Assim que as palavras saíram da minha língua, os anciãos não perderam tempo em seu ataque. Hester se moveu primeiro, formando uma bola de fogo na palma da mão. Com um estalo de seu pulso, a esfera ardente disparou em minha direção, crescendo à medida que se aproximava.
Me virei para contra atacar quando o chão embaixo de mim se moveu abruptamente, me deixando sem equilíbrio. Com quase nenhum tempo para reagir agora, girei enquanto retirava a Canção do Amanhecer do meu anel. Em um movimento fluido, lancei uma onda de choque da minha lâmina, explodindo a bola de fogo prematuramente antes de recuar.
— Tropeçando em seus próprios pés, jovem general? — Buhnd riu, suas mãos brilhando em uma aura amarela.
— Para alguém com tantos músculos, você certamente usa truques baratos. — zombei, levantando-me do chão.
O anão deu de ombros. — Não fui eu que caiu de bunda no chão.
Respondi ao seu comentário malicioso com um sorriso, mantendo-me atento para qualquer outro movimento que os outros dois façam. Não tive que esperar muito tempo.
Camus casualmente lançou uma lâmina de vento em minha direção. A lâmina se aproximou violentamente, abrindo um caminho no chão por onde havia percorrido.
Usei a Canção do Amanhecer para bloquear o ataque de Camus quando a lâmina subitamente se distorceu antes de explodir.
— Primeira lição de lutar como um conjurador. Seja imprevisível. — Camus murmurou.
Uma rajada de vento quase me jogou de volta no chão. Desta vez, no entanto, fui capaz de reagir rápido o suficiente. Apunhalei minha espada no chão, colocando mais força do que normalmente faria para embutir a ponta quebrada da minha espada no chão de terra para me apoiar contra a explosão.
Olhei para trás e vi dezenas de lanças de gelo irregulares, cada um com o tamanho do meu braço, voando em minha direção.
Retirando mana para fora do meu núcleo, balancei meu braço livre, liberando uma onda de fogo.
Os grandes fragmentos de gelo evaporaram com um assobio das minhas chamas, mas antes que eu pudesse continuar meu ataque, três painéis triangulares de pedra subiram do chão ao meu redor e desabaram um sobre o outro.
Preso dentro da pirâmide da terra, minha visão escureceu.
Isso está ficando chato, pensei.
Lutar contra conjuradores era fundamentalmente diferente de lutar contra fortalecedores. Eles mantinham distância e atacavam de longe.
Com um estalo do meu dedo, acendi uma chama para estudar meu entorno. Apenas três paredes se unindo em um ponto a cerca de seis metros acima de mim.
— Eu poderia tentar lutar como um conjurador também. — murmurei para mim mesmo, colocando a Canção do Amanhecer de volta no meu anel.
Enviei uma corrente de mana de terra ao solo e, em um segundo, consegui distinguir as posições de todos os quatro, bem como as duas figuras ao longe, que eu assumi serem Emily e Alanis.
Buhnd deve ter percebido o que fiz, porque quase imediatamente depois, espinhos de pedra começaram a sobressair das paredes.
Anão astuto, sorri.
Os espinhos se alongaram, se aproximando. Era agora ou nunca.
Depois de aumentar a chama que usei para a luz, conjurei uma onda de gelo com a outra mão. Juntei os dois elementos opostos, criando uma explosão de vapor, espalhando-o até encher o local inteiro.
— O vapor está vazando. Cuidado com um ataque surpresa. — Alertou Hester. — Princesa, aproveite a umidade do vapor.
Oh merda.
Acenei para que um raio surgisse ao redor do meu corpo, carregando-o e contendo-o quando senti a temperatura do ar nublado ao meu redor despencar. Podia ver fragmentos flutuantes de gelo se formando, mas meu feitiço estava terminado.
— Explosão! — gritei, descarregando as correntes de raios que serpenteavam ao redor do meu corpo. Gavinhas de eletricidade surgiram, quebrando o chão e as paredes sem esforço até que a pirâmide de pedra que Buhnd conjurou desmoronou.
Uma grande nuvem de poeira, detritos e vapor cobria grande parte da vista, mas Camus de alguma forma me encontrou, porque o velho elfo estava a apenas alguns passos de distância com vendaval enrolando em seus braços.
Sem palavras, o mago do vento empurrou, me enviando para trás com toda a rajada de vento.
Direto para Hester.
A anciã estava me esperando do outro lado com um globo totalmente formado de chamas azuis pronto para disparar.
Com pouco tempo para torcer meu corpo no ar para me defender do ataque, enfrentei o peso total das chamas de safira.
