POV BAIRON WYKES
Pude praticamente sentir as pontas desgastadas dos nervos de Varay disparando ao meu lado. Ao seu lado, a assinatura de mana de Mica era como um zumbido fraco. E, no entanto, ambas as Lanças permaneceram firmes diante de um terrível inimigo. Uma onda de orgulho fortaleceu meu próprio comprometimento.
Fiquei feliz em ficar ao lado dessas guerreiras em defesa da minha casa. Cada um de nós enfrentou a morte certa nas mãos de um Asura. Desviando o olhar das minhas companheiras, encarei as duas Foices pairando acima, recusando deixar qualquer medo delas entrar no meu coração.
Uma risada cruel ecoou pela caverna, ressoando de pedra em pedra enquanto aumentava como a pressão diante de uma tempestade.
— Cansou de perder? Olha só, acabaram de perder de novo!
O espantalho de cabelos brancos da Foice que feri gritou para nós, sua voz anteriormente brincalhona agora cheia de ameaça e crueldade.
— Estou mentindo?
Na extremidade da caverna, uma pressão horrível estava saindo das paredes em explosões agudas, várias fontes de mana e intenção paralisante de matar, todas batendo umas nas outras como a força de maças contra um crânio nu.
Mesmo de tão longe, a sensação fez meus dedos ficarem fracos ao redor da lança vermelha.
— Mas, por favor, não parem de lutar.
A Foice continuou, seu rosnado diminuindo adotando seus maneirismos sombriamente brincalhões novamente. Chamas roxas negras estavam queimando a ferida que eu havia dado a ela, limpando-a como se nunca tivesse existido.
— Seria tão decepcionante perder a chance de finalmente lutar contra as poderosas Lanças, porque elas desistiram.
Falando para que apenas Mica e eu ouvíssemos, Varay disse:
— Mica, use feitiços apenas na defensiva, mantenha-as ocupadas, distraídas. Bairon, concentre-se em acertar golpes com essa lança ímpia. Temos uma chance se pudermos cortar o fluxo de mana delas, mesmo que brevemente.
— Isso, esse é o espírito.
Disse a Foice, de repente vertiginosa.
— Continuem assim. Mal posso esperar para enfiar essa lança amaldiçoada no seu…
— Chega, Melzri.
A Foice de cabelos roxos interrompeu, sua voz escorrendo como lodo no ar.
— Vamos terminar isso antes que As Assombrações cheguem.
A Foice com quem lutei, Melzri, voltou aos seus sentidos.
— Claro, Viessa. Boas impressões é sempre bom ter.
Mesmo para os meus sentidos aprimorados, Melzri era um pouco mais do que um borrão sombrio quando de repente voou para o meio de nós. Tive tempo suficiente para colocar minha lança numa posição defensiva antes que seu ataque me atingisse. O golpe me fez patinar para trás, meus pés cavando longos buracos no lugar.
Ela empunhava uma espada longa numa mão e curvada na outra. Uma estava imbuída num vento negro, a outra num fogo escuro. Ambas as lâminas avançaram simultaneamente, uma nas costelas de Varay, a outra na garganta de Mica. Os ataques se desviaram da pedra e do gelo e as outras Lanças se deixaram ser empurradas pela força, depois voaram.
Um ciclone escuro estava girando acima de nós quando Viessa fazia algum feitiço horripilante, mas meu foco estava em Melzri.
Ela não perseguiu as outras, mas girou novamente e se impulsionou em minha direção.
O gelo estendeu-se da terra para envolver seus membros, a poeira afundou de forma anormal na terra quando a gravidade entre nós ficou cada vez mais forte. A Foice deu um solavanco no meio do ataque, desviei e puxei minha lança. Suas lâminas bateram contra o eixo, lutei com uma série de relâmpagos, golpes rápidos que foram jogados de lado por suas lâminas.
Acima de mim, tudo se tornou escuridão e perdi de vista Varay e Mica.
Melzri era um vórtice de queimar, cortar aço, pular, girar e atacar com força e velocidade impossíveis, as lâminas gêmeas pareciam vir de todas as direções e ângulos simultaneamente enquanto lutava simplesmente para manter minha lança entre nós.
