— Mas que diabos?
Caera levou uma mão delicada ao rosto, sentindo sua bochecha, em seguida, puxou uma mecha de seu longo cabelo na frente do rosto para que pudesse vê-lo corretamente. Empalideceu visivelmente quando sua mão se estendeu e tocou um dos chifres de ônix que cresciam nas laterais de sua cabeça. Cada chifre tinha dois pontos separados: os chifres principais movidos para frente e para cima, enquanto o par menor em forma de presa projetava-se para trás, emoldurando sua cabeça como uma coroa escura. Anéis finos de ouro adornavam cada uma das esporas menores.
— Grey, eu posso expli—
Minha mão disparou em um borrão, agarrando Caera por seu pescoço fino e levantando-a do chão nevado. Um pequeno suspiro escapou de seus lábios tentando se libertar, mas meus olhos estavam focados naqueles chifres negros.
Ela é uma Vritra! Eu pensei, me sentindo um tolo por deixar alguém sobre quem eu sabia tão pouco chegar tão perto de mim. Não, ela não seria capaz de entrar nas Relictombs se fosse esse o caso. Eu não tinha certeza do que fazer com essa revelação repentina. Ela é apenas de sangue Vritra?
— Sei que você está chocado, como eu também, mas acho que não vamos conseguir nenhuma resposta dela se estiver morta. — Regis interrompeu, me acalmando.
Afrouxei meu aperto, deixando a mulher Alacryana cair no chão, onde tossiu intermitentemente e esfregou a garganta.
— Por favor… Grey. Eu não quis… nenhum mal. — Caera implorou, seus olhos vermelhos fixos em mim.
— Pare. — avisei, puxando a adaga branca da minha runa dimensional estudando a mulher Alacryana de Alto Sangue.
Qual era o propósito de Caera, me matar? Isso não fazia sentido. Ela poderia ter me matado a qualquer momento enquanto eu estava no reino da pedra angular. Ela precisava de uma prova para levar de volta ao seu sangue, uma Foice, ou talvez até para o próprio Agrona, para que eles pudessem me encontrar e executar?
No final, independentemente de seus motivos, tudo se resumia a duas opções.
A ideia de simplesmente matá-la ali mesmo e mitigar qualquer risco potencial surgiu em minha mente, mas segurar a adaga trouxe à tona memórias de Caera entregando a lâmina de seu falecido irmão para que eu pudesse ter uma arma. Além disso, Caera e eu tínhamos nos separado em bons termos depois de nossa aliança temporária na zona de convergência.
Mesmo assim, ela e seus dois guardas tiveram várias chances de me matar enquanto eu estava inconsciente após nossa luta contra o titã, embora também fosse verdade que ela poderia ter adivinhado minha identidade depois de voltar para Alacrya.
Ainda está me chamando de Grey, o que significa que ela pode não saber quem eu sou afinal…
Meu aperto em torno da adaga branca como osso aumentou enquanto eu lutava para chegar à decisão certa. Tinha confiado em Haedrig, mas o homem de cabelo verde que lutou ao meu lado nunca existiu. Em vez disso, era uma mulher profundamente envolta no véu da nobreza Alacryana, com sangue Vritra correndo por ela.
Regis soltou uma gargalhada.
— Por que você está pensando tão profundamente sobre isso? Talvez ela simplesmente goste de você.
— O quê? — soltei, assustando Caera, que ainda estava de joelhos na neve.
— Nada. — disse, pigarreando e silenciosamente amaldiçoando meu companheiro por sua atitude petulante.
Podia sentir Regis revirar os olhos.
— Matá-la ou não, depende de você, mas seja rápido. Não quero descobrir o que acontece comigo se você congelar até a morte aqui.
Meu rosto e mãos estavam duros de frio, mas meu corpo Asura tornava aquele clima mortal no máximo um incômodo. Caera, apesar de sua óbvia ancestralidade Vritra, não compartilhava de minha força e já havia começado a tremer.
Soltando um suspiro, relutantemente me decidi. Retirei o saco de dormir de lã da minha runa, mais um equipamento que Alaric pensou em embalar para mim, e joguei para ela.
— Envolva-se nisso. Precisamos encontrar abrigo… aí então conversaremos.
