POV TITUS GRANBEHL
— Ah, quase esqueci de mencionar.
Disse minha esposa do outro lado da mesa. Com um sorriso no rosto, deixou de lado o pedaço de carne rosa que estava prestes a levar à boca.
— O Sangue Vale concordou com os nossos termos. Um mensageiro chegou há apenas uma hora atrás com sua carta.
Terminei de mastigar e abaixei o garfo e faca para cortar outro pedaço.
— Sim, pensei que depois de verem o que aconteceu com o Sangue Rothkeller, talvez os de Sangue Vale ficassem incomodados…
Os olhos frios de Karin se voltaram para Ada, mas a garota não estava prestando atenção em nós, enquanto mexia em seu prato sem pensar.
— De qualquer forma.
Karin continuou, seus olhos se arregalando ligeiramente como se quisesse me lembrar, agindo como se eu precisasse de um lembrete do nosso acordo.
Apertei os utensílios enquanto serrava mais fundo o sambar de cauda branca chamuscada. Ada é muito frágil, muito fraca para sofrer com o conhecimento das nossas atitudes.
Pensei em Kalon e Ezra. Meu filho mais velho era muito orgulhoso e hipócrita para entender o que fazemos agora, mas se tivesse sobrevivido, talvez ações tão extremas não tivessem sido necessárias. Mas o Erza, ele era muito parecido comigo.
Com meu apetite me deixando, empurrei o prato inacabado.
Se ao menos Ezra tivesse sobrevivido, pensei amargamente, lançando um olhar severo para a minha filha assustada.
— Enviei uma sugestão para alguns prováveis candidatos de Alto Sangue em relação à nossa proposta.
Ela continuou. Enquanto falava, estendeu a mão e começou a cortar a comida de Ada, até mesmo levando o garfo à boca da garota.
— Karin, deixe a garota se alimentar sozinha, ela está—
Ela me lançou um olhar afiado e cedi, reprimindo minhas palavras.
Ela e seu cuidado obsessivo.
Observei Karin alimentar nossa filha como se não tivesse braços, mas não disse mais nada. Por mais que seja difícil admitir, muito do que conquistamos neste curto período de tempo teria sido impossível sem minha esposa.
Ela era astuta, carismática e implacável. Mas também era uma mãe que havia perdido dois filhos. Com Kalon e Ezra mortos, Ada se tornou o mundo para a mulher. Embora isso a tenha levado a extremos que eu nunca teria imaginado possível, em sua mente, tudo foi feito por Ada.
— Titus, você está ouvindo?
— Claro
Disse, procurando em minha memória por suas palavras ouvidas pela metade.
— Os Altos Sangues Lowe e Arbital. Ambos bons candidatos para Ada.
Afastei-me da mesa e um criado se apressou a recolher meus pratos e utensílios.
— Vou fazer minhas rondas, então talvez possamos nos retirar juntos?
Um sorriso conhecedor apareceu nos lábios de minha esposa.
— Claro, Lorde Granbehl.
— Logo será Alto Lorde…
falei antes de sair da sala de jantar.
Havia uma doçura salgada na brisa quente que soprava do Oeste, que vinha do mar. Quando os ventos mudassem, eles trariam um frio terrível das montanhas distantes. E, no entanto, seja qual for a direção que o vento sopre, estará sempre nas nossas costas. Até nossas derrotas se transformam em vitórias.
Por ter falhado em conseguir as riquezas do Ascendente Grey, o sangue nomeado Granbehl passou por tempos perigosos. Quando os juízes que havíamos subornado foram executados em suas celas, fiquei preocupado que poderíamos ter o mesmo destino em breve. Com a morte do meu herdeiro, todo o nosso sangue repousava no fio da espada, e qualquer movimento errado poderia significar nosso fim. Mas o destino, no fim das contas, foi gentil.
Pelo menos para nós.
O sol estava se pondo quando comecei minhas rondas noturnas para revisar a segurança aprimorada da propriedade. Havíamos transformado muitos rivais em inimigos ferrenhos e em um curto período de tempo. Embora tivessem sido covardes demais para nos atacar diretamente, graças em grande parte ao boato do envolvimento de nosso benfeitor, estava totalmente preparado para tal eventualidade de qualquer maneira.