Ela só tinha brincado comigo anteriormente, percebi com uma certeza repugnante. Ficou apenas na espera da outra Foice acabar com Varay e Mica. Caso contrário, nunca teria conseguido o golpe que a forçou o recuo temporário dela.
Cortando esses pensamentos contínuos e inúteis, concentrei-me na Foice e em suas armas, deixando-me afundar no estado de hiper foco necessário para utilizar efetivamente o Impulso do Trovão.
Mana infundiu todas as sinapses do meu corpo. Isso impulsionou minha mente, melhorando meus pensamentos e reações.
Suas espadas estavam cortando em minha direção, uma no meu joelho direito, a outra no meu cotovelo esquerdo. Em vez de me debater descontroladamente em um esforço para bloquear os dois golpes ao mesmo tempo, inclinei-me em direção as espadas, a percepção aprimorada de meus sentidos melhorados por raios me permitiu empurrar meu corpo para frente entre os dois golpes. Minha ombreira bateu no rosto da Foice.
Era como correr de cabeça para um hyrax de ferro.
Um raio correu através de mim, condensou-se em um único ponto no meu braço e então explodiu para fora com força suficiente para enviar Melzri para trás. Suas espadas se fecharam ao meu redor como tesouras.
Mergulhei para frente, fiquei tão perto de suas armas que senti o fogo lamber minha nuca.
Quando me levantei, Melzri estava se aproximando de mim, já se recuperando, seu corpo balançando e suas lâminas girando ao redor dela como as de um debulhador.
O chão rachou sob mim quando me lancei para trás com outra explosão condensada de raios. Recuando, joguei a lança Asurana com todas as minhas forças.
Melzri se contorceu em seu voo, fluindo como o vento ao redor da lança. Meus sentidos acelerados mal viram quando ela largou a própria arma e tentou agarrar a minha no ar.
Seu corpo sacudiu violentamente. A graça e a precisão de seu movimento de repente se tornaram um caos de quando a lança a puxou para o lado e a fez girar para bater e cair no chão. Ela desapareceu com o estrondo de pedras se quebrando em um dos edifícios caídos.
A lança vermelha girou em um arco largo e voou para minha mão, mas já comecei a me movimentar para fechar a distância entre mim e a Foice.
Com um xingamento, jogou fora uma grande parte da parede que havia caído sobre ela, dando-me a abertura perfeita. Apontei para o núcleo dela, avançando a lança com as duas mãos.
Seu contragolpe era pouco mais do que um borrão, mesmo com o Impulso Trovão ativo. A lâmina enrolada pelo vento saltou para afastar meu impulso, a ponta da lança afundou profundamente na pedra ao lado dela. Quase ao mesmo tempo, algo queimou nas minhas costas e então sua espada flamejante também estava em sua mão. Enquanto gritava de dor e alcançava a linha de fogo nas minhas costas, ela atacou com um chute no meu peito.
A caverna se curvou e oscilou enquanto minha perspectiva lutava para corrigir meu súbito movimento para trás. Estive vagamente ciente de bater em e através de algo muito duro, então, estava deitado de costas.
Acima de mim estava a nuvem de tempestade negra que se contorcia e rugia. Dentro da nuvem, pude sentir vagamente as outras duas Lanças lutando contra a segunda Foice. Elas estavam confiando em mim, na arma Asurana que Arthur me presenteou, precisava me levantar, ajudá-las, lutar.
Mas o fogo se infiltrou no meu sangue.
Percebi imediatamente. Não importa quanto tempo passasse, nunca esquecerei aquele encontro miserável com a Foice, Cadell, no castelo voador, ou como me senti deitado ali, indefeso como um recém-nascido enquanto sua magia corroía minha vida por dentro.
Imaginei chamas reais vivas em meu sangue, cada batida frenética do meu coração espalhando o fogo.
Melzri apareceu acima de mim, fazendo movimentos que pareceram ser aperfeiçoados com muito treino. Um braço estava pendurado mais baixo do que o outro, mas enquanto observava, ela o girou até que o braço voltou ao lugar. Me lançou um olhar curioso, seus olhos escavando em minha pele, sangue e ossos.