Ela pegou o saco de dormir macio e o envolveu como um cobertor.
— Obrigada.
Meus olhos examinaram rapidamente os arredores. Como antes, o portal pelo qual passamos havia desaparecido, deixando-nos presos em uma extensão de puro branco. Um vento gelado levantou bastante neve, tornando difícil ver muito longe.
— Vamos andando. — respondi secamente, me virando.
— Eu teria optado pelo papel de bom cavalheiro, mas o indiferente bad boy também funciona. — brincou Regis.
— Você quer que eu te separe do meu éter?
— Não, senhor. Desculpe, senhor.
Revirando os olhos, continuei andando, prestando muita atenção ao ruído suave dos passos de Caera a poucos passos atrás de mim.
— Você está desconfiado de mim, mas ainda assim está expondo suas costas para mim. Você está tão confiante? — Caera perguntou, sua voz de prata cortando o uivo do vento.
— Você quer descobrir? — Eu perguntei, sem me preocupar em olhar para trás.
— Talvez da próxima vez. — disse suavemente depois de um momento de silêncio.
— Ooh, então ela quer que haja uma próxima vez. — Regis riu.
Eu ignorei o comentário de meu companheiro, mas mentalmente dei a ele sua segunda falta.
— Fique de olho em qualquer tipo de abrigo. — gritei, meus próprios olhos examinando cada sombra e ruga no deserto congelado em busca de algo que pudesse ser uma caverna ou ravina, ou mesmo apenas uma saliência que nos tiraria do vento cortante.
— Eu mal posso ver além de você. Mesmo com mana, eu não acho que poderia encontrar algo a menos que estivesse bem na minha frente. — Caera disse, a frustração atada em sua voz.
— Talvez vocês tenham que cavar um abrigo e se aconchegar para—
Terceira falta.
Coalescendo éter ao redor da forma incorpórea de Regis dentro de mim, o direcionei para a palma da minha mão e o empurrei para fora.
Para minha surpresa, a forma de filhote de fogo de Regis realmente irrompeu de minha mão, os membros batendo em surpresa.
— Ei! Que merd—
Caera engasgou e entrou em ação. Arremessando-se do saco de dormir e sacando sua espada fina e curva, cortou rapidamente para baixo, partindo Regis em dois.
Observei com uma sobrancelha levantada enquanto a forma dividida de Regis desaparecia, dissolvendo-se na neve soprada pelo vento.
Os olhos afiados de Caera dispararam ao redor do terreno, mas quando não viu mais nenhuma ameaça, suavemente armazenou a lâmina mais uma vez. Então percebeu a expressão em meu rosto e sua expressão confiante sumiu.
Apontei com indiferença para a área onde Regis havia desaparecido e disse.
— Essa coisa vai se reformar em alguns segundos. Por mais divertido que tenha sido, por favor, não o ataque novamente.
Os olhos dela se arregalaram.
— Isso foi algo que você fez?
— Esse era meu lobo, sim.
— Grey, eu estou—
Ela foi cortada quando um bolsão de cinzas escuras começou a girar dentro da neve fina, condensando-se até se tornar uma bola perfeitamente redonda, então explodindo em chamas. Finalmente, os olhos brilhantes de Regis se abriram e a sombra escura de sua boca se torceu em uma carranca cômica.
O fogo-fátuo flutuou através do chão, onde mudou novamente, projetando-se para fora enquanto se transformava de volta no pequeno cachorrinho parecido com um lobo.
— Sabe, não tenho certeza se gosto muito de qualquer um de vocês agora.
As sobrancelhas de Caera franziram em confusão enquanto seu olhar mudou de Regis para mim e depois de volta para mim. Dei de ombros.
— Este é Regis. Vocês dois se encontraram antes nas duas últimas zonas.
Seus olhos brilharam em realização, então ela inclinou a cabeça.
— Mas ele era um pouco maior lá.
— Sim, bem, você era um cara. — Regis retrucou com raiva.
— Você tem razão. — Os lábios de Caera tremeram como se ela tentasse muito não sorrir. — Sinto muito, amiguinho.
A Alacryana se abaixou e coçou Régis atrás de uma pequena orelha pontuda. Seus olhos brilhantes a encararam, mas ele não conseguiu evitar que seu rabo sombrio abanasse de prazer.
