Princesinha na Floresta Feérica

Princesinha na Floresta Feérica – Cap. 06 – O Dragão e a Princesa

ERA uma vez, em uma terra além das florestas, dos lagos e do oceano, muito ao sul de Reverfeat, havia o Reino de Winterless.

“Mas o que é isso?”

Os raios de sol estavam extremamente brilhantes e o oceano era de um azul profundo. Abençoada com uma abundância de água fresca ao longo do mar, o ar da terra era muito úmido. Todas as pessoas que ali viviam possuíam pele escura, cabelo preto e olhos de cor âmbar.

“Entendi. Estas são suas memórias. Estou dentro da mente do dragão agora.”

O reino era governado por uma belíssima e benevolente rainha, e a princesa, sua herdeira, foi banhada em amor sem fim.

“Esta garota! A cor de seu cabelo e olhos é diferente, mas é ela. A Bruxa domadora de aranha que sequestrou a Princesa…!”

“O mundo que estou vendo pelos olhos do dragão é incrivelmente vívido e detalhado, descarregando em mim um bocado de informações. Sinto-me tonto. O que está acontecendo? Parece que ele é inexperiente. Falta-lhe a mesma calma que tem agora.”

Um dia, um dragão vermelho, o qual embarcou em uma jornada a partir do Bosque Nortenho pousou nesta terra. Ele entrou na floresta e admirou as flores que floresciam sem parar. Saboreou o sabor doce das frutas que não conhecia, mas que ali cresciam.

Foi nesta floresta que ele, inesperadamente, deparou-se com a princesa de pele de corvo que fugira do castelo. Tão diferentes eram suas características daqueles que viviam na terra de que veio, que não pôde deixar de não prestar atenção. Da mesma forma que as flores desta terra, os bípedes também eram diferentes.

— De onde veio, belo dragão de escamas vermelhas?

Desde os tempos antigos, o povo do Reino de Winterless vivia como amigo dos dragões.

— Vim de um reino congelante, muito longe ao norte, adorável pequenina.

“Uau, eu sabia. Ele chega a ser verde de tão imaturo — mesmo sendo um dragão vermelho.”

— Me chamo Inez Mou. Meu nome significa “benção do sol”.

— Você pode me chamar de Escamas Bravias. O motivo deste nome se dá pelas minhas escamas pontudas e afiadas.

— Está brincando comigo? Elas parecem ser muito macias. Tocá-las dá uma sensação muito boa.

— Apenas porque estou com você, Princesa Inez Mou.

E assim, a Princesa e o dragão tornaram-se amigos.

O dragão deixava a Princesa montar em suas costas e ambos voavam sobre as florestas e oceanos.

— Bonito. Muito bonito! Você sempre tem esta vista?

O tempo passou, então chegou o dia de o jovem dragão embarcar em sua jornada mais uma vez. Ele queria voar ao redor do globo. Queria ver e aprender muitas coisas no vasto e esparso mundo.

“Então ele nasceu sendo do tipo intelectual.”

— Não vá, Escamas Bravias. Fique comigo para sempre.

— Você tem a minha palavra, Inez Mou. Voltarei a você quando minha jornada chegar ao fim, prometo.

A promessa que fizeram era uma verdade inegável — pelo menos naquela hora. Como prova, o dragão lhe deu uma de suas próprias escamas.

— Guarde-a com você, Princesa. Ao fazer isso, você e eu estaremos conectados, não importa o quão longe estivermos um do outro.

— Obrigada, ó poderoso dragão. Guardarei isso como o amado presente que é.

E então, o dragão partiu novamente em direção ao horizonte distante. A Princesa não ficou nem um pouco solitária ou triste. Através da escama, estariam conectados para sempre.

— Sua escama é tão dura que não consegui fazer um buraco nela. — Ela a colocou em um pingente dourado. — Tem a mesma cor dos seus olhos.

Fico feliz em ouvir isso, Inez.