— Como é a sensação?
Suas palavras eram suaves, quase reverentes.
— Me fale como é, e eu antecipo sua morte.
Ri com escárnio, então meu corpo espasmou e minhas costas se arquearam com agonia, cada músculo ficando tenso.
— Parece… exatamente como nas minhas memórias.
Ofeguei com os dentes cerrados. O espasmo diminuindo, respirei profundamente e dolorosamente.
— Levei meses para recuperar minhas forças depois que o outro me encheu de fogo.
Seu olhar se aguçou e ela se inclinou para mim, a lâmina coberta pelo vento pressionando meu peitoral. Seus olhos estavam arregalados e um músculo em sua bochecha tremia quando suprimiu um sorriso maníaco.
— Continue…
Encontrei os olhos dela da cor de sangue coalhado. Por fora, estava calmo. Tranquilo. Aceitando minha morte… novamente. Mas por dentro, a verdadeira batalha era furiosa.
— Meu corpo não parecia meu, não por muito tempo, continuei, interiormente focado em controlar minha liberação de mana.
— Essa força alienígena estava dentro dele, e mesmo depois que ele se foi, deixou um resíduo que não consegui lavar da minha alma.
A ponta de sua espada deslizou pelo meu peitoral, afundando nele com o ruído baixo de metal sobre metal.
— Você consegue ter um surpreendentemente belo uso das palavras, Lança. Termine e eu aliviarei você dessa dor.
Ela mordeu o lábio inferior enquanto esperava, cheia de antecipação.
— Pensei que nunca iria me curar, não realmente. Meu tempo como uma Lança havia chegado ao seu fim. Fui amaldiçoado a permanecer como uma casca queimada do meu antigo eu.
Seus olhos se fecharam quando sua lâmina lentamente separou o apoio de couro da minha armadura e, em seguida, a carne por baixo.
— Mas tive tanto tempo para pensar nisso, Foice. Planejei e esperei muito por isso.
— O que você esperava, Senhor Trovão?
Lentamente, uma pressão surgiu. A sensação de aço raspando o osso, e então…
— Que, um dia, algum Alacryano tolo seria estúpido o suficiente para tentar de novo. — gritei.
Seus olhos se abriram, refletindo o relâmpago branco queimando de minhas muitas pequenas feridas quando terminei de lançar o feitiço que projetei para este momento.
Fúria do Senhor do Trovão, ressoei em minha cabeça, quase ofegante de alívio.
Apesar de toda a sua velocidade, Melzri não conseguiu reagir rápido o suficiente.
Em vez de recuar, se inclinou em sua lâmina, a senti raspar contra a borda do meu esterno enquanto penetrava a fundo. Com relâmpago enchendo meu corpo, meu sangue subiu pelo aço e entrou nela. Consegui sentir cada partícula de mana atacando seus nervos, chegando ao longo de seus braços e em seu torso.
Ela foi jogada de pé, depois bateu em uma estátua de um antigo lorde anão. A estátua caiu no chão em pedaços, seu rosto rachado me encarando desolado.
Flutuei do chão depois dela, envolto de gavinhas de relâmpagos.
— Simplesmente não consegui me livrar dessa sensação de fogo no meu sangue.
Falei enquanto Melzri se levantava do chão e voava. As lâminas gêmeas saltaram de volta para suas mãos. Um braço estava enegrecido até o cotovelo.
— Então aprendi a transformar meu sangue em um relâmpago!
Pontuei esta última palavra concentrando-me na ferida profunda no meu peito. Um raio ofuscante de relâmpagos explodiu em mim. Melzri ergueu ambas as espadas para desviar a explosão e um escudo de vento e fogo a cercou. O relâmpago condensou e construiu onde os dois feitiços impactaram, crescendo cada vez mais até que a pressão rasgou a mana.
A explosão nos lançou para trás, caindo no ar como pássaros recém-nascidos caídos do ninho.
