Apesar dos ghouls se aproximando rapidamente atrás e abaixo de nós, olhamos estupidamente para o grande abismo que Kalon havia feito. Coletivamente incapazes de entender por que estava na nossa frente.
— Nós–nós estávamos correndo em círculo o tempo todo? — Ada disse, sua voz trêmula.
— Isso é impossível! — Ezra ofegou depois de derrubar outro ghoul com sua lança. — Estávamos correndo em linha reta. Eu… tenho certeza disso! — Eu podia ouvir a tensão em sua voz; ele estava começando a ficar cansado.
— Ezra está certo. Não há curva na ponte. — Kalon girou sua arma e varreu as cabeças de dois ghouls que estavam tentando me alcançar. Ele, pelo menos, parecia ter retido sua força até agora.
A ideia de um caminho reto dando voltas em círculos parecia impossível, mas era completamente plausível se levarmos em conta os editos do éter. Não pude deixar de me perguntar se as Relictombs nos trouxeram a esta zona por minha causa.
Olhei para baixo vendo que Riah havia perdido a consciência em meus braços. Talvez tenha sido melhor assim; Ada cobriu as feridas dela com uma pasta grossa que parou o sangramento, mas sua expressão tensa disse que não ajudava em nada a dor.
— O que nós… — Haedrig lançou uma enxurrada de golpes em um trio de ghouls que haviam conseguido alcançar a trilha. — faremos agora?
— Ainda acha que eles estão no controle? — Regis interrompeu maliciosamente.
— Tudo bem. Saia, mas lembre-se de não falar.
A grande forma de lobo de Regis saltou das minhas costas, assustando nossa equipe e atraindo sua atenção para longe dos ghouls ao nosso redor.
Kalon instintivamente tentou atacar Regis, e enquanto estava curioso sobre o que aconteceria se ele acertasse meu companheiro, intervim.
— Pare! É meu feitiço. — rebati, imediatamente parando a lança de Kalon antes de me virar para Regis. — Vá em frente e veja se consegue detectar alguma coisa.
— Entendido. — meu companheiro respondeu antes de pular pelo abismo. Estava quase fora de vista antes de eu me toquei.
— Desde quando você consegue se comunicar telepaticamente quando não está dentro de mim?
Houve uma pausa momentânea, então ouvi a voz de Regis em minha cabeça novamente.
— Não tenho certeza. Meu palpite é que ou estou ficando mais forte ou a densidade do éter ambiente nesta zona está nos permitindo. Ou podemos apenas estar ficando mais… conectados.
Soltei um gemido.
— Você pode não dizer isso em um tom tão vulgar?
Voltando minha atenção para a batalha, percebi que Ezra, Ada e Kalon estavam olhando para mim com expressões de choque. Haedrig foi o único que não pareceu perturbado; se ficou surpreso com a aparição repentina de Regis, escondeu isso extremamente bem.
Felizmente, a atenção do grupo foi forçada a voltar para a horda crescente de ghouls que nos cercava. Nós abandonamos nossa formação de linha, nos estreitando em torno de Riah e Ada e nos aproximando do abismo.
— Qual é o plano? — Kalon gritou, olhando para mim.
— Nós esperamos. — disse enquanto meu pé acertava o esterno de um ghoul, fazendo-o voar de volta para o abismo. — Quero ter certeza de que este lugar realmente está dando voltas.
Mantivemos nossa posição, restringindo nosso consumo de mana o melhor que podíamos, por medo de que nossa guerra contra os ghouls horripilantes durasse por mais a fio. Considerando que estava cercado por pessoas pelas quais me sentia responsável por proteger, que não podia nem revelar minha própria força ao fazer isso, eram poucas as coisas que eu poderia fazer.
— Boas notícias! Bem, acho que são más notícias, mas agora vejo todos vocês à minha frente. — Regis me transmitiu.
Xinguei entredentes.
— Então está confirmado.
— Você quer que eu ajude a lutar? Já derrubei cerca de uma dúzia desses bastardos.
— Não. Não acho que vamos sair daqui apenas matando mais dessas feras, mandei de volta. Quero que você dê a volta e examine cuidadosamente as paredes.
Pude sentir uma onda de curiosidade vindo de Regis.
— Você quer dizer os rostos nojentos?
— Sim. Algo sobre eles tem me incomodado. Avise-me se encontrar algo fora do comum.
— Fora do comum para rostos de pedra nojentos… entendi. — Regis respondeu, virando-se para correr para longe de nós mais uma vez.
Um gemido abafado chamou minha atenção para trás.
— Ezra! — Kalon rugiu. Seu corpo brilhou, aparecendo ao lado de seu irmão e decapitando o ghoul que tinha enfiado suas garras em uma fenda abaixo da ombreira de Ezra.
