O Paladino Viajante

O Paladino Viajante – Vol. 02 – Cap. 03.1

 

— Nosso gado todo foi aniquilado, e um monte de ferramentas insubstituíveis foram destruídas.

— Uau…

Os aldeões ainda tinham muitos problemas, mesmo depois de tomar de volta a aldeia das mãos dos demônios. Muitos de seus animais e ferramentas foram perdidos. Os aldeões tinham expressões sérias em seus rostos enquanto discutiam o problema de todos os ângulos.

— Nóis precisa pegar estoque no Veleiro Branco…

— Mas e o dinheiro?

— Precisamos de ajuda também.

Uma palavra desconhecida surgiu em sua conversa, então perguntei a Menel.

— O que é Veleiro Branco?

Menel olhou para mim como se estivesse olhando para um alienígena. “Veleiro Branco” era o nome de um lugar que você não poderia deixar de saber se passasse algum tempo morando aqui?

— Está tudo certo com você, sério? — Ele perguntou. — Você estava vivendo em uma caverna? — Então ele me deu um breve resumo da história desta região.

Aparentemente, a era de Sanguinário e Maria era agora referida como a Era da União, na qual todos os tipos de raças formaram uma grande confederação. Com exceção de regiões como essa na fronteira, essa era a era pacífica de ouro, sem muitos conflitos.

No entanto, o influxo de demônios que se seguiu causou o Grande Colapso e a União se desfez. Southmark se perdeu sob a enxurrada de demônios. Os Cem Heróis, que se referiam ao Sanguinário e aos outros que o ajudaram, mataram o rei dos demônios, mas mesmo assim a humanidade foi forçada a abandonar este continente por um tempo.

Atravessando o canal e o mar interior chamado Mar-Médio, a humanidade recuou para o Prado no norte. Mas, como resultado do Grande Colapso, o governo central do Prado perdeu sua capacidade de governar e o continente se fragmentou em pequenas regiões que disputavam o poder. As disputas entre todas as facções militares não tiveram um final rápido, e enquanto isso continuava, nenhuma divisão viu boas razões para interferir com as trevas em Southmark, o mais distante de todos os lugares e repleto de mortos-vivos, demônios e goblins.

Depois que o Reino Fértil unificou a parte sudoeste do Prado, isso mudou um pouco. Nas últimas décadas, eles estavam se expandindo e reconstruindo com uma visão para retomar Southmark, e Veleiro Branco era a cidade portuária que atualmente era o coração do esforço de assentamento vindo do norte.

Não admira que ele tenha me dado aquele olhar de absoluta descrença por não saber.

De qualquer forma, Veleiro Branco, que era o porto no lado norte de Southmark e a base para o seu projeto de assentamento, estava aparentemente lotado de navios de imigração e navios comerciais. E com tantas pessoas entrando e saindo, era natural que pessoas suspeitas, pessoas com segredos e pessoas forçadas a deixar suas terras natais também aparecessem.

Procedimentos de imigração adequados eram tão bons quanto inexistentes nessa época, então, é claro, não havia como impedir esses tipos de pessoas. Alguns mergulharam de cabeça na base do crime organizado em Veleiro Branco, enquanto outros fugiram, fizeram casas e fizeram campos nas bordas das terras fronteiriças, onde a influência dos que estavam no poder não chegava. Assentamentos independentes como esses existiam em vários lugares na Floresta das Bestas.

— Deixando esse tipo de gente de lado, muitos aventureiros passam por aqui também. Mesmo que você possa perguntar o quão diferente os dois realmente são…

Um “aventureiro”, ele disse, era um trabalho no qual você ganhava seu pão diário explorando as ruínas da Era da União e fazendo trabalhos do tipo mercenário. Os aventureiros não eram membros de uma única organização; eram vagabundos, tinham em quase qualquer cidade grande, que trabalhavam em tabernas especiais. A maioria era de pessoas sem sorte e incapazes de ganhar a vida, mas era por isso que viam as ruínas da Era da União como a chave para realizar seus sonhos.

— No caso improvável de encontrar um pote de moedas de ouro ou algo assim, boom, você está rico. Toda a sua vida gira ao redor do dinheiro. As pessoas que sonham em atingir a grandeza se chamam de aventureiros e se aglomeram aqui. Porém, não são apenas eles, para ser justo. Há também pessoas que esperam se tornar heróis, pessoas como você que tiveram revelações de seu deus, tem de todos os tipos.

Então você não poderia generalizá-los como apenas pessoas que vivem na pobreza. Parecia ser um trabalho bastante complicado.

— Você também tem suas próprias razões, certo? — Ele perguntou. — Você está tendo revelações e ajudando as pessoas, então provavelmente também está tentando espalhar sua fé ou algo assim, não é? Quero dizer, o continente do sul costumava ter uma fé profundamente enraizada em Gracefeel.

— Hmm… Você poderia me dizer mais sobre isso?

