O Começo Depois do Fim

O Começo Depois do Fim – Cap. 204 – Consentimento de irmão

 

As mortes inesperadas de Rahdeas e Uto seriam suficientes para causar um pânico em massa nos escalões de famílias nobres que viviam no castelo e em várias cidades fortificadas. Ter duas figuras importantes do lado inimigo nas mãos do Conselho criou uma certa aparência de poder e controle para o povo de Dicathen.

Para evitar o caos, o Conselho fez o que incontáveis líderes — independentemente do tempo, raça e mundo — fazem diante de contratempos. Encobriram tudo.

Gentry, Albold e eu, todos nós tivemos que ser interrogados pelo Conselho, já que éramos os presentes no local.

Por causa dos espinhos negros deixados nos três cadáveres quase como cartões postais, era óbvio que não poderia ter sido feito por nenhum de nós.

Ainda assim, a maior parte do meu dia foi ocupada por isso. Eventualmente, Gentry ficou de luto por seu assistente, com o qual ele aparentemente se importava muito, e Albold, aliviado de seu dever de guarda, foi enviado de volta à Floresta de Elshire para ajudar como soldado.

Quanto a mim, estava em pé na frente de Virion em seu escritório particular, quando se sentou atrás de sua mesa com uma expressão sombria.

— Cynthia Goodsky morreu assim também, certo? — confirmei. Virion assentiu, seus olhos sem foco.

Continuei.

— Você deve estar preocupado com a segurança de todos. Três pessoas foram mortas no local mais seguro, dentro do castelo voador que existe desde os tempos antigos.

— Você acha que eu permitiria que as pessoas continuassem aqui se eu estivesse preocupado com a segurança delas? — Virion respondeu. — Não estou com disposição para testes, Arthur, eu sei que você notou também. O mesmo aconteceu com Cynthia.

— É bom que você tenha percebido. — sorri.

Ninguém havia se infiltrado no castelo, não importa o quanto eu pensasse, simplesmente não era possível. As camadas de defesa pelas quais alguém teria que passar para alcançar o interior deste castelo apenas para matar dois prisioneiros simplesmente não se somavam. Se eu fosse enviado em uma missão para se infiltrar neste castelo, seria muito mais simples assassinar o máximo de pessoas do Conselho possível. Não fazia nenhum sentido, o que me levou à resposta de que o ataque deveria ter sido feito por dentro.

Não dentro do nosso lado, mas dentro dos corpos de Rahdeas e Uto.

Assim como Cynthia, que tinha uma poderosa maldição embutida dentro dela, fazia sentido para Rahdeas e até um retentor a terem também, no caso de serem pegos. Como os espinhos negros pareciam quase, florescer nos corpos de Rahdeas e Uto, senti que a maldição deles havia sido ativada.

Quanto a Shester, o infeliz assistente de Gentry, parecia que, pelos espetos aleatórios alojados não apenas em seu corpo, mas também em suas extremidades, acabara de ser pego na explosão de espinhos que disparavam de dentro dos dois prisioneiros.

Esse tinha que ser o caso, não faz nenhum sentido.

Agrona havia deixado claro que o objetivo dessa guerra era dominar o continente com o mínimo de baixas possível, para que pudesse conquistar e utilizar os recursos “vivos e não vivos” disponíveis aqui, para fortalecer seu poder e se tornar uma ameaça grande o suficiente para atacar Epheotus. Dicathen era apenas um trampolim para ele, por isso não faria sentido matar apenas os prisioneiros se tivesse o poder de enviar alguém para dentro do castelo.

Isso significa que o que Rahdeas disse era algo importante? Foi muita coincidência que ele morreu logo depois de me contar aquele poema. Isso me levou a pensar se Rahdeas o comunicava propositalmente na forma de um poema para tentar contornar a maldição. Lembrei-me de Cynthia tendo uma maldição na qual estava restrita a revelar ou até pensar em revelar algo relevante.

Forçando-me a sair das especulações intermináveis na minha cabeça, falei.

— Algum plano para o que fazer a seguir?

— Por enquanto, a consolidação das prioridades dos membros do conselho vem em primeiro lugar. Eles já estavam inquietos após o ataque às fronteiras do sul da Floresta de Elshire, mas mesmo isso… — O velho elfo soltou um suspiro que parecia conter um pouco de sua alma desgastada. — Para ser sincero, Arthur, estou bem perdido no momento. Esta guerra… a escala é tão diferente de qualquer guerra que esta terra já enfrentou…

— As coisas estão muito calmas. — terminei. — Concordo. Mesmo com a morte de Uto e Rahdeas, sinto que algo grande está prestes a acontecer. Só não tenho certeza do quê.

A sala ficou em silêncio enquanto nós dois refletíamos sobre nossos pensamentos até Virion soltar uma tosse.

