O Começo Depois do Fim

O Começo Depois do Fim – Cap. 137 – Para Corrigir Meu Erro

 

Saltei do meu assento com a notícia do soldado.

— Onde exatamente você os viu?

— A-apenas algumas milhas ao sul de Etistin… Senhor. — Respondeu ele, hesitante sobre como me chamar por causa da minha idade.

Passei correndo pelo guarda e saí pela porta.

— Vamos lá, Sylv.

— Espere! Arthur, o que você está pensando?

Virion gritou por trás, sua voz cheia de preocupação.

— Eu quero ver exatamente que tipo de confusão eu fiz.

Respondi sem voltar atrás.

Sylvie e eu corremos para a sala do portão de teletransporte, esquivando-se de vários trabalhadores e guardas surpresos.

Ao chegar nas, familiares, portas duplas de ferro pelas quais passamos, vimos dois guardas que não estavam lá antes de guarda dos dois lados das portas.

— Por favor, abram as portas. — pedi, impaciência evidente na minha voz.

O guarda do sexo masculino, vestido com armadura pesada, com uma espada longa presa às costas e duas lâminas menores presas a ambos os lados da cintura, avançou com uma expressão severa.

— Todas as entradas e saídas devem ser aprovadas pelo Comandante Virion ou por Lorde Aldir. Nós não ouvimos falar da sua partida de nenhum deles, então não podemos, garoto.

— Olha, eu acabei de vir a este castelo com Virion e Aldir. Eles sabem que eu estou saindo, então eu insisto que você me deixe passar. — Argumentei.

— Comandante Virion e Lorde Aldir. O guarda reiterou.

— Não importa o quanto você acha que as crianças reais são elevadas, aprenda um pouco de respeito pelos mais velhos.

A feiticeira que parecia ser de meia-idade, vestida com um manto luxuoso e um capuz que cobria seus cabelos, rapidamente interveio, esperando acabar com a situação. Ela falou com uma voz suave, como se estivesse falando com uma criança.

— É perigoso você sair sozinho nesses tempos. Talvez se você tiver um guardião, você…

Ela parou quando ela engasgou com suas últimas palavras. Ambos os guardas se ajoelharam enquanto eles arranhavam suas gargantas desesperadamente. Ofegaram por ar como peixes fora da água enquanto eu dava outro passo à frente, olhando para eles com um sorriso inocente.

— Seria sensato vocês não me darem lições.

Eu retirei a pressão que eu tinha liberado para fazer meu ponto e ajudei-os a se levantarem.

— Vamos tentar de novo.

Os dois correram para a porta e soltaram a fechadura. As portas pesadas gemeram contra o chão de cascalho enquanto corria e segui em direção ao centro da sala.

— Senhor. Coloque o portão para Etistin, por favor. — Pedi, soltando um suspiro. Eu me senti um pouco culpado por ser tão duro com as pessoas que estavam apenas fazendo seu trabalho, mas meu humor não estava exatamente o melhor no momento.

O porteiro idoso trocou olhares hesitantes com os guardas desgrenhados, mas, por outro lado, cedeu. Quando o portal brilhante zumbiu e assobiou, a visão de Etistin entrou em foco.

Sem uma palavra, Sylvie e eu passamos pelo portão mais uma vez, meu coração batendo forte quanto mais eu chegava ao meu destino.

Chegando a uma sala desconhecida cheia de guardas do outro lado, desci do degrau elevado que segurava o portão, Sylvie apenas alguns passos atrás.

— Quem deixou uma criança passar pelos portões?

O líder de peito de barril latiu para o porteiro encurvado.

— Ele é do Castelo, senhor. — respondeu humildemente, olhando para mim com curiosidade.

Era problemático que todos pensassem em mim como apenas uma criança, apesar de eu estar bem na minha adolescência. Eu era mais alto do que muitos dos guardas presentes, mas meu cabelo rebelde e aparência adolescente parecia impedir qualquer soldado de me levar a sério.

Sem a paciência de explicar minha situação, fiz meu caminho em direção à saída, passando pelo grande líder.

— Criança! Qual é o seu negócio aqui? Você não conhece o estado em que esta cidade está?

O soldado de armadura que estava pelo menos uma cabeça acima de mim segurou meu braço com força, me empurrando de volta.

