Outer Ragna

Outer Ragna Outer Ragna – Vol 02 – Capítulo 66 – O Cavaleiro Presencia e Desafia um Mal Maciço

Ó Fogo.

Ó Chama.

Ó Inferno.

Ó Deus.

Conceda-me força. Força suficiente para matar demônios. Conceda-nos fogo para eliminar esse mal.

 

-Cavaleiro Agias III-

Minha garganta aperta; meu coração bate forte no meu peito. Com as mãos trêmulas, agarro o punho da minha espada. O medo oprime o meu coração. Se não fosse por todos os olhos atentos, eu já teria fugido.

Isso é tudo que você é, Agias Willow? O peso do nome da minha casa não significa nada. Meu desejo de ser o pilar da humanidade não muda o fato de que sou apenas humano. Eu sou fraco. Essa coisa me força a enfrentar esse fato.

Então isso… é um demônio. Poderes regenerativos que superam até mesmo os de um troll; força física que faz um bugbear parecer uma criança; selvageria que assusta até um ogro; tamanho massivo que despreza até mesmo um ciclope. Cada boato que ouvi era verdade.

Isso é um monstro. Sua simples presença é demais para qualquer um suportar.

— M-majestoso! Majestooooso!

Quem é? Quem é que está gritando como louco? Lá, no centro do exército inimigo: um homem vestido de preto.

— Contemple o poder! Hee ha ha! Humanos são lixo! Nobres? Escravos? O palácio? O que é isso? Nada disso faz sentido! Inúteis!

Uma braçadeira estrelada adorna o ombro do homem que grita, assim como o daqueles que o cercam. Então é esse o Bando Luz das Estrelas, hein? A organização política que critica o trono e deseja o domínio dos vampiros. Ouvi dizer que o líder pode ser colega de Felipo e Jashan son Peine.

— Deveriam todos morrer! Deveria ser tudo destruído! Isso é tudo insignificante! Neste mundo, é tudo decidido no momento de seu nascimento! Crianças morrem de fome enquanto adultos engordam! Humanos são vendidos como mercadorias! Os fortes devoram os fracos e chamam isso de destino! Não existe justiça neste nosso absurdo mundo! Isso é hediondo! Repulsivo! Não há valor na vida!

Então você lamenta e sorri enquanto denuncia este mundo, chorando lágrimas de sangue?

Que atrocidades devem ter acontecido em sua vida para fazê-lo dizer essas coisas? Que tristeza o levou a reunir apoiadores e assim agir? Este homem de preto é como um símbolo do desespero estagnado que assolou o sul.

— Agora é a hora de nós, humanos, sermos aniquilados pelo poder do grande Deus Demônio! Nossas vidas inúteis ao menos serão tomadas por uma mão divina! Um grande fim para nossos começos infrutíferos… — Uma pedra jogada pelo demônio esmaga o homem.

Mas isso não é tudo. Chovem objetos gigantes do céu; telhados, paredes e pilares são arremessados como os brinquedos de uma criança. Cada impacto agita a terra, troveja em nossos ouvidos e cobre o céu com nuvens de poeira. Qualquer um que tenha o azar de ser pego é impiedosamente espatifado em pedaços. Incontáveis vidas são apagadas da existência.

Não consigo me fazer mover. Isso é semelhante a um desastre natural – não é algo contra o que possamos lutar. Humanos são lixo, hein? Entendo. Não há honra ou significado em uma morte dessas. Com certeza não vale a pena.

— Higyaaaaaaaaaaaaan! Bah! Pugyawahwahwah!

Mas que inferno? Quem está gritando feito um palhaço? A irmã do rei, hein? Ela caiu de sua liteira e rasteja em minha direção, tentando ficar o mais longe possível do demônio. Incapaz de mover os braços e pernas, é forçada a rastejar pela grama e lama, usando seu traseiro e cotovelos.

— Eek! Ahh! Estou com medo! Salve-me! Estou com tanto medo! Não quero morrer!

Ah… Uma humana. Coberta de lágrimas e ranho, mas ainda lutando pela vida… é isso que significa ser humano. Nós somos fracos. Não importa quão grande seja nosso número ou o quão perfeitas sejam nossas técnicas, somos como velas ao vento diante da tirania dos dragões e demônios. Nossas almas ardentes não fazem nada para afastar a escuridão da morte. Isso é a realidade.

E é por isso que estendo a minha mão.

Desmonto, pego a mão da senhora, limpo seu rosto com um pano e a ajudo se levantar. Olho para aqueles que já estiveram contra mim no campo de batalha… e os recepciono bem. Vamos agir todos como irmãos. Bem e mal, custos e benefícios, vantagens e desvantagens… Por enquanto, deixemos isso tudo de lado.

Nós somos iguais. Somos todos fracos. Nenhum de nós pode tornar-se forte e orgulhoso sozinho.

— Não tenha medo… — Faço o meu melhor para falar, para passar palavras tranquilizadoras. Lembro-me de algum tempo atrás, de quando a Fronteira enfrentava uma onda de monstros que se aproximava. Meu único pensamento era de ao menos morrer de forma limpa. Que intratável; que covarde. — O desespero pode ameaçar nos destruir, mas não há necessidade em puro medo. Observe! Não estamos mais sozinhos. Não fomos abandonados.

Foi da torre de observação da igreja que testemunhei a sua primeira batalha. Aquela garota de cabelos negros lutou com mais ferocidade do que qualquer homem que já vi. Foi só o começo; é por isso que posso agora dizer:

— Deus, sim, existe. Acreditemos Nele, oremos para Ele e sirvamos a Ele! Deus nos ama e nos concedeu a Sua bênção… por meio dela.