— Bem, não adianta se preocupar agora. Há coisas que tem que ser feitas. Arthur. Você está em espera a partir de agora, correto?

— Sim. A General Aya está atualmente alocada em Elenoir, a General Mica está ajudando nas investigações do grupo radical em Darv, a General Varay está ajudando na fortificação das principais cidades ao longo da costa oeste e o General Bairon, acredito, está explorando as cordilheiras do norte das Grandes Montanhas para qualquer sinal de retentores ou foices, já que havia aquela base que removemos nas proximidades.  — relatei. Queria ajudar, mas como os alacryanos têm estado bem calmos, apesar do ataque aparentemente aleatório nos arredores da Floresta de Elshire, não havia nada que necessitasse de minha atenção.

— Certo. Por enquanto, fique no castelo e se acostume com seu novo núcleo. Você será enviado imediatamente se alguma das cidades relatar algo incomum, então preciso que você esteja nas melhores condições. — declarou Virion.

Me virei para sair, quando a voz de Virion chamou por trás. — Ah, Arthur?

Olhando para o comandante por cima do ombro, eu respondi. — Sim?

Ele sorriu.

— Sei que você não se importa com esse tipo de coisa, mas como lança, você não acha que deveria sair por aí vestido um pouco mais apropriadamente?

Olhando para baixo e vendo a camisa larga e a calça escura que usava, soltei uma risada. — Talvez eu devesse.

Chegando na frente do meu quarto, podia ouvir murmúrios fracos de uma voz que parecia a da minha irmã.

— … tem que me ajudar, tá bom? Promete?

Sylvie deve ter dito a ela que eu estava aqui, porque minha irmã parou de falar.

Abrindo a porta, fui recebido por Ellie e meu vínculo, que estavam sentadas no sofá. Boo, que estava deitado no chão com a cabeça gigante apoiada em cima da minha cama como um travesseiro, reconheceu minha presença com um bufo antes de fechar os olhos.

— Olá, irmão. — minha irmã sorriu fracamente. Sylvie deu um simples aceno de mão.

Isso é suspeito, pensei.

— Você está pensando demais. — respondeu imediatamente meu vínculo, tornando isso mais suspeito.

— Enfim, o que aconteceu para você ficar longe por tanto tempo? — minha irmã perguntou, um pouco chateada por eu não ter tido a chance de realmente passar um tempo com ela desde que voltei.

— Apenas mais reuniões que eu tive que assistir — disse vagamente. — De qualquer forma, estou livre agora.

Ellie levantou uma sobrancelha.

— Isso significa que você finalmente passará algum tempo com sua preciosa irmã?

— Sim, isso se você estiver bem com os campos de treinamento. Sylvie e eu temos coisas para testar antes de uma luta real.

— Claro que está tudo bem. Isso é exatamente o que eu estava prestes a sugerir! — minha irmã exclamou, agarrando o arco que estava encostado na parede ao lado dela.

Antes de sairmos, mudei para um traje mais “socialmente apropriado”, que era apenas uma túnica militar de colarinho alto que cobria as cicatrizes vermelhas no meu pescoço e um par de calças mais justas. Comparado com o resto das lanças, estava vestido casualmente, mas pelo menos não parecia o filho de um fazendeiro.

— Seu cabelo está quase tão longo quanto o meu. Quando você vai cortar? — Ellie perguntou com desagrado ao mesmo tempo em que eu amarrava meus cabelos nas costas.

Dei de ombros.

— Quando eu sentir a necessidade.

Fomos para a sala de treinamento guardada por dois soldados, que estavam discutindo sobre alguma coisa.

— Estou lhe dizendo que não é— General Arthur! — O homem de armadura à esquerda bateu nos calcanhares e fez uma saudação quando o companheiro do lado direito da entrada fazia o mesmo.

— Atualmente, existem vários magos praticando lá dentro. Gostaria que tirássemos eles de lá? — o guarda à direita perguntou conforme os dois abriam a entrada.

Por causa do poder absoluto que poderia ser gerado a partir de um mago de núcleo branco, na maioria das vezes, a sala de treinamento estava completamente vazia e as paredes eram adicionalmente fortalecidas quando uma lança entrava.

— Não há necessidade. A pessoa que vai treinar não sou eu. — informei, caminhando atrás da minha irmã animada. Sylvie e Boo a seguiram quando entramos no terreno de terra solta.

A grande sala era animada com vários nobres em roupas e túnicas bem adornadas em torno da idade de minha irmã ou um pouco mais velhos, enquanto guardiões supervisionavam e davam dicas aos alunos. Os que treinavam aqui eram todos com privilégios que se estendiam dos membros da família do alto escalão dentro do exército. Ser capaz de viver e treinar no castelo significava que estavam seguros, um luxo que apenas as principais casas e famílias de capitães possuíam.