Desta vez, deixei escapar uma risada, fazendo meu companheiro ficar tenso.
Soltando um grunhido, Regis agarrou o dedo de Caera, assustando-a tanto que ela puxou a mão.
O minúsculo lobo das sombras se lançou à nossa frente, saltando pela neve com alguma dificuldade. Sem olhar para trás, Regis disse.
— Parem de encarar e comecem a andar, antes que vocês dois se transformem em picolés de carne.
Encontrei os estranhos olhos vermelhos de Caera, estreitei um sorriso agradável e forcei a me virar. Pegando meu saco de dormir, a Alacryana sacudiu a neve e o envolveu em volta dos ombros, então nós seguimos nosso pequeno guia felpudo.
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— É uma bacia, murmurei, parando para que Caera, que estava andando na trilha que deixei na neve cada vez mais profunda, esbarrasse em mim.
— O quê? — perguntou, dando um passo para trás e olhando ao nosso redor.
Peguei-a pelo ombro e a virei de modo que ela olhasse para baixo, para um grande declive na terra. A visibilidade era baixa o suficiente para que eu não percebesse imediatamente, mas estávamos caminhando ao longo do cume de uma cratera rasa e massiva.
O vento diminuiu naquele momento, e um feixe de luz prateada cortou o cobertor cinza acima de nós, espalhando-se pela neve e destacando toda a bacia. Bem abaixo de nós, talvez um quilômetro ou mais, havia o contorno nítido de uma protuberância grande e redonda sob a neve, redonda e perfeita demais para ser uma formação natural.
Então o vento aumentou, as nuvens se fecharam e a forma se perdeu atrás de uma cortina branca.
— Você viu aquilo? — Caera perguntou animadamente, apontando para o monte escondido.
Ela se virou para mim e de repente parecia perto demais. Seu olhar então pousou no meu braço, que de repente percebi que ainda estava em torno de seu ombro. Imediatamente, me afastei, dando um passo para trás enquanto Caera também se mexia desconfortavelmente.
— Vi o quê? — Regis perguntou, trotando de volta em nossa direção depois de ter avançado vários metros. — O que eu perdi?
— E o que você estava fazendo com o braço em volta do espião, hein?
— Há algo lá embaixo. — Fiz um gesto descendo a encosta, ignorando meu companheiro. — Parece que a neve fica mais profunda, então talvez você deva voltar para dentro de mim. — Olhei para Regis incisivamente, deixando claro que isso não era um pedido, mas sim uma ordem.
— Sabe, tem sido bom esticar as pernas. Acho que vou ficar aqui fora. Eu não me importo com um pouco de neve.
Olhei para o filhote, e Regis balançou as sobrancelhas em troca, um gesto que me lembrou dos animais de desenho animado dos que eu tinha visto quando criança.
— Acho que vou ficar de olho nas coisas daqui. — transmitiu ele, deixando claro que ainda estava chateado por ter sido cortado ao meio.
Ele estava nos observando com expectativa, então acenei minha mão em direção à encosta.
— Depois de você, meu poderoso companheiro.
Regis agitou sua cauda sombria enquanto trotava adiante. A menos de dezoito metros, porém, os montes estavam bem acima de sua cabeça e, embora o frio não o incomodasse, seu minúsculo corpo de lobo não estava equipado para nadar na neve.
Depois de lutar por alguns minutos para manter qualquer tipo de progresso, atacando e remando pela neve, Regis desistiu.
— Sabe, acho que estiquei minhas pernas o suficiente. É melhor eu voltar a reunir éter. — Com isso, meu companheiro saltou como se tentasse pular em meus braços, mas em vez disso desapareceu em meu corpo.
— O que ele quis dizer com reunir éter? — Caera perguntou enquanto avançávamos pela neve que agora estava até meus quadris. Estava liderando, abrindo caminho para que Caera pudesse seguir mais facilmente.
— Minha convocação é movida por éter. Quando usamos… o fogo roxo, bem, usamos todo o seu poder. Então, ele encolheu nesta forma. — Eu mantive meu tom explicativo, como se fosse perfeitamente normal ter um lobo das sombras movido a éter como companheiro.
