Outer Ragna

Outer Ragna Outer Ragna – Vol 01 – Capítulo 16 – O Cavaleiro Toma Uma Decisão e Vai de Frente Contra As Forças Tirânicas dos Vampiros

Viver é lutar.

Lutar, lutar, lutar… lutar até morrer.


-Cavaleiro Agias IV-

 

Sou um homem da Casa Willow. Dominei as artes marciais necessárias para um cavaleiro de alto nível e estudei as estratégias requeridas para um general de alto nível. Poli a mim mesmo muito bem. Não hesito quando chega a hora de colocar os pés no campo de batalha, mesmo que ele possa se tornar a minha cova. Por isso meu coração está agitado, ansioso pela batalha.

A batalha de Kuroi de antes foi uma dança incrível de espadas e lanças. Ela cortava e perfurava, abrindo caminho através da horda de vampiros. Até mesmo quando todo o seu corpo estava manchado de vermelho, ela continuou a cortar, cortar e perfurar. A força inumana deles e suas armas perversas não pareciam incomodá-la nem um pouco.

Agora vejo que as armas dela são invocadas por uma magia especial. Mas de onde aquelas habilidades com espada e lança vêm? E o seu combate corpo a corpo inteligente? E quanto às suas estaminas mental e física para continuar lutando? É tudo graças à benção de Deus? Ela só luta com um poder que lhe foi dado? Não. É a culminação de seu treinamento. Eu também testemunhei a destreza de sua lâmina, por isso posso entender. A benção de Deus é, como diriam na aritmética, multiplicativa, não aditiva. Aqueles que não fazem tudo o que podem antes de pedir por ajuda não receberão Sua benção.

Sim. Eu também os vi com meus próprios olhos; os hábitos estranhos de Kuroi. Todos os dias, entre os turnos do trabalho pesado, ela continuava treinando. Nós todos a olhávamos com estranheza, mas ela nunca parou, chamando aquilo de “preparação”.

Por que eu não fiz o mesmo que ela? Como posso estar neste campo de batalha, satisfeito com o meu treinamento até agora? Sinos tocam. Alguém está os atacando. Esse som não é nada parecido com a serenata de antes. Carrega um senso de urgência.

Das torres de vigia alguém grita:

— Norte!

Um ataque vindo do norte. Lá. São eles? Estão correndo por cima dos telhados; pisando no trabalho dos humanos, as criaturas da noite se aproximam.

Vampiros.

Portadores de força e agilidade monstruosas, são os inimigos naturais da humanidade. Há cerca de cem deles. Sua força e fome são suficientes para fazer com que qualquer um veja isso como um pesadelo que irá devastar toda a fronteira.

Sobre um prédio de três andares, onde os elfos estavam hospedados, um falcão voa. Um falcão gigantesco. Silenciosamente, sem bater suas asas, sobrevoa em direção à horda de vampiros. Não é uma criatura viva, mas sim magia, a qual era constituída de várias penas, parecendo um boneco de palha sem peso.

Oh! Agora ele dispara algo. Dezenas de penas cortam o ar como adagas. Atingem cerca de vinte a trinta vampiros, os quais tropeçam e caem. As penas não parecem estar a uma velocidade tão alta, e havia um atraso entre o impacto e o efeito. Assumo que estão envenenadas. Vampiros podem ser durões, mas, contanto que estejam vivos, ainda serão suscetíveis a veneno. Aqueles que caíram contorcem-se, agoniados. Deveras impressionante, acabando com quase metade da força inimiga com um único ataque. Então esse era o poder da Guerreira Dragão?

Os elfos estão, entretanto, na desvantagem numérica. Apenas dez foram deixados para defender a Apóstola. Voadores lhes dão uma vantagem, mas isso só serve para afastar os vampiros por um momento. As bestas familiares que contratam também estão lutando em combate. É uma batalha defensiva completa.

Em outras palavras, agora é a hora. É neste momento que devemos agir.

— Toda cavalaria, avante! — Das sombras nós aparecemos e montamos nas costas dos cavalos. Todos nós, somando 328, criamos uma linha de cavalaria na rua que leva direto ao alojamento élfico. Forcei nossos soldados feridos a ficarem de vigia e no aguardo de ordens, por isso aqui está concentrada toda a nossa força de luta.

