Outer Ragna Outer Ragna – Vol 02 – Capítulo 46 – O Plano de DDR Para a Vitória/Um Soldado Comum Sonha com a Felicidade Cercado Pelo Fogo

O Deus dos humanos é um deus da batalha. O fogo está a Seu comando.

E assim eu luto, portando o fogo.

-Transmissão de DDR/VOD Parte 4-

Seria um sinal do apocalipse se eu recebesse uma tele-entrega de bife dos meus pais.

Ei, pessoal, PotatoStarch aqui, seu entusiasta comilão caseiro. Carne é tão deliciosa. Talvez seja porque foi grelhada com cuidado, mas acho que é um casamento perfeito de um exterior bem passado e um interior suculento. Um pouco de bolo de peixe grelhado mal passado também seria excelente.

Fogo é incrível, não é? Talvez eu devesse examinar novamente o meu estilo de vida de apenas comer comida instantânea e de micro-ondas. Aliás, as coisas parecem estar indo bem em DDR. Eu adoraria fazer um brinde a isso, mas prometi não beber mais nada alcóolico. Além disso, vinho e cerveja seca japonesas são melhores com carne suculenta. Não! Proibido!

Então, vamos brindar com uma xícara de chá! Pela continuidade do aumento da fé no Deus Diabólico. Um brinde! Cara, as coisas parecem melhores. A fé no Deus Diabólico começou a se espalhar para longe pelas cidades ocidentais e até mesmo pelo forte. Junto com os resultados da nossa caça aos vampiros, o total de pontos de fé aumentou como uma equação quadrática do ensino médio.

Isso deve ser graças a Kuroi e Sira. Tipo, por eu estar mandando uma Apóstola e sua serva, as pessoas ao redor delas estão dependendo da fé delas? Não sei muito bem. Não havia um elemento desses quando joguei como elfo, nem como vampiro. Fé nos Deuses Demônio e Dragão são muito mais naturais para aquelas raças, pois são tomados pelo medo de que seu Deus possa amaldiçoá-los um dia.

Talvez pelo fato de os humanos não terem um Deus Guardião, parte da diversão da versão DX está no trabalho missionário. Veja, todo mundo ao redor de Sira está rezando. E ao redor de Kuroi também.

Hmm? Ha! Ahahaha! Quando troco entre a Kuroi e Sira, elas olham para mim, confusas. Isso é divertido! Clica, clica, clica. Trocando entre elas em alta velocidade! Divertido demais. Cê é louco, os desenvolvedores são tão minuciosos. Oh? Um novo sistema de mensagens? Vamos colocar a minha visão do servo em uma janela menor e separada e… pronto.

Ah… pois é, acho que trocar rapidamente entre os pontos de vista não é uma maneira aprovada de jogo. Por que me sinto como uma criança sendo repreendida? É como se alguém tivesse acabado de gritar comigo por não ser capaz de me controlar.

Tudo bem, vamos continuar. Hora de focar em planejar a grande vitória da humanidade! A ideia básica é melhorar nossas forças enquanto eliminamos os vampiros. Eu poderia roubar a terra deles, mas o Deus Demônio apareceria e mataria a todos no fim, fazendo com que tudo fosse desperdiçado. É a hora da aparição do Deus Demônio que eu estou estimando. O desencadeador deste evento é o número de Apóstolos vampíricos restando. Então, qual é o estado das terras conquistadas no centro do território? Por algum motivo, as marcações de Tempestade de Raios e Absoluto estão lá.

Hm, não sei dizer… Pelo menos sei que os Apóstolos estão lá, mas… estou supondo que ambos têm cerca de dez mil soldados consigo. Essa é a batalha final, mesmo. No pior dos casos, tanto o Deus Demônio quanto o Deus Dragão vão aparecer. Para colocar em termos do mundo real, eles são como armas nucleares.

Armas nucleares, ataques nucleares, guerra nuclear… Vamos rezar para que isso não aconteça. Sério mesmo.

Hm? O que é isso? Um deles parece estar se movendo para o sul. Oh, ali! Moveram-se de novo.

Isso não é bom.

Tempestade de Raios não vai entrar no tradicional puxa e empurra entre o leste e oeste, mas sim mirar por uma abertura a partir do sul? Isso seria um verdadeiro pé no saco. Seremos esmagados até não sobrar nada se colidirmos com as forças principais dos vampiros. Um exército deles com mais de dez mil soldados é sinônimo de calamidade, ou até mesmo o apocalipse.

O que eu faço? Se invadirem o sul com essa quantidade, estaremos ferrados. Mas tenho que fazer algo! A esse ritmo, Kuroi definitivamente não vai mais para o oeste.

Na verdade, Sakiel está na fronteira. Ela deveria ser capaz de segurar Tempestade de Raios por um tempo. Depois disso, tudo que posso fazer é confiar na velocidade dos meus cavalos. Se ela puder conseguir tempo o suficiente, a força élfica principal deveria chegar… não posso confiar apenas em “deveria”! Essas estimativas são tão otimistas. Porém, não posso simplesmente abandonar a Fronteira. Jamais.

Velocidade total, Kuroi. E sigam-me, cavaleiros bonitões. Nossa primeira parada é a Expansão Infernal. Vamos reabastecer e, então, partimos direto para a Fronteira!

-Soldado Mulaso I-

— Mulaso, está chorando? — pergunta o sargento. Mastigando minha carne de porco que ainda permanece no osso, eu aceno vigorosamente com a cabeça. É que está tão boa! Mas é tão triste.