Fiz algumas perguntas e fiquei sabendo que o deus da chama aparentemente havia formado a base da fé religiosa das pessoas aqui em Southmark.

No entanto, a enxurrada de demônios causada pelo Grande Colapso duzentos anos atrás fez uma bagunça em Southmark e, como resultado, os seguidores de Gracefeel se dispersaram. Alguns mal conseguiam fugir para o Prado no norte e manter seu nome vivo. Mas, ao contrário dos principais deuses, cujos fiéis eram numerosos e não isolados de áreas específicas, os fiéis de Gracefeel pareciam ter diminuído consideravelmente.

Demônios e bestas estavam correndo soltos. Havia muitas aldeias onde o povo mal conseguia se dar bem e às vezes ficavam desesperados o suficiente para se tornar ladrões. A fé estava diminuindo ao ponto de desaparecer completamente. As coisas estavam terríveis de várias maneiras. E sabendo que a missão que me foi dada pelo meu deus era fazer algo sobre isso de alguma forma me fez se sentir ainda pior.

Sanguinário, Maria, Gus? O mundo é um lugar realmente assustador, lamentei dentro da minha mente. Então lentamente respirei e saí novamente.

Para ser sincero, isso era descaradamente pesado demais para mim, e eu realmente gostaria que alguém fizesse isso, mas fiz um juramento ao meu deus e decidi viver uma vida adequada. Em nome da minha fé, decidi fazer o máximo que puder.

— Primeiro de tudo. Esta aldeia.

— Sobre isso. Você já fez o suficiente, então me desculpe por perguntar isso, mas as pessoas aqui não têm dinheiro. Se possível, eles gostariam de pedir…

— Menel, vamos explorar algumas ruínas! Vamos dividir tudo o que encontrarmos!

— O quê? — Menel ficou boquiaberto.

 

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— Eu não posso acreditar que você é bom em explorar as ruínas também…

— Estou acostumado…

Menel e eu conquistamos as ruínas que cercavam a aldeia e vimos os espíritos dos mortos-vivos errantes ao mesmo tempo.

Fui jogado na cidade subterrânea dos mortos e tive um treinamento muito duro nas mãos de Gus e Sanguinário, então eu era relativamente bom nesse tipo de coisa. A experiência passada de Menel como um aventureiro também o ajudou bastante; ele era muito rápido.

Ao coletar dinheiro e itens mágicos das ruínas, Menel conseguiu a quantia de que precisava para reconstruir a aldeia, e consegui reabastecer os vários suprimentos que consumi. Disseram-me que havia muitas ruínas intocadas por aqui, então parecia que eu seria capaz de acumular os fundos que iria precisar por conta própria, pelo menos por enquanto.

— Sério, quem é você… — Menel perguntou em voz alta.

— Você não ia forçar, não é?

— Sim, e eu estou aderindo a isso, mas… porra.

Eu estava em uma jornada para o norte com Menel agora. Nossos destinos eram os mesmos, Veleiro Branco, a cidade mais próspera de Southmark, mas nossas razões para ir eram diferentes.

Para Menel era simples: ele precisava ir lá para comprar os animais de carga e várias ferramentas de que a aldeia de Marple precisava.

Quanto a mim, tinha muitas razões. Eu queria ajudar Menel, queria aprender sobre as atividades dos demônios na Floresta das Bestas e queria obter mais informações sobre os continentes e países deste mundo. Fazer alguma coisa sobre o comportamento suspeito dos demônios, espalhar a fé no deus da chama, ajudar os vilarejos, todos eles exigiam primeiro ir para uma cidade onde as pessoas e as coisas se reunissem.

Nós estávamos andando pela Floresta das Bestas. A vista ao redor da trilha quase não mudou, e a floresta densamente arborizada deixava pouca luz passar. Felizmente, com o fim do inverno, os arbustos e a vegetação não eram tão densos, mas, mesmo assim, passamos tanto tempo que começamos a nos sentir como se estivéssemos andando em círculos. Eu não tinha visto nada além desse mesmo tipo de cenário por vários dias.

Hoje, também, andamos cerca de metade do dia e, quando o sol começou a brilhar no alto do céu, não consegui mais segurar.

— Estamos fazendo progresso… certo?

— Claro que estamos, — Menel disse. — Começando a se cansar?

— Mais ou menos.

— Bem… não posso dizer que te culpo. Eu não posso esperar ir para uma aldeia em outro lugar, ou pelo menos para uma planície agradável e aberta. As rotas de trigo devem estar balançando ao vento nesta época do ano. Deve ser muito bonito.

— Oh, isso parece muito legal, — eu disse, ficando um pouco animado quando imaginei a vista.

Então, um longo, alto e penetrante grito preencheu o ar, e uma segunda voz com ele.

— A… Ajuda! Alguém!!

Menel e eu nos entreolhamos e imediatamente corremos na direção da voz.

