Otomege: O Mundo dos Otome Games é Cruel Para Mobs

Otomege: O Mundo dos Otome Games é Cruel Para Mobs – Vol. 02 – Cap. 04.6 – Fraqueza

 

Um ar de melancolia pairava sobre a academia após o festival. As pessoas desmontaram as barracas no pátio e levaram várias ferramentas e instrumentos de volta para suas casas. Quando o evento de três dias chegou ao fim, parecia que um capítulo melhor da minha vida estava finalmente chegando ao fim.

Em nossa cafeteria, guardei as cadeiras e mesas que pegamos emprestadas para o festival. Jilk estava lá também, junto com Clarice e seus seguidores. Jilk ainda usava uma bata de paciente e bandagens enroladas em sua cabeça e braços. Parecia bastante patético parado na frente de Clarice.

Quanto ao favor…

— Lamento por tudo o que aconteceu.

Pedi a Jilk que pedisse desculpas a Clarice.

Aliás, também o fiz fazer o mesmo com minha irmã mais velha, Jenna, a caminho daqui, mas só o fiz porque passamos por ela. Este era o meu verdadeiro objetivo.

Lágrimas brotaram nos olhos de Clarice.

— Depois de todo esse tempo, depois de tudo isso… Você está um pouco atrasado! Eu estive te esperando! Achou mesmo que poderia desfazer tudo o que tínhamos com uma mísera carta?

Clarice estava lívida, e compreensivelmente. Jilk tinha muito mais a refletir.

— Teria sido… Falta de consideração da minha parte me casar com você quando estou apaixonado por outra mulher. — Jilk disse. — Não gosto de mentir… Ou melhor, não suportaria a ideia de mentir para você. Clarice, eu tenho sentimentos por outra pessoa.

Ela deu um passo em direção a Jilk e levantou a mão até seu rosto. O tapa ecoou agradavelmente.

De novo! Faça de novo, senhorita Clarice!

Jilk não fez nada para se defender. Ele pretendia aceitar o que quer que Clarice jogasse nele. Admirei um pouco essa resolução, porém gostaria que usasse melhor essa qualidade.

— Mentira? Sobre o que é mesmo que está falando? — Clarice disparou. — Você a deixou seduzi-lo! Você a quer tanto que está disposto a me jogar fora? Por que ela? Apenas explique por que… Por que não pode ser eu?

— Eu mesmo não tenho certeza. Tudo o que sei é que me apaixonei por Marie, completamente. É por essa razão que hesitei em vê-la depois.

Era uma desculpa terrível, contudo sua aparência bonita fazia as palavras soarem mais atraentes e bonitas do que de fato eram. De onde estava, parecia que não queria encontrá-la porque sabia que estava em apuros.

Com o meu rosto, se tentasse a mesma desculpa, as pessoas zombariam e diriam: O que diabos há de errado com você?

Que tipo de desculpa eu usaria se estivesse no seu lugar? Bem, não iria trair, para começar. Neste mundo, os homens que cometeram adultério foram esfolados vivos — verbal e mentalmente.

Se uma mulher fizesse a mesma coisa, a resposta das pessoas era mais como Isso é um não-não! (Para colocar em termos de Olivia.), e seria isso.

Este mundo era, sem dúvidas, ridículo.

Clarice cerrou as mãos.

— Acha que pode jogar isto fora? Jilk, você é sempre assim! Nunca me disse como se sentia de verdade. Nunca! Vai fingir seu caminho através de um pedido de desculpas desta vez também? Só para poder fugir?

— É como me sinto honestamente. Não tenho nem mesmo o direito de olhá-la, e sabia que só iria machucá-la quando nos encontrássemos. Queria que você mantivesse suas boas lembranças de mim intactas e deixasse as coisas acontecerem.

Jilk sendo um interesse amoroso não o tornava perfeito. No jogo, seu maior problema era sua incapacidade de discutir seus pensamentos e sentimentos reais. Ele sempre sorria, nunca articulando seus gostos ou desgostos e, quando enfrentava algo que não gostava, fugia. Uma verdadeira dor na bunda, deixe-me dizer-lhe. Ele sempre justificou seu comportamento dizendo que fez o que tinha que fazer “pelo príncipe”. Eu me pergunto se isso entrou em jogo aqui também.

