O Começo Depois do Fim

O Começo Depois do Fim – Cap. 141 — Inesperadamente

 

Deixando Sylvie com minha irmã, fui até o quarto dos meus pais. Caminhei pelo corredor, meu ritmo crescendo a cada passo até chegar em frente à porta rotulada — Família Leywin.

Respirei fundo para firmar meus nervos. O pensamento do que Ellie disse, que meus pais realmente planejavam participar da guerra, me encheu de desconforto. Um baque surdo ressoou quando bati na porta de madeira.

— Está aberto.  — a voz quente da minha mãe soou do outro lado.

As dobradiças rangeram quando girei a maçaneta e abri a porta. Malas estavam abertas no chão com roupas dobradas cuidadosamente ao lado delas. Entrei e olhei em volta para encontrar meu pai polindo as manoplas, com uma armadura de cota de malha estendida ao lado dele. Minha mãe, que estava andando na direção da porta para cumprimentar o visitante, parou quando me viu. Mascarou sua surpresa com um sorriso carrancudo enquanto meu pai baixou o olhar assim que viu minha expressão.

— Então é verdade. — murmurei, pegando uma braçadeira polida ao lado do meu pai.

— Filho. — Meu pai largou a luva e o pano, mas permaneceu sentado.

— Nós não estávamos esperando sua volta tão cedo. — Minha mãe acrescentou, dando mais um passo em minha direção.

— Vocês estavam pensando em sair sem dizer nada para mim? — perguntei, meu olhar ainda focado na braçadeira na minha mão.

— Claro que não. Mas queríamos terminar a preparação antes de você voltar. — Minha mãe levantou a mão, hesitando um pouco antes de colocá-la no meu ombro.

Uma mistura de sentimentos tomou conta de mim, enquanto apertava com força a armadura de metal, confusão sobre por que eles decidiram lutar de repente, irritação por não terem se incomodado em discutir essa decisão comigo, e raiva por eles serem dispostos a arriscar suas vidas quando Ellie tem apenas doze anos.

Eu finalmente ergui meu olhar das minhas mãos e olhei para o meu pai.

— Pensei que vocês esperariam até que Ellie ficasse mais velha antes de entrar na guerra.

— O comandante Virion nos aconselhou a ficar até que Ellie ficasse mais velha ou até que você viesse.

Disse meu pai, com o olhar firme.

— Eu não acredito que vocês de repente decidiram lutar na guerra só porque voltei. — respondi em dúvida.

— Nós não decidimos.

Minha mãe respondeu, sua mão apertando meu ombro com mais força.

— Acabei de receber uma transmissão de Helen.

Meu pai se levantou, seu olhar excepcionalmente cruel quando testou suas manoplas.

— Eles foram atacados em uma masmorra, enquanto todos se preparavam para sair. Ficaram para trás para conseguir algum tempo para os soldados mais jovens escaparem, mas…

— Mas?

Ecoei. Meu pai, Reynolds Leywin, o homem que sempre suportou dificuldades com um sorriso otimista, olhou para cima com um olhar gelado.

— Adam não conseguiu.

— Não. — Eu balancei a cabeça. — Isso é impossível. Eu estive lá ontem. Fui eu quem limpou a masmorra e matou o mutante escondido dentro.

Meu pai assentiu solenemente.

— Aparentemente, depois que você saiu, enquanto todos se preparavam para partir, outra horda de bestas de mana liderada por um mutante atacou-os. Helen acha que o andar inferior da primeira masmorra estava ligado a outra masmorra.

— A luta foi uma bagunça porque ninguém esperava uma batalha. Os Chifres Gêmeos e alguns outros soldados veteranos ficaram e conseguiram algum tempo para todos os outros. — Continuou minha mãe. — Felizmente, o mutante era apenas da classe B, mas como seu exército era maior e os pegou desprevenidos, houve mais mortes do que o necessário… incluindo a de Adam.

Um silêncio estéril permaneceu no quarto depois que minha mãe terminou de falar. Não podia acreditar que alguém que eu tinha visto ontem estava morto. De repente, uma sensação de perfuração me fez ficar de pé; Tess estava naquela masmorra!