 

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Houve um grito ensurdecedor.

Veio de um macaco gigante com pelo castanho escuro. O macaco tinha mais de dois metros de altura e calculei seu peso em cerca de trezentos quilos.

Era enorme. Seus braços eram grossos, assim como as pernas. Seu torso, seu pescoço, seus lábios, seus olhos, tudo era grande e volumoso. Isso me lembrou das representações que li em histórias de artes marciais na minha vida anterior.

Houve outro grito estridente. Duas pessoas correram freneticamente em nossa direção e fugiram do macaco. Um deles era um homem esquelético com uma mochila nas costas, que parecia ser um vendedor ambulante. A outra, carregando um instrumento de cordas de algum tipo nas costas, era uma garotinha, não…

— Um halfling, huh — Menel murmurou.

Ela era definitivamente muito baixa e uma corredora bem rápida para seu tamanho. Suas orelhas eram pontudas como folhas e seu cabelo era vermelho e encaracolado. Eu aprendi sobre halflings de Gus, eles eram uma tribo vagabunda de pessoas alegres que gostavam de cantar, dançar e comer… Hmm, agora não era a hora de pensar nessas coisas.

Os dois correram loucamente em nossa direção. A menina baixinha alcançou o homem e seus bens e começou a passá-lo.

— O que você está fazendo?! — ela chorou. — Largue! Largue, seu idiota!

O vendedor ambulante parecia medonhamente pálido e estava suando profusamente enquanto tentava correr.

— Mas… — ele começou.

— Sem mas! Oh, por que eu?!

Antes que eles pudessem brigar mais, o macaco gigante os atacou, e com dois grunhidos simultâneos eles se afastaram em direções opostas. Aproveitando seu pequeno corpo, a garota entrou em uma área fortemente obstruída por galhos.

Parecia que ela seria capaz de fugir.

Mas ela olhou para o vendedor ambulante e viu que agora ele era o único a ser perseguido. Seus olhos ficaram firmes com determinação. Gritando:

— Ei! Por aqui! — Ela pegou um galho de árvore e jogou no macaco. Evidentemente, ela estava esperando chamar sua atenção para ela.

Eu entrei entre a garota baixinha e o macaco em vez disso.

— Olha um… ah?! Quem… Cui…Cuidado…!

Quando o macaco gigante viu que eu entrei na frente, parou. Seus grandes globos oculares rolaram em suas órbitas para mim, e ficou olhando. Então, sua enorme boca se abriu e rugiu e me ameaçou com seus longos e grossos caninos. Sua raiva fez o ar tremer.

Olhei para seus olhos sem piscar.

Ele rugiu novamente, batendo no peito com as palmas das mãos. O som era incrível, como se estivesse batendo em enormes tambores.

Continuei olhando para seus olhos sem piscar.

Na minha visão periférica, Menel parecia estar ajudando o vendedor ambulante a se levantar, mas eu não tirei os olhos do macaco. Continuei olhando. O macaco estava olhando para mim enquanto emitia um grunhido muito baixo. Sanguinário me disse que em um encontro com um animal selvagem, você perde no momento em que desviar o olhar.

Vem, então. Quer lutar? Eu luto com você.

Continuei olhando intensamente, deixando o macaco saber que eu estava mais do que disposto a lutar. Seu rugido ficou cada vez mais fraco, e começou a recuar. Finalmente, a competição de olhares foi terminada pelo macaco quebrando seu olhar, e ele se virou e voltou para as profundezas da floresta.

Eu suspirei.

Eu não tive que lutar. Que alívio, pensei, e me virei.

— Você está bem? — Eu disse, e a menina halfling veio correndo para mim.

— O que é que foi isso?! O que foi isso, aquilo foi loucura, loucura, loucura! Ei me diga, me diga, quem é você, um aventureiro?! Macacos gigantes não param só porque você olha para eles, é só uau, quero dizer, uau!

Seus olhos estavam brilhando com curiosidade.

 

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— Eu sou Robina! Robina Goodfellow! Sou uma trovadora, canto, danço, vou onde o vento me leva, você pode me chamar de Abelha! E esse panaca é um vendedor ambulante, ele é Antonio! Mas chamo ele de Tonio! Os navios da empresa comercial para a qual ele trabalhava afundaram um após o outro e ele se perdeu, e agora ele se passa como vendedor ambulante nas estradas rurais da fronteira!

Robina tinha cabelo encaracolado e vermelho, e um físico infantil. Uma garota halfling, posso chamá-la de garota? Uma “jovem”, talvez? Ela parecia pequena, mas provavelmente ela tem uma vida mais longa do que os humanos, então eu não tinha certeza da sua idade. O que eu sabia: ela falava muito. Nunca conheci alguém como ela antes.