As estações mudaram durante a jornada do dragão.

Então, em certa época, invasores cruzaram o oceano para chegar ao Reino de Winterless. Eles eram engenhosos. No começo, fingiram ser amigáveis. Porém, depois de ganhar a confiança da Rainha e do povo, mostraram suas presas repentinamente.

— Me ajude, Escamas Bravias! — Inez Mou buscou a ajuda do dragão. — Uma guerra irrompeu. Alguém está de olho em mim do outro lado da noite escura.

Espere por mim, Inez Mou. Logo estarei ao seu lado, minhas asas estão batendo o mais rápido possível!

O dragão voou. Deixando de lado o sono e a fome, continuou a voar. Mas de onde saiu, era simplesmente muito longe. Enquanto isso, brigas intensas e violentas aconteciam dentro do Reino de Winterless. E, então, a vida da Rainha foi tirada pela lâmina do inimigo.

— Escamas Bravias, estou tão triste. Mamãe morreu.

Não chore, Inez Mou. Estou indo até você agora.

— Venha mais rápido. Por favor. Alguém está me observando. Eles estão chegando mais perto. Tenho certeza de que não é algo bom.

Sem demora, o inimigo conquistou o castelo e o Cavaleiro da Princesa fugiu com ela.

“Já ouvi essa história antes. Estes eventos banais aconteceram por todo o mundo centenas de milhares de vezes. Mesmo assim… Foi a maior tragédia para minha Princesa. O mesmo vale para esta.”

— Estou com medo, Escamas Bravias. Alguém está me chamando. Eles me observam da escuridão da noite e sussurram para mim.

Estou quase aí, Inez Mou! Não perca as esperanças, minhas asas estão batendo o mais rápido possível. Não descansarei até chegar!

O dragão voou em desespero. Continuou seu voo até suas escamas ficarem machucadas devido ao seu corpo extremamente exausto. Por várias vezes, quase caiu no oceano. Ainda assim continuou voando.

Mas, infelizmente, mesmo com sua grande força física e mental, não conseguiu chegar a tempo para salvar sua amiga mais querida.

— Princesa, precisamos nos mover para um novo esconderijo. Acredito que seja seguro lá.

Mas o que a aguardava no local que seu Cavaleiro indicou, dentre todas as coisas, era o inimigo que a caçava.

— Aqui, eu te trouxe um presente. Você manterá sua palavra e poupará minha vida, não é?

— Por quê!? Por que fez isso!? Por que me traiu, meu Cavaleiro!?

— Não sou mais seu Cavaleiro.

— Ah… Ahh…

Abatida a um ponto sem volta pelo desespero, a Princesa ouviu aquilo. Ela, sem querer, ouviu aquilo — a voz que sempre esteve a chamando da escuridão da noite.

— Venha aqui, Inez Mou, princesa abençoada pelo sol. Deixe-me possuí-la.

Ignore esta voz! É uma sirene que não trará nada a não ser miséria! Não se iluda, Inez Mou!, avisou o dragão através da escama, sua voz e a escuridão lutavam dentro da cabeça dela.

— Não posso confiar em mais ninguém! — Ela arrancou o pingente dourado e jogou-o longe. E, naquele momento, foi engolida pela escuridão por escolha própria. As duas se tornaram uma. Dentro dela, aceitou a coisa maligna que se contorcia na escuridão da noite.

— Não os perdoarei!

Quando o dragão exausto finalmente chegou, seus olhos cor de mel viram sua Princesa banhada no sangue de seus inimigos e do Cavaleiro que a traiu. Seu cabelo preto perdeu toda a cor e tornou-se prateado. Uma escuridão abismal coloria seus olhos, e suas pupilas brilhavam com uma coloração vermelha. Derramando lágrimas negras, a Bruxa gritou alto:

— Não confiarei em mais ninguém! Cavaleiros ou dragões! Não existe o bem neste mundo!

 

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NNGH… UGGH.

