O Começo Depois do Fim

O Começo Depois do Fim – Cap. 125 – A calma da guerra

 

POV TESSIA ERALITH

— Eu posso lutar, vovô! — gritei, batendo as mãos na mesa.

— E estou lhe dizendo que você não pode. — retrucou quando seus olhos ficaram colados ao documento que estava lendo, recusando-se a encontrar o meu olhar.

— Chega, Tessia. Seu avô está certo. O risco de colocá-la em campo é muito alto e desnecessário no momento — mestre Aldir interrompeu.

— Mas mestre! Até você disse que estou muito mais forte do que era antes! — argumentei, ignorando meu avô.

— E isso ainda não é suficiente. — O tom do Asura de um olho era natural.

Pude sentir meu rosto queimando, enquanto fazia tudo o que podia para manter minhas lágrimas sob controle. Recusando-me a deixá-los me ver chorar, saí da sala, enquanto vovô me chamava.

Caminhei pelo longo e estreito corredor iluminado por tochas bem espaçadas que cintilavam intensamente contra a parede de paralelepípedos. Segui para o final do corredor, alcançando duas portas de ferro maciço, guardadas de ambos os lados por um aumentador de armadura e um conjurador bem vestido.

— Princesa? O que a traz aqui? — o conjurador falou, sua voz cheia de preocupação.

— Por favor, abra as portas. — pedi, meus olhos focados no centro da entrada. Apesar do meu humor azedo, não pude deixar de encarar com admiração as portas que guardavam este castelo. Lembrei-me de que, quando foi concluído pela primeira vez pelo professor Gideon, até o mestre Aldir ficou satisfeito com o trabalho manual.

— D-Desculpe, não recebemos nenhum aviso do comandante Virion ou lorde Aldir de que alguém iria embora. — o aumentador murmurou enquanto trocava olhares incertos com o companheiro.

— Abra as portas, ela tem algo a resolver comigo. — uma voz familiar ecoou detrás de mim.

— General Varay! — Ambos os guardas saudaram em uníssono antes de se curvarem em respeito.

Virando-me, soltei um sorriso aliviado para a lança, que se tornou uma irmã mais velha para mim nos últimos dois anos.

A lança elegante, mas intimidadora, se aproximou de mim com uma marcha firme e proposital, seu casaco azul marinho justo atrás dela. A mão esquerda de Varay repousava no punho da espada fina presa à cintura enquanto balançava a cabeça para mim, com sua expressão distante e habitual.

Os dois guardas imediatamente começaram a abrir as portas duplas. O conjurador murmurou um longo encantamento enquanto o aumentador trabalhava puxando os vários botões e alavancas por toda a porta.

— Obrigada, Varay. — Abracei seu braço enquanto nos dirigíamos para dentro da sala.

Uma vez lá dentro, as portas duplas de ferro se fecharam atrás de nós com um baque alto. Enquanto a sala estava fortemente protegida com um mecanismo único na porta que exigia um padrão complexo de feitiços e movimentos precisos de travas para abrir, a área que protegia não era tão digna de nota. A pequena sala de cilindros bastante mofada estava praticamente vazia, exceto por um único portão de teletransporte e um porteiro encarregado de controlar o destino do portão.

O porteiro idoso levantou-se diretamente à nossa vista, largando o livro que estava lendo para passar o tempo.

— General Varay, princesa Tessia, o que posso fazer por vocês?

Varay olhou por cima do ombro, esperando-me falar.

— Cidade Etistin, por favor. — respondi.

— Certamente! — O porteiro foi trabalhar, resmungando sobre as runas antigas que permitiam uma magia tão complexa.

O portão, uma plataforma de pedra com um símbolo complicado que marcava o centro, começou a brilhar em cores diferentes antes de focar na direção da localização.

— Tudo pronto. Pegue este emblema para identificação quando usar o portão em Etistin. Esta será a única maneira que o porteiro deixará você voltar ao castelo. — disse o porteiro idoso, enquanto entregava a nós duas um pequeno medalhão de metal com as insígnias das três raças.

— Certamente eles saberiam quem somos, certo? — Perguntei enquanto colocava o medalhão no bolso interno do meu roupão.

O porteiro balançou a cabeça.

— A segurança aumentou em todo o continente, porque ataques externos se tornaram mais frequentes. Apesar de Etistin ainda estar bem distante da Clareira das Bestas, o comandante Virion empregou medidas mais rigorosas para o caso.

— Entendo. — Soltei um suspiro quando me aproximei da plataforma onde ficava o portão de teletransporte.