— Hahaha… eu não acredito que tenha sobrado algo para eu dizer. Olá, meu nome é Antonio. Por favor, sinta-se livre para me chamar simplesmente de Tonio. Como Robina diz, sou um vendedor ambulante. Estava no meu caminho de volta para onde estou instalado em Veleiro Branco, quando… bem, foi por muito pouco. Obrigado, de verdade.

Antonio era um homem barbudo com seus trinta e poucos anos. Ele parecia pacífico e amigável, mas um pouco fatigado, sem qualquer esforço… Sim, sem ofensas, mas eu podia entender o “panaca” de Robina.

— Sou Meneldor. Eu costumava ser um aventureiro, mas agora sou um caçador. Estava indo para a cidade comprar algumas coisas. E isso é… — Menel olhou para mim.

Auto introduções nunca foi o meu ponto forte, nem no meu mundo anterior, e nem no presente. Eu sempre ficava nervoso em momentos assim.

— William. William G. Sanguimari. Sou um aventureiro e um sacerdote do deus da chama, Gracefeel. — Fiz questão de sorrir. — Podem me chamar de Will. — Sim, isso provavelmente era aceitável.

— Woww, esse é o nome de um nobre de verdade, espera você disse Gracefeel?! Gracefeel é aquele do sul! O deus que basicamente não tem mais sacerdotes! Whoaaa, que interessante! E você não é apenas um sacerdote, também é um guerreiro habilidoso? Quero dizer, você deve ser, quem mais fica no caminho de um macaco gigante? Então você é ou não?

— Você está certa, — Menel disse em meu nome. — Ele parece um pouco lento, mas é ridiculamente bom. Quer dizer, eu tenho andado com ele e quase não há um único animal nos atacando.

— Você quer dizer que até as bestas sabem o quanto ele é forte e o evitam?! Whoaa, isso é incrível!

Hmm?

— Normalmente há muitas bestas por aqui? — Eu perguntei.

 

— Eu diria que sim… É por isso que se chama Floresta das Bestas. — Até Antonio estava olhando para mim como se eu tivesse algo errado comigo.

— E vocês dois, estão sozinhos? — Menel perguntou, olhando ao redor. — Vocês não tem guarda-costas? Eles estão mortos ou algo assim?

— Bem, sobre isso, sabe… eu tenho vergonha de admitir que quando corremos do macaco gigante, todos eles fugiram…

— E eles fizeram tanta coisa que o macaco ficou irritado e depois viu o que aconteceu! Macacos gigantes não atacam as pessoas normalmente! — Robina parecia muito frustrada. — Eles pareciam assustadores, mas são realmente muito legais!

Quando Menel ouviu isso, começou a rir muito.

— Então eles apareceram totalmente despreparados, arrancaram o pagamento adiantado e fugiram! Você precisa pensar melhor antes de contratar as pessoas, irmão, se você vai ser um comerciante! — Ele bateu no ombro de Antonio várias vezes simpaticamente. Antonio parecia envergonhado e tímido.

Parecia que isso era algo que todo aventureiro passava uma ou duas vezes. Isso foi um pouco chocante… Mais importante ainda, porém, isso significava que esses dois haviam perdido sua proteção.

— O que vocês vão fazer agora? — Perguntei. — Se quiserem…

— Nós podemos ir junto se vocês quiserem, — Menel concordou. — Você pode nos pagar depois. — Seus olhos estavam dizendo: Você deixa a negociação para mim! Então fui forçado a manter minha boca fechada.

— Hmm. E como você gostaria que nós fizéssemos isso?

— Estou querendo comprar alguns animais de carga de Veleiro Branco. Eu tenho ajudado esse cara com exploração de ruínas, e nos saímos muito bem com isso, então quero usar o dinheiro para tirar a pressão das pessoas na vila.

— Ah, entendi! Sim, eu não me importaria de te ajudar com isso, é claro. Tenho conexões com um comerciante que posso te apresentar.

— Isso seria de grande ajuda. Desculpe por te incomodar. Esse cara pode ser um pouco… Seu conhecimento do mundo tem alguns buracos.

— Oh, então eu estava certo com a coisa nobre de nascimento? Ele meio que te dá esse sentimento, não é mesmo?! Protegido talvez, ou ingênuo…

— O… Olha, não tem sentido dizer de onde eu vim, você provavelmente não acreditaria em mim, e de qualquer forma, não é algo que eu possa ir espalhando por aí…

— Então você é um aventureiro de uma casa nobre que tem que manter seu passado em segredo por causa de negócios nobres?! Entendi! E não só isso, um sacerdote de deus esquecido! Wahaaa! Quão mágico! O meu cérebro poeta está amando isso!

Espere… Quê? Parecia que não importava o que dissesse, só aprofundava o mal-entendido dela…

 

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O que se seguiu foi vários dias a mais ao longo da trilha pelo imutável cenário de inverno tardio da Floresta das Bestas.