— Mas ele não é realmente uma convocação, é? — Eu praticamente podia sentir seus olhos penetrantes queimando minha nuca.
— Não, suponho que não. Não do jeito que você normalmente pensa em uma.
— E… — Caera hesitou. Eu mantive minha atenção para a frente, vasculhando a pólvora profunda e pesada. — E você não é realmente um mago, é? Não da maneira que normalmente pensamos em um, de qualquer forma. Você não usa mana.
Parei de andar, mais por perceber do que por recear, por perceber o quão cansado eu estava de esconder tudo sobre mim para todos que eu encontrasse. Não havia como responder com sinceridade sem revelar quem eu realmente era, mas qualquer mentira seria tão óbvia quanto os chifres em sua cabeça.
— Não, suponho que não.
Marchamos em silêncio por alguns minutos e logo a neve estava até minhas costelas. Uma mão forte em meu ombro me puxou para baixo. Me virei para ver o que estava acontecendo, mas estava cego por meu próprio saco de dormir sendo jogado sobre meu rosto.
Caera riu pela primeira vez, um som refrescante e elegante.
— Eu também não sou uma maga comum, lembra?
Puxei o cobertor de lã do meu rosto, já juntando éter em minhas extremidades para me defender se necessário, mas Caera não estava me atacando. Ela nem estava olhando para mim.
Um poder sinistro estava crescendo dentro dela, no entanto, e quando ela finalmente encontrou meus olhos, havia um fogo escuro neles.
— Talvez você queira se afastar, Grey.
Recuei na neve, saindo de seu caminho enquanto ela puxava sua espada, sua verdadeira espada. A aura escura e flamejante que eu a vi usar ao lutar contra o monstro gigante na zona de convergência cintilou ao redor da lâmina vermelha, tornando-a preta.
Desta vez, porém, foi muito mais silenciosa, menos selvagem e perigosa.
Então Caera empurrou a espada para frente e as chamas escuras ondularam para fora, abrindo um canal na neve por pelo menos duzentos metros.
Ela se virou e caminhou em minha direção, embainhando sua longa lâmina curva. Pegando o saco de dormir de volta e enrolando-o no ombro, me lançou um sorriso quase infantil.
— Você está com cara de cansado, Grey. Deixe-me liderar por um tempo.
— Esse truque foi mais impressionante na primeira vez que o vi. — murmurei, tirando a neve das minhas roupas.
Bufando indelicadamente, Caera girou para frente e começou a marchar pelo caminho largo que ela fez.
Eu a segui, minha mente inteiramente preenchida pela habilidade de Caera. Quando usou seu poder na zona de convergência, estava muito preocupado em não morrer para realmente examiná-lo. Desta vez, porém, observei cuidadosamente ela manifestando a aura negra e liberava a torrente de fogo preto.
As chamas não produziram calor. Elas destruíram sem queimar, como os fogos violetas da runa da Destruição, mas não estava usando éter. Na zona de convergência, essas mesmas chamas consumiram o ataque do guardião titânico, literalmente abrindo caminho através do feixe de energia.
Lembrei-me de minha batalha com Nico, como ele controlou as chamas negras para destruir minha tempestade elétrica. A habilidade de Caera parecia semelhante, capaz de destruir energia e matéria. Então pensei no fogo da alma de Cadell, e como ele era capaz de queimar a força vital de alguém por dentro, impedindo até mesmo vivum de curá-los.
Então, algo em que eu não pensava há muito tempo voltou para mim. Estava caminhando pela floresta com Windsom, meu protetor e mentor Asura. Os pássaros cantavam. O sol brilhando através das folhas manchava seu velho rosto sábio enquanto caminhávamos. Ele estava me ensinando sobre as diferentes raças Asuras e sua magia.
Havia descrito a natureza do éter, embora lutasse para se comunicar através da “língua inferior”, e tenha decidido se referir a ele como uma “arte de mana modelo-criação”. Os Vritra eram compostos principalmente de basiliscos, uma raça que usava uma arte de mana modelo-ruína, embora nunca tenha me dado outro nome para isso.
Era isso que Caera estava usando? Uma forma desviante única da magia baseada em mana?