— Você tem certeza que quer vir comigo para tomar conta de mim, Varay?

— Acabei de terminar minhas aulas com a princesa Kathyln, então um pouco de folga está bom. — respondeu bruscamente, dando um passo atrás de mim.

Nosso ambiente distorceu assim que entramos no portão, minha visão sendo preenchida com uma montagem embaçada de cores luminescentes.

Chegamos em segundos à cidade que já foi a capital dos humanos no país de Sapin. Lembrei das aulas da academia que a cidade foi construída sobre a costa oeste do continente naquela época para ficar fora de alcance dos países anões e élficos, bem como para se manter o mais longe da Clareira das Bestas quanto possível.

No entanto, alguns anos atrás, depois que a guerra foi anunciada, o rei Glayder basicamente derrubou a cidade, assim como todas as cidades vizinhas, e as reconstruiu como fortes blindados. Isso era uma antecipação do exército de Alacrya provavelmente vindo para este lado.

— Princesa Tessia e General Varay! — exclamou os dois homens surpresos, enquanto se curvavam profundamente.

— Nós não estamos aqui em negócios oficiais. Por favor, relaxe. — persuadi, sorrindo para os guardas que tinham expressões preocupadas. Saímos da sala segura onde o portão foi colocado, saindo pelas ruas movimentadas. Nós duas escondemos o rosto debaixo de nossos capuzes de lã para não atrair atenção desnecessária.

Lá fora, as ruas estavam cheias de um panorama de agitação e barulho. Os comerciantes rodavam com seus carrinhos pela rua larga, enquanto os vendedores e artistas que haviam montado pequenas tendas e coberturas em ambos os lados da estrada principal estavam discutindo com as donas de casa. Desde que Etistin foi demolida e reconstruída como uma cidade militar, a economia dependia dos soldados e de suas famílias que estavam estacionadas aqui. Ferreiros e outros artesãos viajaram para cá sabendo que seu trabalho estaria em alta demanda. Os comerciantes logo se esforçaram para montar lojas aqui, por causa da crescente população que variava de quantos soldados estavam estacionados.

Apenas andando pela rua, você podia ver os soldados, quer fossem aumentadores corpulentos ou conjuradores, marchando com armas na mão. Todos usavam o mesmo uniforme verde musgo e prata com o emblema Triunion que se tornara o símbolo oficial de Dicathen.

— Há algo específico que você quer fazer?

Varay perguntou enquanto diminuía o ritmo para combinar com o meu.

— Nada particularmente. — balancei minha cabeça. — Eu só queria um pouco de ar fresco e ficar longe de todos no castelo.

— Mantenha sua espada sempre pronta, Tessia. — disse Varay, apontando para minha cintura vazia.

Soltando um suspiro, respondi:

— Estou aqui com você, certo? Além disso, esta cidade é o ponto mais distante de todos os combates.

Etistin foi reconstruída para ser a última linha de defesa contra o exército Alacryano, visto que era a cidade mais distante das batalhas e a sua localização era a ideal, com a maioria dos lados voltados para o oceano.

Nossas principais forças foram realmente enviadas para a Clareira das Bestas para explorar masmorras, porque era dali que as forças Alacryanas estavam saindo. Pelo que o vovô Virion deduziu de suas investigações, as ocorrências não naturais que aconteceram no passar dos dez anos, incluindo a morte de uma de nossas lanças, Alea, tinham o objetivo de montar portões de teletransporte ocultos nas profundezas das masmorras. Seria difícil para eles, teletransportar instantaneamente um exército, mas com tempo suficiente e portões individuais de teletransporte, as forças de Alacrya poderiam reunir soldados e magos suficientes para causar danos consideráveis ​​se não se preparassem antes.

Depois que essa notícia veio à tona, o mestre Aldir e meu avô tiveram que fazer estratégias sobre as defesas em torno da Clareira das Bestas.

— Em tempos de guerra, é necessário estar sempre pronta para o pior caso. — respondeu Varay.

Eu não queria discutir mais, então tirei minha espada do meu anel de dimensão e amarrei-a na cintura por baixo da capa de lã.

— Feliz?

Ela assentiu. — Satisfeita.

— Então, como está Kathyln e Curtis com seu treinamento?

Perguntei calmamente, parando em uma barraca que tinha um conjunto particularmente bonito de joias artesanais.