— Comandante Virion me enviou aqui. Agora, por favor, abra as portas antes que eu mesmo faça. — avisei.

O líder zombou, revirando os olhos.

— Sim claro. O comandante Virion mandou um garoto jovem e bonito aqui. Aposto que você é apenas um pirralho nobre fugindo porque teve uma briga. Scraum, leve o menino de volta pelos portões! Eu não preciso de mais civis para tomar conta aqui!

Deixando escapar um suspiro, eu liberei mana, permitindo que ela saísse do meu corpo como eu tinha feito de volta ao castelo.

Muitos dos soldados presentes eram fortalecedores, então sabiam exatamente o que estava acontecendo quando todos, impotentes, caíram no chão. O ar na sala congelou enquanto os soldados olhavam com os olhos arregalados em choque um para o outro. O porteiro, sendo um civil comum, não aguentou a pressão e ficou inconsciente.

— Sylv. Vamos sair daqui.

— Mas a porta…

Eu olhei ao redor da sala para ver alguns dos magos mais capazes já pedindo por apoio.

— Eu vou fazer uma.

Eu respondi bruscamente, não querendo criar uma cena ainda maior.

— Parece bom.

O corpo branco do meu vínculo começou a brilhar até que ela estava completamente envolta em uma luz dourada. Com uma explosão estrondosa de mana irradiando de seu corpo, a forma de Sylvie se transformou na de um dragão negro. Nos últimos anos, sua forma se tornou muito mais distinta e madura. Pequenos detalhes como a forma de seus chifres e suas escamas, que agora pareciam milhares de pequenas pedras preciosas polidas, fizeram Sylvie parecer temível, ainda que etérea.

Os soldados que ainda estavam conscientes soltaram gritos sufocados na virada dos acontecimentos, mas eu não perdi tempo apreciando sua angústia.

Levantando minha mão, eu uni a mana desenfreada reunida em minha palma.

[Onda Relâmpago]

Uma barragem de raios azuis bombardeou o teto acima de nós, sacudindo a sala inteira. Pulei em cima de Sylvie, enquanto batia suas asas para nos levantar.

Enquanto disparávamos pelo buraco que eu havia criado, os suspiros e gritos dos civis e soldados abaixo de nós logo se suavizaram quanto mais alto chegávamos ao céu.

O ar fresco do inverno passou pelas minhas bochechas enquanto subíamos acima das nuvens até que pudéssemos ver o sol se pôr laranja contra o horizonte. A beleza de Dicathen estava à vista, como uma tela logo abaixo de nós. Aproveitei um breve momento para apreciar a visão pacífica, das montanhas cobertas de neve e planícies cobertas de grama ao oceano cintilante e a exuberante floresta, antes de direcionar Sylvie para o sul.

— Vamos chegar lá antes do anoitecer. 

Aconselhei, inclinando-me para a frente nas costas grandes de Sylvie.

— Entendido

Respondeu, sua voz ainda alegre apesar de sua aparência intimidadora.

A terra passou correndo por nós em um borrão colorido, como se o fundo estivesse sendo puxado para fora. Espalhei a camada de mana ao meu redor para proteger minhas roupas contra os ventos fortes.

Enquanto nos dirigíamos para o sul, a visão das cidades logo se tornou visível, quanto mais nos aproximamos em direção ao litoral.

— Vamos descer, Sylv. 

Transmiti, curvando os ombros.

Meu vínculo dobrou suas enormes asas quando caiu em um mergulho íngreme em direção aos penhascos logo acima da cidade de Trelmore. Nós atravessamos as nuvens que obscureciam nossa visão, atirando como um meteoro negro. Quando descemos, o mar cintilante logo apareceu e, junto com ele, o efeito direto do meu erro imprudente.

Eu amaldiçoei em voz alta a visão de pesadelo à frente, minhas palavras se perdendo ao vento. Quando aterrissamos em um imenso precipício coberto de neve na orla da floresta, com vista para a cidade de Trelmore e o oceano, pulei do meu vínculo, amaldiçoando mais uma vez, desta vez, minha voz ecoando ao nosso redor como se zombasse de mim.

Eu só pude olhar a cena em silêncio.