— Destruam os vampiros! Podemos estar ajudando os elfos, mas não nos submeteremos a eles! Guardem minhas palavras! Hoje à noite, com este ataque, a humanidade começa a sua luta! — Sim, esse é o nosso primeiro passo em direção à revolução. Não podemos deixar tudo nas mãos de Kuroi. Essa será a nossa primeira ação militar com nossas vidas em risco. Como diria o Padre Felipo, é uma chance excelente de fazer os elfos nos deverem uma, e, como diria Odysson, é uma oportunidade de presentar a cara dos vampiros com os nossos punhos. É a melhor oportunidade possível… assim como um golpe desesperado que pode custar muitas vidas.

— Preparar! — ordeno, agarrando minha lança. Metade dos nossos homens portam lanças, enquanto a outra metade porta dardos.

As armas de todo mundo brilham. Banhadas pela cor do céu noturno, nossas armaduras e armas brilham de vermelho. Minhas mãos tremem… Posso sentir a benção de Deus. Baixo a viseira do meu elmo.

— Atacar! — rujo e começo a correr. Sou a vanguarda. Como uma flecha viva, minha lança dispara. Meu alvo é um vampiro que caiu na rua diante de mim. Enquanto ele se contorce de agonia devido ao veneno, eu miro. Estava esperando para que eles mostrassem fraqueza, e é uma surpresa para mim o tamanho da minha vontade de matá-los.

A velocidade da minha investida é transferida para a ponta da minha lança. Eu o perfuro, então o ergo no ar. Posso sentir o calor daquilo que me molha, mesmo através das minhas manoplas. O sangue deles tem uma cor muito mais forte do que o dos humanos. Essas são as gotas de vida de uma criatura superior que come humanos. Eu balanço a mão, jogando o sangue no chão.

O homem que estava cavalgando ao meu lado se foi. Será que caiu. Se sim, já é um caso perdido. Um vampiro é forte o suficiente para derrubar um cavalo com as próprias mãos. Outro cavaleiro desacelera. Algo parece ter agarrado sua perna. Vejo uma mão sombria. O vampiro conseguiu cravar suas garras em meu companheiro enquanto era arrastado. Estou impressionado, apesar de que ele ainda é meu inimigo.

Abandono minha lança e puxo minha espada. Forço meu cavalo à frente e corto, arrancando o braço do vampiro a partir do cotovelo. Antes que eu possa reajustar o punho da espada, sua cabeça voa, cai e é esmagada pelos cascos do meu cavalo. Alguém seguiu o meu ataque. Ótimo. Não devemos nos esquecer de cooperar na luta contra vampiros.

Chegamos ao portão norte e fiz uma contagem rápida. Mesmo com o elemento surpresa, acabamos perdendo seis cavaleiros. Vampiros também têm reações rápidas quando se trata de batalha. São guerreiros naturais de verdade, e esse é mais um motivo para nós, como cavaleiros, acabarmos com esses inimigos tão terríveis.

— Formação de Três Ondas[1]!

Uma cavalaria trabalha melhor quando pode cavalgar. Não somos adequados para uma batalha dentro da cidade. Por isso todas as nossas formações se baseiam em ataque.

— Primeira onda, em frente!

Cerca de cem cavaleiros portando dardos galopam em frente. Eles saltam do chão, pulam sobre telhados e se juntam ferozmente. Há cerca de dez deles, o que é muito. Apenas um desses monstros requer dezenas de humanos para se igualar.

— Segunda onda, em frente!

Cem cavaleiros com lanças disparam agora. A primeira onda deu início à batalha, causando ferimentos em ambos os lados. Mais dez homens caíram. Agora, a segunda onda se choca no mesmo lugar. Eles atacam, então galopam. E…

— Terceira onda, me sigam! —

Vão. Sobre o cavalo e inclinado para a direita, miro minha espada. O vento; ventos de batalha raspam o meu rosto pelas grades do meu elmo. O cheiro de sangue se mistura com a poeira no ar.

Malditos vampiros.

Eles arrancam lanças e braços inteiros dos seus portadores, enchendo seus estômagos com o jorrar de sangue. Criaturas tirânicas. Arrancarei suas cabeças.

Solto as rédeas, agarro minha espada com ambas as mãos e balanço-a. Meus braços sentem o esvair da vida enquanto corto um vampiro ao meio. Presas sujas de sangue voam pelo ar. Já posso ver as estrelas no céu carmesim. É uma noite assassina. Minha espada brilha com a luz das estrelas, e eu grito minhas ordens:

— Homens! Cortem todos! — A terceira onda também está na retaguarda. Nos movemos com menos velocidade e lutamos contra os vampiros quando os vemos.