Robina e Antonio rapidamente se tornaram Abelha e Tonio. Tonio era gentil e habilidoso em diminuir a distância entre ele e os outros; quanto a Abelha, ela não continha nada de volta, a ponto de eu achar duvidoso que o conceito de proximidade com outras pessoas existisse em sua cabeça, para começar.

Toda vez que chegávamos a uma aldeia, ela gritava algo como:

— Woohoo! Aqui estou eu, baby! — Com uma risada alegre e barulhenta, e se certificando de que todo mundo tenha um tempo selvagem. Depois que ela cantou, dançou, animou o lugar, e teve muitos trocados jogados nela, Tonio então se abriria. Até então, todos estariam de bom humor.

Eles eram uma combinação bastante eficaz. Até mesmo Menel ficou impressionado com a forma como faziam negócios. Segundo ele, havia vendedores ambulantes bons e vendedores ambulantes ruins, assim como tudo mais. Nem todos eram como Tonio; havia também muitos vendedores agressivos e outros que não eram muito diferentes de pequenos ladrões. O que provavelmente significava que era verdade que Tonio tinha vindo originalmente de uma empresa respeitável.

Tonio agora me tinha com ele, e ele estava colocando este novo elemento para um uso fantástico também. Abelha reuniu as pessoas, depois perguntei se havia algum doente ou ferido entre elas, dei a eles tratamento e fizemos a transição de uma celebração da sua recuperação para uma festa. Aparentemente, as partes estavam entrando em ritmo ainda mais rápido agora por causa dessa nova abordagem.

— Tudo bem, — eu disse. — Mostre-me seu machucado.

Conjurei os milagres Curar Doença e Fechar Feridas em todos que eu podia.

Assim como a essência da magia era a criação do caos usando as Palavras, a essência da bênção era reescrever a realidade usando a influência e a benevolência dos deuses, os seres superiores deste mundo. Era realmente aterrorizante como as pessoas eram curadas, como se nada tivesse acontecido, quase como apagar uma parte de um desenho a lápis e redesenhá-lo sem esforço. A grandeza dos deuses nunca poderia ser igualada pela magia humana.

A bênção era inflexível, você tinha que se tornar o servo de uma divindade específica, cada qual tinha um foco específico, portanto, não era um superconjunto de magia, e havia alguma separação entre os dois campos, mas toda vez eu reexaminava a bênção, lembrei-me de quão incrível esse poder era.

Este poder era um que eu estava pegando emprestado de Gracefeel. Eu tinha que ter cuidado para não cair na armadilha de pensar que era o meu próprio poder. Se fizesse isso, tinha certeza de que nada de bom resultaria.

— D…Desculpe-me, — a dona de casa que eu tratei para cicatrizes de queimadura em seus braços disse, — quanto eu deveria te dar em troca por isso…?

— Oh, isso não é necessário. Estou em treinamento no momento, e seus agradecimentos devem ir para o deus da chama, não para mim. Se você ainda acha que deve alguma coisa, por favor, compre alguma coisa de Tonio. — A mulher fez uma reverência para mim várias vezes, depois foi até onde Tonio havia colocado suas mercadorias. Menel estava me dando um olhar de reprovação por me descrever como “em treinamento”.

Eu não estava mentindo… Realmente estava em treinamento…

E assim, nós caminhamos de aldeia em aldeia tratando pessoas, tocando músicas, vendendo coisas e comprando-as enquanto seguíamos para o norte por dez dias.

Eu não podia dizer o quão longe nós tínhamos viajado; os caminhos da floresta eram constantemente tortuosos e havíamos tomado muitos desvios para parar nas aldeias que Tonio conhecia. Meus sentidos me disseram que tínhamos andado bastante, mas não era fácil para uma pessoa no chão converter isso em uma distância em linha reta.

De qualquer forma, hoje era outro dia na floresta sombria.

Depois de um tempo gasto fazendo nada além de andar, houve um enorme e repentino aplauso vindo de Abelha. Enquanto eu corria até ela para ver o que estava acontecendo, meu entorno ficou mais e mais brilhante, e então minha visão clareou.

Não havia árvores à esquerda ou à direita e não havia tristeza nem escuridão.

Quando olhei para cima, a luz jorrava do sol que começara a se inclinar para o céu do oeste. Um céu azul claro de uma nascente iminente estava espalhado no alto. Abaixei meus olhos; a estrada serpenteava suavemente em direção ao horizonte, e em ambos os lados havia uma série de campos divididos, criando uma colcha de retalhos de cores lindas e naturais. Uma rajada de vento soprou e o trigo jovem e verde balançou.

Mesmo que não estivesse frio, fiquei arrepiado.

— ROTA DO TRIGO!! YAHHOOOO!!

Abelha dançou ao redor, em seguida, agarrou Tonio com as duas mãos e girou em círculos.

Menel olhou para o trigo balançando ao vento, imerso em pensamentos.