Centenas de navios se aproximando pelo horizonte brilhante, não mais do que algumas dezenas de quilômetros de distância da costa, fazendo com que suas forças estacionadas na Clareira das Bestas parecessem nada mais do que uma brincadeira.

O último conselho de Virion apareceu na minha cabeça naquele momento. Ele me disse para não me culpar, mas era tudo que eu podia fazer neste momento.

Sendo esta a minha segunda vida, eu tinha uma visão e conhecimento que as pessoas deste mundo não tinham. Apesar desse conhecimento e da minha sabedoria, não pensei nas consequências que surgiriam de um ato aparentemente inofensivo que beneficiaria as pessoas à minha volta.

Memórias do dia em que dei a Gideon as plantas para a máquina a vapor tornaram-se muito claras e agonizantes. Por causa do meu conselho, um navio que poderia ser construído para atravessar o oceano acabara nas mãos erradas. Não pude deixar de me perguntar se o Clã Vritra conseguindo colocar as mãos nessa tecnologia foi o que acelerou a guerra que eles estavam evidentemente preparando.

— Isso não parece muito bom.

Sylvie murmurou enquanto olhava para a visão ameaçadora à frente.

— Não, não é. E é minha culpa.

Suspirei, uma mistura de medo e culpa se agitando dentro da boca do meu estômago.

Eu olhei para frente, perdido em um torpor enquanto milhões de pensamentos passavam pela minha cabeça. Tinha derramado lágrimas, suor e sangue nestes últimos dois anos para que eu pudesse proteger esta terra e as pessoas e impedir que os Vritra tomassem conta do mundo inteiro. Mas não era mais tão simples assim.

Voltando para o meu vínculo, gentilmente acariciei seu pescoço.

— Vamos voltar, Sylv. Nós temos uma guerra para vencer.

Eu disse com os dentes cerrados.

Eu não fui um herói justo para salvar o mundo. Inferno, eu não poderia nem mesmo me chamar de um bom samaritano na esperança de fazer o melhor para lutar por seu povo.

Não. É minha culpa que esta guerra tivesse progredido a este estado. É minha culpa que esta frota de navios estava quase em cima de nós, e seria minha culpa quando esses navios chegassem e causassem estragos nesta terra.

Se eu tivesse uma razão para lutar, não seria apenas para proteger os poucos que eu amava.

Seria para corrigir o meu erro.

 

POV CYNTHIA GOODSKY

Eu estava em uma sala ou área, algum espaço coberto de escuridão total com apenas um único raio de luz brilhando para mim.

— É imprescindível que você nos dê o máximo de informação possível. Uma voz profunda falou das sombras.

Senti meus lábios se movendo e minha língua formando palavras, mas minha voz não saia. Em vez disso, um anel afiado perfurou meu cérebro.

— Seu conhecimento pode nos ajudar a ganhar esta guerra, Diretora.

Uma outra voz, esta fina e rouca, resmungou de fora da minha vista.

— Pense nas milhões de vidas que você pode ajudar a salvar cooperando.

Concordei. Queria falar, mas nenhum som audível poderia ser produzido. Caí de joelhos quando o toque logo se tornou insuportável, mas as vozes escondidas nas sombras continuaram a incomodar-me.

Eles queriam respostas independentemente do custo. Eles estavam desesperados, mas eu também.

— Tudo bem que você morra pelos efeitos da maldição. Contanto que recebamos as respostas que precisamos, seu trabalho estará terminado.

Uma voz particularmente melódica murmurou.

— Pensei que a maldição havia sido removida por Lorde Aldir.

Queria protestar, mesmo sabendo que, no fundo, minha vida sempre esteve em perigo. No entanto, minha voz me traiu e o som torturante tomou conta de meus sentidos. Minha visão ficou branca quando a dor começou a diminuir.

Pensei comigo mesma que, se era assim que a morte era, eu o receberia sinceramente. Fechei meus olhos, mas minha visão ainda estava completamente coberta de uma folha branca.

Comecei a me perguntar o que aconteceria a seguir, quando uma figura escura logo se aproximou de mim. Mesmo com a figura cada vez mais próxima, suas características não podiam ser distinguidas. Meu único conforto estava no fato de que seu contorno parecia humano.