Hester Flamesworth estava servindo a família Glayder por mais de duas décadas, e, embora eu sempre respeitasse suas proezas mágicas, era por causa de seus talentos que ela tinha a tendência de ser um pouco orgulhosa. Então, quando vi a forma de Arthur sendo consumida pelas chamas azuis que a diferenciava de todos os outros conjuradores de Sapin com atributos de fogo, sabia que ela via Arthur como uma pessoa que ela precisava derrotar a todo custo.
Minha mão inconscientemente tentou alcançou Arthur. Não mais do que alguns segundos poderiam ter passado quando as chamas azuis começaram a girar. No começo achei que era Hester, mas quando o cone de fogo se partiu com Arthur intacto—além das poucas pontas queimadas de seus longos cabelos—sabia que ele de alguma forma dispersara as chamas por conta própria.
Arthur soltou uma tosse antes de falar.
— Essa passou perto.
Os olhos da minha guardiã se arregalaram um pouco antes de fingir compostura.
— Impressionante, general Arthur, mas parece que você está nos levando de maneira leviana.
O Ancião Buhndemog levantou um braço musculoso.
— Eu concordo. Se isso é tudo que você pode fazer, temo que precisemos de muito mais que dois meses para treinar você.
— É difícil se motivar com você obviamente se segurando assim. — Acrescentou o Ancião Camus antes de soltar um bocejo alto e se sentar.
Fiz uma careta. Foi-me dito que o Ancião Camus já foi um membro distinto do exército élfico, mas pensar que ele era um indivíduo tão mal-educado…
Talvez se eu fosse Arthur, pudesse ter ficado ofendido por sua conduta, mas, para minha surpresa, ele começou a rir.
— Desculpe. Muitas vezes me pego tentando igualar o nível dos meus oponentes. É um mau hábito que eu tenho. — disse, limpando a poeira calmamente.
De repente, uma onda de mana inundou Arthur como se uma represa tivesse acabado de desmoronar. Meu corpo instintivamente se afastou da força e quando eu olhei para cima, pude ver que Camus estava de pé, todos os sinais de sua letargia desapareceram, enquanto Hester e o Ancião Buhndemog já engrossaram sua aura para proteção.
No centro de todos nós estava Arthur, exceto que sua forma havia mudado. Seus longos cabelos agora brilhavam como pérolas líquidas e símbolos dourados corriam pelo comprimento de seus braços. Se a presença de Arthur era forte antes, era totalmente opressiva agora.
— Não usarei esta forma pelo restante do treinamento, mas, como as lutas de hoje servem para nos familiarizarmos, eu graciosamente irei com tudo. — Ele disse a todos, de costas para mim.
A armadura de couro bruto em que Emily o vestira agora parecia quase majestosa sob o nevoeiro vívido de mana que envolvia Arthur. Quando virou eu pude ver completamente seus olhos de ametista. Eu estava tendo dificuldade para encontrar a palavra certa para descrevê-los.
Etéreo? Ilustre? Soberano? Mesmo essas palavras não pareciam retratar adequadamente como aqueles olhos pareciam abalar meu núcleo.
Eu já tinha visto esta forma uma vez na Academia Xyrus, quando ele lutou contra Lucas, mas foi a primeira vez que vi isso de perto.
— Agora sim! — O Ancião Buhndemog exclamou, embora o leve tremor em sua voz expusesse seu desconforto.
— Espalhar! — A voz de Hester soou com autoridade quando pulou para trás e preparou seu feitiço. Ela sabia “todos sabiam” que a mesa tinha virado. O segundo round ainda não havia começado, mas eu já sentia que a vantagem numérica que tínhamos havia desaparecido.
Enquanto a presença de Arthur se espessava, a voz habitual dentro da minha cabeça subiu, dizendo que tudo era inútil.
Não! Você sempre faz isso, Kathyln. Pare de duvidar de si mesmo.
Mordi o lábio, repreendendo-me pelo meu pessimismo. Desde o meu despertar, me disseram constantemente como eu era talentosa como maga, mas sempre encontrava alguma maneira de dizer a mim mesma que algo estava faltando. Talvez seja por isso que a impressão de Arthur sobre mim quando nos conhecemos durante o leilão permaneceu tão clara… mesmo depois de todos esses anos. Quando criança, e mesmo agora, ele era inteligente, talentoso, sociável, sabia o que queria e tinha um sorriso que poderia iluminar o mundo.
Recuperando minha compostura, me vi cara a cara com Arthur mais uma vez. Pelo seu olhar, eu sabia que ele estava me esperando, de alguma forma sentindo que minha mente estava em outro lugar.
Fazendo tudo o que pude para evitar que meu constrangimento chegasse ao meu rosto, rapidamente assenti e assumi uma postura.