Apesar do meu bom humor, coloquei uma carranca tempestuosa em meu rosto enquanto marchava lentamente passando por cada grupo de mercenários, guardas e ascendentes que eu havia contratado como segurança para nossa propriedade em Vechor. Afinal, eles precisavam me temer se eu quisesse que ficassem na linha.
Quando passei pelos portões principais, o chefe dos guardas saiu da guarita e prestou continência.
— Lorde Granbehl.
— À vontade, Henrik.
O homem fez uma reverência e puxou um pergaminho enrolado da bolsa ao lado.
— Isso chegou para você apenas alguns minutos atrás.
Suprimi um sorriso vitorioso enquanto segurava o pergaminho enrolado, que estava marcado com o selo da Academia Central.
— Perfeito. O terreno parece estar em ordem, Henrik.
O homem, leal ao extremo e burro como pedra, mas bom com os outros guardas, curvou-se novamente e voltou ao seu posto.
Eu, por outro lado, corri para dentro, ansioso para ler o relatório do professor Graeme. Fiquei surpreso quando notei Petras parado na entrada. Ele se encolheu ao me ver.
Meus lábios se curvaram em um sorriso de escárnio.
— O que está fazendo aqui? Pare de espreitar e volte para sua masmorra.
Petras curvou-se profundamente, seu cabelo escuro caindo sobre o rosto como uma cachoeira oleosa.
— Minhas desculpas, Senhor. Queria dizer-lhe que o último dos prisioneiros… se expirou e o corpo foi levado embora. As masmorras estão vazias, e—
— Relatório recebido
Disse, dispensando-o com a mão.
— Agora saia. Você está estragando uma vitória muito esperada.
O torturador voltou às sombras e desapareceu escada abaixo, deixando para trás um forte cheiro de óleo. Balançando a cabeça, voltei minha atenção para o pergaminho, rasgando o selo e desenrolando-o, um sorriso infantil se espalhando pelo meu rosto.
Meu sorriso escureceu e eu cerrei meus dentes em frustração com as palavras rabiscadas apressadamente na carta. O fino pergaminho se amassou em meu punho quando o bati na parede.
— Tolo incompetente. Talvez eu tenha confiado demais em Janusz por ser um Alto Sangue.
Com nossa aversão mútua pelo Ascendente Grey, parecia natural usar Janusz, mas aquela desculpa lamentável que se dizia um Alto Sangue não pôde nem mesmo manter Grey detido pela Associação de Ascendentes por um dia.
Meus pensamentos foram até meu benfeitor, que havia deixado os detalhes desta parte do plano inteiramente por minha conta. Se eu não conseguisse cumprir minha parte…
— Pai?
Me virei ao som da voz de Ada.
— Está tudo bem? Você estava murmurando para si mesmo.
Dando a ela um sorriso falso, rapidamente respondi:
— Nada para se preocupar. Por que não está no seu quarto? Estude e depois vá para a cama. Você sabe que precisa descansar.
O encolher de ombros simples e derrotado da garota era tão patético, não sabia se a abraçava ou lhe dava um tapa no rosto. Com um suspiro pesado, coloquei a mão em seu pequeno ombro.
— Ada, é hora de superar isso. Você já se remoeu demais por isso. Agora fique de pé e—
Inclinei minha cabeça, ouvindo com atenção. Quase soou como um—
Gritos vinham de fora. Uma explosão de magia de fogo.
Um brilho vermelho irradiou através das janelas da frente, manchando as paredes do vestíbulo e o chão com um vermelho sangrento. Um momento depois, os alarmes começaram a tocar.
— Ada, vá até o porão.
falei, sem olhar para minha filha. Ela choramingou, hesitando, então eu gritei:
— Pelos Chifres de Vritra, garota, agora!
Ouvi seus passos rápidos recuarem, desaparecendo enquanto descia as escadas dos criados da mesma forma que Petras havia feito, mas não estava mais pensando nela. Passos vacilantes me levaram a uma das janelas da frente, onde confirmei que a barreira magica da propriedade havia sido ativada, criando uma cúpula vermelha que cobria toda a minha propriedade.
O pátio brilhou com feitiços como balas de fogo, raios em arco e lanças de gelo cortando a escuridão do início da noite. Tudo que eu podia ver de seu alvo era uma sombra que parecia piscar dentro de uma mortalha de eletricidade roxa, aparecendo e desaparecendo mais rapidamente do que eu poderia seguir.
— Uma casa rival?
