Otomege: O Mundo dos Otome Games é Cruel Para Mobs – Vol. 01 – Cap. 04.1 – A Protagonista e a Vilã

 

Parte 1

Bem, várias semanas se passaram desde a cerimônia de entrada.

Não houve nenhum evento digno de nota ou qualquer coisa desse tipo para um mob como eu, e estava por fim me acostumando com essa vida desconhecida na academia.

Em termos de jogos, esse é o momento em que a protagonista terminaria de se encontrar com os alvos de captura masculinos. Agora que as bandeiras foram erguidas em rápida sucessão, suponho que este seja o momento em que ela se familiariza com os alvos de conquista.

Talvez, já que a verdadeira protagonista é astuta, este seja o momento em que está pensando em com quem vai se aproximar?

Então, suponho que também seja nessa hora que a vilã apareceria e diria “Conheça seu lugar”. Não consigo me lembrar dos detalhes muito bem, pois joguei o jogo várias vezes e acabei usando a função de pular para folhear o texto.

Bom, vou deixar a história da protagonista e companhia sozinha sem me envolver.

Agora que estou começando a me acostumar com a vida nos dormitórios dos alunos, estou no processo de decidir com quais amigos me associar.

Estou falando sobre Daniel e Raymond.

Também é porque os dois foram colocados perto de mim, mas o ambiente em que fomos criados era praticamente o mesmo. Devido a isso, as conversas entre nós fluíam.

Estávamos em um banco no pátio da academia.

Nós três estávamos sentados enquanto conversávamos sobre os planos para uma cerimônia do chá no início de maio.

— Então, o que fazer na cerimônia do chá? É provável que deveríamos escolher quem convidar, certo?

No recesso de maio, as garotas têm folga, porém é diferente para os garotos. É quando eles podem convidar as garotas para cerimônias do chá para encurtar a distância com elas.

Não é um evento em que alguém pode enviar um convite a outra como um playboy faria. É preciso escolher uma parceira adequada de uma família da mesma categoria para convidar.

Então, eles têm que abrir adequadamente uma cerimônia do chá e não ser rudes com sua parceira.

As cerimônias do chá se tornaram um acontecimento extraoficial na academia… Eles preparam aulas para os garotos sobre como receber as mulheres como um cavalheiro, e isso para que possam exibir-se no intervalo de maio.

Raymond baixou os olhos para a preocupação de Daniel.

— Temos nossas mesadas de casa, contudo não podemos fazer uma cerimônia do chá luxuosa. Qualquer garota serve desde que participe da minha cerimônia do chá.

A academia custa dinheiro, embora não sejamos cobrados pelas despesas de subsistência, como mensalidades ou refeições. Os garotos, em particular, pagam uma boa quantia em dinheiro e é algo que não conseguem contornar.

Ainda que eu tenha algum dinheiro de reserva, não é motivo para gastá-lo e não quero usá-lo.

Por que temos que usar uma grande quantidade de dinheiro para agradar uma garota?

O problema dessa cerimônia do chá… É que se alguém evita em fazê-la ou apenas não faz uma, as garotas começarão a espalhar boatos sobre por meio de sua rede. Elas vão espalhar conversas sobre como essa pessoa não realizou uma cerimônia do chá e os colocaria em desvantagem quando se tratasse de casamento.

Mesmo que não estejam interessados ​​em uma parceira, ainda é necessário fazer uma cerimônia do chá sólida.

Assim como nós compartilhamos nossas informações, as garotas também compartilham suas informações. Tornar-se inimigo das garotas significa fazer com que espalhem boatos ruins, tornando as coisas tediosas.

Este é mais um aspecto em que os garotos estão em desvantagem. Em primeiro lugar, como as meninas ocupam uma posição forte nos casamentos, acabamos ficando com uma posição fraca.

Então, há um problema.

Meus méritos me permitiram exercer independência após a formatura e sou visto como uma pessoa rica pelo que me rodeia. Elas estão cientes de que coloquei minhas mãos em tesouros de ouro e prata.

— Isso significa que tenho que fazer uma cerimônia formal do chá? Parece que sim. Sendo honesto, isso me deixa incomodado.

Enquanto nós três estávamos desanimados antes da cerimônia do chá de maio, vimos Julius, que poderia ser descrito como um vencedor, caminhando com seguidores e mulheres que o acompanhavam.

Perto dele estava um de seus amigos íntimos e guarda-costas que era o herdeiro de uma família de um visconde — seu irmão adotivo, Jilk Fia Marmoria.