Com Ezra incapaz de mover livremente seu braço esquerdo devido ao ferimento, se tornou uma fenda em nossa defesa. Não demorou muito para que um ghoul fosse capaz de passar por seu lado fraco, me forçando a me lançar em seu caminho para salvar Riah. As garras pútridas da criatura abriram uma série de cortes profundos em meu quadril e coxa.
Um grunhido de dor escapou da minha garganta quando dirigi minha mão aberta diretamente para a garganta do ghoul. Ele cuspiu um punhado de sangue e desabou antes que Ezra pudesse se virar para acertar suas costas com a lança.
O rosto do garoto estava pálido e molhado de suor, mas depois disso redobrou seus esforços, recusando-se a deixar outro ghoul passar.
— Achou alguma coisa? — Eu perguntei a Regis.
— Só muito mais rostos horríveis. Também não consigo ver nenhum padrão.
— Continue procurando. — enviei, puxando um ghoul de Ezra e jogando-o no chão para que ele pudesse acabar com aquilo.
— O que ainda estamos fazendo aqui? Temos que nos mover! — Kalon gritou, o seu comportamento relaxado desapareceu completamente.
— E vamos para onde? — perguntei. — Já confirmei que esta zona está fazendo voltas em torno de si, nos levando em círculos. Enviei minha invocação para verificar quaisquer anomalias nas paredes.
— Você pode compartilhar sentidos com sua invocação? — Haedrig perguntou, redirecionando o ataque de um ghoul e fazendo-o cair de volta na escuridão.
— Meio que isso? — hesitei. — Tem uma quantidade limitada de senciência.
— Ei!
Ignorando meu companheiro, me virei para Ada, que estava ajudando onde podia, de pé ao lado de Riah no centro de nosso círculo. Para conservar mana, recorreu a disparar pequenos raios de fogo nos ghouls que subiam pelos lados, mas mesmo isso havia sido uma grande ajuda para mantê-los afastados. Eu poderia dizer que ela estava no fim de seu poder, no entanto.
— Concentre-se em reabastecer suas reservas de mana.
— Mas há muitos deles! — Ada gaguejou, enxugando as gotas de suor que escorriam pelo rosto. — E-eu deveria estar ajudando…
Eu a sentei com um leve empurrão e dei a ela a coisa mais próxima de um sorriso que pude reunir.
— Vou mantê-la segura.
Após um momento de hesitação, Ada acenou com a cabeça em determinação antes de fechar os olhos.
— Haedrig. Você tem uma espada extra? — perguntei, virando-me para o ascendente de cabelos verdes. Sem uma palavra, Haedrig retirou uma espada curta fina de seu anel dimensional e a jogou para mim.
Agarrando o cabo e puxando a espada para fora da bainha, fui subitamente dominado por uma sensação de calma. Era uma coisa boba o que uma arma poderia fazer, mas depois de lutar por tanto tempo com a Canção do Amanhecer em minhas mãos, percebi o quanto havia sentido falta da sensação de empunhar uma espada.
Soltei um suspiro profundo enquanto imbuí éter na espada; uma fina rachadura apareceu na lâmina, vazando uma luz roxa sutil que só eu podia ver, e sabia que não duraria muito. Ainda assim, embora a espada fosse simples e obviamente apenas uma arma sobressalente, estava perfeitamente equilibrada com um bom peso na minha mão.
Isso vai servir.
O mundo ao meu redor pareceu desacelerar e os sons me distraindo tornaram-se indistintos. Meu primeiro ataque pareceu confundir até o ghoul, que não sabia o que aconteceu até que desabasse e caísse da ponte.
A próxima série de golpes matou todo e qualquer ghoul ao meu alcance. A espada em minha mão viajou em uma enxurrada de arcos estreitos que brilhavam, pegando o reflexo da lança revestida de fogo de Kalon.
Meus olhos examinavam constantemente os arredores, certificando-se de que nenhum dos ghouls conseguisse escapar. Esperava ver algum sinal de que o ataque estava começando a diminuir, mas parecia que, se alguma coisa estiva mudando, era que os ghouls ficavam ainda mais desesperados quanto mais deles matávamos.
O lado de Kalon e Ezra era o pior, já que o abismo na ponte permitia que os ghouls subissem com mais facilidade. Com Ezra ferido, Kalon teve que impedir os ghouls de passarem por ele e proteger Ezra.
Os movimentos de Haedrig, por outro lado, não diminuíram em nada, mesmo quando poças de suor e sangue se formaram sob seus pés.