Quando a figura inexpressiva chegou na minha frente, se abaixou e estendeu a mão para me ajudar.

Na verdade, eu estava relutante, mesmo em qualquer fase da morte em que eu estivesse atualmente.

No entanto, a curiosidade superou minha desconfiança quando estendi minha mão, esperando que ele a pegasse.

Quando nossas mãos se tocaram, o véu de sombra que encobria meu misterioso ajudante desapareceu.

Eu apertei mais forte, percebendo que a pessoa com quem eu tinha segurado as mãos era Virion.

Sua mão estava tão quente. Eu queria estender a mão e abraçá-lo, mas meu corpo não escutava. Em vez disso, permaneci no chão com sua mão em cima da minha. Ele segurou minha mão tão gentilmente, como uma garota recém-nascida, como se meus dedos desmoronariam à menor pressão.

Eu queria segurá-lo com a outra mão, mas, novamente, não conseguia me mexer.

— Eu nunca me desculpei com você… — começou, murmurando baixinho sobre como não tinha me impedido, mesmo quando percebeu o que poderia acontecer comigo. A voz de Virion, normalmente tão brilhante e confiante, rachava e oscilava enquanto falava.

Tirei o olhar da mão de Virion e olhei para o meu velho amigo. Seu rosto estava embaçado, e eu não conseguia distinguir onde seus olhos estavam focados, mas por algum motivo, eu podia ver as lágrimas em seus olhos tão claramente.

De repente, Virion soltou seu aperto e foi novamente envolto em trevas. Enquanto se afastava, gritei para ele voltar, mas minha voz não saiu.

A sombra inexpressiva em que Virion se reverteu parou momentaneamente e voltou a falar. Era difícil de ouvir, e eu não consegui distinguir algumas das palavras, mas eu fui consolada por elas mesmo assim. Não tentei mais gritar para ele voltar e aceitei a partida.

Quando sua figura desapareceu no abismo branco, a cena mudou para uma lembrança de que sempre me confortará.

Foi logo após o fim da guerra entre humanos e elfos. Ambos os lados sofreram enormes perdas e concordaram com um tratado.

Virion, muito mais jovem na época, andava ao meu lado. A cena era exatamente como eu me lembrava, até o campo de tulipas murchas que se espalhava à nossa esquerda.

Enquanto caminhávamos pela trilha pavimentada, meu corpo se movia por conta própria, mas eu não me importava.

— O que você planeja fazer agora que a guerra acabou? — Virion perguntou, seu olhar fixo na frente.

Depois que a guerra acabou, planejei observar silenciosamente o estado do continente—afinal, esse era meu dever. Mas desde que eu não podia dizer exatamente ao rei dos elfos, apenas dei de ombros misteriosamente e esperei que meus charmes mudassem de assunto.

— Eu conheço você há alguns anos. Alguns desses anos, nós éramos inimigos e alguns não éramos, mas fora desses anos, eu ficava pensando em uma coisa. — Estendeu um dedo para enfatizar seu ponto.

— Oh? — Minha voz saiu sozinha. — E o que é isso? Seu amor eterno por mim?

— Desculpe, mas não. — riu. — Você esqueceu que sou casado?

— Isso não parou nenhum dos nobres humanos ainda. — Meus ombros se encolheram para fingir inocência.

— Nós, os elfos, somos leais. — respondeu, balançando a cabeça. — Mas eu divago. O que eu pensei foi que você seria uma ótima mentora e inspiração. Inferno, eu poderia te ver como uma chefe de uma academia de prestígio, levando a juventude a um futuro maior.

— Bem, isso veio do nada. — Respondi, genuinamente surpresa. — O que fez você chegar a essa conclusão?

— Um monte de coisas. — Ele piscou. — Mas, falando sério, você deveria pensar em começar como professora. Eu sei que você vai começar a amar.

— Talvez eu acabe por abrir uma academia. — Meus lábios se curvaram para cima em um sorriso. — Eu gostei da cidade de Xyrus.

— Uma academia para magos no topo de uma cidade flutuante. — ponderou. — Eu gosto disso!

Meu corpo parou e eu observei Virion enquanto ele continuava andando. — Então, o que diz de abrimos a escola juntos?

Olhando para trás por cima do ombro, ele reprimiu uma risada. — Sim, e podemos chamar isso de Goodsky e Eralith Academia de Magos.