Meus olhos se abriram, mas eu sentia como se tivessem sido arrancados. Era como se alguém tivesse empilhado rochas sobre meu corpo. Esfregando-os, forcei meus olhos embaçados. Uma tigela de sopa, virada, estava bem diante de meu rosto.

— Princesa! Princesa! — Firmei meus cotovelos no chão e me forcei a olhar para a frente.

Se foi. A princesa, a bruxa de cabelos prateados e a aranha colorida se foram.

— Droga! — A raiva acendeu uma chama debaixo de mim, clareando minha mente com sua luz. — Como diabos saíram deste quarto? — A escada e janelas eram muito estreitas para aquela aranha monstruosa passar. Nada foi quebrado também. — Vou atrás delas!

Meu corpo… Não consigo me mover? Consigo mover minhas mãos. Também não havia problema com meus pés. Apenas não conseguia colocar força neles.

— Qual é, seu corpo de lixo!? Isso é tudo o que tem? HEIN!?

Uma dor aguda atingiu o lado esquerdo do meu peito. Apertei-o, incapaz de pará-la, então virei-me.

— Droga! O que diabos está acontecendo!?

Cerrei meus dentes e aguentei a dor por muito tempo; meu corpo não estava queimando. Assim como o quarto também não. Mas chamas brancas-azuladas haviam, sem dúvidas, me coberto. A sensação do calor escaldante consumindo meu corpo, sufocando-o… Ainda estava fresca em minha mente e carne. Foi tudo um sonho? Uma ilusão? Não, espere, só um segundo! Algo cheirava a queimado.

— Quente! Quente demais!

Minha túnica e camisa ardiam em chamas! Fumaça saía delas. Sentei-me rapidamente e apaguei-as com minhas mãos.

O calor ainda permaneceu. Sem conseguir aguentar mais, rasguei o tecido frágil.

— Mas o que é isso?

Os músculos em minhas costas se contraíram e minha pele pinicou com arrepios. Esta foi a primeira vez em toda a minha vida que me senti aterrorizado ao olhar para meu próprio corpo.

Escamas de dragão queimavam no lado esquerdo do meu peito. Não estavam apenas presas, na verdade, queimou a carne e a pele ao redor delas endureceu, como se fosse uma terrível queimadura. Com cuidado, passei o dedo sobre aquilo… E percebi que estava completamente integrado ao meu corpo. Eu precisaria arrancar essa coisa direto da carne se quisesse tirar agora.

— O que está acontecendo aqui? Ei, dragão! — Ele não respondeu. — Está me dando um gelo agora?

É inútil conversar com ele. Tive um terrível pressentimento. Será que não fui o único que foi queimado vivo por aquelas chamas?

— Minha nossa, você é um lagarto gordo e problemático. — Estendi a mão e peguei minha espada. — Foi você quem pediu! Vou te matar pessoalmente.

A lâmina da espada era larga e o cabo, longo. Eu conseguia manejá-la com as duas mãos ou apenas uma. Não foi forjada por um grande ferreiro nem ganhara um nome, também não tinha uma lenda por trás dela. Mas o aço foi forjado através do trabalho duro de um ferreiro que foi morto. Cravei-a no chão, coloquei meu peso sobre ela e firmei meus pés no chão.

— HRRAHHH!

Coloquei-me de pé e apoiei minhas pernas. Estalos e estouros vieram de todo o meu corpo, mas por que eu deveria dar bola? Só preciso estar de pé! De pé!

— Tudo bem, eu consigo. Eu vou conseguir!

Tudo bem, onde está meu escudo?

Uma figura entrou em minha linha de visão enquanto eu procurava pelo quarto. Não havia ninguém ali há um segundo. Simplesmente apareceu do nada sem aviso algum. Sem emitir sons. Sem dizer nada. Sem cor. Nem mesmo sua sombra aparecia no chão.

 


Tradução: Taiyo

Revisão: Taipan

 

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