Dentro de mim, a luz branca e quente lutava contra a escuridão devoradora. Todas as veias e artérias gritavam com a tensão, mas eu estava ganhando. O feitiço que ela usou foi específico, projetado para corroer minha vida. Sem nada para queimar, o fogo da alma estava desaparecendo.
Evitando minha queda com meu poder de voar, me endireitei e preparei a lança, deixando mana fluir ao redor dela, infundindo-a em uma concha de energia elétrica.
A nuvem negra acima de mim ondulou e um pequeno corpo de anão despencou, batendo no chão nas proximidades. Dei uma olhada rápida em Mica para garantir que ela estivesse respirando, depois levantei meu braço para lançá-la. Mas, Melzri tinha ido embora.
Com um som como a rachadura de gelo fino, a nuvem acima estalou. A escuridão foi substituída por um branco esvoaçante quando se tornou uma tempestade de neve, pude ver toda a paisagem da batalha furiosa acima.
Varay e Viessa estavam ambas paradas, uma de frente para a outra enquanto pairavam a trinta metros de altura, sua batalha inteiramente de vontade e magia.
A neve da tempestade conjurada estava caindo para dentro e em direção a Viessa. Dentro da tempestade, as formas de homens armados e blindados formados a partir dos flocos rajadas estavam cortando e cortando ao redor dela. As foices negras do vento contra-atacaram, defendendo e destruindo os guerreiros conjurados tão rapidamente quanto Varay poderia formá-los.
Vários magos se reuniram ao longo das estradas sinuosas que se curvavam ao redor da caverna e, como se fossem um, começaram a enviar feitiços para Viessa.
Helen Shard estava disparando flechas de luz ardente de uma borda da caverna com seu bando de aventureiros as costas, cada um lançando e encantando feitiços.
De outra borda, os irmãos Earthborn estavam enviando espigões de terra como estalactites na Foice. Ao lado deles, Curtis e Kathyln Glayder estavam lançando feitiços defensivos na forma de escudos de gelo e painéis dourados brilhantes de chamas. A caverna tremeu com os rugidos do Leão do Mundo de Curtis.
Ajustando minha mira, joguei a lança Asurana.
Ela pintou uma imagem vermelha brilhante do outro lado da caverna, voando diretamente na direção do coração de Viessa.
Senti a chama de mana e dei um passo irregular, infundido com relâmpagos. As gavinhas elétricas surgindo ao meu redor alcançaram as espadas gêmeas que se aproximavam do meu pescoço.
Não era o suficiente.
Vento negro e fogo atravessavam relâmpagos brancos. O aço brilhava avidamente.
Melzri havia se manifestado na sombra ao meu lado. Seu rosto era uma máscara de concentração.
Então a luz estava se deformando, o ar endurecendo e se transformando em cristal escuro ao meu redor, em um instante fiquei preso, meu corpo inteiro envolto em uma concha de diamante preto.
As lâminas gêmeas tocaram o feitiço de proteção, se alojaram no diamante e ficaram presas rapidamente.
Através do cristal opaco, podia ver a silhueta de Melzri girar enquanto uma sombra menor empunhando um martelo enorme voava para ela de lado. Senti cada golpe do martelo tremer pelo chão abaixo de mim quando as duas trocavam golpe após golpe. Também podia sentir a tensão no núcleo de Mica ao mesmo tempo que se levava aos seus limites.
Qualquer magia que Viessa tivesse usado nela a deixou fraca. Estava quase a ponto de colapsar.
A estrutura cristalina que me prendia no lugar se despedaçou.
Mica estava no chão, Melzri a prendendo. As mãos da Foice estavam envoltas em faixas de fogo negro e cada golpe queimava uma camada da carne de Mica, deixando seu rosto rachado e sangrando.
Canalizei todo o poder da Fúria do Senhor do Trovão e me joguei, envolvendo meus braços ao redor da Foice. O relâmpago se enrolou em torno de nós dois, prendendo-a a mim enquanto eu a puxava para longe da forma prona de Mica. O desespero alimentou minha força, me segurei, apesar do poder de Melzri inchar em meus braços, ameaçando me destruir.
