POV TESSIA ERALITH
Saí do portão de teletransporte para uma plataforma, sentindo-me cansada e frustrada. Eu poderia ter ajudado lá, mas eles não me deixaram. Os soldados que ficaram para trás para lutar todos ecoaram as mesmas palavras, que eu precisava ir e minha segurança era prioridade.
Qual diabos era a razão de treinar tão duro se todos me tratassem como uma escultura de vidro?
Soltei uma respiração profunda, na esperança de expulsar a frustração do meu corpo, mas o que aconteceu foi lembrar ao meu corpo o quanto eu estava com sede. Olhando em volta para a multidão de soldados, guardas e enfermeiras, procurei por alguém segurando um copo de água para saciar minha garganta seca. Então eu vi meus companheiros de equipe.
Stannard e Darvus estavam dormindo contra a parede, enquanto Caria estava sentada, falando com alguém, quando apontou para mim.
O homem com quem ela estava conversando se manteve agachado quando virou a cabeça.
Meu peito ficou apertado quando se levantou. Suas sobrancelhas franzidas e olhar afiado devido a situação em seu entorno instantaneamente relaxaram quando seus olhos encontraram os meus.
Era Art.
Eu não pude deixar de olhar distraidamente, enquanto caminhava em minha direção. A primeira vez que eu o vi em dois anos, ele estava coberto de sangue e sujeira, parecendo um monstro encarnado. No entanto, o Art que estava se aproximando de mim agora era completamente diferente. Vestido com uma túnica branca pontiaguda forrada luxuosamente com ouro e um longo manto preto que parecia encobri-lo em mistério, exalava uma espécie de grande aura que depreciava toda família real em Dicathen. Seu longo cabelo estava preso, acentuando as linhas afiadas de sua mandíbula, enquanto mechas de cabelo ruivo caíam sobre sua testa que se enrugava e passavam por seus olhos azuis com seu sorriso de tirar o fôlego.
Estava quase em cima de mim quando saí do meu torpor. Havia soldados e guardas nas proximidades que me obrigavam a manter a minha postura. Fazia pouco tempo desde a última vez que eu tinha visto Art e a julgar pelo seu comportamento desde a última vez que nos encontramos em público, tenho certeza que ele não gostava de reuniões emocionais.
Deixando escapar uma tosse rouca, tentei ficar mais alta, inchando-me com o máximo de equilíbrio e dignidade que pude apesar de minha aparência desleixada.
Eu estendi minha mão para cumprimenta-lo, mantendo minha expressão séria.
— É bom ver você tão cedo, Arth—
Meu gesto foi ignorado quando uma mão poderosa passou por baixo do meu braço, aterrissando com firmeza nas minhas costas enquanto me puxava para ele. Tropecei para frente pela força repentina e meu rosto pressionou contra a túnica fina, me banhando em seu calor.
Eu tinha sido abordada, perseguida e cortejada por quase todos os homens corajosos o suficiente para olhar além da minha linhagem, mas a única coisa que eu sentia por eles era pena ou aborrecimento. No entanto, neste momento, meu corpo parecia estar congelado e derretido ao mesmo tempo, enquanto permanecia imóvel em seu abraço.
Se foi a sala inteira que ficou em silêncio ou se foi meu senso de audição que acabou de desaparecer, eu não sei dizer, mas meus outros sentidos ficaram sobrecarregados. De dentro do porto seguro de seus braços robustos, um leve toque de carvalho e uma brisa fresca do oceano encheu meu nariz quando senti o lado de seu rosto enterrar em meu pescoço.
Meus membros permaneciam congelados, mas meu estômago vazio continuava a flutuar incontrolavelmente, enquanto o braço de Art apertava apenas um pouquinho mais.
— Estou feliz que você esteja bem.
Art finalmente falou. Seu hálito quente soprou contra o meu pescoço, causando arrepios na espinha.
Meus braços se contraíram, instintivamente, querendo abraçá-lo de volta, mas os olhares penetrantes de todos ao nosso redor me fizeram parar.