A pura expansividade da planície me deixou sem palavras por um tempo também, então Abelha agarrou minhas mãos e eu também estava dançando em círculos. Ri de mim mesmo e comecei a rir com ela.

No entanto, porque passamos tanto tempo brincando, o sol começou a se pôr bem antes que pudéssemos chegar à aldeia mais próxima. Visitar tarde da noite e ser confundido com ladrões seria simplesmente estúpido, e por acaso nos deparamos com um pequeno santuário, então decidimos montar um acampamento lá.

— Heheh, estou de bom humor hoje! — Abelha disse. — Por que eu não toco para vocês? De graça! — Ela pegou um pequeno instrumento de três cordas em forma de pêra (aparentemente era chamado de Rabeca), e colocou um arco contra as cordas com um floreio excessivamente dramático.

— Ooh! — Menel disse. — Quanta generosidade.

Ela riu com orgulho.

— Ah, certo, tem que tocar alguma coisa. Das músicas recentes… Reystov, o Penetrador, é exagerado, mas o Berkeley, Contos de Valor, é tão velho… — Ela murmurou em pensamento por um momento. — Certo, já sei! Posso tocar um dos épicos dos Três Heróis da famosa Matança do Rei Supremo. O Sábio Errante, o Ogro da Guerra e a Filha Amada! O que acham?

Achei que meu coração ia parar.

— Oh, é uma boa ideia, — Tonio disse.

— Parece uma escolha justa, — Menel disse.

— Parando para pensar sobre isso, não toco faz um tempo. Hum, o que foi, Will?

— U-uh, nada, não é nada! Por favor continue! Eu adoraria ouvir!

— Oh! Bom, legal, é exatamente o que eu gostaria de ouvir! Ok, vamos começar!

As cordas dos arcos começaram a vibrar. Era um tom triste, que fez o ar tremer, trazendo de volta lembranças de terras distantes. Meu coração estava acelerado.

— O tempo continua; ou melhor, nós somos os viajantes. — A voz de Abelha, geralmente cheia de alegria, assumiu agora um tom depressivo e lúgubre, as palavras transportando claramente através do ar da noite. — O verdadeiro forte, até mesmo o sábio engenhoso e a donzela santa, eles também perecem semelhante com as voltas da lua, até uma coisa salvo para cinza e um nome perdura…

Os sons das cordas ecoaram pelo ar.

Eles sobreviveram.

— Portanto, deixe a melodia fluir, rezando, para que suas ações sejam eternas, seus nomes heroicos ecoem através dos tempos.

O som de sua voz estava criando uma sensação indescritível de euforia dentro de mim.

Eles sobreviveram.

— Hoje à noite eu falo do assassinato do Wyvern, mas um dos muitos feitos dos três heróis… — Abelha sorriu para mim. — Todos, se eu puder ter o seu silêncio e atenção.

Eles haviam sobrevivido! Seus nomes, mesmo agora, ainda sobreviviam!

 

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No pequeno, empoeirado e mal iluminado santuário, a melodia do Rabeca ecoou com o crepitar da fogueira.

Depois de seu prólogo, Abelha falou com maestria sobre os heróis que caracterizariam a história. Eu estava em transe, quase como se estivesse flutuando no ar. Senti tanto orgulho, tanta felicidade… Tive tantas lembranças daqueles dias.

— A primeira, uma criança nascida no sul, em um remoto assentamento de selvagens. Conforme ele levantou seu primeiro choro, uma estrela caiu, é isso que dizem. A criança cresceu forte, e partiu para partes desconhecidas com sua espada demoníaca temperado por uma estrela cadente. Conhecido como o Leão, Espada Estrela, a Lâmina Contratada, Dom dos Deuses para a Guerra… este homem era Sanguinário, o Ogro da Guerra. Seu caminho era o curso de uma violenta tempestade de sangue, e seus gritos de vitória ressoaram como os rugidos de um leão.

Meu coração estava dançando. Caramba, Sanguinário, você não falou nada sobre você. Então essa era a história por trás dessa espada…

— Nas ilhas do Mar-Médio havia uma criança com um dom: uma afinidade natural com as Palavras. Bandidos atacaram sua terra natal; então, ele os confundiu com neblina e os repeliu. Os sábios da época convidaram aquela criança prodígio para sua escola. Ele pulou rapidamente no ranking da mesma, duas de cada vez. No entanto, logo ele se afastou de sua posição e falou palavras imortais: “Não há verdade na academia”. O Andarilho Selvagem, a Grande Mente Não Reconhecida, a Torrente, o Conhecedor da Cultura, esses são os nomes de Gus, o Sábio Errante. Seu verdadeiro nome desconhecido para o mundo, quem sabe agora as profundezas de sua mente e coração?