Murmurei, minhas juntas rangendo no parapeito da janela.
— Mas quem ousaria…?
Meus pensamentos saltaram espontaneamente para nosso benfeitor, a fonte de nossos sucessos recentes…, mas certamente não poderia ser ele. Ele não poderia saber sobre o nosso erro com Grey ainda, e mesmo se soubesse, ainda tínhamos tempo para corrigir o erro, não havia necessidade de—
Congelei quando um suor frio começou a escorrer pelo meu rosto.
Grey…
Amassei a carta na mão antes de jogá-la no chão. Meu rosto estava quase pressionado contra o vidro enquanto procurava qualquer sinal de que meu palpite estava certo.
Uma forma bestial envolta em chamas roxas passou correndo pela janela, me fazendo ofegar e dar um passo para trás rapidamente.
Homens gritavam por toda a propriedade. Gritando e morrendo.
As portas da frente, feitas para travar magicamente quando a barreira de proteção da propriedade fosse ativada, tremeram sob o peso de um forte golpe.
Uma voz abafada gritava e praguejava incoerentemente, era Henrik, percebi, embora nunca tivesse ouvido tanto pânico em sua voz grave antes, então foi interrompida abruptamente quando uma lâmina roxa de luz pura atravessou a porta com o guinchar de madeira estilhaçada.
Encarei a lâmina projetando-se em minha casa, a menos de três metros de mim. Era diferente de tudo que eu tinha visto antes, como uma ametista de cristal líquido dobrada sobre si mesma. A cor mudava sutilmente, mas continuamente, ficando mais escura e mais profundamente roxa e então, mais brilhante e violenta. Por um segundo me perdi nas profundezas do outro mundo daquela lâmina.
Então desapareceu. O sangue começou a escorrer em um jato fino do buraco na porta.
Recuei lentamente, já imaginando o que estava prestes a acontecer. As proteções não deveriam permitir, mas eu sabia que não aguentariam.
As portas reforçadas explodiram para dentro, enviando estilhaços de fragmentos afiados de madeira e ferro preto retorcido, espalhando-se pelo corredor de entrada. Um escudo de fogo azul brilhante rugiu à minha frente, evaporando madeira e metal, ouvi os passos apressados de mais guardas correndo do interior da casa.
Através da distorção do fogo azul, pude ver apenas uma silhueta grosseira onde antes estava minha porta, o cadáver de Henrik a seus pés.
— Tirem-me daqui
Gritei para os guardas que se aproximavam por trás de mim.
— E matem aquele cão sem sangue!
Uma mão firme agarrou meu ombro e começou a me puxar, o escudo de fogo movendo-se conosco. Dois Atacantes com armaduras pesadas passaram por mim, suas armas estavam em chamas e a magia imbuía suas armaduras. Uma roda giratória de vento e chamas cortou o ar entre eles, apontando para o intruso, mas não estava mais lá.
Um suspiro sufocado me fez girar. O Conjurador, um dos meus guardas de elite, já estava caindo no chão, seu corpo dividido ao meio na cintura. Suas pernas caíram no chão enquanto seu torso caiu para trás, com uma expressão de surpresa gravada em seu rosto já morto.
Uma silhueta escura luziu ao nosso lado, atacando meu protetor. O Escudeiro foi arremessado para trás com som agudo, rápido demais para ajustar seu lançamento de feitiços. Seu grito foi interrompido quando seu próprio fogo azul queimou o ar de seus pulmões e o que atingiu a parede não era mais reconhecível como um homem.
Ambos os Atacantes estavam olhando em volta confusos, tentando encontrar seu oponente, suas armas prontas, mas inúteis quando apareceu entre eles, a lâmina roxa brilhante borrando no ar enquanto passava por suas armas, armaduras, carne e ossos como se fossem feitos de seda.
Ambos os homens caíram mortos.
O aspecto persistente do escudo de fogo desapareceu quando o escudeiro sufocou sua última respiração rasa.
Grey simplesmente ficou lá, olhando para mim, enquanto minha barreira vermelha que defendia minha propriedade cintilava inutilmente ao fundo.
Meus punhos cerrados, meu corpo tremendo, não de medo, disse a mim mesmo, mas de fúria.
— V-você foi longe demais.
Disse, minha voz falhando.
— Os Granbehls estão protegidos. Estamos sendo…
Engoli em seco, minha boca de repente muito seca.