— Cla-claro, eu estou bem. — disse, mal reunindo forças para afastá-lo, apesar de que cada fibra do meu corpo queria que eu o puxasse para mais perto.
Podia sentir o sangue subindo pelo meu pescoço até o topo da minha cabeça enquanto olhava para Art, seu rosto a poucos centímetros de distância do meu.
Podia ver seus olhos se movendo, observando cada característica do meu rosto enquanto me estudava. Ele soltou uma respiração profunda, como se um grande peso tivesse sido removido, e olhou para mim com um sorriso gentil.
— Vamos. Eu vou levá-la ao seu avô.
Parecia que eu estava nadando em algum tipo de líquido espesso e viscoso na minha cabeça. O mundo ficou embaçado com conversas abafadas e sombras de pessoas que eu não consegui entender. Meu corpo parecia se mover por conta própria, agindo e respondendo instintivamente enquanto minha mente continuava recordando minha chegada de volta ao interior do castelo. Agora que estava apenas lembrando, minha mente começou a analisar cada ação e inação da cena, tentando colocar significado em cada coisa que Art fazia naquele momento—a firmeza, a ternura de seu abraço, o desespero e alívio que emanavam dele quando seus olhos se fixaram em mim.
Repeti a cena uma ou outra vez na minha cabeça, criticando cada pequeno detalhe. No entanto, a conclusão a que cheguei todas as vezes foi a mesma. Eu odiava o quão composto ele era toda vez que nos encontrávamos. E, depois de todo esse tempo, eu odiava como ainda me sentia fraca e desamparada na frente dele.
Eu não pude ver Art muito depois de nosso primeiro encontro no castelo. Fui arrastada por uma equipe de enfermeiras assim que meu avô me soltou de seu abraço e escoltou para o meu quarto. Depois de verificar para ter certeza de que meus colegas de equipe tinham sido atendidos, me sentei na minha cama, encontrando conforto no fato de que meu quarto mobiliado de forma simples estava exatamente como eu o deixei.
Quando as enfermeiras tiraram minha armadura e me enxugaram com toalhas perfumadas, senti meu corpo afundar cada vez mais fundo nos lençóis até que o mundo desaparecesse na escuridão.
— Deve contar a ela, Virion.
A voz familiar de Art me tirou do meu sono. Esfregando meus olhos, olhei para o sol da manhã mal aparecendo acima da camada de nuvens abaixo de nós.
O meu cérebro levou um segundo para avaliar a situação antes que um pensamento assustador me ocorresse. Eu imediatamente espiei debaixo das minhas cobertas, deixando escapar um suspiro de alívio ao me ver vestida.
— Ela vai descobrir eventualmente. Você não pode esconder algo assim dela; é impossível.
A voz abafada de Art veio do outro lado da porta. Ele falou em um tom abafado, mas suas palavras soaram claramente em meus ouvidos.
— Tudo bem se ela descobrir mais tarde, mas não está pronta para isso. Agora shhhhh!! E se ela ouvir?
Meu avô sussurrou de volta.
— Ela vai ouvi-lo se você a respeitar o suficiente para dizer a ela. Se descobrir de qualquer outra pessoa, o que você acha que ela vai fazer? — Art argumentou de volta, sua voz ficando mais afiada.
— Droga, garoto. E se ela decidir ir? O que faremos?
— Vamos descobrir depois de ouvir sua resposta. Virion, você e eu sabemos do que sua neta é capaz, uma vez que se concentre em algo.
— Eu sei. — Meu avô retrucou. — Eu não posso… com a Cynthia morrendo pelas mãos daqueles desgraçados dos Vritra aqui mesmo neste castelo. E se…
Eu não pude ouvir o resto da conversa enquanto meu coração começou a bater mais e mais alto. Mestre Cynthia está morta? Isso é impossível, certo?