Seu corpo explodiu em chamas. Fogo da Alma se chocou contra a energia que cobria meu corpo e a continha.
Comecei a tremer.
Não pude segurar a Foice por muito tempo.
Então minha mana fraquejou como uma chama de vela encharcada.
Estava tropeçando para trás, Melzri ainda nos meus braços. O fogo da alma dela tinha desaparecido.
Juntos, caímos.
Enquanto me deitava de costas, esperando que a dor me atingisse, vi o que estava acontecendo lá em cima.
Varay estava caindo, perto do fim de sua força. Viessa estava vencendo a batalha de vontades, recuando contra o exército conjurado de Varay, as linhas de vento negro cortando cada vez mais perto de onde Varay pairava.
Uma flecha deslizou pelas defesas de Viessa e afundou em sua coxa.
Então senti a dor.
Tentei respirar, mas estava sufocado. Um buraco sangrento surgiu pelo meu lado logo abaixo das minhas costelas. Sem mana fluindo pelos meus canais para começar a curar a ferida, senti toda a força dela. Enrolada no meu braço, Melzri enrijeceu e sua mão pressionou suas costelas logo abaixo de seu peito, onde um ferimento idêntico havia sido rasgado em sua armadura e carne.
Sem mana, não consegui mais sentir a lança, que estava retornando a toda velocidade enquanto lutava com Melzri. Sabendo que não podia dar um golpe, fiz a única coisa que consegui: segurá-la e deixar minha arma chegar até nós.
As espadas gêmeas de Melzri estavam a vários metros de distância, onde haviam caído do feitiço do Cofre de Diamante Negro quando ele falhou. Lutei para rolar para o meu lado, um braço estendendo a mão, mas todos os nervos do meu corpo explodiram de dor.
Sentindo meu movimento, Melzri torceu para olhar para mim. Como se estivesse se movendo em câmera lenta, seu punho apertou e ela o enfiou na ferida aberta do meu lado. Nós dois gritamos em agonia.
Acima, algo estava acontecendo. Pisquei várias vezes, pensando que talvez fosse meu próprio delírio, mas quando olhei novamente, ainda estava acontecendo.
Sombras estavam se unindo em torno de Viessa e formando cópias dela. Uma se tornou dois, depois quatro, depois oito, até que o céu estava cheio de visões dela. Em todos os lugares que olhava, os feitiços passavam pelas cópias ilusórias.
Melzri estava se movendo novamente. Ela rolou e chutou uma perna sobre mim, ficando em minha barriga. Suas mãos alcançaram minha garganta. Agarrei seus pulsos e tentei torcê-los de uma forma ou de outra para empurrá-la de mim, mas não tive força. Ambos os braços tremiam de esforço.
Por cima do ombro, as cópias de Viessa estavam oscilando dentro e fora de foco, estalando uma por uma, o ar ao redor tremendo com uma espécie de estática negra. Então, era apenas Varay e Viessa novamente.
De repente, mais feitiços estavam encontrando suas marcas. Um esquadrão de guardas anões apareceu, abandonando qualquer posição que deveriam estar guardando, estavam lançando feitiços, enchendo o céu de projéteis. Viessa pareceu chocada quando uma flecha perfurou seu braço, depois vacilou e quase caiu quando uma pedra com o dobro do seu tamanho bateu nela de lado. Sua boca estava se movendo, mas nenhum som saiu.
— Continuem!
Varay gritou, sua voz projetando-se triunfantemente por toda a caverna.
— Estamos acabando com ela. Foquem nela! Usem tudo que puderem!
Melzri relaxou de repente e nossos braços se abriram para o lado. Sua cabeça desceu e bateu no meu nariz com um baque carnudo. Minha visão ficou embaçada por um momento, então seus dedos estavam em volta da minha garganta.
— Você realmente me surpreendeu.
Suas palavras foram moídas entre os dentes cerrados. Puxei seus pulsos, mas meus braços estavam fracos e cansados.
— Parece que vocês, Lanças, aprenderam algumas coisas desde que lutaram com Cadell. Isso até que foi… um pouco… divertido…
Suas mãos se apertaram enquanto falava, pude sentir o calor nelas, a vibração de sua mana voltando à vida.