Assisti o cabelo marinho de Caera balançar em torno de seus chifres de ônix enquanto ela caminhava à minha frente como se nada pudesse tocá-la. Era incrivelmente talentosa, e igualmente confiante em suas habilidades. Quando vi pela primeira vez como lutava, imediatamente me lembrei de mim mesmo.
Não era segredo que Agrona e seus basiliscos haviam cruzado com o povo de Alacrya. Claramente Caera foi o resultado de tais experimentos, mas ela escondeu sua ancestralidade quando nos conhecemos nas Relictombs, usando sua habilidade mais forte apenas quando não havia outra opção. Algo sobre esta zona fez seu disfarce falhar, mas mesmo na primeira vez que a conheci enquanto estava com seus dois guardas, escondia seus chifres.
Por quê?
— Não é? Pessoalmente, acho que são atraentes.
Quando chegamos ao fim do caminho escavado pelo poder de Caera, a neve era profunda o suficiente para que o canal se transformasse em um túnel. Em vez de um túnel de gelo redondo e ondulante, porém, a caverna de quinze pés de profundidade na neve era áspera e imprecisa, como se uma dúzia de crianças a tivesse cavado com as mãos nuas.
Sem calor para derreter a neve, permitindo que ela congelasse novamente e endurecesse, o túnel não parecia seguro para entrar, mas não era só isso que estava me incomodando.
Caera tirou a espada do ombro e apontou para a frente, porém estendi a mão.
— Eu não acho que seu poder seja muito adequado para esse tipo de coisa. Economize sua força. Com base na minha experiência nas Relictombs, não demorará muito para que algo tente nos matar.
— Você tem um ponto. O que sugere, Grey?
Pelo que eu sabia, ainda estávamos a quatrocentos metros ou mais da protuberância redonda que tínhamos visto da borda da caldeira. A neve pulverulenta tornava impraticável andar em sua superfície, pois qualquer um de nós poderia afundar sobre a cabeça a cada passo.
— Você poderia explodir um túnel com éter. — sugeriu Regis.
Eu já havia considerado isso, mas o custo do éter para utilizar a Forma de Manopla em algo tão mundano como perfurar um buraco na neve parecia imprudente. Perfurar…
— Regis, você é um gênio.
— Eu… sei? — Eu podia sentir a confusão de meu companheiro, mas já estava me preparando.
Com um pensamento, incentivei Regis a passar para minha mão para ajudar a atrair o éter que liberei de meu núcleo. Não desenvolvi uma grande explosão de éter como faria se estivesse me preparando para um ataque, mas, em vez disso, liberei uma pequena explosão de energia etérica.
Enquanto sugava o éter pelo meu braço, desejei que ele se aglutinasse em vez de emergir, mas a manifestação desapareceu em minha palma; isso era algo novo e exigia mais controle do que criar uma explosão direta de energia.
Respirando fundo e sintonizando os pensamentos perdidos de Regis e o olhar enfadonho de Caera, tentei de novo, e de novo.
Após a quarta tentativa, o éter finalmente se manifestou na forma de um balão globular que se dispersou assim que deixou minha palma. Após a sétima tentativa, o éter tomou forma em uma esfera que ficou maior conforme eu o alimentava com mais éter.
Levei cada grama de minha concentração para evitar que o globo cintilante púrpura se dispersasse enquanto crescia até minha altura. Então empurrei, dirigindo a esfera etérica para a frente através da neve.
Apesar de usar apenas uma fração do éter que seria necessário para desencadear uma explosão etérica completa, o grande orbe etérico perfurou mais de seis metros de neve antes de desaparecer, deixando para trás um túnel redondo e estável pelo qual poderíamos facilmente atravessar.
— Isso serve. — bufei. Esperava manipular o éter em uma broca em forma de cone, mas vendo que mesmo uma esfera meio decente era quase impossível, rapidamente me decidi por algo mais simples.
— Sabe, isso é exatamente o que eu estava pensando.
— Claro que era. — o provoquei.
Caera entrou com cuidado no túnel, sua mão correndo pela parede e teto enquanto inspecionava cautelosamente minha obra.
— Inteligente. Consegue fazer de novo?
Assentindo, disse:
— Devo ser capaz de chegar a essa cúpula sem me drenar totalmente, sim.