— Quem mais morreu? — Perguntei. Apesar da minha preocupação, não queria parecer insensível à morte de Adam perguntando se Tess estava bem.

— Isso foi tudo que consegui ouvir de Helen. Era uma transmissão de emergência, então a mensagem era bem curta, mas vendo que ela não incluía mais ninguém, imaginei que os outros que morreram eram soldados que não conhecíamos. — meu pai acrescentou com um suspiro. — Embora o Comandante Virion provavelmente saiba mais agora desde que algum tempo passou.

Helen certamente teria mencionado se algo tivesse acontecido com Tess, mas isso ainda me deixava desconfortável, para dizer o mínimo.

— Sinto muito pelo que aconteceu com Adam. — consolei meu pai. Adam não era o meu favorito dos Chifres Gêmeos, pois achava que seu temperamento rápido e seu sarcasmo cínico eram desagradáveis, mas ele era leal. Debaixo de seu exterior impaciente e irritadiço havia um camarada de confiança que ficava ao lado de meus pais, enquanto estavam nos Chifres Gêmeos.

Agora eu podia ver porque a atmosfera que cercava meu pai era tão pesada.

— Não entenda mal, Arthur. Nós não estamos fazendo isso por culpa, a vida de um soldado está sempre em perigo.

Disse meu pai.

— Mesmo assim… — eu disse, balançando a cabeça.

Eu sabia que estava sendo irracional. Meu pai tinha todo o direito de lutar nas batalhas que ele escolhera. Mas foi o meu próprio egoísmo de querer manter aqueles que eu amava seguros que me fizera querer tentar.

Não importava o nível do seu núcleo ou o quanto você sabia sobre manipulação de mana. Não importa o quanto você fortaleceu seu corpo ou pesadamente você se equipou, a morte poderia vir a qualquer momento em uma batalha; não importa quão forte eu me tornasse, acreditava firmemente nisso. No entanto, meu pai estava disposto a arriscar a vida dele e da minha mãe sendo que não era apenas desnecessário, mas também imprudente.

— Arthur, não é culpa dele. — Minha mãe consolou. — Sou eu quem quer voltar para os Chifres Gêmeos e ajudar na guerra.

— O que? — soltei, completamente tomado de surpresa. — Você quer ir para a guerra?

Ela assentiu.

— Sim.

— Ma-Mas você não pode…

Eu me virei para o meu pai, perplexidade praticamente escrita no meu rosto.

— … Quero dizer, papai disse que você evita usar magia porque algo aconteceu no passado. Porque agora…?

Minha mãe lançou um olhar para meu pai, que baixou a cabeça em um aceno solene.

— Arthur, sente-se.

Eu obedeci, sentando-me ao pé da cama enquanto minha mãe reunia seus pensamentos.

— O que mais meu mari—seu pai te contou?

Me olhou culpada, enquanto corrigia suas palavras, mas não levei isso para o coração. Ela me pediu tempo para aceitar quem eu era, e eu poderia dizer que, sendo excessivamente consciente, estava tentando.

— Isso é tudo o que ele me disse… — falei — … Ele disse que o resto deveria ser dito por você quando estivesse pronta.

— O que nunca dissemos a você, Arthur, sobre os Chifres Gêmeos, é que na verdade havia mais um membro.

Minhas sobrancelhas franziram quando olhei para o meu pai, que permaneceu em silêncio.

— O nome dela era Lensa, uma talentosa e jovem fortalecedora na época. — Continuou minha mãe.

Ela continuou me contando a história de uma maga muito brilhante e esperançosa que havia se juntado aos Chifres Gêmeos logo depois que meu pai trouxe uma jovem Alice da Cidade de Valden. Os olhos de minha mãe se arregalaram quando descreveu como ela e Lensa se deram bem imediatamente, a ousadia e franqueza de Lensa combinavam bem com a timidez da minha mãe. Lensa tinha se saído bem como aventureira, mesmo sem a ajuda de um grupo, a ponto de já ser bastante conhecida. Então, quando perguntou aos Chifres Gêmeos se poderia participar do grupo, foi uma surpresa para todos.

Minha mãe fechou os olhos e parou para respirar.