Independente disso, Clarice era sua noiva. Poderia pelo menos pedir desculpas como se quisesse mesmo!

Os seguidores de Clarice pareciam prontos para erguer os punhos e espancar um inválido. Temia ter que intervir, porém…

Clarice zombou.

— O que seja. Tudo bem então.

— Minha dama?

Aquele cara do terceiro ano olhou preocupado para Clarice.

Ela enxugou as lágrimas.

— Não vale mais a pena sujar as mãos. Não para você. Me recuso a me envolver com um homem assim. Somos estranhos agora. Não se aproxime de mim nunca mais.

Uau, aí está. Ultimato bastante impressionante, considerando que ela começou essa bagunça.

Jilk abaixou a cabeça.

— Mais uma vez, peço desculpas. E também… Obrigado, Clarice.

Clarice cerrou os dentes.

— Não aja como se fôssemos amigos! Nem quero mais ver o seu rosto!

Jilk obedeceu aos seus desejos e escapuliu da sala.

Uhhh… O quê? Acabei de ficar para trás com a garota brava?

A tensão pairava pesada no ar.

— Desculpe pelo problema. — o aluno do terceiro ano de antes me disse de repente.

— Não, está, uh, tudo bem…

Clarice se acomodou em uma cadeira que seus seguidores haviam trazido para ela e soluçou.

Me tirem daqui! Virei em direção à porta.

— Sabe de uma coisa, acho que vou para casa. Eu posso notar o ambiente.

— Não. Espere um minuto.

De repente, fui cercado pelos seguidores masculinos de Clarice, suas cabeças pairando sobre mim. Por um segundo, tive certeza de que iriam me dar uma surra, mas levarei esse fato comigo para o túmulo.

— O-O que foi, caras? — gaguejei.

— Não importa quantas vezes pedimos a Jilk para se encontrar com ela, ele nos recusou. Você tem nossos agradecimentos, Barão Bartfort. E pedimos desculpas pela impertinência que mostramos antes!

— Nós lamentamos!

Era como estar de volta ao Japão, cercado por um grupo de veteranos de um clube esportivo enquanto eles abaixavam a cabeça em um pedido de desculpas para mim.

Foi… Levemente aterrorizante. Sim, não tinha ideia do que estava acontecendo, e com certeza estava amedrontado!

Enquanto me intrigava com essa exibição, notei um grupo de servos semi-humanos parados a uma curta distância, olhando para mim. Eles não tinham essa lealdade para com sua amante, só estavam vinculados a ela por um contrato.

— Se ainda está chateado conosco, não me importo se quiser extravasar. Bata em mim, ou qualquer coisa. Farei o que precisar que eu faça se deixar a senhorita de fora. — disse o terceiranista.

— Você acha de verdade que isso me satisfaria? — eu sorri.

Ele riu.

— Se não, teria que me ofender. Vou colocar minha vida em risco de uma forma ou de outra, se for preciso.

Este homem estava disposto a entregar sua vida por Clarice? Parecia que ele realmente faria isso também, o que era o que mais me enervava. Posso ter ficado com um pouco de inveja da lealdade que ela inspirava.

No entanto, no momento em que Clarice ouviu-o dizer essas palavras, ela se levantou de um salto.

— Espere um momento! Acha que vou deixá-lo fazer algo assim? A culpa por este incidente é minha. Todos vocês apenas seguiram minhas ordens. Isso é tudo o que houve.

— Mas minha dama…

Enquanto discutiam sobre quem deveria assumir a responsabilidade pela bagunça, eu suspirei.

— Seu pequeno ato inspira simpatia, mas pode cortar a teatralidade? Não estou interessado em culpar ninguém. Soa como um belo aborrecimento. Odeio confusão.

— V-Você… Isso é… — o aluno do terceiro ano gaguejou.