— Bairon me diz que Curtis é determinado e trabalhador, mas que o progresso dele é lento. Definitivamente fez progressos, mas mesmo como domador de bestas, sua compreensão de mana é apenas mediana na melhor das hipóteses. A princesa Kathyln, por outro lado, está se saindo bem em seu treinamento. Foi-me dito que ela era sempre um pouco mais talentosa do que todos os outros, e a partir desses dois anos, entendo o porquê. — Varay respondeu, olhando de maneira apática para as joias de que não gostava.

— Bem, não mais do que todos os outros. — corrigi quando uma dor maçante tomou conta do meu coração.

— Você está certa. Às vezes esqueço que o garoto tem a idade de vocês. Arthur é uma anomalia de um nível totalmente diferente, sem dúvida. — Varay assentiu para si mesma. — Só posso imaginar em que nível ele estará quando voltar depois de treinar com os Asuras.

Mesmo através de seu rosto inexpressivo, era fácil dizer que Varay estava com um pouco de inveja de Arthur. Afinal, treinar com os Asuras em um nível mais alto que o nível do próprio Mestre Aldir, era algo que alguém só poderia desejar em seus sonhos.

No entanto, sabia em primeira mão o quão severos eram os Asuras das dezenas de lições que recebi de Aldir nos últimos dois anos. Imaginar-me sob constante supervisão do Mestre Aldir enviou arrepios na minha espinha.

Enquanto continuávamos andando pela estrada principal, admirava as imponentes muralhas externas que cercavam a cidade inteira. Mal podia ver as pequenas figuras de guardas patrulhando em cima do muro de onde eu estava. A cidade foi reconstruída para que os edifícios no centro da cidade fossem mais altos. Os prédios e as casas ao redor de tudo isso eram menores, de modo que conjuradores e aumentadores de longo alcance pudessem facilmente subir no topo de qualquer um dos edifícios e ter uma visão clara de seus inimigos, atacando sem medo de obstrução. Claro, isso seria somente se os inimigos fossem capazes de invadir as grossas paredes forçadas de mana que cercavam Etistin.

— Você acha que o exército Alacryano será capaz de chegar até aqui? — perguntei, ainda encarando as paredes externas. — Ouvi do vovô que a diretora Cynthia disse que Alacrya está a oeste de Dicathen. Isso não significa que este lugar é o mais próximo do nosso inimigo?

— Sim, mas ela também disse que eles não tinham uma maneira eficaz de transportar quantidades significativas de soldados através do oceano, e é por isso que eles estão indo por um método mais discreto de passar pelos portões de teletransporte que haviam instalado por toda a Clareira das bestas. — respondeu enquanto se afastava para ver algumas das armas em exibição em uma forja próxima.

— Entendo. — murmurei. Me senti mal pela diretora Cynthia, que estava confinada por esses dois anos. Enquanto o mestre Aldir foi capaz de quebrar o suficiente da maldição que a impedia de divulgar qualquer informação sobre sua terra natal, para que pudesse nos contar alguma informação, a diretora Cynthia ainda acabou em estado de coma. Às custas de sua consciência, a mulher que já foi responsável pela Academia Xyrus pôde nos dizer algumas informações críticas sobre sua terra natal. Agora, estava simplesmente deitada, mal viva, em uma sala constantemente cuidada por uma enfermeira.

Muitos dos negócios relacionados à guerra causaram uma tensão no meu relacionamento com meu avô. Enquanto sempre parecia assustador, vovô sempre foi o homem legal e embaraçoso que só queria o melhor para mim. Depois que assumiu o papel de comandar as forças militares com o mestre Aldir, que operava apenas nas sombras, sua personalidade se tornou mais sombria e mais rigorosa.

Eu odiava que isso acontecesse, mas não culpei o vovô; pelo menos eu era capaz de vê-lo com mais frequência do que minha mãe e meu pai. Meus pais e os pais de Kathyln estavam trabalhando na frente social, fazendo todo o possível para fortalecer e implementar ações nas cidades. Com o rei e a rainha Greysunders mortos, os anões estavam em rebelião, então nossos pais estavam trabalhando para, mais uma vez, obter sua lealdade.

— Cuidado! — Alguém de repente gritou quando correu de cabeça para mim.

Com meus pensamentos totalmente ocupados em outro lugar, meu corpo correu por instinto quando eu agarrei seu pulso enquanto eu girava meu corpo. Colocando meu pé na frente dele, a pessoa tropeçou e eu o prendi com a espada sem desembainhar, pressionada contra a garganta, quando vi o rosto da pessoa.

— Emily? — disse, alarmada.

— P-Princesa? — exclamou, ainda mais surpresa do que eu.