No mesmo momento, meu próprio núcleo vibrou quando o efeito de supressão de mana da lança começou a desaparecer.
Algo se moveu por perto. Um pequeno movimento, mas vi o brilho de um olho de pedra na cor de uma azeviche.
Assim como as mãos de Melzri se iluminaram com fogo da alma, relâmpagos condensados caíram através de minhas próprias mãos e pelos braços dela. Manipulei a eletricidade para atingir e desativar seus músculos, visando paralisá-la. Seu corpo se agarrou, suas pernas espasmando e cavando minha ferida.
Seus dedos se apertaram em volta da minha garganta.
O fogo da alma dela devorou a minha carne.
Então um martelo maior do que eu, bateu na lateral de sua cabeça, derrubando-a no chão. Antes que Melzri pudesse se recuperar, outro golpe veio, depois outro, jogando a Foice nas pedras como um prego.
Mana inundou meu corpo, dando força aos meus músculos e entorpecendo a dor de minhas feridas. Me levantei lentamente.
Acima, Viessa recuou, cercando-se de escudos sombrios, incapaz de combater a barragem de ataques.
A lança estava por perto, meio enterrada no chão de pedra. Dei um puxão mental, ela se soltou e voou para a minha mão.
A arma de Mica parou de cair. Ofegante, tropeçou de volta da cratera que havia martelado nos blocos do pátio. Levantei a lança, me preparando para acabar com Melzri.
Mas a cratera estava vazia.
Uma risada escapou dos lábios machucados e ensanguentados de Mica.
— Esmaguei até virar pó, hehe. Então ela começou a colapsar.
A peguei e a coloquei no chão. O martelo conjurado desmoronou, sua vontade incapaz de manter a forma da arma por mais tempo.
— Pelo menos Varay parece estar ganhando.
Disse ela, seus olhos dilatados olhando para a luta acima.
Sabia que Melzri ainda estava aqui, iludida em invisibilidade, mas não pude deixar de seguir o olhar de Mica. Ela estava certa. Até mesmo as defesas de Viessa tremiam agora, os escudos tremendo e estalando enquanto a Foice os reformava repetidamente.
Flechas, pedras, balas de vento, lanças de gelo, gotas de fogo e dezenas de outros feitiços se concentraram na Foice, mas minha atenção foi atraída para Varay.
Ela estava jogando lâminas curvas de gelo em Viessa, uma após a outra, cada uma afundando em um escudo sombrio antes de quebrar e se dissipar. Ela tinha um olhar feroz e determinado enquanto simultaneamente dirigia os ataques e lançava feitiços por conta própria.
Mas não consegui deixar de sentir que algo estava errado.
Olhando mais de perto, observei a maneira como seus feitiços se moviam e senti a sensação de toda aquela mana caindo no ar.
Minha pulsação disparou.
Varay não tinha assinatura de mana.
— Uma ilusão
Ofeguei, encontrando o olhar confuso de Mica.
— Quê?
Os olhos de Mica perderam o foco, depois se fecharam.
— Ah, isso é ruim. Só vou…deitar aqui e morrer, acho.
Olhei de Mica para Varay, a verdadeira Varay, envolta no disfarce de Viessa, sendo esmagada por uma onda de fogo mágico e depois de volta. Com Melzri ainda rondando, deixar Mica sozinha poderia significar sua morte, mas Varay estava perdendo força, sendo derrubada por seus próprios amigos e soldados…
— Amaldiçoo todos vocês por me darem sentimentos.
Parei, tirando o corpo inconsciente de Mica do chão e jogando-a por cima do meu ombro, depois levantando no ar. Mantive a lança pronta no caso de Melzri tentar outro ataque furtivo, mas nenhum veio.
Enquanto voava, tentei reorganizar minha expressão, deixando de lado minha raiva e deixando o medo muito real se manifestar. Pensei em Virion, que havia se escondido desde que chegou a Vildorial, minha família, a tremenda quantidade de mana ainda surgindo violentamente na direção do portal, onde Arthur estava, a pedra tumular distante envolvendo o cadáver de Aya.