— Humanos sujos e insolentes! Não deixarei que escapem! — Um deles vem, portando um martelo de metal. Ele ruge enquanto move o martelo para baixo, e eu me esquivo com o meu cavalo. Logo depois, outro golpe se segue. Incapaz de desviar, respondo com uma estocada. O martelo atinge meu ombro. Consigo suportar graças a suavidade da minha ombreira, mas posso ouvir o esmagar da armadura e o grito dos meus ossos. Minha postura também oscila.

— Gah! M-Meus dedos!

Entretanto, o prêmio que recebo são dois de seus dedos direitos. Ele já não pode mais segurar o martelo.

— Malditooooo!

Vampiros podem voar? Com presas à mostra e rosnados como os de um monstro, ele salta sobre o meu cavalo, mesmo estando coberto por uma armadura de escamas. Felizmente, o peso dele também está ao meu favor. Cravo a espada, perfurando sua garganta.

— Gag- Ahhhhhh! — O seu pescoço desliza pela minha lâmina até chegar no cabo. Não reconheço seu rosto, muito menos a voz que usa para me xingar. Olhos amarelos e arregalados refletem em meu elmo sujo de sangue negro. Movo meu punho, decepando o pescoço, e a cabeça arrancada cai no chão.

Um golpe atinge meu flanco. Eu tinha parado por apenas um segundo, mas isso foi o suficiente para receber um soco. Cerro os dentes, forçando a mim mesmo a não vomitar. Debaixo da armadura uso uma camisa de lona acolchoada, mas ainda cambaleio. A cabeça desse cara também quase foi arrancada.

Um rugido irrompe, e o cavaleiro perto de mim explode. O golpe faz com que todos os tipos de partes e pedaços voem pelas frestas em sua armadura.

— Ha-hah! Um aroma fantástico!

Um vampiro gigante grita. Movendo um porrete metálico, ele busca sua próxima vítima, e seus olhos repousam em mim. Aquele tipo de poder destrutivo não pode ser bloqueado. Tenho que me esquivar. Minha única escolha é continuar me esquivando.

— Sua armadura pode ser dura, mas a carne é mole!

Esquivo-me de todos os golpes pesados sem parar, sendo que cada um era forte o suficiente para fazer eu sentir como se a minha vida fosse arrancada apenas ao passar perto. Enquanto isso, ouço o som dos meus aliados morrendo. A cavalaria, desprovida de velocidade, cai sem parar. Um por um, eles são mortos.

— Morra! Vamos!

Isso é um pesadelo. A tirania sem fim é como um desastre natural. E esses demônios estão simplesmente brincando conosco, esperando até o momento de devorar nossa carne e sangue. Nas minhas costas, outro inimigo aparece. Garras sinistras enfeitam a ponta de seus dedos, as quais podem perfurar armaduras. Como posso evitar um ferimento fatal? Não importa o quanto gire o meu corpo… Uou! Meu cavalo retorna. Por quê? Está tentando me defender, parceiro? As garras cortam a barriga do cavalo, rasgando a pele e expondo o músculo rosa.

— Ei, esse aí é meu.

— Qual é o problema, não consegue lidar com nossa comida, idiota?

— Essa carne é tão irritante. É normal eu querer fazer com que sofra.

Mesmo caído e com sombras ao meu redor, meus membros se recusam a sucumbir. No fim, vomito, então arranco o meu elmo e me levanto.

— Hã? Qual é a desses olhos?

Pontas de lâminas estão apontadas para mim, e eu sorrio em resposta.

— Trema de medo como um bom humano!

— Espere! Os cavalos ainda estão-

Sim, volte, minha onda de cavalaria. Façam com que o chão trema.

— Capitão! Sua mão!

— Esqueça de mim! Passe por cima deles! — Corto de baixo para cima o vampiro de garras enquanto ele se encolhe diante dos cavalos que vêm, então trago minha lâmina para baixo novamente. Uma esgrima dessas faz eu querer me elogiar, mas é claro que este não é um trabalho apenas meu. É também de Deus.

Dou um passo à frente outra vez. Um dos meus aliados perfura com a lança o portador do porrete, e eu movo ambas as mãos na direção do seu pescoço, passando direto. Rapidamente, puxo de volta e reajusto minha postura. A cabeça degolada do vampiro se contorce de dor.

 


Notas:

1 – Formação bastante usada em guerras, onde a primeira onda inicia o combate, a segunda onda faz o flanco e a terceira onda geralmente da o suporte pra formação não ser rompida, usualmente composta por arqueiros, mas nesse caso, provavelmente por  magos.


 

Tradução: Taiyo

Revisão: Midnight

 

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