Meus olhos levaram um momento para se ajustar à escuridão repentina conforme eu saía do portal de ascensão.
Respirei fundo com o ar carregado de éter, e parecia a primeira vez que respirei de verdade em semanas. A tensão desapareceu de meus músculos, e havia um sacudir ávido vindo do meu núcleo conforme reagia ao denso éter atmosférico.
Estava em uma pequena ilha flutuante. O portal havia desaparecido, deixando para trás apenas uma moldura vazia coberta de cristais roxos afiados. Dezenas de outras ilhas flutuantes pairavam no centro do que parecia ser…
Regis soltou um assobio apreciativo.
— Uau.
Bastaram alguns passos para cruzar a ilha em que estava. Olhei para a escuridão abaixo antes de olhar para o telhado acima; as paredes curvas, o piso e o teto dessa estrutura cavernosa eram feitos de enormes cristais roxos. Estruturas semelhantes pontilhavam as muitas ilhas também, algumas do tamanho de pequenos arbustos, enquanto outras cresciam como enormes rochas denteadas.
Era como estar no centro de um geodo, enorme e brilhante.
A forma de lobo das sombras de Regis se aglutinou ao meu lado, olhando para baixo enquanto lambia os lábios.
— Imagine quanto éter está armazenado em todos esses cristais.
Meus olhos se concentraram em uma torre negra que se erguia de uma ilha no centro da zona. Fortalecendo minha visão com éter, pude apenas distinguir os entalhes que cobriam toda a estrutura de três andares. Também era a única coisa na zona que não continha éter.
— O que é aquilo?
Meu companheiro conseguiu desviar seu olhar faminto dos cristais de éter para dar uma olhada na torre negra.
— Sei lá…, mas conhecendo as Relictombs, provavelmente vai tentar nos matar.
— Suposição razoável.
Balancei a cabeça em concordância antes de me virar para o arco cintilante com luz opalescente na extremidade do geodo.
— Pelo menos a saída está à vista.
— Parece fácil demais
Disse Regis, farejando a borda da plataforma.
— Deveríamos apenas brincar de pular de ilha em ilha até chegarmos ao portal?
Regis saltou pela lacuna de seis metros até a ilha mais próxima, depois voltou para provar seu ponto.
— Sinta-se à vontade para dar uma de sapo por conta própria.
Comecei a mapear os caminhos etéreos até o portal antes de dar uma piscadela para meu companheiro.
— Vejo você do outro lado.
Regis praguejou quando comecei a usar o Passo de Deus através da zona.
Quando pisei na próxima ilha, no entanto, os caminhos começaram a tremeluzir antes de se torcer e derreter em uma névoa difusa. A atmosfera tremia com uma vibração nauseante.
Repentinamente tonto, cambaleei sobre um dos joelhos.
— O qu—
O uivo de um vento forte encheu toda a zona. Nuvens de partículas roxas voaram a partir dos milhares de cristais brilhantes, sendo atraídas para o obelisco no centro do geodo. Meus instintos tomaram conta e forcei os portões ao redor do meu núcleo a se fecharem, mas foi inútil; meu reservatório foi esvaziado, o éter que eu havia coletado desde nossa sessão de treinamento foi arrancado de mim e puxado para longe na maré vazante de éter.
Uma voz fina e tensa gritou acima do vento uivante.
Meus olhos se arregalaram em horror com a visão de Regis, desmaiado, sua forma física diminuindo rapidamente conforme o éter que lhe unia era arrancado. O lobo das sombras se tornou um filhote, depois um fogo-fátuo, antes de se transformar em uma faísca fraca.
Estendi a mão trêmula enquanto os fios brilhantes de sua forma negra e violeta desapareciam. Meu punho se fechou assim que a faísca final começou a se dispersar, e sua forma incorpórea flutuou para dentro de mim, sua mente escura e fria.