Vendo a grande entrada aberta, alguns viraram a cabeça na minha direção e todos os instrutores particulares e adultos imediatamente me reconheceram. Curvando-se em respeito, rapidamente silenciaram seus filhos quando alguns dos mais jovens perguntaram quem eu era.

Uma mulher que parecia alguns anos mais velha que minha mãe veio até mim com um sorriso amável.

— É uma honra ver uma lança. Se você está aqui para treinar, levarei meu filho e seus amigos para outro lugar para aprender.

— Está tudo bem. — sorri de volta. — Só estou aqui para me alongar um pouco. Não se importe conosco.

— Se apresse! — Ellie exclamou, já vários metros à frente.

— Se você me dá licença… — Segui minha irmã com Sylvie e Boo arrastados.

— Sua irmã realmente quer impressionar você. — disse Sylvie com um sorriso. — Não seja muito duro com ela.

— Aww, isso não é divertido. — sorri antes de voltar meu olhar para o meu vínculo. — Prepare-se para se “esticar” também. Quero ver o que você pode fazer antes de entrarmos em uma batalha real.

— Está tudo bem, mesmo com todas essas pessoas aqui? — perguntou.

— Vamos diminuir um pouco. Se realmente quiséssemos dar tudo de nós, teríamos que encontrar um grande vale em algum lugar.

Meu vínculo riu.

— Verdade. Muito bem, também estou curiosa para ver como me adaptei a esse novo corpo.

Fazendo o nosso caminho para o final do campo de treinamento perto da lagoa, lancei uma placa de terra em minha irmã.

— Lá vai. — Parei meu aviso quando três flechas de mana se alojaram na placa.

Ellie virou a cabeça para mim com um sorriso.

— Você terá que fazer melhor que isso, irmão.

Sylvie e eu trocamos olhares.

— Parece que eu posso não ter a chance de pegar leve com ela. — ri.

O tempo passou rapidamente nos campos de treinamento, apesar do fato de que tudo o que basicamente fiz foi criar alvos para minha irmã. Isso me deu a chance de realmente testar os limites da magia orgânica que eu poderia criar com meu núcleo branco. Feitiços de forma livre em formas estranhas e às vezes intrincadas pareciam fascinar as crianças que se reuniram ao nosso redor para assistir ao show.

As crianças nobres soltaram “ooh” e “ahh” quando eu conjurei pássaros feitos de gelo para contornar o ar enquanto minha irmã tentava derrubá-los.

Alguns desses feitiços não eram muito aplicáveis nas batalhas, mas, como um atleta profissional aprendendo a fazer malabarismos com uma bola, isso me ajudou metaforicamente a esticar minhas habilidades e ver o que eu poderia ou não fazer em um determinado período de tempo.

Tentei criar soldados de terra como Olfred foi capaz de fazer, mas depois de levantar cerca de três simples golens humanoides, meu controle sobre eles vacilou na medida em que começaram a imitar os movimentos um do outro. Memórias do meu tempo com Wren surgiram. Ele foi capaz de controlar seus golens ao ponto de agirem como seres sencientes. Até Olfred foi capaz de conjurar e controlar um exército de golens, embora não tão precisamente quanto o Asura.

Um que traz vergonha é proibido de ajudar enquanto o outro está… morto. Não que ambos teriam se oferecido para ajudar se estivessem aqui. Pensar neles me deixou com um gosto ruim na minha boca.

Em vez de me debruçar sobre o passado, concentrei minha atenção na tarefa em questão. Parecia rude treinar Ellie sem colocar todo meu coração, quando vi como ela estava concentrada.

Vamos tentar aumentar um pouco as coisas.

Com um movimento do meu braço, conjurei uma corrente de fogo que começou a se torcer e se moldar em uma forma bestial. O chão onde suas “pernas” tocaram chiou do calor enquanto desejava que minha criação andasse em direção a Ellie.

Boo, que estava assistindo ao meu lado, inclinou a cabeça em curiosidade para a fera flamejante que espelhava sua forma.

— Seu ataque é bom, Ellie, mas o que acontece quando um feitiço que você não pode abater com flechas chega até você? — falei.

Algumas das crianças nobres, a alguns metros de distância, suspiravam ao mesmo tempo em que os instrutores soltavam murmúrios de louvor.

Os lábios de Ellie se curvaram em um sorriso confiante desenhando seu arco. Uma flecha cintilante se manifestou, brilhando em branco devido à sua natureza sem elemento.

Pouco antes de ela soltar a corda, no entanto, uma leve ondulação agitou-se através do eixo da flecha de mana.

A flecha rapidamente se aproximou do meu “Boo de fogo” com um grito agudo. Esperava que o feitiço de Ellie penetrasse inofensivamente, mas conforme a flecha se alojou no meu feitiço, a flecha inteira explodiu em um raio de luz, dispersando a fera em chamas que conjurei.