Essa carne veio de um porco que foi deixado depois que essa aldeia foi massacrada. Quem criou tão bem esse animal? Seja quem for, já está morto agora, e estou comendo os frutos do seu trabalho com lágrimas escorrendo pelo rosto, pois está tão deliciosa.

O sargento para.

— Bem, você pode comer, rapaz. Nosso trabalho é se jogar na lama. Se você não comer, não irá durar muito. Além disso, vai irritar o pessoal que já está na cova.

Aceno com a cabeça. Aceno e mordo a carne. Está tão boa.

Há outras coisas deliciosas ao redor da fogueira também: vegetais frescos, ensopados e até mesmo vinho. Hoje à noite, vamos comer e beber até cansarmos e recuperar nossas energias. Então ofereceremos nossas preces às várias sepulturas que construímos e levaremos toda a comida que pudermos para os refugiados. Eles devem estar morrendo de fome.

— Lady Kuroi nos deixou…

Acenei com a cabeça para o sargento. De fato, Lady Kuroi já retornou. Depois de eliminar os vampiros que estiveram aterrorizando as frentes ocidentais, ela imediatamente partiu para o próximo campo de batalha: o norte. Não tem descanso algum.

— Ela é incrível. Corta aqueles monstros horrendos como se fossem mato e, ainda assim, sempre parece calma e indescritivelmente linda. Não há dúvidas de que é amada.

Nem preciso perguntar “por quem?”. Por Deus, é claro. O Deus dos humanos. A existência de Lady Kuroi significa que Deus deve existir.

— E aqueles cavaleiros também não eram normais. Tão rápidos e fortes… — continua ele. — Eles não conheciam o medo. Claro, a Casa Willow é conhecida por ter uma coragem destemida, mas aquelas histórias eram contra pequenos monstros e bandidos. Vê-los cortar monstros de verdade…

Aquele cavaleiro se chamava Agias Willow, eu acho. Estávamos todos amarrados quando eles nos salvou com sua espada brilhante. Fez com que nos transformássemos de comida de vampiro para humanos novamente.

Não podemos lutar daquela forma; não somos maneiros como eles. Não é questão de ser capaz de montar um cavalo, nem a falta de habilidade com espada… é a coragem. Falta a coragem para lutar.

— Ei, tire esse olhar triste da cara! Nem todo mundo é adequado para ser um herói. Na realidade, você me impressionou. Posso entender sua admiração, mas e essa frustração? Isso é algo bem diferente.

O sargento olha para o meu rosto, por isso me viro na direção da fogueira. As chamas saltitantes são fortes e quentes, dançando de maneira bela; elas me fazem lembrar a Lady Kuroi e seus cavaleiros. É maravilhoso ver como não sucumbem à escuridão da noite. Se eu pelo menos pudesse ser assim… Não quero ser apenas um observador.

— Vamos focar tudo o que temos naquilo que podemos fazer. Isso já não é bom o suficiente?

Sua voz soava como se viesse do fundo do estômago. Talvez seja por isso que ecoa no fundo da mina. Ele está bem ao meu lado, mas parece soar de tão longe. Ele deve estar observando o fogo também.

— Lady Kuroi tem coisas que só ela pode fazer. Os cavaleiros também. É por isso que devemos focar naquilo que nós podemos fazer. Vamos transportar todos os sobreviventes e suprimentos que conseguirmos de volta para a cidade. As pessoas precisam de nós. — declara ele.

Meu olhar cai sobre a pilha de lenha debaixo das chamas fortes. A madeira queima, estrala e se torna cinza, a qual então é soprada pelo vento. Os sons saltitantes vêm delas, não das chamas.

— Sim, fomos salvos, mas é quase impossível salvar todo mundo. Talvez, quando há muitas pessoas que deseja salvar, lutar é a rota mais fácil. Porém, não é como se Deus fosse fazer chover comida do céu. — Ele brinca, então dou uma pequena risada. O Deus dos humanos é o Deus do fogo e da guerra, não da carne e do vinho. Se esse fosse o caso, a Lady Kuroi teria sido uma chefe de cozinha em uma vida diferente, não uma guerreira? E, quanto aos cavaleiros, seriam seus cozinheiros e garçons, viajando de aldeia em aldeia para entregar pratos gourmets? Aposto que isso faria todos felizes. Eu poderia ajudar limpando os pratos e restos.

Isso teria sido bom. Muito bom. Até mesmo divertido. Queria que o mundo fosse assim.

— Qual é, termine logo e vá dormir. Temos de acordar cedo amanhã. Vamos virar nossas costas para o assustador norte e nos dirigir ao sul, para a cidade no sopé da montanha.

Aceno com a cabeça e me deito. Minha barriga está cheia, e estou um pouco bêbado, e o fogo está perto e quente. Os sons de pessoas ainda comendo e bebendo são agradáveis aos ouvidos. Sinto como se pudéssemos continuar trabalhando duro juntos.

Deus, eles dizem que Você reside dentro do fogo. Faremos aquilo que podemos, à nossa maneira. Trabalharemos duro. Então, por favor, garanta a vitória para Lady Kuroi e seus cavaleiros. Garanta Suas maiores bênçãos àqueles que dão tudo de si. E, algum dia, espero que possamos nos reunir ao redor de uma grande fogueira, juntos. Aposto que seria divertido. Se esse dia chegar, tenho certeza de que todo mundo será capaz de sorrir e dizer: “Estou feliz por ter sobrevivido”.