Mestre Cynthia sempre esteve acima de qualquer um que eu conhecia em termos de habilidades mágicas. Sua perícia em manipulação de mana estava no mesmo nível “talvez até acima” do vovô. Ela me ensinou tudo, do controle básico à execução avançada de feitiços, enquanto se luta com espadas.
Não há como ela ser morta tão facilmente. Tentei me convencer, mas minhas mãos tremiam, enquanto me segurava firmemente o meu cobertor.
Sentei-me na cama, enxugando uma lágrima que escapou dos meus olhos e esperei que os dois entrassem.
— Entre.
Respondi imediatamente depois que eles bateram na porta.
Art, vestido simplesmente com uma túnica cinza e calça preta com o cabelo amarrado em um nó, entrou primeiro, seguido pelo meu avô que estava usando o mesmo manto preto que usava ontem.
Art olhou para mim e soltou um suspiro quando ele fechou os olhos.
— Quanto você ouviu?
— Tudo. — respondi com naturalidade.
Meu avô deu um passo à frente, o rosto franzido de preocupação.
— Pequena…
— Leve-me até ela, por favor. — o interrompi, saindo da cama para encontrar algo para vestir por cima da minha camisola
Fiquei em silêncio enquanto descíamos as escadas de pedra, o único som vinha de nossos passos ecoantes, enquanto meu avô me guiava e Art seguia de perto atrás de mim.
Meu avô continuava olhando para trás, mas não disse nada até chegarmos ao último andar onde as masmorras e celas estavam.
— Por que a Mestre Cynthia está escondida em um lugar tão imundo e degradante, reservado para assassinos e traidores? — exigi.
— Nós não temos um cemitério neste castelo, Tessia. Estamos mantendo-a aqui até que as circunstâncias nos permitam seguramente dar a ela um enterro. — Meu avô respondeu pacientemente. — E a masmorra está vazia desde o início desta guerra, depois que transferimos todos os prisioneiros para masmorras mais remotas no chão.
O chão da masmorra diferia muito do resto do castelo. Fungos cresciam entre os blocos de pedra e o mofo forrava as dobradiças de madeira sobre as quais o artefato de iluminação se apoiava. O cheiro sujo e mofado misturava-se com o odor quase tóxico da decomposição e lixo. A área parecia propositalmente projetada para repelir os prisioneiros ali mantidos. O que meu avô disse era verdade, apenas um silêncio vazio ocorria em vez dos gritos e gemidos dos prisioneiros.
Na extremidade mais distante do chão, havia uma única porta de metal com um soldado de guarda.
— Abra a porta. — Meu avô ordenou.
O guarda blindado balançou a cabeça, sua expressão escondida debaixo do capacete, quando deu um passo para o lado e virou a maçaneta enferrujada sem se virar. Quando a porta de metal guinchou contra o chão irregular, um caixão de pedra impecável estava no centro da cela vazia com uma pequena pilha de flores no topo.
— Apenas algumas pessoas sabem de sua morte. — Meu avô explicou, subindo e gentilmente colocando a mão no topo do caixão de pedra.
— Ela merece uma cerimônia pública. Todos os seus alunos do passado, os professores que ensinaram na Xyrus… ela não merece estar aqui. — murmurei.
Meu avô assentiu.
— Eu sei…
— Então por quê? — disse asperamente. — Por que minha mestra está apodrecendo em um canto dessa masmorra? Por tudo que ela fez para este continente, ela merece um caixão de diamantes e um funeral em todo o país! Ela merece tudo menos… isso.
— Tessia… — Vovô botou a mão suavemente nas minhas costas, na esperança de conter minha raiva.
— Como você pôde esconder isso de mim, vovô? Se eu não tivesse ouvido você através da porta, quando eu teria descoberto? Depois da guerra? — zombei, encolhendo a mão enquanto minha visão borrava por causa das minhas lágrimas. — Há mais alguma coisa que você está escondendo de mim? Apesar de tudo o que fiz para tentar mostrar a você que eu sou madura, você ainda me trata como uma criança…
— Isso é porque você é uma criança. — retrucou Art.
