Outer Ragna Outer Ragna – Vol 02 – Capítulo 65 – Chat de DDR/O Oficial Testemunha o Símbolo da Destruição

Separados da nossa guerra, em um reino além da nossa capacidade de enxergar, os deuses também estão em guerra. Sei disso.

-Transmissão de DDR/VOD Parte 12-

Um pedido de chat! De quem eu acredito ser o romeno misterioso! Eu não deveria fazer isso… seria muita insinceridade usar o chat de voz, que dirá o chat de texto durante uma batalha importante. Tenho apenas dez dedos; multitarefas acaba levando a uma queda de qualidade.

(Prazer em conhecê-lo, sou PotatoStarch.)

Mas eu o cumprimentei mesmo assim! É questão de senso comum! Esses são os costumes japoneses!

(Quem é você? Por acaso foi você quem me enviou um e-mail e um pacote?)

Pode até ser uma tradução feita online, mas ainda posso tentar ser educado, mesmo com essa pessoa misteriosa e possivelmente criminosa. Esse é o meu segredo para evitar problemas e vergonha no trabalho. Viu só? Até mesmo o cavaleiro bonitão está cumprimentando o general inimigo no jogo.

— Como pode ter visto, somos o exército revolucionário abençoado pelo Próprio Deus Diabólico! Sua Apóstola, Kuroi, Lebre da Chama, que apareceu nas extremidades nortenhas da Fronteira, é uma prova divina da divindade guardiã da humanidade!

Ele provavelmente está gabando-se sobre como somos os corretos ou coisa do tipo. Batalhas do estilo medieval têm esse tipo de imagem. Por exemplo, a Guerra dos Cem Anos ou as Guerras Genpei. No entanto, as pessoas de maior sucesso em ambas as guerras tenham ignorado as regras, como Jeanne d’Arc e Minamoto no Yoritomo.

— Que tipo de bobagem está falando, cão imundo!?

Ora, ora. O general inimigo parece ser uma senhora usando uma tonelada de maquiagem. Suponho que ela seja do tipo que fala o que pensa com a língua mais afiada possível. Oh, e tem um guarda-sol acima da sua liteira.

— E-E qual foi a dessa demonstração de faíscas? E quem se importa com essa garotinha? Os únicos deuses neste mundo são os Deuses Demônio e Dragão! Essa é a ordem natural das coisas! Você sequer consegue compreender isso? E aqui está você, atrevendo-se a mostrar suas lâminas para o palácio! Seus… Seus traidores!

Esse tipo de pessoa pode ser chato de verdade como inimigo. Nunca larga das próprias regras e não se pode ter uma conversa decente… Entretanto, se conseguir torná-lo seu aliado, trarão a você doces e lanches para o almoço. É a regra de ouro padrão.

Hm… mesmo assim, estou feliz que esteja discutindo conosco. Seria… solitário se apenas nos ignorasse. É assim que me sinto com o número de comentários e espectadores que recebo!

(Você é idiota?)

Mas qual é a porra do problema desse cara? De que língua isso aqui está sendo traduzido? Tudo bem, vou responder.

(Sou chamado de tolo com frequência por ser um viciado em trabalho. Quem é você?)

(Você deve ser idiota. Idiotas fazem coisas chocantes na maioria das vezes, afinal.)

Isso sequer é uma conversa, merda! O que foi? Por que continua me chamando de idiota? Beleza, posso não ser o maior gênio, mas tento viver direito e não causo problemas a ninguém! Tudo isso enquanto sou esmagado pela sociedade injusta!

— Não é a família real que nós desejamos destronar! O que enfrentamos é a injustiça do mundo! — grita o cavaleiro bonitão.

— Burros e tolos, todos vocês! E-Eu sou a rainha agora! Estou no topo da humanidade! Como se atreve a falar comigo sem ao menos desmontar do seu cavalo?! Seu cão insolente!

— Respeitamos a humanidade, e por isso não vamos servir uma tirana!

— Sabe quem eu sou? Sangue dos Valkie corre em minhas veias! Tenho o direito de governar! Toda a humanidade deve se curvar perante mim! Todos vocês deveriam estar beijando o chão em que piso! Isso seria o correto!

— Humanos com a vontade de viver como humanos “assim como estes devem ser”! O pecado de acolher os vampiros devoradores de homens, entretanto… é imperdoável!

— Cale-se! Cale-se! Como se atreve a falar comigo desta maneira, seus meros peões dos elfos!?

Esse evento de diálogo está sendo longo mesmo, mas é assim mesmo que funciona quando se conversa com pessoas que acham que são melhores do que todo mundo. Vou te ensinar uma coisinha: se não souber muito bem com quem está falando, é melhor tratá-lo como se fosse alguém importante.

(Fiz algo que o ofendeu?)

(Essa postura não é nem um pouco apropriada para um japonês.)

Presta atenção, romeno. O que eu deveria falar em resposta?

(Poderia você, um espectador sem méritos, assumir a responsabilidade?)

(Você está usando um tradutor online, não é? Acho que está fazendo com que seja difícil de entender.)

(Ou é muito mais provável que não tenha um cérebro.)

Ei, ei, qual é! Isso aí foi rude. Certo, sou um pequeno streamer e dificilmente posso ser considerado um funcionário importante na minha empresa. Poderia me demitir sem deixar um sucessor e eles ainda não teriam problemas… Ugh, estou quase me fazendo chorar.