Eu estava confiante de que poderíamos aguentar mais um pouco, mas tudo não teria sentido, a menos que encontrássemos uma maneira de sair daqui.
Um flash ofuscante iluminou o corredor, seguido por uma torrente de correntes voltaicas que obliteraram a horda de ghouls que conseguiram escalar o abismo.
Eu estava olhando ao redor para admirar a pura destrutividade do feitiço de Kalon quando Regis me contatou novamente.
— Uh… Arthur? — disse, sua confusão clara em minha mente. — Você deveria vir ver isso.
— Vamos nos mover! — gritei imediatamente. — Ezra, você pode segurar Riah?
As sobrancelhas do lanceiro mais jovem franziram em aborrecimento.
— O quê? Eu deveria ajudar na guarda—
— Ezra! — Kalon rosnou, cortando seu irmão. — Carregue Riah.
Seguindo a ordem de Kalon sem hesitação, Ezra guardou sua lança e pegou nossa companheira de equipe inconsciente. Liderando o caminho, limpei o caminho dos ghouls enquanto Kalon permanecia na parte de trás da fila como nossa retaguarda.
— O que você achou? — perguntei a Regis.
— Algo ainda mais perturbador do que os rostos de pedra deformados. — respondeu enigmaticamente.
— Sua invocação encontrou algo? — Haedrig perguntou atrás de mim.
— Sim, embora eu não tenha certeza do que ainda. Continue andando!
Comigo limpando o caminho, Kalon defendendo a retaguarda e Haedrig disparando de um lado para o outro, derrubando qualquer serpente monstruosa que escalasse os lados da ponte, corremos o mais rápido que Ezra conseguia. Ele estava ferido e carregando Riah, então não foi tão rápido quanto eu gostaria, mas em poucos minutos a forma sombria de Regis se materializou à nossa frente.
Vários cadáveres macabros espalhados pelo caminho ao redor dele, com mais subindo pelas bordas a cada momento.
— O que é? — perguntei, deixando meus instintos de batalha correrem pelo meu corpo, cortando os ghouls que tentavam atacar Regis enquanto me concentrava em examinar os rostos distantes ao nosso redor.
Apontando com o focinho, Regis direcionou meu olhar para uma estátua em particular. Desta distância, meus olhos levaram um momento para focalizar através da escuridão e das sombras dançantes, mas quando percebi o que era, congelei, esquecendo por um momento que estávamos lutando por nossas vidas.
Garras afiadas passaram por meu ombro e costas, rasgando minha carne e arranhando meus ossos. Jogando a espada curta em minha mão, impulsionei para trás e para cima, apunhalando meu atacante em seu peito. Me virei e chutei, empurrando éter para minha perna. O golpe mandou o ghoul voando para três outros, os quais caíram da ponte.
Haedrig engasgou, seus olhos arregalados enquanto olhava para a ferida aberta nas minhas costas.
— Grey!
— Está tudo bem. — cerrei os dentes com a dor, dizendo a mim mesmo que iria curar rapidamente, e me virei de volta para a estátua. Meu próprio rosto olhou para mim da parede.
A estátua havia sido esculpida como se em meio a um feroz grito de guerra: a boca estava bem aberta, os dentes à mostra e até a língua visivelmente esculpida como se estivesse em movimento; as sobrancelhas estavam abaixadas, raivosas e agressivas; os olhos estavam cheios de fúria, encarando o resto da zona como se esse gigante Arthur estivesse prestes a transformar o lugar em pó.
Tinha que ser isso. Por que meu rosto estaria esculpido na parede em outro caso?
Olhando para a espada surrada em minha mão, desmoronando com o fardo do éter fluindo através dela, a joguei no espaço vazio entre a parede e a ponte. Ela caiu na escuridão e desapareceu.
— Ei! — Haedrig grunhiu a alguns metros de distância, onde estava segurando quatro ghouls que estavam se agarrando implacavelmente à beira do caminho.
— Eu estava esperando por algum tipo de ponte invisível. — admiti, encolhendo os ombros me desculpando.
— Você acha que essa é a saída? — Regis perguntou mentalmente, suas mandíbulas ocupadas rasgando a garganta de um ghoul.
— Acho que pode ser, sim. Acho que estamos aqui por minha causa, porque as Relictombs sabem que posso usar o éter e está tentando me testar de alguma forma. É por isso que esta zona tem sido tão difícil para os outros. Preciso usar o éter de alguma forma para que possamos escapar, tenho certeza disso. Eu só preciso pensar…
— Bem, pense rápido, ou terão alguns de nós a menos para sair quando você descobrir.