— Elevados. Você não tem propriedade, nem autoridade enquanto estamos sendo protegidos por uma Foice. Você entende? Você vai morrer por isso. Você vai—
— Disseram a você o que aconteceria se viesse atrás de mim novamente.
Disse ele, sua voz desprovida de emoção.
Recuei quando uma criatura, um lobo enorme envolto em chamas pretas e roxas, apareceu na porta, dando um passo ao lado dele.
— A retaguarda está limpa.
Tentando reforçar minha coragem, me endireitei e limpei a garganta.
— Estou sob a proteção da Foice Nico do Domínio Central. Você ousou me atacar? Ele vai—
Grey deu um passo à frente e eu recuei tão rapidamente que quase tropecei no braço estendido do conjurador morto.
— Ele virá atrás de mim. — concluiu.
— Eu sei.
A lâmina brilhou em sua mão, e seu lobo invocado rosnou baixo.
— Não!
O grito veio do topo da escada.
— Karin!
Gritei, o tempo parecendo parar enquanto olhava com os olhos arregalados para minha esposa. Seu cabelo estava molhado e ela estava envolvida apenas em um vestido transparente que se agarrava a seu corpo. Ela devia estar no banho, percebi distante, minha mente correndo para processar informações enquanto meu corpo permanecia congelado no lugar.
Ela deveria ter corrido, escapado por uma das entradas dos fundos ou descido para a masmorra para se esconder, mas em vez disso veio correndo para defender a casa de nosso sangue. E ao contrário de mim, ela não tinha congelado. Suas mãos subiram e eu senti sua mana aumentando quando o vento começou a dançar no ambiente.
Droga, mulher, você precisa—
O feitiço do vento soprou pela sala como um furacão, arrancando retratos e tapeçarias das paredes e derrubando móveis. Cordas brancas de vento condensaram-se em torno do ascendente para formar uma teia, prendendo-o. Desejei novamente que ela fugisse, mas Karin apertou a teia, segurando Grey e esmurrando-o de várias dezenas de direções diferentes com seu emblema poderoso.
Tinha visto magos dilacerados por este feitiço enquanto as rajadas os rasgavam de todas as direções. Minha esposa preferia suprimir seu poder em público, mas nunca teve vergonha de sujar as mãos se isso significasse assegurar o futuro de nosso sangue. Teria sentido uma onda de orgulho em seu feitiço, se Grey não tivesse simplesmente ficado ali, o feitiço Teia do Vento de seu emblema não fazendo nada mais do que bagunçar seu cabelo…
— Não, Karin você—
Minhas palavras ficaram presas na garganta quando me virei e encontrei os olhos da minha esposa, já brilhando com a morte. Atrás dela estava Grey, sua lâmina violeta envolta no sangue de Karin.
Abri minha boca, tentando dizer algo, dizer qualquer coisa, mas só pude ficar olhando, congelado no tempo, enquanto a luz deixava os olhos de minha esposa.
O tempo voltou quando seu corpo começou a cair sem vida para frente, rolando grotescamente escada abaixo para pousar aos meus pés.
Caí de joelhos ao lado dela, arrastando sua forma inerte para o meu colo. Meu corpo estava tremendo, até mesmo a respiração em meus pulmões parecia tremer, não pude fazer nada além de olhar para o cadáver de Karin enquanto os fragmentos de seu feitiço caíam no chão ao meu redor.
Passos pesados e desajeitados quebraram o silêncio e vi Petras aparecer da escada dos criados. Grey estava parado no topo da escada, seu olhar distante sem emoção, ilegível.
— Petras, mate-o.
Engasguei em torno de um punho gelado de emoção crua que parecia estar esmagando minha garganta.
Grey começou a descer as escadas, com a sobrancelha erguida em direção ao Petras.
— Já faz um tempo, velho amigo.
Petras, a doninha desengonçada, largou a lâmina curva, que caiu no chão ruidosamente. Ele deu as costas para mim, para mim! E saiu furtivamente por uma das muitas portas do saguão de entrada sem dizer uma palavra.
— Desgraçado!
Murmurei. Para Grey, com o máximo de veneno que pude reunir, disse:
— Por que você não pode simplesmente morrer?
Estremeci quando um vazio frio me invadiu.
— Eu pensei, quando a Foice Nico nos contatou…
Meu punho bateu no chão e eu senti os ossos dos dedos se quebrarem.