Seus lábios se arregalaram para formar um leve sorriso e ele me deu um aceno em troca. Nesse mesmo instante, Arthur desapareceu, deixando apenas uma pegada no chão endurecido e alguns tentáculos de eletricidade. No momento em que meus olhos se voltaram para onde ele apareceu, o Ancião Camus foi chutado a algumas dúzias de metros no ar até a terra abaixo dele moldar e amortecer seu impacto.
Raios negros se enroscaram ao redor de Arthur enquanto seus olhos procuravam seu próximo alvo. Pouco antes que ele pudesse se mover novamente, o chão se levantou em torno de seus pés prendendo-o no lugar.
Pare de olhar e vá ajudar, eu disse a mim mesma.
Usando a água da lagoa próxima como catalisador, moldei-a em uma lança gigante congelada. Assim que o lancei, senti o Ancião Camus empurrar minha lança de gelo com sua magia do vento, acelerando-a a uma velocidade que eu não poderia ter alcançado sozinha.
Nosso ataque cooperativo rasgou o ar, espiralando violentamente em direção a Arthur. Exceto, o homem em questão ainda estava no lugar, olhando diretamente para a lança gigante de gelo com apenas uma mão em defesa.
Ele não vai tentar se esquivar?
Pensei em dispersar o feitiço, mas o comandante Virion havia enfatizado como precisávamos ser sérios sobre isso para ajudar Arthur.
Para minha surpresa, quando o feitiço estava a centímetros de distância, meu feitiço se dispersou. Arthur ainda estava afastado do vendaval que cercava meu ataque, mas a lança de gelo que conjurei havia quebrado.
Camus me lançou um olhar como se perguntasse se era eu ou não. Rapidamente balancei minha cabeça, minhas sobrancelhas franzidas em confusão.
Tenho certeza de que não fui eu.
Arthur voltou a ficar de pé, sem ser afetado, com um pouco de satisfação no rosto.
Os anciãos e eu trocamos olhares, ninguém sabia exatamente o que havia acontecido.
— Bah! — O Ancião Buhndemog bateu o pé, erguendo uma pedra gigante do chão ao lado dele. — Me mostre mais! A menos que alterar a cor dos seus cabelos e olhos são a única coisa que você consegue fazer.
Arthur sorriu maliciosamente.
— De bom grado.
Meu amigo e agora oponente se tornou um borrão. Desta vez, eu pude seguir sua forma fraca, apenas um pouco.
Ele enviou uma onda de choque de mana ao Ancião Buhndemog, mas o anão esperava isso. Ele esculpiu a pedra ao seu lado para se tornar um escudo gigante de pedra.
Uma cratera se formou onde a onda de choque atingiu o escudo, mas não passara de uma distração. Quando o escudo bloqueou seu feitiço, Arthur já havia mirado Hester com uma lança de raio preto na mão.
Ele não está atacando você porque tem medo de machucá-la, Kathyln, a voz sussurrou em tom de provocação.
Respirando fundo, concentrei-me em um feitiço que a general Varay havia me ensinado. Foi um feitiço que eu nunca gostei de usar, pois significava que precisava estar perto do meu oponente, mas a preocupação de Arthur nessa situação era pior. Eu não gostava do meu estado lamentável.
— Serafim de Neve.
Camadas de gelo espalharam-se pelo meu corpo, cobrindo-me em seu aperto gelado. Minhas roupas endureceram em armadura, enquanto uma camada branca cobriu completamente meu corpo e a metade inferior do meu rosto.
Com meu corpo fortalecido, corri direto para Arthur, que estava sendo atacado por todos os outros.
O Ancião Camus estava correndo, enviando lâminas de vento e cobrindo o Ancião Buhndemog e Hester sempre que eram derrubados por Arthur.
Arthur lançou uma lança de raio em Camus, mas ela explodiu no ar graças à intervenção de Hester.
Todos sentiram a presença do meu feitiço, mas Arthur estava preocupado demais para perceber.
O gelo que cobria meu braço mudou de forma com o meu pensamento, estendendo-se e afiando-se em uma lâmina de gelo.
Balancei a lâmina da mesma maneira que a general Varay me ensinou por mais de um ano.
Minha lâmina cortou suas costas, derramando sangue que já havia congelado. A cabeça de Arthur voltou para mim, seu olhar mais de surpresa do que de dor. Ele girou e lançou uma lâmina de vento em mim, mas a camada de gelo que me cobria amorteceu o feitiço.
Sem a necessidade de bloquear fisicamente, continuei meu ataque. Recuando minha outra mão, empurrei para fora, lançando uma onda de choque de geada em Arthur.
Meu oponente rapidamente bloqueou meu ataque, mas ainda foi empurrado de volta, direto para o Ancião Buhndemog.