E… me dei permissão para sentir isso. De… quebrar. Mesmo por um momento.
Lágrimas se acumularam em meus olhos e um nó de desconforto na parte de trás da minha garganta surgiu. Voei devagar, tomando uma rota indireta para evitar ficar entre Varay e todos os feitiços que voavam sobre ela. Através da parede de escudos, sua forma de Viessa me deu um olhar melancólico e esperançoso, e pude ver o quão perto ela estava de falhar.
A ignorei. Não tive escolha.
Em vez disso, me aproximei da Varay que pude ver, a pele ilusória enrolada em torno de Viessa como um escudo.
Ela olhou para mim com cautela, seus olhos correndo pelo meu rosto, permanecendo nas lágrimas molhando minhas bochechas, ela relaxou.
— Ela tá quase no fim. Se afaste, se for preciso. Vou terminar isso.
— V-Varay.
Falei, minha voz chamando a atenção.
— A Mica. Ela está morrendo.
Varay… Viessa olhou para Mica.
— Ah. Que… triste.
Ela apertou os olhos, olhando mais de perto.
— Ela está respir—
Empurrei a lança Asurana nela.
Seus lábios se curvaram para trás dos dentes em um rosnado animalesco, se afastou do golpe, seus ataques já se afastando da verdadeira Varay em minha direção.
A lança, apontada para seu núcleo, se abriu, mal pegando o tecido de suas vestes.
Ela pegou o cabo com uma mão e cortou meu torso com a outra, desenhando uma linha preta na minha armadura. Sangue jorrou do corte, espirrando o rosto pálido da falsa Varay.
Me afastei da lança e soltei um relâmpago ao longo do cabo.
Faíscas saltaram entre os dedos de Viessa e sua mão se contraiu.
O cabo deslizou por seu aperto e a lâmina esculpiu uma linha fina em sua palma.
Ela sibilou, seus olhos se abriram. Arranhou o ar em pânico selvagem.
As ilusões desapareceram. Do outro lado da caverna, Varay estava amontoada atrás de escudos de gelo, sangrando por dezenas de feridas, sua assinatura de mana tremendo fracamente.
— Parem! Cessar fogo!
Helen Shard gritou, mas sua voz foi abafada pelo barulho de combate. O fogo continuou batendo na posição de Varay.
Viessa estava caindo, a boca aberta em um grito silencioso. Desprotegida.
Mas Varay precisava de mim.
Apesar do sangue correndo quente e rápido da ferida através do meu torso, voei para o caminho dos feitiços e liberei um flash brilhante do final da lança. Todos os magos focados em Varay levantaram as mãos ou se viraram, o bombardeio foi quebrado, mesmo que apenas por um instante.
— Usem seus malditos olhos!
Gritei, caindo de volta em uma posição protetora na frente de Varay.
Muito abaixo, o corpo de Viessa ainda estava despencando. Prendi minha respiração.
Uma figura de cabelos brancos voou entre duas estruturas de primeiro nível e tirou a Foice do ar, e soltei meu fôlego em uma maldição.
— Esta luta não acabou!
Gritei para os magos confusos, focando em Curtis Glayder, que conheço melhor do que o resto deles. Apontei para onde as duas Foices estavam atravessando a caverna abaixo.
— Nós precisamos—
Fui interrompido pelo estilhaço de pedra quando uma parte da parede da caverna desmoronou.
Soldados Alacryanos protegidos por barreiras transparentes de mana começaram a correr.
— Para a abertura!
Varay ordenou, balançando e reunindo sua mana.
Melzri e Viessa flutuaram até uma parada sobre o exército que entrava na cidade.
— Vocês não ganharam!
Melzri gritou, o rosto pálido e dolorido.
— Vocês estão apenas perdendo lentamente, Lanças!
Como se para dirigir este ponto para casa, ambas as Foices arderam com chamas negras roxas e suas feridas foram limpas. Redemoinhos escuros de vento já estavam começando a se formar em torno de Viessa quando sua mana retornou. Abaixo deles, dezenas de grupos de batalha rapidamente caíram em formação.