— Deveria ter sido fácil.
Olhei para o meu assassino.
— Então, por que você não pode simplesmente morrer, merda?
Grey se aproximou sem palavras, uma pressão estrondosa exalando dele.
Cuspi no chão.
— Você acha que pode se safar com isso? Você é a razão pela qual meus filhos estão mortos. Você—
O homem zombou enquanto descia lentamente as escadas. O lobo estava vindo em minha direção vindo da porta, sua boca aberta, uma fome visível em seus olhos brilhantes.
— Mesmo agora, você tenta usar sua família para justificar sua ganância.
— Quem é você para presumir minhas razões?
Vociferei, segurando o corpo frio da minha esposa com mais força.
— Você não é um deus para saber disso, nem tem autoridade para me julgar!
O ascendente caminhou em minha direção, sem pressa enquanto gavinhas violeta se condensavam para formar uma lâmina cintilante.
— Você está certo, Granbehl. Não sou um deus e também não sou juiz. Estou aqui apenas para cumprir minha promessa.
O medo primitivo correu por mim como veneno em minhas veias, mas me recusei a mostrar a este bastardo qualquer aparência de fraqueza. Projetei meu queixo e tórax para que a insígnia dos Granbehl, estampada em minha gola, pudesse olhar de volta para o sem sangue.
— Vá pro inferno—
Ouvi, em vez de sentir, a lâmina violeta deslizar em meu peito. Frieza crua se espalhou por mim, infiltrando-se em cada centímetro do meu corpo enquanto caía para frente. O chão me apoiou enquanto Olhava para cima, através de meu assassino e na direção da minha casa.
Tudo pelo que trabalhamos para superar todos os outros, para nos tornarmos um Alto Sangue, foi em vão. Só Ada ficaria como minha herdeira, a mais fraca dos Granbehls, um pobre elogio pelo qual seríamos lembrados.
Meus pensamentos turvaram, perdendo toda forma.
Então, o mundo ficou escuro.
POV ARTHUR LEYWIN
A espada etérica se dissipou quando liberei meu controle sobre sua forma. Lorde e Lady Granbehl estavam aos meus pés, seus cadáveres entrelaçados.
— Bem, está feito.
Regis fungou, olhando para o cadáver de Titus Granbehl antes de se virar para mim.
— Então… você quer comer um shawarma no caminho de volta?
Fechei meus olhos e respirei fundo; o cheiro de carne queimada pairava pesado no ar.
— Nenhum de nós precisa comer e tenho quase certeza de que esse prato não existe neste mundo.
Regis abriu a boca, fez uma pausa e baixou lentamente a cabeça.
— Quer dizer, sim, claro, acho que você está tecnicamente certo, mas parece apropriado.
Ele torceu o nariz.
— Ou talvez o cheiro esteja apenas me deixando com fome.
— Regis. — disse lentamente
— Esses são os tipos de pensamentos que você realmente deveria manter para si mesmo.
O som de passos suaves ecoou nas proximidades, atraindo meus olhos para uma alcova estreita em uma parede. A jovem conhecida que saiu sorrateiramente da escada dos criados estava ainda mais magra e pálida do que da última vez que nos vimos.
— Olá, Ada.
Ada enxugou o rosto com a mão, esfregando as lágrimas meio secas com sujeira.
— Você os matou.
As palavras não eram uma acusação, apenas uma declaração.
— Sabia que o faria.
— Talvez se seu pai soubesse…
Afastei-me dos cadáveres de seus pais.
— Não precisaria chegar a este ponto.
Ela estava tão silenciosa e pálida que poderia ser um fantasma.
Pensei em simplesmente ir embora, não querendo sobrecarregar ainda mais a pobre garota, mas eu precisava dela.
— Ada?
— Hm?
Ela murmurou, olhando para os corpos além de mim. Embora olhasse, não fez nenhum movimento para se aproximar.
Retirei o emblema dos Rothkeller. Usando uma ponta decorativa projetando-se da parte inferior, coloquei o emblema no corrimão da escada principal que levava ao segundo andar, onde ele se ergueu como uma bandeira de vitória.
Ada se encolheu com o barulho, mas não fez nenhum outro movimento.
— As pessoas vão ver isso e presumir que o sangue Rothkeller vingou-se contra sua família. Entendeu?