Seu cabelo era de uma cor verde profundo e comprido que levantava uma dúvida se aquele era realmente seu cabelo natural. Seus olhos verdes caídos contrastavam com o brilho penetrante do príncipe.

Embora ele seja de uma família de visconde da corte real, também é um amigo próximo do príncipe a ponto de ser um irmão adotivo. É óbvio que terá uma posição importante no futuro.

As garotas que falam com ele têm corações nos olhos, e há garotos de famílias de condes de alto escalão próximas e distantes que o seguem e o servem com orgulho.

— Você vai abrir uma cerimônia do chá em maio, Vossa Alteza?

— Eu quero participar.

— E-Eu também!

Olhando para as garotas que queriam ser convidadas para a cerimônia do chá do príncipe como cachorros abanando o rabo, tivemos que nos conformar com a realidade.

Raymond cobriu o rosto com as duas mãos.

— … Já que Sua Alteza e outras famílias nobres estão aqui, vai ser um grande obstáculo.

Daniel deixou cair os ombros.

— Perdoem minha franqueza, no entanto não é bom fazer uma comparação entre ele e nós.

Olhando para a cena de inveja do príncipe e dos outros, uma garota então apareceu. Ela tinha seguidores ao seu redor. Logo ficou claro que tinha um status social elevado…

Esta pessoa é filha de um duque, Angelica Rapha Redgrave. Ela é uma garota com cabelos loiros que pareciam brilhar e tinha um penteado para cima. Sua pele branca era adorável e seus olhos vermelhos eram ferozes.

Seus olhos davam uma forte impressão e fariam alguém logo perceber que havia algo diferente entre ela e os outros.

Parecia que Angelica e o príncipe eram pessoas que naturalmente tinham algo sobre eles.

Acredito que por dentro, a protagonista sem dúvida tem algo grandioso sobre si mesma também. Com certeza, havia alguma coisa sobre que fazia reconhecer à primeira vista que ela tinha uma sensação diferente das pessoas normais.

Caso contrário, tenho certeza de que o príncipe herdeiro e os outros alvos de conquista não teriam pendido em sua direção.

Embora possa parecer normal, a protagonista possuía uma aura única ao seu redor.

— Aquela é noiva de sua Alteza o príncipe herdeiro?

As garotas que cercavam o príncipe e Jilk se distanciaram mais rápido do que poderia dizer. Parecia que elas não eram idiotas que tentariam ser convidadas bem na frente da noiva do príncipe.

Nenhuma delas quis dizer uma palavra.

Os olhos de Angelica ficaram um pouco aguçados.

— Príncipe herdeiro, Vossa Alteza, tenho algo para falar sobre a cerimônia do chá de maio. Está tudo bem se formos juntos?

Dentro da academia, diz-se que não se deve abusar da autoridade de sua posição nem do poder de seus pais, mas tal coisa não pode ser impedida no mundo real.

Julius deu um pequeno suspiro.

— Angelica, você está coagindo as pessoas ao redor. Esta é a academia.

— Certo, estou ciente, no entanto… As pessoas ao seu redor são muito barulhentas, príncipe herdeiro, Vossa Alteza.

Não havia idiota na academia que fosse contra a filha de um duque.

As garotas desajeitadamente desviaram o olhar de Angelica.

— Suponho que seja a rival da protagonista. Tenho a forte sensação de que é uma inimiga formidável.

Enquanto murmurava para mim mesmo, havia uma garota permanecendo no lugar onde a multidão havia se dispersado.

Cerrei meus olhos ao vê-la.

Se Angelica era considerada uma mulher bonita, então essa garota se sentia uma pessoa pequena e fofa.

Era uma garota com cabelos loiros, olhos azuis e a filha de uma família de viscondes.

O nome dela era Marie Fou Lafan.

Ela é alguém de quem nunca gostei.

Fico irritado apenas olhando-a, contudo não era um sentimento de ódio, mas algo complexo… Não consigo colocar em palavras.

Jilk percebeu que ela estava olhando na direção deles com seus olhos azuis e notificou o príncipe.

— Sua Alteza.

— Hmm? Aah, é a Marie. Perfeito, estava te procurando. Poderia vir aqui?

O príncipe sorriu enquanto olhava para Marie.

As sobrancelhas de Angelica se moveram com uma contração.