O vento diminuiu, bem como a vibração horrível, embora a sensação permanecesse atrás dos meus olhos e no fundo do meu núcleo dolorido. O coice causou espasmos em meu peito e estômago, mas resisti à vontade de vomitar e, em vez disso, me forcei a ficar de pé para descobrir o que diabos tinha acontecido.
Cada centímetro do meu corpo doía ao me mover. Dragões precisavam de éter para sobreviver; seus corpos se consumiam se não tivessem o suficiente, e minha forma física era basicamente a de um Asura agora. Não tinha certeza do quanto eu possuía, mas parecia que até meu sangue havia secado e virado areia. Não existia uma única partícula de éter restante na atmosfera.
Regis estava em silêncio, sua minúscula centelha flutuando perto do meu núcleo vazio.
A zona caiu na escuridão, exceto pelo obelisco. Agora contendo cada partícula do éter dentro do geodo, incluindo o meu, o obelisco brilhava como uma luz de néon, queimando com uma força impossível. Eu estava atordoado.
Mesmo quando minha cansada e dolorida mente tinha problemas para se concentrar, meus olhos estavam fixos na torre brilhante como se fosse um oásis no meio de um deserto.
Mas o obelisco continuava a ficar ainda mais brilhante.
Amaldiçoei, desviando meu olhar e examinando as outras ilhas. A maioria delas possuía saliências de cristal, mas a minha não. Se os cristais estiveram todos impregnados de éter quando chegamos, fazia sentido que—
Amaldiçoei novamente. Os seis metros até a ilha mais próxima pareciam muito mais distantes agora que eu não poderia fortalecer meu corpo com magia, mas não havia outra escolha a não ser pular.
Recuando até posicionar meu calcanhar contra a moldura do portal silencioso, reuni todas as minhas forças antes de explodir em uma corrida com carga máxima. Bati na borda da ilha a toda velocidade e dei o pontapé inicial, me lançando no ar em direção à massa de terra vizinha, mas meus músculos enfraquecidos pela reação resistiram, e eu soube no momento em que pulei que não seria o suficiente.
Meu peito bateu no penhasco de pedra com um estalo. Lutei por algo para me agarrar entre a pedra nua e a sujeira solta enquanto deslizava para o lado, mas falhei. Assim que minha metade inferior foi lançada ao ar livre, minha mão esquerda fechou-se em torno de algo duro e afiado: um caco de cristal parecido com uma faca crescendo da terra.
Fiquei pendurado assim pelo espaço de uma única respiração antes que o obelisco brilhasse. Uma esfera de fogo etérico irrompeu dela, engolfando rapidamente as ilhas mais próximas do centro. Um grito de dor saiu da minha garganta enquanto eu me erguia, o cristal cortando profundamente minha palma, até eu poder lançar uma perna para o lado da ilha.
Por puro instinto, me joguei atrás do monte de cristal e me curvei como uma bola, minhas costas pressionadas contra ele pouco antes da explosão me engolfar.
Em vez de queimar minha carne, o éter foi atraído para o monte de cristal nas minhas costas. A explosão continuou a se expandir passando por mim, mas a pequena área logo atrás da barreira estava protegida.
Pude observar com relativa segurança enquanto a esfera de luz em expansão se chocava contra as paredes distantes, infundindo-lhes éter e iluminando toda a zona novamente.
Sem nenhuma maneira de saber quanto tempo tínhamos, lutei para ficar de pé, cada respiração um suspiro de dor, pressionei minha mão cheia de sangue no cristal do tamanho de uma rocha. Meu núcleo devorou avidamente o éter armazenado dentro, e finalmente fui capaz de respirar. Não foi muito, mas o suficiente para curar minha mão e fortalecer meu corpo para evitar o ricochete.
Lutei contra o desejo de verificar Regis e me concentrei em sair da zona. Meu estômago se revirou e agitou quando procurava por estradas etéreas.