Ezra grunhiu quando um dos ghouls-serpente caídos, o qual estava faltando muito de sua metade inferior, agarrou seu calcanhar e o fez tropeçar. Riah caiu ao lado dele e acordou com um grito de dor. O monstro agarrou-se a ela, puxando seu torso escorregadio pelo chão com seus longos braços.
De suas costas, Ezra girou sua lança e tentou acertá-la no pescoço do ghoul, mas ele não tinha o ângulo ou impulso e simplesmente cortou seu braço. Garras fortes envolveram a haste e arrancaram a lança de sua mão.
Riah tentou recuar para longe dele, mas, ao fazer isso, bateu com o coto de sua perna no caminho de pedra. Seu corpo inteiro ficou rígido quando gritou de novo, e parecia que suas forças a haviam abandonado.
Kalon estava quase sobrecarregado na retaguarda, incapaz de se soltar.
Haedrig estava de costas para a dupla e, embora deva ter ouvido os gritos, não conseguiu ver o monstro meio morto rastejando em direção a Riah.
Ada estava recuando para longe de dois outros ghouls, flashes de eletricidade saltando de suas mãos para os corpos de cobra deles, mas ela não tinha mais força para gerar feitiços fortes o suficiente para matar.
Regis choramingava atrás de mim quando três ghouls caíram em cima dele, suas garras rasgando e partindo seu pescoço, orelhas e barriga.
Todos eles vão morrer, percebi com uma convicção cruel. Eles não são fortes o suficiente para estar aqui, e mesmo com o Passo de Deus eu não posso—
Foi como se um choque elétrico passasse pela minha mente. Passo de Deus! Eu não conseguia andar no ar com Passo Explosivo, mas Passo de Deus me levaria diretamente para a boca aberta da estátua.
Hesitei. Se eu estiver errado—
— Pra que diabos você tem esses poderes se não vai usá-los? — Regis rosnou na minha cabeça, sua voz cheia de frustração e dor.
Escolhendo não olhar para trás de novo, na inútil esperança de não deixar Haedrig, Riah e os irmãos Granbehl para uma morte horrível, desliguei tudo. Afastei a dor que sacudia meu corpo tanto dos ferimentos que havia sofrido quanto da rápida cura desses ferimentos. Bloqueei minhas emoções de dúvida, raiva, culpa e frustração, e me concentrei no caminho a seguir.
Deixei meus olhos desfocarem, vendo o éter ao meu redor. Encontrei o caminho imaterial dentro do reino do spatium, a vibração com a qual eu poderia me sintonizar, que me faria parar de estar onde estava e começar a estar onde eu precisava ir.
Embora não pudesse ver, senti a Runa Divina brilhar com calor, brilhando através das falsas formas de feitiço nas minhas costas. O éter reagiu, a vibração se intensificando e eu senti o caminho me chamando.
Fui atrás. Embora meus olhos me dissessem que eu estava em um local diferente e meus ouvidos detectassem o súbito abafamento dos sons de combate, o movimento foi tão instantâneo que nem mesmo meus próprios sentidos o sentiram como uma ação física do meu corpo.
Estava de pé sobre a língua de pedra dentro da escultura gigante do meu próprio rosto. O interior da boca foi recriado com detalhes excruciantes, exceto, onde deveria estar o fundo da garganta, havia uma porta de pedra.
Por um segundo, nada aconteceu. Em minha mente, observei Haedrig ser puxado da borda da ponte e jogado nas profundezas; como Riah, paralisada pela dor, foi espancada pelo ghoul rastejante; como Ada foi atropelada pelos monstros perseguidores…
Então, um ruído de trituração como uma avalanche rugiu pela zona, tão incrivelmente alto que tirou todos os pensamentos da minha mente. Senti como se toda a câmara, cada pedaço de pedra, cada molécula de ar, estivesse prestes a se despedaçar. Então a pedra sob meus pés começou a se mover.
Virando-me, vi que a ponte, onde meus companheiros haviam lutado por suas vidas apenas um instante atrás, estava se aproximando lentamente. Foi com uma onda de alívio que percebi que eles não estavam mais cercados pelos horríveis ghouls semelhantes a cobras.
Kalon e Haedrig ainda tinham suas armas preparadas, suas cabeças girando para frente e para trás como se estivessem examinando a ponte em busca de inimigos. Ada estava ajoelhada ao lado de Riah e Ezra. Regis parou na beira do caminho, olhando para o abismo.
— Eles simplesmente desapareceram! — Regis praticamente gritou. — Em um segundo eles eram completos rostos assustadores e garras nojentas, então eles simplesmente viraram sombras e… puf.
Os outros se viraram para ver meu rosto se aproximar da passarela. As paredes diminuíram, depois pararam, não deixando espaço entre a boca escancarada da estátua e o caminho.
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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