartamentos em ruínas, sendo forçados a assinar uma pilha de documentos e receber um resumo das instalações próximas.

— Muito bem então! A partir de hoje, este será o pequeno santuário de vocês! Eu vivo na casa ao lado daqui, então, caso tenham qualquer dúvida, por favor, não tenham medo de dar uma passadinha lá. Vejo vocês mais tarde!

Em seguida, o ciclone roxo partiu. Tudo o que permaneceu dentro do quarto foram os completamente estupefatos Satan e Alciel, também em silêncio, e um contrato de aluguel no qual uma marca de lábios, roxa, foi deixada.

O lugar mais parecia um depósito, e sua senhoria, um colosso inumano. Mas qual outro lugar estaria disposto a receber dois jovens sem-teto e desempregados, um conceito que faria qualquer senhorio sair correndo no mesmo instante? Eles se conformaram com o destino, sabendo muito bem a resposta. Pelo menos, se protegeriam da chuva.

Então, no fundo do coração, os dois demônios juraram trabalhar duro, pagando o aluguel todo mês para que tivessem o mínimo de contato possível com a senhoria.

— “Você precisa começar a partir de algum lugar”, é isso o que dizem por aí. Talvez seja exatamente o que precisamos.

Eles foram esmagados na batalha contra a Heroína, abatidos pela jornada frenética através dos fluxos do Portal e mentalmente fatigados pelas aventuras no mundo desconhecido. Satan, o Rei Demônio, estava rapidamente gastando sua força mágica, sua respiração ficou irregular depois de apenas duas hipnoses. A sensação de extrema exaustão era algo que nunca sentira antes.

Por este motivo, o Rei Demônio adormeceu. Permaneceu dormindo por três dias e três noites, curando seu corpo cicatrizado e alma drenada.

Então, após dormir direto sem comer ou beber, foi levado ao hospital devido à desnutrição. A desidratação e falta de vitaminas o imobilizaram.

Para resgatar seu mestre — à beira da morte, pele seca e pálida, olhos vazios encarando o espaço —, Alciel foi forçado a pedir ajuda à sua senhoria, Shiba, no terceiro dia após a mudança. Ele não tinha ideia de que tipos de instalações médicas existiam neste mundo.

Usando um aparelho de comunicação à longa distância, mais conhecido como “telefone”, Shiba invocou uma “ambulância”, um carro branco que, da mesma forma que o outro, piscava com uma luz vermelha.

Sentado em um quarto de hospital, observando seu mestre enquanto soro fluía em seu braço, Alciel percebeu que eles não eram semelhantes aos humanos deste mundo apenas pela aparência externa, mas também internamente. Ele começou a chorar, incapaz de suportar a humilhação.

A realidade, no entanto, se provaria cruel para eles de maneiras que Alciel ainda não havia previsto.

Neste mundo, receber cuidados médicos custava uma grande quantidade de dinheiro. Aparentemente, havia um sistema público para reduzir os custos médicos individuais, mas, naturalmente, nem ele nem Satan tinham se inscrito em tal programa.

As taxas médicas apresentadas só poderiam ser descritas como um assalto, algo que Alciel conseguia entender mesmo com seu pouco conhecimento sobre a moeda daquele país. Quando recebeu alta, Satan foi forçado a usar sua hipnose mais uma vez para fazer com que a conta fosse embora.

Agora mesmo, o que eles mais precisavam era dinheiro. Dinheiro ganho com métodos que não envolvessem prisão ou desperdício de magia.

Isso e o sistema de saúde nacional. Essas duas coisas eram necessárias.

Para o uso final da hipnose de Satan, ambos concordaram em ir até um “banco” e obterem uma conta e alguns recursos monetários. Colocando o caixa sob seu feitiço, Satan pegou dez mil ienes do funcionário e usou isso para abrir uma conta de poupança regular.

Isso era ilegal, sem dúvidas, mas nenhum demônio sensível iria sequer hesitar diante do conceito de roubo. A emoção de finalmente conseguir o dinheiro inicial para a nova vida superou a impressão irritante dentro da mente de Satan, a qual dizia que eles estavam fazendo algo errado.

Os dez mil ienes foram usados para comprar a comida necessária para a sobrevivência, além de algo chamado de “formulários de candidatura à vaga”. Um “currículo”. Isso era considerado indispensável para conseguir um emprego.

Tudo o que eles precisavam fazer era preencher os espaços em branco, levar o documento ao local apropriado, marcar uma “entrevista” e dar as respostas certas. Só então seriam capazes de trabalhar.

Havia apenas um empecilho. Satan e Alciel não tinham nenhuma habilidade que poderia ser facilmente aplicada neste país. Satan também não poderia escrever “Histórico Profissional: Rei do Reino dos Demônios; Hobbies/Habilidades: Dominação mundial” em seu currículo. Além disso, a única opção era focar em trabalhos que diziam “Iniciantes São Bem-Vindos!” em seus anúncios.

Os dois sentaram-se e prepararam vários currículos.

Suportando a frustração e humilhação, sonhando com o dia em que derrotariam a Heroína e recuperariam o poder sobre todos os seres vivos de Ente Isla, eles escreveram seus nomes.

— Nome… “Sadao Maou”. Perfeito.

— Nome… “Shirou Ashiya”. Não soa estranho, né?

— Tarde demais para reclamar agora. Não foi isso o que escrevemos em nosso registro no censo?