Não havia caminho para o portal de saída. Pelo menos, não havia caminho que eu pudesse seguir. Os pontos ramificados e interconectados, que geralmente formavam uma espécie de mapa rodoviário de um espaço para o outro, estavam emaranhados em um nó complicado.
Para piorar as coisas, eu já podia sentir a vibração nauseante se acumulando novamente, tremendo através de cada partícula de éter na zona simultaneamente.
Sem outro recurso, me joguei para trás do escudo de cristal e torci para que ele me protegesse novamente. Quando o obelisco foi ativado, todo o éter em meu núcleo foi arrancado pela segunda vez. Tudo o que consegui manter foi uma fina camada que envolvi ao redor de Regis para mantê-lo seguro.
A dor era imensurável. Enquanto meus olhos rolavam para trás em minha cabeça e minha boca se abria em um grito silencioso, concentrei cada grama de minha força restante em permanecer consciente.
A segunda explosão passou por mim, uma onda visível de fogo roxo escuro que lavou a série de ilhas, iluminando grupos de cristais de éter um por um até atingir as paredes distantes. A caverna explodiu em luz novamente.
Não posso morrer assim. Tem que haver algo que eu possa fazer, declarei pra mim mesmo sobre o som de meus dentes rangendo uns contra os outros. Minha mente fraca lutou para ordenar tudo que eu sabia e o que eu poderia usar.
O obelisco na ilha central absorvia todo o éter da zona e o utilizava em algum tipo de ataque explosivo. Não sabia o que aconteceria se fosse atingido pela explosão, mas sem éter para me defender, tinha certeza de que não seria nada bom. Além de qualquer efeito destrutivo que tenha, a explosão também redistribuía o éter por toda a zona.
O tempo entre a primeira onda e a segunda haviam sido diferentes por vários segundos, então parecia provável que houvesse alguma aleatoriedade envolvida. Infelizmente, isso significava que eu não podia confiar inteiramente no tempo para me mover através da zona.
Mas as protrusões de cristal nas ilhas agiam como escudos devido à reabsorção de parte do éter. Era uma pena que elas também não protegessem contra a parte na qual meu núcleo era drenado repetidamente. Se eu não conseguisse encontrar uma maneira de contornar isso, o ricochete me mataria antes que qualquer outra coisa tivesse a chance.
Quando minhas células cerebrais e o sangue em minhas veias começaram a tremer novamente, cerrei os dentes e me preparei para o pior. Desta vez, a onda chegou pelo menos quinze segundos mais cedo, e eu ainda não tinha absorvido nenhum éter da protuberância onde eu me abrigava.
Desta vez, porém, foi diferente. A luz ametista brincando dentro dos cristais claros esmaeceu quando as partículas de éter foram removidas, mas eu não senti nada. O minúsculo pedaço de éter que eu reti, enrolado protetoramente em Regis, tremeu com a vibração, mas não foi puxado para longe de mim.
O quebra-cabeça de repente fez sentido.
Sabendo que precisaria me mover rapidamente, me levantei sobre um joelho, certificando-me de que meu corpo ainda estava totalmente bloqueado da explosão que veio logo depois. Já estava absorvendo o éter da barreira de cristal antes que o resto da explosão atingisse as paredes externas. Depois de absorver todo o reservatório, fortaleci meu corpo e corri para a borda da ilha, limpando a lacuna de sete metros e meio com espaço de sobra.
Mal tive tempo de mergulhar atrás de um curvo monte de cristais transparentes antes que as vibrações de advertência estremecessem em meu núcleo novamente. Quando as pedras nas minhas costas escureceram e as paredes liberaram fluxos de partículas ametistas, meu próprio éter deu um leve puxão, mas permaneceu seguro em meu núcleo.
Uma respiração trêmula escapou dos meus lábios.
— É isso… — arfei em alívio.