— O que? — soltei, meu rosto ficando vermelho de raiva ao invés de vergonha.
— Como você pode, você deveria saber melhor do que ninguém como eu estou me sentindo, mas você me chama de criança? Você de todas as pessoas?
Meu amigo de infância tinha uma expressão calejada enquanto eu bufava de frustração, olhando-me com um olhar severo que me fez duvidar da lembrança de ontem dele me abraçando carinhosamente.
— Talvez seja porque eu conheço você e o vovô Virion tão bem que estou dizendo isso, Tess. O que você está fazendo agora, desnecessariamente se colocando em perigo apenas para provar alguma coisa, não é diferente do que uma criança fazendo birra. — Continuou Art.
— Arthur. — Meu avô cortou. — Basta.
— Co-como você se atreve! — fervi, com lágrimas rolando pelo meu rosto.
— Se você parasse um minuto para pensar em toda essa situação, perceberia porque seu avô tinha que manter tudo isso em segredo. O que você acha que aconteceria se ele anunciasse que alguém foi morto por nosso inimigo na suposta localização mais segura do continente? — Art disse com seu olhar implacável.
— Bem, sinto muito que nem todo mundo é tão inteligente quanto você! — retruquei.
O olhar de Art se suavizou.
— Você tem apenas dezessete anos, Tess…
— E você tem apenas dezesseis anos. No entanto, vovô, mestre Aldir e até mestre Cynthia nunca olhavam para você como criança, apesar de você ser mais novo do que eu. — Argumentei.
— Se eles me veem como um adulto, isso é algo que eles concluíram por conta própria, não por mim tentando provar isso. — Ele respondeu.
— Como isso é ao menos justo? — sufoquei um soluço. — Você pode fazer o que quiser, porque você é bom o suficiente, mas não importa o quanto eu tente e o que eu faço, sempre serei uma donzela que precisa de proteção!
— Não é isso, Tessia. Seu avô e eu…
— O que? Vocês me querem tão confinada e isolada de qualquer coisa potencialmente perigosa ou potencialmente angustiante que você não pode nem mesmo me dizer que minha própria mestra foi morta? — cortei com meu rosto entorpecido pela raiva. — Ou é porque…
— Porque, se disséssemos, a primeira coisa que você teria em mente seria enfrentar o Vritra que matou Cynthia, tentando se vingar, e acabar morta! — Arthur explodiu.
Essa foi a primeira vez que eu o ouvi levantar a voz até esse ponto, atordoando não só eu e o vovô, mas também o guarda do lado de fora.
— Você… você não tem como saber disso. — neguei.
— Eu não tenho? — Arthur pressionou. — Porque eu acho que sei que você está agindo dessa forma não é porque Virion não falou sobre a morte diretora Goodsky. Você não está brava com ele, você está com raiva de si mesmo por abandonar sua mestra para provar a todos o quão forte e útil você seria para a guerra.
— Is-isso não é sobre… — não conseguia terminar minha frase quando desmoronei, soluçando incontrolavelmente de joelhos.
— Arthur! Eu acho que você disse o suficiente. — meu avô rosnou. — Guarda. Acompanhe-o para fora.
Não olhei para cima para ver Art sair. Não sabia que tipo de expressão tinha em seu rosto, ou se ele sentia muito. Foi demais.
— Tessia. vamos ter algum tempo juntos para prestar nossos respeitos a Cynthia. Eu tenho certeza que, mais do que ter milhões de pessoas em uma cerimônia, ela prefere ter os poucos que realmente amava de luto por ela. — Vovô se ajoelhou ao meu lado, gentilmente acariciando minhas costas trêmulas. — Depois disso, vou contar tudo.
Com um aceno de cabeça trêmulo, deixei escapar um sussurro rouco.
— Obrigada.
Nós dois nos viramos para encarar o caixão de pedra lisa em que minha mestra residia, ondas de emoções continuando a se mexer e girar dentro de mim.
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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