Lady Kuroi. Sem nome de família ou história para se falar, mas aí está ela sentada em seu cavalo, irradiando magia de fogo de seu corpo todo enquanto fixa o demônio com um olhar. Ela não tenta cavalgar sozinha, como de costume. Em vez disso, coelhos a cercam, milhares de chifres afiados já em prontidão. Seus guerreiros sombrios, oscilando à luz de suas espadas duplas ardentes, posam para interceptar.

Suas costas, embora silenciosas, parecem perguntar: Você lutaria com honra? Você lutaria ao meu lado? Você acreditaria em Deus?

Ah… A bruma do medo está se dissipando. Desembainho minha espada antes mesmo que possa responder.

Agias Willow, você é um lutador? Sou! Minha alma grita antes que minha mente possa se mover.

— Concentrem-se, homens! — vocifero.

O tremor parou; a força está aumentando dentro de mim. Tudo o que posso agora fazer é deixar tudo para meus anos de treinamento de batalha.

— Estamos prestes a lutar com aquele demônio! E assim que o derrotarmos, o Deus Demônio e o mundo conhecerão a grandiosidade humana!

Lady Kuroi me fita por cima do ombro – posso ver a aprovação em seus olhos cor de fogo. Sim, eu irei. Estamos juntos, não sozinhos. Devemos desafiar o mundo como um só.

— Felipo, instrua seus homens a levar qualquer um que não possa lutar para a retaguarda! Após isso, monte uma base em uma área adequada! Zakkow, seus soldados à prova de fogo entrarão no palácio para resgatar qualquer cidadão sobrevivente! Leve-os para a base à retaguarda!

Esta batalha deve ser a salvação da humanidade. Tudo deixará de possuir sentido se não pudermos garantir o máximo número de sobreviventes. Devemos fazer tudo o que pudermos!

— Odysson, a Companhia de Magos é o nosso trunfo! Posicionem-se em uma colina e aguardem pelo meu sinal! Son Peine! Proteja-os com a sua cavalaria!

Magia de fogo. Contra um demônio, fogo é mais forte do que o aço. Supondo que seja uma classe superior de vampiro, embora seus pontos fortes sejam massivamente amplificados, ainda deve compartilhar da mesma fraqueza. Devemos destruí-lo com uma conflagração grande o suficiente para queimar um exército inteiro.

— Marius! Aniquile os vampiros remanescentes no palácio! Você tem mil presas para caçar!

Minhas ordens são, na melhor das hipóteses, duras, mas que seja. Marius me dá um sorriso invencível.

— Origis! Você e eu devemos atacar este demônio em conjunto! Meus homens cavalgarão à frente como agitadores, e você segue em frente! Espero grandes coisas da nossa melhor formação, a Conflagração!

Os aplausos surgem um a um, no fim despertando um ilimitado espírito de luta. O moral uma vez derrotado volta a brilhar. Aqui e ali, soldados soltam gritos de guerra. Seus espíritos estão se elevando.

Vê, Lady Kuroi? Estamos prontos. Não importa qual seja o seu plano, nós ajudaremos. Vamos lutar ao seu lado.

— Comecem! — grito.

O demônio se aproxima. Com enorme força, ele esmaga uma cidade humana sob seus pés enquanto abre caminho para trazer o nosso fim. Cada passo que dá resulta em um enorme terremoto.

Mas medo não temos mais. Meu cavalo bate o casco no chão, como se dissesse: “Acha que isso assusta um cavalo de guerra?”

Hmph! O que foi isso? O demônio se ergue e então se endireita. Seus olhos, cintilando com uma monstruosidade amarela, estreitos… Sua boca abre, revelando fileiras de presas… Aquela besta! Pretende devorar humanos diante dos nossos olhos! Que demoníaco! Isso é um símbolo da crueldade deste mundo?

Alguém grita. Fui eu? Ou foi Origis? Não, foi todo mundo. Uivamos pelas pessoas que agora sem dúvidas foram esmagadas pelas mãos do demônio, bem como por nossos entes queridos.

Este foi o primeiro golpe. Uma rajada de fogo dispara pelo ar como se fosse um cometa, pairando sobre nossas vozes. É uma lança – um dardo arremessado por Lady Kuroi. O fogo mágico ilumina seu aço afiado enquanto rasga o mundo.

A distância que tem que percorrer é grande… talvez muito longa. Independentemente disso, acerta. Perfura a mão do demônio, queimando suas vítimas, e viaja pelo outro lado até o seu olho direito. O monstro solta um grito terrível. Quando agarra o seu rosto, parece quase lamentável; choque e confusão consomem a criatura. A maldade pode existir somente dentro de quem tem inteligência.

Duas coisas caem no chão: Uma é o globo ocular do demônio – transforma-se em fumaça. A outra são as cinzas de suas vítimas cremadas. Que suas almas estejam em paz.

Este primeiro golpe foi uma demonstração da vontade de Lady Kuroi. Armada com raiva, ela desafia este mundo absurdo; sobrecarregada pela tristeza, despacha os mortos… exatamente como nos dias anteriores. Então volta a cavalgar à frente, nossa Lady Kuroi. Esta Apóstola fala apenas com ações.

Vamos segui-la. Vamos lutar mais duro do que jamais antes. E então, aqui e agora, devemos reverter as regras deste mundo.


 

Tradução: Pimpolho

Revisão: Midnight

 

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