— Bem, tudo bem, então. Então vai nos perdoar?

Por que iria manter um rancor contra Clarice? Jilk era o verdadeiro culpado aqui no que me dizia respeito. Se tivesse mostrado um pouco de consideração por Clarice para começo de conversa, nada dessa situação teria acontecido. Jilk sem dúvida era uma criança problemática.

— Senhorita Clarice, chega de desânimo. Há muito mais peixes no mar. — eu disse.

Clarice baixou o olhar e deu um sorriso débil.

— Há uma pessoa gentil sob essa personalidade distorcida.

Evidente que Luxion sentiu a necessidade de intervir em meus ouvidos.

— Ela o entendeu completamente mal. Você não está distorcido… Está distorcido além do reconhecimento.

Ignorei sua baboseira; a única preocupação secundária para a qual tinha espaço eram aqueles servos semi-humanos direcionando olhares frios para mim do outro lado da sala.

— Não posso dizer que entendo como se sente, mas você está causando problemas para outras pessoas, então agradeceria se parasse. — eu disse a Clarice.

— Eu irei. Embora seja um pouco tarde para recuperar minha reputação. Já fui longe demais.

Havia uma tristeza em seu sorriso e, atrás dela, um dos escravos sorriu significativamente, como se tivesse que esfregar isso. Que arrepio.

— Não se preocupe. Você é uma boa mulher. Ninguém que valha a pena vai se importar com essa aventura de verão.

Olhei para seus servos.

— Embora, acho que deva fazer algo sobre esses caras.

Ditos caras perderam de imediato a compostura. Sem dúvida Clarice tinha sido uma grande amante para eles, conveniente, pode-se até dizer. Aposto que todos odiavam a ideia de perdê-la.

— Você certamente tem jeito com as palavras. — Clarice meditou. — Foi assim que conquistou Angelica?

— Sou apenas honesto. O digo como o vejo.

O terceiranista bufou.

— Com certeza.

Clarice deu um pequeno aceno de cabeça.

— Sim, darei o meu melhor. Estou cansada de viver assim. Era como… Sabia que nada que fizesse chamaria a atenção de Jilk do jeito que queria, mas fiz mesmo assim. Que tolo da minha parte.

Droga, Jilk, sério? Tinha uma garota que obviamente se importava tanto contigo que chegou tão longe e você a trocou por Marie? Eita. Cabeça oca.

Aquela garota não era nada além de problemas. Como se já não me enfurecesse, sua luxúria de harém reverso tinha levado uma aluna gentil e honesta como Clarice para o lado sombrio do hedonismo escravista. E tudo isso por um homem que a abandonou. Ugh. Por que não posso conquistar uma mulher assim?

Para piorar as coisas, aqui estava eu, limpando a bagunça de Jilk para ele. Ugh, não suportava aqueles perdedores. Sendo honesto, não teria nada a ver com Jilk se pudesse evitar, porém esse era um dos interesses amorosos. Se ignorasse sua bagunça como estava, é provável que causaria mais problemas no futuro, e essa era a última coisa que eu precisava. Tinha que continuar me envolvendo para o meu próprio bem.

Além do mais, era como o príncipe havia dito. Clarice só teria sofrido se tivesse continuado como estava. Eu me importava muito mais com o seu futuro do que com o de Jilk.

Pouco depois, Clarice começou a chorar novamente, então comecei a recuar, sentindo que minha parte havia acabado. Além disso, era eu o único que queria chorar. Todos os meus esforços hoje não me levaram mais perto da minha própria busca de casamento. Tudo o que consegui fazer durante o festival foi ganhar o suficiente para construir uma mansão.

Espera. Isso não é incrível por si só? Fiz uma matança!

Clarice interrompeu assim que saí pela porta.

— Ah, Leon? Acho que deveria ir ver Angie. Acredito que algo aconteceu entre ela e aquela bolsista enquanto você estava na pista.

Ah, não, o que é agora?

 


 

Tradução: Demiurgo

Revisão: Bravo

QC: Errei

 

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