Ela deu alguns passos hesitantes ao redor para que pudesse ver o símbolo chamuscado dos rivais de sua família.
— Vou dizer a todos que não vi nada—
Balancei a minha cabeça.
— Não, não para todos.
Ada inclinou a cabeça, confusa.
— Você vai contar a verdade para o Foice que virá…
Meus olhos a observaram em busca de sinais de compreensão.
— E que estarei esperando por ele no Victoriad.
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Foi uma transição abrupta entre o segundo andar das Relictombs e a propriedade rural de Darrin Ordin em Sehz-Clar. Ainda estava quente no sul de Alacrya, longe das montanhas, e uma brisa com cheiro doce soprava levemente pelas colinas ondulantes e farfalhava os arbustos baixos no jardim da frente de Darrin.
De Vechor, entrei nas Relictombs pelo Salão da Associação de Ascendentes local, então usei uma das câmaras tempus warp de segundo nível para chegar ao Darrin, onde Sulla me disse que meu “tio” bêbado estaria esperando.
Encontramos Alaric sentado em um banco perto da porta da frente, olhando para o caminho. Devido ao atraso entre minha aparição e sua reação, que foi arrotar alto e apoiar-se nos cotovelos, esticando a barriga saliente para a frente, presumi que estava um tanto embriagado.
— Sabe, senti falta desse velho idiota. — Disse Regis, feliz.
— Então.
Alaric disse quando o alcancei.
— Ouvi dizer que você mais uma vez precisa de aconselhamento jurídico.
— Não exatamente.
Disse, sentando no banco ao lado dele.
— O que você já sabe?
— Sei que você está com problemas. — disse zombando.
— E que, como sempre, você mordeu o dobro do que pode mastigar.
Ele olhou para mim com olhos instáveis.
— Os Granbehls tentaram terminar o trabalho, mas você acabou com eles, né?
Contei a ele exatamente o que aconteceu, mas deixei uma informação importante para o final.
— Eles eram apoiados por uma Foice. Nico, do Domínio Central.
Os olhos permanentemente injetados de sangue de Alaric se arregalaram, ele se levantou e me encarou incrédulo.
— Pelo saco do Soberano, garoto, por que diabos estamos apenas sentados conversando? A sua identidade como professor com certeza está arruinada, e sua conexão com Darrin e comigo compromete a maioria dos meus contatos habituais…
Ele começou a andar rapidamente para frente e para trás, descuidado ao pisar em uma das plantas cuidadosamente mantidas por Darrin. Estava falando rapidamente em um murmúrio baixo que eu não pude acompanhar. Em vez de estressá-lo ainda mais interrompendo-o, deixei o velho continuar assim por um minuto.
— Acho que você acabou de tirar o fôlego do pobre bêbado.
Observou Regis, com um toque de preocupação na voz.
Alaric parou de repente e olhou para mim.
— Como diabos você ficou contra uma Foice, afinal?
— Nós temos história. — disse, impassível.
— Quanto ao motivo que ele está atrás de mim agora…
Alaric balançou a cabeça e sentou-se, apoiando a cabeça nas mãos como se estivesse totalmente exausto. Com a voz abafada, disse:
— Não importa, garoto. Não importa como você conseguiu colocar uma Foice na sua bunda, só que você colocou.
— Seja lá o que for que te meteu nisso.
Disse depois de um minuto.
— Não será fácil se esconder. Não com tanto poder farejando atrás de você.
— Tudo bem.
Disse, recostando-me também.
— Porque não vou me esconder. Estou aqui para garantir algumas contingências no caso de precisar escapar de Vechor.
— Vechor…? Você não quer dizer—
— Ainda pretendo participar do Victoriad. — respondi com firmeza.
Ele olhou para mim com um sorriso irônico.
— Agora, eu sei que você está brincando, porque apenas um idiota pensaria em fazer uma coisa dessas.
Os olhos dele se estreitaram.
— Você não está brincando. Seu idiota! Que diabos você está pensando?
Me inclinei para trás, colocando minhas mãos atrás da cabeça e cruzando as pernas enquanto olhava para o céu azul.
— Estou pensando em matar uma Foice.
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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— Como Naesia havia prometido, levou apenas algumas horas para completarmos a subida pelos penhascos.…
Primeiro, Cliff apressou-se para os leitos dos enfermos. — Observar a condição do paciente…
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