Ao me esconder atrás de pedras ainda cheias de éter enquanto o obelisco o atraia e, em seguida, absorvendo-o para mim mesmo após a explosão seguinte, poderia pular de ilha em ilha enquanto recarregava meu núcleo e evitava a armadilha dos djinn. A única variável tornando se o tempo.
Antes de me dirigir para a próxima ilha flutuante, voltei minha atenção para Regis. Custou um quarto da minha reserva de éter, imbuída diretamente na minúscula faísca, para trazer de volta quaisquer sinais de vida. Uma confusão lenta vazou dele antes de rapidamente se transformar em pânico enquanto voava para dentro do meu núcleo, consumindo o resto das minhas reservas com pressa.
— Não tome muito!
Avisei rapidamente.
— Preciso de tudo que puder se quisermos sair daqui.
Regis não respondeu. Em vez disso, senti um medo frio e entorpecido… algo que nunca senti vindo dele antes.
— Você está bem agora?
Eu perguntei timidamente. Ele não tinha estado tão fraco desde que se formou do aclorito dado a mim por Wren Kain.
— Como foi que… eu quase…
Regis deixou escapar um suspiro.
— Isso é ruim pra cacete.
— Nós vamos superar isso.
Assegurei a ele.
— Apenas fique perto do meu núcleo e concentre-se na recuperação quando eu absorver mais éter.
Outra explosão passou. Esta tinha se passado quarenta segundos depois da anterior e dez segundos depois do processo de absorção.
— E Regis?
— O quê?
— Que bom que você não está morto
Transmiti de forma inexpressiva, suprimindo o medo e a preocupação que me atormentaram quando ele quase se desintegrou.
Meu companheiro soltou um gemido.
— Não fique todo emocionado comigo agora.
— Eu só estava preocupado que todo o éter que lhe dei teria sido desperdiçado se você tivesse morrido lá atrás. — eu menti.
— Ah, aí está meu adorável mestre.
Disse Regis, sua voz fraca ainda transbordando sarcasmo.
Ainda verificando Regis, mais três explosões haviam disparado. O intervalo mais curto entre a explosão e a absorção seguinte foi de sete segundos, o que não deixou muito tempo para me mover por aí. Na próxima vez que uma onda de choque emanou do obelisco, rapidamente drenei o escudo de cristal e saltei para a ilha mais próxima. Era um pequeno pedaço de pedra estéril sem protuberâncias, então segui em frente imediatamente, deslizando para a cobertura por dez segundos inteiros antes de todo o éter ser sugado novamente.
Esperei, recuperando o fôlego e permitindo que outra fase passasse. O pináculo negro como azeviche brilhou em ametista enquanto a energia aumentava antes de ser liberada novamente. Envolvendo minha mão em uma grossa barreira protetora, a estendi na direção da explosão que se aproximava.
Agora que eu tinha uma melhor compreensão da minha situação geral nesta zona, queria testar a força da rajada enquanto tentava absorver o éter diretamente da explosão. A parede de luz em chamas queimou meu éter protetor, depois minha mão junto com ele, não deixando para trás nada além de um coto cauterizado.
— Isso acabou bem. — observou Regis.
— O sarcasmo… eu não sinto falta
Sibilei sem fôlego.
— Mão. Agora.
O fogo-fátuo desceu pelo meu braço até o coto queimado do meu pulso, e eu liberei quase todo o éter do meu núcleo. A energia correu pelos meus canais de éter, condensados ainda mais por Regis, e começou a reconstruir minha mão, tricotando carne, sangue e osso com as partículas roxas.
A destruição do meu membro me fez perceber que, em algum momento, parei de temer as Relictombs. Cheguei a pensar nisso como um campo de treinamento pessoal, como o castelo voador ou Epheotus, e esqueci que foi projetado para me matar; sua dificuldade sempre aumentaria para corresponder à minha força.
Quando recuperei minha mão, quase todas as minhas escassas reservas de éter haviam se esgotado.