Além disso, o Rei Demônio Satan — também conhecido como Sadao Maou, o sobrenome que era escrito perfeitamente com caracteres japoneses, cuja pronúncia era a mesma que “Rei Demônio” — e o Grande General Demônio, Alciel — também conhecido como Shirou Ashiya — partiram em busca para reconquistar Ente Isla, com o quarto 201 nos apartamentos do Vila Rosa Sasazuka servindo como Castelo Demoníaco, por enquanto.

Os dois estabeleceram para si mesmos uma posição no caminho para encontrar o mínimo de trabalho, mas eles tinham pouco tempo para descansar. Dinheiro também seria necessário para coisas como: eletricidade, água, gás e bens essenciais.

Uma lágrima apareceu nos olhos de Satan quando ele se lembrou da época em que conseguia reunir nuvens tempestuosas, invocar ondas poderosas e devastar a terra com chamas da punição, tudo isso com um estalar de dedos.

Agora, Satan e Alciel eram apenas Maou e Ashiya, dois jovens, que não pareciam ter mais de vinte anos, desempregados e pobres.

O Rei Demônio e seu antigo General Demônio leram de cima a baixo todas as revistas de emprego que puderam encontrar. Logo descobriram a existência de algo chamado “trabalho diário”.

Tudo o que precisavam fazer era se registrar com uma dada empresa, e lhes seriam atribuídos trabalhos de curto período. Receberiam um pagamento diário, entre cinco mil a dez mil ienes, dependendo do desempenho, talvez até mais caso se saíssem bem.

Jogando uma das últimas moedas de dez ienes que restavam na abertura de um telefone público, os dois marcaram uma entrevista.

Ao viajarem até o escritório em Shinjuku, descobriram que era mais uma reunião de orientação de trabalho do que uma entrevista. Eles se inscreveram uma única vez, encontraram os diretores menos exigentes sobre as qualificações e trabalharam como prometido para eles antes de o dia terminar.

Já que ambos eram iniciantes e inexperientes, tinham a tarefa de auxiliar um grupo colocando instalações para um evento ao ar livre, realizando o trabalho atribuído pelo salário acordado.

Encarando os sete mil ienes que cada um deles ganhou pelo trabalho do dia, Satan sentiu-se confiante em suas convicções.

Se continuassem assim, conseguiriam ganhar o dinheiro que precisavam por agora. E, quando juntassem o suficiente, poderiam se focar em encontrar trabalhos de meio período para se manterem trabalhando com um contrato de longo termo.

Essa missão, no entanto, foi frustrada em apenas duas semanas.

Eles exerceram os seus deveres de forma consistente, ao ponto onde os empregados assalariados que trabalhavam juntos começaram a gravar seus rostos.

Mas, depois, a empresa recebeu uma notícia de proibição de trabalho do governo, forçando-os a deixar o negócio de trabalho-atribuído. Foi algo que os pegou de surpresa.

Cabisbaixos e sem fonte de renda, os dois voltaram para casa. Passando por uma TV ligada no noticiário, eles ficaram sabendo mais sobre a história.

O noticiário condenava a empresa, acusando-os de atribuir funcionários a terrenos de obras ilegais e tirando uma grande porcentagem do trabalho deles.

Satan focou-se no noticiário, pensando consigo mesmo sobre por que ele, um grandioso demônio, precisou perder seu emprego por causa de leis idiotas, que, acima de tudo, foram criadas por humanos.

De repente, chegou a uma conclusão.

— Ei, Ashiya, espere um pouco.

— Eu prefiro Alciel, por favor.

— Nossa missão aqui é conquistar o mundo humano, não é? Não passar todos os dias de nossas vidas juntando trocados para sobreviver.

— S… sim. Isso mesmo.

— Então, o que acha de você se focar em encontrar uma maneira de restaurar nossa magia? Eu posso trabalhar daí. Pode até ser que eu tenha mais físico e magia, mas você… você é o único estrategista que tenho. Preciso que você encontre uma fonte de magia para mim aqui, no Japão.

— M-Maou…

— É “Vossa Majestade Demoníaca”. Mas enfim, mesmo que possa ser mais confortável se os dois trabalharem, não devemos perder nossos objetivos de vista. Demônios e magia podem até não existirem aqui, mas os conceitos existem. E cada um deles tem uma origem. Se conseguirmos encontrar essa origem, talvez…

— … talvez possamos encontrar uma forma de recuperar essa magia?

Satan assentiu sabiamente.

— Muito melhor do que nós dois presos a trabalhos de meio período juntos, não acha? E também não há necessidade de focar apenas em magia. Talvez consigamos encontrar um novo tipo de poder, algo exclusivo neste mundo. Então poderemos usar isso para dominar Ente Isla uma vez mais!

Ashiya… ééé, Alciel caiu de joelhos, profundamente comovido pelo primeiro discurso motivacional de seu mestre em muitos dias.

— Com toda certeza, Vossa Majestade Demoníaca! Eu colocarei minha vida em jogo para encontrar um caminho de volta para Ente Isla; para encontrar um método de recuperar os poderes de meu soberano!

— Alciel, levante-se logo. Estamos no meio da calçada. Você está me deixando envergonhado.

Os pedestres encaravam conforme passavam, não revelando um pingo de emoção ao verem Alciel ajoelhando-se repentinamente e gritando idiotices no meio da tarde.

Bravo

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