Eu podia sentir meu rosto corar de vergonha.

— Não, mas talvez eu mande meus filhos ou talvez meus netos quando atingirem a maioridade. Isso é, se a sua academia for boa o suficiente para eles. — Ele piscou antes de se virar.

— Eu realmente vou fazer uma, você sabe — bufei. — Apenas espere e veja. A Academia Xyrus se tornará a maior instituição para magos.

— Academia Xyrus? Na cidade de Xyrus? — Virion inclinou a cabeça. — Não é muito original…

— Bem, eu não posso chamar isso de Goodsky e Eralith Academia de Magos, agora posso? — retruquei, estufando minhas bochechas. — E você vai ser muito sortudo se eu deixar qualquer um dos seus descendentes participar.

— Ai. — Ele riu. — Bem, estarei aqui esperando pelo sucesso da Academia Xyrus. — Virion levantou um copo imaginário em sua mão para um brinde.

Vendo sua expressão de brincadeira, o chutei na canela, fazendo-o rir ainda mais alto.

Lembrei-me claramente desejando que esse momento nunca terminasse. Também me lembrei dos sentimentos evidentes de arrependimento por não ter conhecido esse homem antes. Talvez se tivéssemos nos conhecido mais cedo, minha lealdade ao meu continente e aos Vritras poderia ter vacilado.

Não. A essa altura, meu coração já havia vacilado.

— Eu sou o único com a perna machucada aqui. — Virion gritou de frente. — Se apresse.

Eu dei um passo à frente, esperando recuperar o atraso quando uma dor aguda perfurou um buraco no meu peito. O cenário cheio de flores ficou vermelho. Eu olhei para baixo, finalmente tendo controle sobre o meu corpo, apenas para ver um espeto preto saindo de mim com o meu coração na ponta.

— Apresse-se. — Virion gritou novamente, desta vez de longe.

Estendi a mão para ele e chamei por ele, mas permaneci ancorada pela lança preta que se projetava do meu peito.

Como se a lança estivesse me puxando, a cena uma vez agradável que eu estava revivendo foi sugada para longe de mim. Enquanto meu mundo desaparecia na escuridão, a visão de Virion se afastando era a última coisa que eu vi antes de um aperto arrepiante me envolver. Quando me afundei nas profundezas do abismo me puxando para dentro, poderia jurar que ouvi uma voz infantil se desculpar.

 

POV VIRION ERALITH

Um grito de gelar o sangue me acordou. Eu não sabia quando adormeci, mas meu corpo imediatamente se levantou da minha cadeira. Saindo do meu escritório, evitei por pouco um guarda correndo na direção do grito.

— Comandante Virion — saudou, derrapando até parar.

— O que está acontecendo? — Olhei em volta, observando os outros guardas todos indo em uma direção.

— Eu não tenho certeza, comandante. O grito parecia ter vindo de apenas um andar abaixo.

— Não deveria haver ninguém, Anna! — Engasguei. — A única sala ocupada logo abaixo desse nível era o quarto de Cynthia, com Anna cuidando dela.

Os olhos do guarda se arregalaram quando se virou e desceu. Imediatamente seguindo atrás, afastei a horda de guardas de armadura. A família de Arthur estava do lado de fora da porta, mas todos estavam olhando para dentro. Todo mundo estava olhando para dentro.

Levantando o meu olhar, meus olhos pararam na cena apenas alguns metros à frente.

— Nã-Não. — Eu soltei quando me aproximei, incapaz de acreditar em meus olhos.

— Co-como? Quem? — Gaguejei, mas Anna que estava tão chocada quanto eu, balançou a cabeça.

Minha cabeça girou quando a confusão de sons e murmúrios ao meu redor se tornou abafada. Eu dei outro passo, mas minhas pernas cederam debaixo de mim e tropecei contra a cama.

Cynthia Goodsky jazia pacificamente na cama, com os braços ao lado e um fino lençol branco sobre o corpo. E fora do peito dela estava um pico escuro que se projetava, coberto de sangue. Coberto em seu sangue.

Um uivo indecifrável arrancou da minha garganta quando caí de joelhos, apertando com força a mão fria e sem vida da minha velha amiga.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

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