— Fazia apenas dois anos desde que ela se juntou quando o acidente ocorreu.

Minhas sobrancelhas franziram em apreensão quando imaginei que tipo de acidente havia acontecido, quando minha mãe sorriu levemente.

— Não é uma calamidade dramática que ocorreu; a vida de todos não é tão animada quanto a sua.

Envergonhado, deixei escapar uma risada desconfortável, enquanto coçava minha bochecha.

— Fomos descuidados e caímos em uma emboscada por um bando de Ferrões. Nenhum de nós sofreu nenhum ferimento grave e eu pensei muito pouco quando curei as feridas superficiais de todos.

Minha mãe franziu os lábios para não chorar.

— O negócio de ser uma emissora é que todos esperam que você saiba como curar todos os ferimentos, que sua magia é uma cura “tudo em um”, quando isso realmente não é o caso.

Meu pai colocou uma mão consoladora nas costas de minha mãe enquanto seu corpo estremecia.

— Eu também não sabia naquela época porque não fazia tanto tempo desde que eu havia despertado e nunca treinei completamente os diferentes aspectos da cura; não achava que precisava.

Limpando as lágrimas, ela olhou para mim com olhos vermelhos.

— Fechei as feridas de todos, porém o veneno das pontas dos ferrões infectou a carne por dentro. Seu pai e todos os outros puderam ser tratados a tempo antes que pudesse causar algum dano, mas para Lensa, a ferida estava perto de seu núcleo de mana, e depois que eu fechei suas feridas, o veneno se espalhou.

Respirei profundamente.

— Então…

— Sim. Seu núcleo de mana se infectou até o ponto em que ela não podia mais praticar manipulação de mana. Eu havia roubado da minha amiga e companheira de equipe a única alegria verdadeira em sua vida.

— Pelo menos ela ainda está viva. — falei, tentando confortá-la até que ela balançou a cabeça.

— Ela saiu sozinha em uma masmorra e nunca mais voltou. — disse minha mãe. — Ela sempre disse que queria morrer gloriosamente em batalha, mas entrou em uma masmorra de alto risco sem poder usar magia para se matar. E você sabe qual é a parte engraçada?

Minha mãe olhou para cima, tentando evitar que mais lágrimas caíssem enquanto zombava.

— Se eu não tivesse fechado a ferida, o médico teria sido capaz de extrair facilmente o veneno. Ela provavelmente estaria bem se eu não tivesse curado ela.

Eu abri minha boca, esperando que as palavras se formassem, mas nenhum som saiu. Meu pai também permaneceu em silêncio, a mão ainda gentilmente acariciando as costas de minha mãe.

Depois de alguns minutos, minha mãe se recompôs.

— Eu tenho tido medo de usar minha magia para algo mais do que lesões menores desde então. Quando estávamos a caminho para Xyrus e fomos atacados, mal consegui curar seu pai quase morrendo. Mas depois que você nos contou sobre o seu… segredo e saiu para treinar, a Senhora Rinia também me ajudou, enquanto estávamos escondidos naquela caverna. Duvido que a morte de Adam fosse um sinal, mas depois de tudo o que os Chifres Gêmeos fizeram por seu pai e por mim, acho que é hora de estarmos lá para eles.

A resolução nos olhos da minha mãe deixou claro que ela não disse tudo isso na esperança de obter minha aprovação.

— Essa não é a única razão. — meu pai disse em um tom abafado. — Agora que você está de volta, está me matando pensar que você tem lutado na guerra, enquanto estamos aqui, em segurança, cruzando os dedos e esperando por boas notícias.

— Mas e se algo acontecer com algum de vocês? O que vai acontecer com Ellie então? — Argumentei, ainda desconfortável em deixá-los ir para a batalha.

— O mesmo vale para você, Arthur. Não importa o quão forte você seja, a morte raramente vem de uma fraqueza; ela se esgueira quando sua guarda está baixa. Eu protegerei sua mãe e você pode apostar que nosso objetivo nessa guerra será sair inteiros e voltar para você e sua irmã, mas você tem que fazer o mesmo.

Meu pai parou por um segundo enquanto seu olhar endureceu.