Quando um de seus seguidores sussurrou sobre Marie em seu ouvido, suas sobrancelhas franziram grandiosamente.

Marie foi até ele desde que a chamou, e a sensação de tensão aumentou no local.

Parecia que Daniel, com as mãos sobre o estômago, queria fugir no ato.

— Não posso ir para casa?

Uma discussão estava surgindo perto do banco, porém nós nos destacaríamos se nos levantássemos e fugíssemos. Raymond balançou a cabeça.

— Não. É melhor não se mexer até que acabe. Considerando todas as coisas, talvez ela seja a garota dos boatos.

Boatos?

— Você sabe quem ela é, Raymond?

Preocupado com Marie, perguntei sobre e descobri que a mesma era bastante famosa.

— Você não sabe, Leon? Tem havido conversas a respeito. Marie deu um tapa em sua Alteza Julius.

Daniel ficou surpreso ao ouvi-lo dizer isso.

— … Deve ser mentira, certo? Ouvi dizer que quando ela jantou com um nobre de prestígio, pediu um bife e o comeu vigorosamente. Esse é o boato que conheço.

Desta vez, foi Raymond que ficou surpreso.

— Hã? É assim mesmo? Não ouvi falar de um boato como esse. Ao que tudo indica, parecia que Julius de fato a perdoou pelo tapa enquanto sorria.

Virou uma conversa sobre a clemência de Julius, contudo essa Marie não conhece o ambiente? Então temos ela comendo um bife como um homem faria… Hmm?

— Tapa… Bife?

Há algo sobre isso em minhas memórias, porém não consigo me lembrar.

Em seguida, Marie chamou Julius com uma voz adorável.

— Você poderia me convidar, sua Alteza?

— Na verdade, os garotos têm planos de organizar cerimônias do chá em maio. Já que não quero fazer algo chamativo, planejei convidar apenas conhecidos. Então, queria convidá-la também.

Ouvindo isso, Angelica se opôs.

— Príncipe herdeiro, Vossa Alteza, existem regras para as cerimônias do chá também. Não vou dizer que precisa ser chamativo, mas uma escala adequada.

Julius não parou, no entanto.

Então me lembrei dessa cena.

— Não foi este o evento de coerção do jogo?

Só que olhando ao redor, não parece que a protagonista está aqui. Quando me movi tentando encontrar seu rosto enquanto estava inquieto, Raymond parecia ter percebido.

— O que você está fazendo?

— Bem, há alguém que estou procurando… A aluna de honra está aqui?

Raymond também olhou para os arredores, mas balançou a cabeça.

— Ela não está aqui. Para começar, a aluna de honra não se misturaria aqui. Olha, fica quieto. Aguente o que está sentindo até que a tempestade passe.

Não podemos escapar.

De vez em quando, alguns alunos tentavam entrar no pátio, porém fugiam ao perceber o clima estranho. Tenho inveja daqueles que conseguiram escapar.

O príncipe parecia um pouco irritado enquanto discutia com Angelica.

— É o bastante, Angelica. Esta é a academia. Sou apenas um estudante aqui. Você é minha noiva, contudo não é motivo para interferir tanto.

Angelica recuou depois de ouvir isso.

— … Desculpe minha descortesia.

Dizendo isso e se afastando, Angelica olhou para Marie no final antes de sair.

Seus seguidores ao redor também se voltaram para Marie com olhares severos.

— Minhas desculpas, Marie. Fiz você se sentir mal.

— N-Não, estou bem, no entanto é mesmo bom que eu participe?

Jilk encolheu os ombros enquanto sorria.

— Sua Alteza não gosta de formalidades. Ele espera uma cerimônia do chá com um humor leve. Com certeza é do seu desejo que você participe Marie. Além disso, Sua Alteza nunca esteve tão ansioso por convidar uma mulher até agora.

Jilk riu enquanto o príncipe desviou o olhar envergonhado.

— D-De qualquer forma, quero que você participe. Bem, vamos, Jilk.

Quando o príncipe e Jilk começaram a se mover, seus seguidores também partiram, no entanto eles também olharam para Marie com um olhar complicado.

Daniel e Raymond foram revividos depois de por fim terem sido libertados, porém olhei para o semblante de Marie.

Talvez sem pensar que alguém estivesse olhando, Marie negligentemente deixou algo escapar por um momento. Foi realmente apenas um momento ── mas ela deu um leve sorriso.

Afastando-me de Marie assim, juntei-me aos dois para deixar o local.