— Já disse que você é masoquista?
— Uma vez ou outra.
Reuni um sorriso fraco conforme me inclinava contra a barreira brilhante e fria.
Quando a vibração voltou, sinalizando o início de outra fase, entrei em movimento.
Várias ilhas passaram rapidamente, cada uma da mesma maneira, e quando cheguei na metade do caminho para o portal de saída, já me sentia melhor. Meu núcleo estava rico em éter absorvido e meu corpo estava curado. Meu companheiro não teve tanta sorte.
— Isso é o pior
Queixou-se ele de dentro de mim. Embora eu tivesse absorvido éter mais do que suficiente para compartilhar, impossível para Regis utilizá-lo tão rapidamente. Depois de experimentar algo semelhante à atrofia muscular, precisaria gastar um tempo reconstruindo sua força.
— Apenas fique aí e absorva o que puder
Disse enquanto também contava o tempo desde que o obelisco havia absorvido o éter da zona. Passou-se mais de um minuto, mas a espiral negra ainda estava ficando mais brilhante, crescendo em direção à explosão inevitável.
Finalmente, explodiu com o som de mil canhões. Esperei que a onda de fogo etéreo passasse, então rapidamente tirei a energia presa dentro da minha barreira protetora e me preparei para pular para a próxima ilha.
O obelisco explodiu uma segunda vez.
Meu trajeto me levou na direção da supernova que se aproximava, então por um momento fiquei suspenso no ar, observando o incêndio ultrapassar uma ilha após a outra enquanto se expandia em minha direção.
Bati no chão encolhido, atingindo com força em um pequeno aglomerado de cristais apenas grande o suficiente para cobrir todo o meu corpo. Quando a explosão atingiu os cristais, já queimando com uma luz roxa, tremeram e começaram a se estilhaçar com sons de rachaduras agudas.
Sem me preocupar em absorver o éter da protuberância em ruínas, me joguei na próxima ilha flutuante no momento em que o obelisco explodiu pela terceira vez.
O escudo de cristal nesta ilha era o maior que eu tinha visto até então e se curvava para dentro criando uma pequena caverna. Enquanto eu me arrastava para a depressão rasa, um barulho como vidro se quebrando encheu a zona em rajadas curtas.
As barreiras de cristal, percebi assim que a onda de fogo etéreo passou rugindo pelo meu abrigo. Pressionando as duas mãos contra as paredes brilhantes, comecei a absorver o éter o mais rápido que pude, drenando os cristais para evitar que se partissem.
Ao meu redor, aglomerados de cristais violentamente brilhantes se estilhaçaram, espalhando pequenos fragmentos nas outras ilhas.
Olhando ao redor da borda do meu escudo, vi que a única barreira protetora sobrevivente era aquela atrás da qual havia me escondido. Rapidamente tracei um caminho para o portal de saída, mas era muito longe para chegar antes da próxima explosão.
Usando a maior parte do meu éter armazenado para ativar o Passo Explosivo, me impulsionei por várias ilhas.
— Uh, esse é o caminho errado!
Regis apontou enquanto corríamos e saltávamos em direção à ilha central e ao obelisco.
Sem tempo ou energia mental para colocar meu plano em palavras, tentei projetar a ideia diretamente na mente de Regis.
— Você… tem certeza disso? — perguntou.
— Não
Grunhi quando pousamos na ilha central, a torre de três andares erguendo-se bem no alto.
— Mas não pode ser pior do que nadar na lava, certo?
O obelisco estava escuro e vazio, mas não acho que eu tinha muito tempo antes da próxima onda começar. Correndo em sua direção, pressionei minhas mãos nas laterais lisas. Tinha uma textura vítrea e era fria ao toque.
Esperei. Os pensamentos correram em uma confusão pela minha mente. Se isso falhasse, provavelmente eu morreria.