— Podemos não ter criado você como pensamos que tínhamos com as memórias de sua vida passada e tudo mais, mas você pode estar certo de que Ellie o vê como seu irmão amoroso, por isso não fique tão ansioso para se sacrificar por um vago “bem maior”. Saia dessa guerra em segurança. Mesmo se perdermos essa guerra, sempre haverá uma chance de revidar. A única situação em que você realmente perde é quando você morre, porque não há segundas chances depois disso.

Eu não pude deixar de soltar uma risada suave.

— Bem…

— Você sabe o que eu quero dizer!

Meu pai falou, provocando um leve sorriso de minha mãe.

De repente, uma batida apressada chamou nossa atenção para a porta. Depois de trocar olhares com meus pais, eu disse:

— Está aberto.

A porta de madeira se abriu para revelar Virion com o mesmo manto preto que usava hoje cedo em nosso encontro com o Vritra.

— Rapaz, você já soube?

— Comandante Virion! — Meus pais se levantaram de seus assentos.

— Por favor. Apenas Virion está bem para os pais de Arthur. — respondeu com um rápido aceno de mão.

— É sobre o ataque? — imaginei, julgando pela sua expressão perturbada.

— Bom, você soube, então. — Virion assentiu. — E você contou a seus pais?

— Foram meus pais que me disseram.

As sobrancelhas de Virion se levantaram em leve surpresa, mas simplesmente soltou um suspiro ao ver meus pais.

— Então vocês devem ter ouvido o que aconteceu com o seu ex-membro de grupo.

Meu pai respondeu com um aceno solene.

— Você tem minhas mais profundas condolências. — Lamentou o avô de Tess. — Alguns dos soldados que estavam lá chegaram ao castelo agora. Eu vim buscar o Arthur, mas tenho certeza de que pelo menos a líder dos Chifres Gêmeos está aqui. Gostaria de vir conosco?

Depois de mandar uma rápida transmissão para Sylvie, de que estaríamos no andar de baixo e para que ela ficasse com Ellie, nós quatro corremos para a sala de teletransporte.

As imponentes portas de ferro que protegiam a sala de teletransporte haviam sido deixadas abertas enquanto os soldados, ainda desgastados pela batalha, tropeçavam do portão brilhante no centro da sala, alguns ainda com as armas desembainhadas e ensanguentadas.

Os guardas cobriam as paredes para o caso de alguém que não fosse soldado de Dicathen atravessar o portal enquanto as criadas e as enfermeiras esperavam com gaze, frascos de antissépticos e pomada para dar tratamento aos soldados gravemente feridos.

Avistando Helen primeiro, chamei a atenção dos meus pais para a direção dela.

Nem preciso dizer que ela estava em um estado miserável. Seu protetor de metal no peito estava rachado com apenas um fragmento de sua ombreira ainda presa a ela. A armadura de couro que protegia o resto de seu corpo tinha cortes, alinhados com sangue seco, mas sua expressão não era de cansaço ou dor. Havia uma tempestade furiosa em seus olhos enquanto descia a plataforma com o arco quebrado ainda na mão.

— Helen!

Meu pai gritou. Meus pais imediatamente correram em direção a Helen. A expressão da líder dos Chifres Gêmeos suavizou-se ao ver meus pais quando recebeu o abraço deles.

Deixando Virion, que ainda esperava ansiosamente que Tess atravessasse o portal, fiz meu caminho em direção a Helen.

— Estou feliz que você esteja segura. — disse, dando-lhe um abraço gentil. — Sinto muito pelo que aconteceu com Adam… se ao menos eu tivesse ficado lá com vocês…

— Não. — Helen me parou. — Nada de bom vem de pensar assim. O que aconteceu, aconteceu. A melhor coisa a fazer é focar em como vamos fazer com que aqueles malditos Alacryanos e seus animais de estimação mutantes paguem.

— O que você tem que focar agora é descansar. — Disse minha mãe. — Venha, teremos uma enfermeira cuidando de você.

Minha mãe guiou Helen, que insistia que estava bem, com meu pai seguindo bem atrás deles. Imaginei que eles contariam a Helen sobre seus planos de se juntar novamente aos Chifres Gêmeos, mas permaneci na sala para esperar que Tess voltasse.