Ela deu um passo para o lado, apontando para o túnel.
— Depois de você, meu poderoso companheiro.
Fosse porque eu estava cansado da quantidade de concentração que gastei no feitiço etérico, se é que poderia ser chamado assim, ou apenas porque ainda estava orgulhoso de minha realização, eu realmente soltei uma pequena risada antes de reunir o éter em minha mão direita novamente.
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Ao descansar um pouco depois de alguns usos do canhão de éter, como Regis rapidamente o apelidou, fui capaz de manter meu núcleo cheio, para o caso de encontrarmos algo hostil sob a neve. No entanto, considerei um bom sinal não termos encontrado e, em uma hora, achamos o que procurávamos.
Atrás de mim, Caera ergueu um artefato de luz, revelando uma parede branca lisa e brilhante. Corri minha mão ao longo da pedra fria.
— Eu nunca vi nada parecido, como gelo que se transformou em pedra. — disse, limpando a neve nas bordas externas do túnel. Minha esfera etérica nem mesmo arranhou a superfície. — Vamos torcer para que haja uma porta em algum lugar.
Utilizando meu novo feitiço, canhão de éter, comecei a abrir espaço ao redor do exterior da cúpula branca. Onde quer que a energia roxa rodopiante tocasse a pedra brilhante, meu poder parecia se dispersar, rolando sobre a superfície lisa como água na cera.
Então, com um pulso final de éter, uma luz branco-dourada se espalhou a partir de uma porta arqueada na cúpula, fazendo com que nosso túnel de neve brilhasse com tanta força que tive de proteger os olhos.
Caera ergueu a mão para afastar o brilho.
— Espero que a luz venha de um bom e quente fogo.
Piscando para afastar as estrelas cintilantes em meus olhos, saquei a adaga branca, infundi meu corpo com éter e me movi com cautela até o arco. O interior não era exatamente o que eu esperava.
A cúpula tinha cerca de doze metros de altura em seu auge e quase trinta metros de largura. Bolas brilhantes de luz flutuavam pelo ar como lanternas de papel. Um estrado se erguia do chão no centro da sala cavernosa e sobre ele havia um arco lindamente esculpido.
Ou o que sobrou dele.
Embora o estrado tivesse seis metros de largura e se erguesse três metros acima do nível do chão, ainda parecia pequeno e abandonado no enorme espaço vazio. Havia uma atmosfera de abandono e perda dentro da cúpula que fez minha pele arrepiar.
Ao meu lado, Caera disse:
— Parece… quebrado.
Examinando a sala novamente para ter certeza de que não havia inimigos agarrados ao teto ou rastejando ao longo das paredes, pisei na cúpula, então lentamente cruzei a extensão aberta para as escadas, sentindo-me inteiramente exposto.
Havia uma pilha de itens aleatórios ao pé da escada. Caera se ajoelhou para inspecioná-los.
— Ossos, principalmente, mas olha isso?
Ela ergueu uma ponta de flecha totalmente branca.
— Parece que é feito do mesmo material da cúpula. — Peguei dela e esfreguei entre os dedos; era frio ao toque e suave como a seda. — E olha pra isso.
Pendurado em seus dedos estava um cordão de couro com garras grandes e curvas, como as de um falcão ou uma águia, mas maiores.
— Feito de algo nativo desta zona, eu imagino. — disse, pressionando meu dedo na ponta de uma das garras. Estremeci quando uma gota de sangue floresceu no meu dedo. — Afiado pra caralho.
— Feito do quê, eu me pergunto. — Caera perguntou, jogando o colar de garra de volta na pilha.
Embora estivesse interessado nos itens e no que eles poderiam nos dizer sobre esta zona, estava mais interessado em sair dela. Pisando nos objetos espalhados, subi as escadas de dois em dois até chegar ao topo da plataforma.
O arco tinha três metros de altura e a mesma largura. Corri meus dedos pelos adornos, que eram incrivelmente detalhados, mostrando animais brincando em jardins cheios de plantas e flores impressionantemente trabalhadas.
Mas Caera estava certa. Várias peças do arco estavam faltando, o que, supondo que fosse o portal de saída da zona, significava que estávamos presos.
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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