Mas, pelo menos, tenho certeza de que não causei nenhum mal ao mundo de quem fala romeno.

(Que método está usando para interferir no mundo paralelo?)

Hã, mundo paralelo? Eu nem sei onde fica a Romênia. Oeste da Rússia ou leste da França, talvez? E esse cara vai dizer qual é o seu nome ou não?

(Você é da Romênia?)

(Os Estados Unidos já sabem, mas você não. Você é estranho.)

(Você é dos Estados Unidos?)

(“Se estás destinado a banquetear-se de mim e da minha carne, não importa o que eu faça, não poderá ser evitado.”)

Uou, agora esse romeno está mesmo falando umas doideiras. O que é essa mistura de incerteza e nervosismo? Se não pensasse que essa pessoa pode ter me mandado um console VR caro para um caralho, eu teria ficado irritado?

(Provérbios e frases são interessantes, não acha?)

(Você é idiota?)

Argh! Essa distração do chat! Tenho que me focar no jogo, então vamos fechar essa janela… Não consigo! Porrrrrrrrrraaaa!

(É por isso que ainda continua pensando que é um jogo.)

É só ignorar. Lá lá lá! Não consigo ver uma parte do meu monitor!

(Esse é o seu despertar, KartofStarch.)

Quem diabos é esse? Eu sou PotatoStarch!

-Capitão Jashan son Peine IV-

Eu assumiria que eu ou Felipo teríamos ido para negociar.

— Os elfos são aliados comuns nestes tempos difíceis! Em nome da República de Ewlogond, eles concordaram com a Aliança Militar de Guerra! Nosso objetivo é enfrentar a ameaça do Deus Demônio e os vampiros!

Mas Agias está se saindo muito bem. Ele tem um fogo de verdade naquela barriga. Esse soldado grosseiro nem mesmo precisa da ajuda do filho de um conde nem da do sétimo príncipe para discutir com aquela velhota. Que simbólico. A mudança pode ser, às vezes, militarista. Esse também é um passo na nossa escadaria da revolução.

— Juntos, matamos centenas… Não, milhares de vampiros com o auxílio deles! Lutamos ao lado da Apóstola deles, Dez Mil Sinos! E, naquela batalha, nossa Apóstola acabou com a vida de Dourada!

Uou! Ele fala como um cavaleiro em plena investida, sem espaço para negociações.

— V-V-Você não fala nada além de m-mentiras!

— Abra os seus olhos para a verdade! E considere o futuro! Não há dignidade humana em um mundo em que nossos inimigos declaram que estamos tendo nossa batalha final!

Essa paixão. Essa presteza… Sua grandiosidade é palpável. Comparado a ele… Sim, é o fim dela. Sua aparência passou de vermelha para preta; ela vai começar a soltar fumaça pela boca logo. Mas está tudo bem. Deve acabar logo.

Todos os olhos estão sobre eles, inimigos e aliados juntos. Esse cabo de guerra entre qual campanha é mais justo pertence a um lado só. Diante dos meus olhos, nossos inimigos diminuíram e nossos aliados aumentaram. Tais triunfos estão crescendo em número. Logo, essa luta entre humanos chegará ao fim.

Então a verdadeira batalha terá início, assim como o título segue o ato de abertura. Já temos o presságio sobre isso: algo estranho parece ter possuído Lady Kuroi. Ela não se moveu, mas eu me pergunto quantos perceberam as espadas que apareceram em suas mãos. E ela encara o palácio.

Mas, acima disso, aquela aura. O que é isso? O que é essa tensão que faz qualquer um querer enfiar o rabo entre as pernas e fugir? Ambos os exércitos perderam a vontade de lutar e estão observando o argumento se desenrolar com grande interesse… Entretanto, não passa de uma demonstração de um lado apenas. Mas por que posso praticamente ouvir o ar estralando, como se uma grande batalha estivesse acontecendo? Está me dando arrepios.

Felipo já notou. Odysson… Ah, sim, ele está bastante perturbado. Suponho que seria imprudente assumir que Agias não percebeu. É por isso que está ficando mais agressivo?

Não é a mana de Lady Kuroi que estamos sentindo. Isso está, para ser bem franco, além do reino da compreensão humana.

Ugh, está ecoando nos meus ouvidos agora! A multidão começou a conversar entre si. É natural  — pois a situação não é natural. Não senti uma aura avassaladora, violenta e esmagadora como essa desde a batalha contra Dourada…

Poderia… Poderia ser o espírito divino? É, Felipo? Lady Kuroi está aqui e, da mesma forma, o Deus Guardião da humanidade: o Deus Diabólico. Mas e quanto ao outro lado? O que pode enfrentar um deus e liberar tamanha pressão? Está lá? Está vindo do palácio?

Ah! O que é aquilo?! Uma sombra gigante ergue-se do palácio! Espera um pouco aí. Até onde aquilo vai crescer? Seu tamanho é muito maior que a de um ciclope. Com asas de morcego, voa aos céus, esmagando as residências ao redor do palácio, e voa na nossa direção. Mesmo do outro lado dos portões do palácio eu consigo ver o seu rosto: uma criatura horripilante, como a pura brutalidade.

Um demônio. Um demônio! O livro sagrado fala sobre ele: o servo mais próximo do Deus Demônio… a personificação da destruição que arrasou até mesmo a grande fortaleza dos anões!