Mica se mexeu, mas não acordou. Varay parecia que poderia cair do ar a qualquer momento. Nossos aliados estavam pálidos e abalados quando a confusão deu lugar ao horror em seus ataques contra Varay.
Distante, percebi que os sinais de batalha da direção do portal haviam cessado. No entanto, não pude esperar pela vitória de Arthur.
Havia movimento ao redor enquanto Varay ainda lutava para organizar as tropas que tínhamos. Alguns estavam gritando por reforços. Alguns soldados anões viraram e fugiram.
Flutuei para frente através do caos e encontrei o olhar de sangue coagulado de Melzri.
— Hoje, vi medo nos olhos de uma Foice. Já foi o suficiente.
Ela balançou a cabeça, cabelos brilhantes balançando em torno de chifres escuros e sorriu.
— Pelo menos você morrerá bravamente, Lança.
— Alacryanos.
A voz de Viessa cortou todos os outros ruídos como uma navalha.
— Avanc—
Um flash roxo iluminou o nível mais alto da caverna. O mundo inteiro parecia parar, todo o som e movimento cessando.
De pé na beira da estrada alta perto do palácio, Arthur Leywin estava blindado em escamas pretas com aro de ouro com chifres de ônix enrolados nas laterais de sua cabeça como um Vritra. Ele brilhou com luz roxa, seus cabelos loiros levantando-se de sua cabeça como se carregados de runas estáticas e brilhantes queimando roxo sob seus olhos.
Ele deu um passo à frente, mais perto da borda, cada passo era a batida de um wardrum. O som disso inchou no meu peito, fazendo meu coração disparar e o sangue bombeando adrenalina.
O inimigo, por outro lado, encolheu. Os magos Alacryanos recuaram, se aproximando por trás de seus escudos, os olhos assustados se voltando para as foices.
As Foices pareciam se ofuscar. O vento cortante ao redor de Viessa diminuiu. A mana em torno das armas de Melzri cintilou e morreu.
Toda a cidade parecia prender a respiração.
Lentamente, Arthur ergueu um braço. Nele, ele segurava um chifre largo e preto que se enrolava como um carneiro da montanha. Ele o jogou sobre a borda, e pareceu cair de forma não natural lentamente, virando-se de novo e de novo.
— Agrona conseguiu esgotar toda a minha paciência.
Disse ele, sua voz rolando como um trovão pela caverna. As Foices recuaram e um tremor percorreu as forças Alacryanas.
— Vocês têm dez segundos.
Um respirar.
— Nove.
Os Alacryanos quebraram. Os homens gritavam enquanto pisavam e empurravam, arremessando um sobre o outro em um esforço para recuar pelo buraco cru na parede da caverna.
— Oito.
Melzri e Viessa flutuaram um pouco. Viessa foi impassível, mas Mezlri lutou e não conseguiu manter a compostura. Juntos, elas se curvaram ligeiramente, depois se viraram e voaram para fora da caverna, sobre as cabeças de seus soldados em retirada.
— Sete. Seis. Cinco.
Não, pensei, percepção repentina me acordando do meu estupor.
— Por que… você está deixando eles viverem? Precisamos matá-los
Ofeguei, mas Arthur não conseguia me ouvir.
Demorou mais do que os dez segundos prometidos, mas o resto dos Alacryanos foram autorizados a fugir em paz. Nenhum Dicatheano moveu um músculo para detê-los. A maioria nem estava observando seu êxodo, mas ficaram olhando para a figura brilhante de Arthur Leywin.
E então, se foram. Com isso, a batalha acabou, vencemos eles.
Soltei um suspiro cansado e comecei a flutuar em direção a Arthur. Não sabia o que dizer, ou como dizer, apenas que precisava reconhecê-lo.
Antes que eu chegasse a ele, seus olhos dourados rolaram em direção ao telhado da caverna, depois voltaram para sua cabeça.
Ele tropeçou para trás, depois desabou no chão.
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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Primeiro, Cliff apressou-se para os leitos dos enfermos. — Observar a condição do paciente…
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