Os instintos de Arthur eram desumanos, já que ele já torcia o corpo e se preparava para defender quando um vendaval de vento o girou incontrolavelmente.
O anão idoso o viu chegando e um sorriso animado se estendeu por sua barba branca. Ele colocou o punho na posição de socar enquanto a terra ao seu redor tremia.
Pedaços do chão voaram, combinando-se em torno de seu punho para formar uma luva gigante de pedra. Hester fortaleceu o ataque imbuindo com uma chama azul ao redor do punho de terra.
Um estrondo doloroso ressoou quando o punho de pedra flamejante do Ancião Buhndemog se conectou diretamente a Arthur.
— Oh! Isso foi tão bom! — O ancião anão sorriu, sacudindo o fogo em volta do punho.
Também dispersei meu feitiço, saboreando o calor que logo se seguiu.
Arthur sentou-se da cratera que seu corpo, agora de volta ao normal, conseguiu criar no chão. Esticando o pescoço, ele soltou um gemido.
— Você me pegou lá.
O Ancião Buhndemog deu uma risada calorosa em concordância.
— A princesa certamente salvou o dia! Nós três estávamos basicamente em um impasse e eu suspeitei que o jovem general nem estivesse dando tudo de si.
— Não sou capaz de manter essa forma indefinidamente e já estava ficando sem força. — Arthur balançou a cabeça. — Mas sim, eu não estava esperando você vir até mim como uma espécie de ninja do gelo, Kathyln.
Inclinei minha cabeça, confusa.
— Ninja… gelo?
— Uh, nada. — Arthur soltou uma risada irônica, coçando a nuca. — Eu não deveria ter te levado de maneira leviana, só isso.
Corei.
Felizmente, o Ancião Camus chamou sua atenção, estendendo a mão e puxando Arthur para seus pés.
— Menino interessante. — Disse o ancião quieto com o menor traço de sorriso.
— Parece que teremos muito o que discutir. — acrescentou Hester. — Acho que será uma experiência de aprendizado para todos nós.
Todos concordamos com isso.
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Nós cinco nos reagrupamos perto da entrada da sala de treinamento com Emily Watsken e Emeria.
— Antes de analisar a pequena avaliação de hoje, eu só queria ouvir algum feedback. — Abordou Emily. — Claro, nossa linda senhorita Alanis Emeria planejou um cronograma de treinamento rigoroso para o general Arthur, mas no geral, se houver alguma dúvida, deixe-me saber.
Emeria assentiu, sua expressão inexpressiva.
— O feedback é crucial.
— Acho seguro dizer a todos, especialmente ao general Arthur, que o maior problema é a preocupação com a segurança. — Observou Hester.
— Ah sim! Na verdade, estou trabalhando em algo para ajudar a resolver esse problema, mas ele ainda precisa de alguns ajustes. — Respondeu Emily.
— Posso perguntar exatamente o que é? — Estou muito curioso. Arthur perguntou.
— É um dispositivo que basicamente lê com que quantidade de mana o usuário está sendo atingido, acionando um mecanismo de defesa de última hora para evitar um ataque letal. — Respondeu a artífice quase mecanicamente.
— Se um artefato como esse pudesse ser construído, não poderia ser dado a todos os soldados em batalha? — O Ancião Buhndemog refletiu.
Emily hesitou.
— Poderia, mas–
— Seria astronomicamente caro. — concluiu Emeria. — Além disso, o mecanismo defensivo funcionaria apenas para esse único ataque. Em um ambiente de treinamento, o oponente pararia, mas no campo de batalha, outro ataque seria tudo o que o inimigo precisaria para terminar o trabalho.
O Ancião Buhndemog acariciou sua barba.
— Verdade. Bom ponto.
— Sim, os artefatos são extremamente caros de fabricar, não apenas pelo custo, mas pela raridade do material. São necessárias escamas de Fênix para fazer o artefato e a família Glayder nos deram tão graciosamente algumas para o bem dos meus novos dispositivos de treinamento. — Emily informou, olhando para mim com um olhar apreciativo.
Eu não sabia que papai e mamãe ainda tinham um pouco guardado.
— Falando em dispositivos de treinamento, para que serve exatamente esse traje? — Arthur perguntou, cutucando a gema em seu peitoral de couro. — Estou assumindo que isso, e aqueles placas por toda a parede não são para decoração.
Com isso, Emily sorriu brilhantemente. Até Emeria tinha um traço de excitação brilhando em seus olhos.
— Tudo, meu amigo, desde a desagradável armadura e as placas estranhas em toda a sala, é para gravar e medir tudo o que tem a ver com a forma como você faz da magia o inferno para as pessoas!
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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