Ninguém sabia o nome Augustus? Pensando nisso, Gus disse que alguns feiticeiros, sendo usuários das Palavras, achavam que os nomes eram Palavras de poder, e assim ocultavam os seus, e eram conhecidos apenas por um apelido ou uma inicial. Eu imaginei que a razão pela qual ele tão prontamente me disse seu nome verdadeiro era que ele tinha deixado de ser cauteloso sobre isso depois que morreu.

— De onde essa mulher veio? Talvez uma nobre xamânica de nossa própria terra; ou a princesa de uma terra distante. Ou pode ter sido que uma constelação de espíritos unindo e formando seus olhos brilhantes de esmeralda, e a resplandecência dos céus se solidificando e se transformando em seu cabelo dourado e esvoaçante. De onde quer que ela tenha surgido, como podemos duvidar de que, em tal forma divina, habitou a alma de uma deusa? A Santa do Sul, a Donzela Virtuosa, a Portadora de Bênçãos, a Flor Delicada… Maria, conhecida também como a Filha de Mater. Suas mãos brancas e misericordiosas, às quais bestas ferozes abaixavam a cabeça, eram a luz brilhante que penetrava as trevas.

Parecia que a história de Maria era desconhecida, e ela era especulada como sendo de nascimento nobre. Eu tinha que concordar que seu estilo digno me trazia esse tipo de sensação, mas se Maria tivesse me dito: “Ah, não é nada disso. Eu nasci em uma pequena aldeia pobre!” Eu facilmente teria sido capaz de entender.

Afinal, Maria adorava andar no jardim semeando sementes de flores. E uma vez que a primavera chegasse, até mesmo o jardim ao lado daquele templo brotaria flores…

— Longo passado agora são aqueles dias passados…

Suas vozes, seus rostos, suas palavras encheram o interior da minha mente, e eu senti as lágrimas começando a vir aos meus olhos.

— Ahh, memórias e sentimentos tão numerosos quanto as estrelas: se não tens como voltar para casa, posso apenas tocar-te alto e transportar-te nos ventos soprados…

O conto começou.

 

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Aparentemente, Sanguinário já foi um espadachim de aluguel. A Era da União era principalmente uma época de paz, mas, mesmo assim, havia muita luta em áreas afastadas como essa, contra goblins, bestas e outros humanos. Sanguinário era um daqueles bandidos brigões, ganhando seu dinheiro arriscando sua vida enfiando o pescoço em todo tipo de conflito.

Parando para pensar, lembrei-me dele uma vez dando uma aula suspeita detalhada sobre os segredos para ficar longe de problemas enquanto vende suas habilidades de espadas. Deve ser por causa disso.

E um dia, um certo incidente levou Sanguinário a conhecer Gus e resolveram esse problema juntos. O espadachim bárbaro aprendeu sobre o caminho do homem sábio e aprendeu a refrear sua natureza selvagem e acrescentar a nitidez da inteligência à sua espada, ou é assim que a história de Abelha contava. Mas se eles fossem os mesmos naquela época, como quando eu os conheci, eu podia imaginar Gus como um descontrolado inteligente, e Sanguinário com aquele seu surpreendente senso comum, surpreendido, mas acostumado com as zoeiras do feiticeiro.

Sua jornada livre continuou, e um dia Maria entrou em cena. Onde isso aconteceu e o que os uniu estavam aparentemente envoltos em mistério, mas era sabido que Maria se estabeleceu no grupo como uma fonte surpreendente de força e determinação, sim, eu poderia imaginar isso, e os três, suas habilidades e personalidades agora equilibradas, construíram um nome para si como heróis.

Com essa introdução de lado, Abelha começou sua narração da história propriamente dita, dizendo que era apenas uma de suas muitas ações. Ocorreu perto de algumas aldeias remotas e havia um monstro nas montanhas próximas: um wyvern.

Os wyverns eram semi-dragões alados capazes de voar, se eu me lembro bem das aulas de Gus, o tema do debate acadêmico era categorizá-los como semi-dragões ou bestas. Mesmo que wyverns soprassem fogo como dragões, eles não tinham pernas dianteiras e eram menores, mais fracos e mais simplórios.

Mesmo assim, eles ainda eram uma ameaça significativa. Caçar um wyvern exigia uma equipe treinada e de tamanho razoável para atacar seu ninho. Era extremamente difícil ganhar em terreno plano contra um wyvern quando ele tinha controle absoluto sobre o céu.

Também foi dito que alguns raros wyverns podiam falar a língua dos dragões. Estes wyverns serviriam os dragões, e os homens-lagartos os exaltavam. Quanto ao wyvern nestas montanhas, era como um animal: tinha baixa inteligência e era incapaz de falar.

De tempos em tempos, quando o wyvern ficava com fome, ele atacava as aldeias, destruía os celeiros e levava os animais de carga.

O povo das aldeias discutiu o problema juntos e decidiu oferecer uma pessoa por ano como sacrifício para o wyvern. Em regiões remotas como essas, a vida dos animais de trabalho costumava ser mais valiosa do que a das pessoas.