Quando a vibração começou, meus olhos se fecharam e meus pulmões se fecharam em meu peito. Era muito mais intenso perto do obelisco. Me preparei para o coice.
Ter meu núcleo súbita e forçosamente drenado pela terceira vez em trinta minutos fez minhas pernas tremerem e minhas palmas suarem. Respirei fundo, tentando forçar meus pulmões a funcionarem novamente, mas parecia que um urso titã estava sentado no meu peito.
Comecei a absorver o éter da torre antes mesmo de tê-lo completamente tirado de mim. Eu precisava utilizar cada segundo possível antes da próxima explosão etérea.
O fluxo compensatório de éter me manteve de pé, apesar da dor do ricochete. Suguei o edifício de éter dentro do obelisco, como um homem meio afogado em busca de ar. Minhas mãos já estavam pressionadas contra a pedra que esquentava rapidamente, mas me inclinei para frente e também descansei minha testa contra ela, absorvendo a energia que crescia o mais rápido que pude.
O éter era puro. Muito mais do que qualquer fonte que eu tinha encontrado antes. Era como respirar oxigênio puro; minha cabeça girava com o poder disso, queimando como uma fogueira em meu plexo solar.
Meu núcleo de éter sequer conseguia condensá-lo ou refiná-lo mais um pouco. Em vez disso, o éter purificado estava raspando as impurezas restantes do meu núcleo e meu peito começou a doer.
Enquanto meu núcleo se enchia até a borda, continuei a extrair éter da torre, não tinha escolha. Se parasse, ela explodiria e me mataria, mas parecia que eu estava tentando beber o oceano. Meu núcleo estava tão cheio que começou a chacoalhar e tremer. Um raio de dor radiante disparou e eu senti o gosto de bile no fundo da minha garganta.
A luz do obelisco ficou cada vez mais forte através de minhas pálpebras fechadas. Eu nem ao menos tinha certeza de quanto tempo havia se passado.
Tentei expelir a maior parte do éter do meu núcleo, assim como fiz quando comecei a traçar minhas passagens do éter, mas quando abri os portões em torno do meu núcleo, os fluxos ainda correndo de todo o meu corpo sobrepujaram minha tentativa de empurrar para fora, criando um refluxo que causou uma inundação descontrolada de éter purificado que eu não conseguia parar.
— Estou me afogando aqui!
Regis gritou, sua forma de fogo-fátuo totalmente inundada com éter.
Flashes de luz difusos perfuraram minhas pálpebras. Afastei meu rosto do obelisco e abri os olhos; o pináculo tremulou, lutando para liberar a expulsão pretendida de energia destrutiva, mas sem força para fazê-lo. Estava agindo como uma válvula de escape, dando ao éter uma saída que impedia a pressão de atingir o nível necessário.
Houve um estalo retumbante no meu esterno.
Olhando para dentro, vi uma fissura escura aparecer na superfície do meu núcleo de éter.
Minha visão turvou. Fogos de artifício explodiram atrás dos meus olhos. Uma lâmina branca e quente de dor cortou através de mim.
Não.
Uma segunda rachadura se ramificou na primeira, estremecendo como um relâmpago em câmera lenta ao redor da circunferência da minha esfera, quase quebrando-a em duas.
Não!
Respirando irregularmente, dobrei cada grama de minha formidável vontade na tarefa de moldar o éter à minha vontade. Com outro lugar para ir, ele parou de transbordar para o meu núcleo enfraquecido, e eu relaxei em um equilíbrio delicado entre os esforços contínuos do obelisco para explodir e minha absorção inescapável e reforma do éter purificado.
Apesar da natureza precária da minha posição, um sorriso se formou nos cantos dos meus lábios ensanguentados.
Regis pairou dentro do meu núcleo, me observando trabalhar.
— Nem a pau.
— Sim
Bufei, meu sorriso se alargando mais.
— Definitivamente melhor do que tomar banho de lava.
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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