Os soldados que escaparam tinham conseguido alcançar um dos portões ocultos de teletransporte dentro da Clareira das Bestas, mas sem tempo para contabilizar o número de homens e o fato de que a horda de bestas de mana ainda poderia tê-los emboscado fora do calabouço me preocupava mais enquanto o tempo passava e Tessia não aparecia.

Não mais do que alguns minutos poderiam ter passado, mas pareceu uma eternidade enquanto rostos desconhecidos saíram do portão de teletransporte. Finalmente, um rosto familiar surgiu do portal; era o garoto chamado Stannard.

Ele tinha alguns arranhões em sua túnica e calça, e seu rosto estava sujo, mas considerei o fato de que não havia sangue nele como um sinal positivo.

Não hesitei em correr para ele, puxando-o para o lado quase que instantaneamente quando saiu do portão.

— Woah! O que—

— Onde está Tessia? Ela estava com você? — Eu bombardeei, apertando seu braço com força.

— Arthur Leywin? — Seu rosto contorceu. — Aí. Seu aperto é um pouco forte.

Eu o soltei imediatamente, meu olhar ainda mudava entre Stannard e o portão de teletransporte apenas no caso de Tess sair.

— Desculpe, Stannard. Eu ouvi sobre a emboscada na masmorra. Onde está o resto do seu time?

Perguntei, impaciente. O nível de ruído na sala aumentara à medida que mais soldados enchiam a área. Alguns gemiam de dor enquanto outros conversavam com os guardas e os informavam sobre o que havia acontecido.

— E-eles devem ter ficado atrás de mim. — respondeu, olhando para trás. — Foi muito louco. Tivemos que continuar correndo só para o caso de eles nos perseguirem.

Stannard estava tremendo quando seus joelhos se dobraram. Coloquei seus braços sobre meus ombros e o ajudei a ir para o lado onde podia sentar e encostar-se à parede.

Olhando para o estado de todos, Helen havia claramente abrandado a gravidade da emboscada para meus pais. Enquanto eu desviava da multidão de soldados, vi o restante dos companheiros de equipe de Tess.

A garota chamada Caria estava carregando o garoto contra o qual eu duelei, Darvus, eu acho, nas costas, com os pés arrastando no chão por causa da diferença de altura.

A pequena fortalecedora estava facilmente carregando seu companheiro de equipe apesar das múltiplas feridas em seu corpo. Seu cabelo castanho encaracolado estava bagunçado, coberto de sangue nas extremidades, e sua armadura de couro estava esfarrapada sem chance de reparo.

Correndo até eles, levantei o inconsciente Darvus e comecei a carregá-lo, surpreendendo Caria.

— Obrigada. — respondeu humildemente enquanto eu a guiava para Stannard.

Quando desci Darvus, o fortalecedor de cabelos selvagens acordou. Deixando escapar um gemido de dor, seus olhos vidrados focaram em mim. Assim que percebeu quem estava olhando, seus olhos se estreitaram.

— Você… por causa dessa sua técnica maldita, eu não consegui reunir mana para lutar!

Apesar de sua raiva, sua voz saiu rouca e fraca.

— Eu sinto muito. Eu realmente sinto.

Darvus se apoiou contra a parede antes de voltar à inconsciência, juntando-se ao Stannard adormecido.

Eu peguei uma jarra de água de uma serva passando e dei para Caria. Ela imediatamente enterrou a cabeça dentro da jarra de vidro, engolindo a água antes de passá-la de volta para mim, completamente vazia.

— Caria. — gentilmente sacudi seu ombro para impedi-la de cair no sono. — Eu preciso saber o que aconteceu com Tessia.

Os olhos de Caria estavam meio fechados quando ela abriu a boca para explicar. Ela estava prestes a falar quando, em vez disso, seus lábios se curvaram em um sorriso. Ela apontou para trás, sem palavras.

Confuso, olhei por cima do ombro. Afastando-se do portal, suja, com roupas esfarrapadas, cabelos desgrenhados, armadura amassada e rachada, mas viva e inteira, estava Tessia.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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