A escolhida naquele ano era uma linda garota meio-elfa de uma aldeia próxima. Seu lado élfico veio de seus avós; seus pais eram ambos humanos. Naturalmente, o pai suspeitava que a mãe era infiel e havia discussões consideráveis entre eles.

Quando ela cresceu, a própria menina se tornou uma fonte de discórdia devido à sua beleza. Alguns brigavam por ela, enquanto outros a olhavam com ciúme e inveja e a tratavam como uma pária. O conflito resultante levou as pessoas a manter distância e, a partir daí, era inevitável que ela fosse a escolhida para ser sacrificada.

Certa vez ouvi de meus pais que era difícil para um meio-elfo ter tratamento igual vivendo entre humanos, ou mesmo elfos. Meio-elfos eram lindos, habilidosos e tinham uma vida longa, mas não na mesma medida que os elfos. Suas únicas opções eram ficar em seu lugar natural no topo da sociedade, serem colocados no fundo, ou se distanciarem completamente e viverem como eremitas. Muito único para ser um ser humano e amadurece muito rápido para ser um elfo, era difícil para eles serem tratados como iguais em qualquer sociedade. O passado de Menel, infelizmente, seguiu o mesmo padrão.

Quando Maria, Sanguinário e Gus foram até a aldeia e ouviram a situação, eles tinham opiniões diferentes. Como a história dizia, Maria era fortemente a favor de resgatá-la, Sanguinário perguntou se Maria planejava criá-la também e de onde diabos o dinheiro viria, e Gus permaneceu em silêncio em contemplação.

Pareceu como se a conversa real fosse provavelmente semelhante, mas ligeiramente diferente. As personalidades que os personagens tinham na história pareciam um pouco diferente, particularmente quando Gus e Sanguinário estavam preocupados, e especialmente com relação à fixação de Gus por dinheiro.

De qualquer forma, o que acabou acontecendo foi que Sanguinário reuniu os aldeões e lhes disse:

— Nós podemos matar o wyvern. Existe alguém que possa pagar? Você gostaria de pagar para matar o wyvern?

Uma agitação percorreu a multidão de aldeões e a única resposta foi o silêncio. Como as coisas estavam, as aldeias estavam funcionando. O que aconteceria se isso falhasse e o wyvern ficasse apenas ferido e enfurecido? E, supondo que tivessem sucesso, os aventureiros que conseguissem matar um wyvern teriam uma enorme soma em dinheiro de recompensa. Eles realmente queriam ir tão longe para salvar os sacrifícios?

Em meio ao silêncio, Sanguinário estalou a língua e voltou para o alojamento, deixando Maria com as palavras:

— Viu? Essa é realidade.

Mas naquela noite, os três foram visitados por um pobre garoto da fazenda. O menino, que pelos olhares dele não sabia maneiras, levou várias moedas para eles: moedas de cobre revestidas em verdete e moedas de prata com bordas desgastadas e enegrecidos. Ele não falou, mas estas eram claramente as economias inteiras do menino.

Sanguinário disse:

— Você quer que a gente lute contra um wyvern por essa mixaria?

Mas Gus pegou as moedas da mão do menino, deu uma boa e longa olhada na moeda suja, que nem sequer dava brilho, e disse:

— Ah, sim, isso é um bom dinheiro. Veja como brilha.

Eu tinha certeza de que era palavra por palavra o que ele disse porque eu podia visualizar a cena tão clara quanto o dia.

— Você não concorda, Maria?

— Oh, eu não poderia concordar mais, Gus. Nos foi dado algo muito especial.

— Hmm. Estou pensando, tendo em conta o fato de que recebemos algo de tal valor…

— Nós vamos ter que fazer o nosso trabalho, não vamos? — Maria sorriu calorosamente, suavemente.

Sanguinário coçou a cabeça em frustração.

— Malditos idiotas. Trabalhando para nada, — ele murmurou.

Então, o menino se aproximou de Sanguinário e falou:

— Se não for o suficiente, vocês podem me levar como pagamento. Você viu. Ninguém aqui teria coragem de vir atrás de mim se vocês me levassem. Me venda para um traficante de escravos ou o que vocês quiserem.

— Você não vale a pena, — Sanguinário disse, devolvendo-lhe um olhar duro.

O garoto não desviou o olhar.

Sanguinário abriu um largo sorriso.

— Heh. Então você tem coragem. Acho que mesmo os fedelhos podem ser guerreiros. — Ele lançou os olhos para o garoto. — Eu também sou um guerreiro. E quando um de nós, guerreiros, engole seu orgulho e pede ajuda, nós devemos nos apoiar. Então… que diabos. — Ele bagunçou o cabelo do menino, um sorriso de canto de boca. — Vamos fazer isso.

— Sim.

— Hmm.

E os três foram atrás do wyvern.


 

Tradução: Erudhir

Revisão: Merciless

 

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