Eu pisquei.

— Aquilo foi…

— Impressionante? Soberbo? De cair o queixo? — minha irmã terminou, seus olhos brilhando.

— Não é ruim. Não foi ruim. — falei, revirando os olhos.

— Mhmm. — Ellie fungou, tentando esconder o sorriso.

O dia continuou comigo passando de conjurar vários alvos elementares para ela, a testar as defesas de seu corpo. Embora odiasse admitir, sua capacidade de conjurar uma camada protetora de mana sobre seu corpo era perfeita e rápida o suficiente para rivalizar com alguns dos homens da classe alta que tinha visto em Xyrus. Devido ao seu controle incomum complexo sobre sua mana, foi capaz de colocar mana em camadas específicas de seu corpo quase que instantaneamente e criar um painel de mana bastante durável.

Coloquei a bainha da Canção do Amanhecer que estava usando para treinar com Ellie de perto dentro do meu anel.

— Você aprendeu combate corpo a corpo com Helen também?

Minha irmã caiu no chão, suando e ofegando.

— Sim… também li alguns livros que ajudaram, embora não houvessem tantos.

— A maioria dos arqueiros carrega uma adaga ou mesmo uma espada leve para combate corpo a corpo. — informei. — Mas como o seu arco e flecha não depende de você tirar uma flecha da aljava e prendê-la no arco antes de dispará-la, aprender a se defender de alguns ataques para se dar espaço para um tiro rápido foi a decisão certa.

— Seus elogios parecem… um pouco chatos. — minha irmã disse entre as suas respirações.

— Porque isso não foi um elogio. Não fique cheia de si. — eu sorri. — Estamos nos exercitando há apenas algumas horas. Sua resistência precisa melhorar.

— Isso não é nem justo. — Ellie bufou.

— O que seu irmão quer dizer é que ele está muito orgulhoso do seu crescimento. — Sylvie confortou com um sorriso.

— Ei! Sem expressar verbalmente meus pensamentos! — protestei. — Isso foi manipulado desde o início, de qualquer maneira. — Ellie colocou para fora a língua.

— Quero dizer, como você se esquiva de uma flecha à queima-roupa, repetidamente.

— Uma lança deve ser capaz de fazer pelo menos isso, certo?

Minha irmã estreitou os olhos, descontente com a minha resposta.

— Você nem sequer suou.

— Você chegará lá com treinamento e experiência suficientes. — respondi.

Ellie olhou para Sylvie antes de olhar para mim.

— Falando em obter experiência suficiente, eu queria saber se talvez eu possa… você sabe…

Levantei uma sobrancelha.

— Eu sei… o quê?

— N-não importa. — minha irmã murmurou.

— Ellie. — Sylvie entrou na conversa, balançando a cabeça. — Apenas diga.

— Isso tem algo a ver com o que vocês estavam falando antes de eu entrar na sala? — perguntei.

— E-eu quero começar a ajudar na guerra! — minha irmã disse, incapaz de me olhar nos olhos.

Mesmo que eu visse isso chegando, meu coração ainda afundou.

— Arthur… — Sylvie enviou, sentindo minhas emoções.

— Você mesmo disse, ou melhor, você mesmo pensou, que eu era muito melhor. — continuou minha irmã quando eu não respondi. — Estou confiante de que sou melhor do que muitos soldados designados para esquadrões. Estou bem em estar nas reservas e, como sou uma arqueira, estaria na linha de trás de qualquer forma, então…

— Ellie — interrompi, ajoelhando-me para ficar na altura dos olhos da minha irmã.

Com um aceno de minha mão, uma barreira de vento nos cercou. Não me sentia à vontade em ter outras pessoas ouvindo conversas em família.

— Não estou dizendo não, mas não tenho certeza se estou autorizado a tomar essa decisão por você. Mamãe ou papai não estão aqui e, para ser sincero, não estamos exatamente no mesmo caminho atualmente. — falei.

— Vocês ainda não fizeram as pazes, desde antes de sair para ir treinar? — minha irmã perguntou, preocupação em sua voz.

— Você sabia?

— Eu sou jovem, não sou burra. — minha irmã franziu a testa. — Certo. Desculpa.

Olhei para o meu vínculo, que simplesmente me deu um sorriso encorajador. Soltando um suspiro, desisti.

— Que tal irmos em uma missão juntos uma vez? Se você se sair bem, eu lhe darei minha bênção. Não posso falar por mamãe ou papai, mas não vou impedir você.

— Tá bom! — Ellie sorriu. — Você prometeu.

— Foi muito justo da sua parte. — meu vínculo aprovou.

Eu dei um sorriso para Sylvie antes de me levantar.

— De qualquer forma, já que isso está fora do caminho. Sylvie, é a sua vez.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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