Eu rapidamente embainhei minha espada e soltei minha amiga. Emily Watsken, era a única garota da minha idade além de Kathlyn que eu havia passado uma quantidade considerável de tempo. Seu mestre, Gideon, entrava e saia do castelo quando não estava envolvido em novos aparelhos e invenções que ele acreditava que poderia ajudar na guerra.

— Sinto muito, Emily. Você acabou de sair do nada e meu corpo reagiu por conta própria. — pedi desculpas, ajudando-a a reunir as ferramentas e livros que carregava antes de a lançar tão graciosamente no chão.

— Não, eu deveria ter mais cuidado, haha! Estava carregando muitas coisas e meus óculos escorregaram, então eu realmente não conseguia ver para onde estava indo. Além disso, foi até que divertido. Sabe, de uma maneira abrupta e um pouco assustadora. — assegurou Emily, com a voz um pouco trêmula. Percebendo a lança de cabelos escuros ao meu lado, ela enrijeceu antes de se curvar. — Olá, General Varay.

— Saudações, Srta. Watsken. — Varay assentiu enquanto continuava de pé, sem intenção de ajudar.

Emily amarrou seu cabelo grosso e encaracolado que estava uma bagunça por minha causa. Enquanto empilhava os itens nos braços de Emily, não pude deixar de notar os pedaços de papel desgastados, cheios de rabiscos que caíam do caderno esfarrapado.

— No que você e o professor Gideon estão trabalhando hoje em dia, afinal? Não te vejo no castelo há um tempo. — Peguei um pouco da carga da Emily, uma vez que a pilha de livros começou a alcançar seu rosto.

— Ugh, não o chame de professor. Meu mestre maluco dificilmente pode ser considerado são, muito menos um educador das gerações futuras. — Emily bufou, deixando escapar um suspiro cansado.

— Bem, ele ainda era professor em Xyrus por um momento, antes de tudo isso acontecer. — apontei enquanto caminhava ao lado dela.

— Sim, então você sabe, assim como eu, quantos estudantes foram levados para a enfermaria por causa de todas as explosões e incêndios que ele causou naquele “ponto no tempo limitado”… — Emily murmurou enquanto usava a pilha de livros que estava segurando para empurrar os óculos de volta.

— Você teve uma vida difícil, não é? — Eu ri, batendo suavemente nela com meu ombro.

— Juro, acho que perdi a conta de quantas vezes tive que desenterrar meu mestre de uma pilha de detritos e lixo inútil após uma explosão que ele mesmo havia causado. De qualquer forma, estava recebendo essas notas de observação que uma equipe de aventureiros havia escrito de volta ao Mestre Gideon. Você quer vir comigo?

— Posso? — perguntei, virando minha cabeça para Varay para obter consentimento. Dando-me um breve aceno em resposta, concordei em segui-la.

— Como tem passado esses dias, princesa? — perguntou Emily enquanto seguíamos pela estrada principal.

— Largue isso de “Princesa” Emily, você sabe que eu odeio isso. — a repreendi. — E tem sido terrível. Você não tem ideia de como é sufocante dentro do castelo.

— Ah, com certeza. Os corredores são bem estreitos e o teto é muito baixo para um castelo. — ela concordou, desajeitadamente evitando um pedestre.

— Ha, ha. Você se acha tão inteligente. — Revirei os olhos.

— Ei, eu sou uma graça! — bufou com orgulho. — Além disso, tente ficar preso a alguém como o Mestre por horas por dia e veja o que isso faz com o seu senso de humor.

— Oh, que dó de você! Você é uma donzela de verdade que precisa de uma vida social melhor. — mostrei minha língua para ela. Emily fez o mesmo e acabamos caindo em um ataque de risos.

— Estou falando sério, no entanto. Você não tem ideia de como é estar presa em um castelo com um Asura e um avô autoritário que podem fazer algo como respirar parecer uma atividade perigosa.

— Eca, parece sufocante. — O rosto de Emily se encolheu.

— Nem me fala. — suspirei.

— Mas não seja tão dura com seu avô, quero dizer, comandante Virion. — ela alterou, lançando um rápido olhar para Varay. — Depois de como você foi sequestrada e quase morta, só posso imaginar como ele e seus pais devem ter se sentido…

— Eu sei. Eu tento não ser, mas quando me enjaula como um pássaro, não consigo evitar. O treinamento tem sido a única maneira de liberar meu estresse, mas com mais e mais avistamentos e ataques das forças alacryanas saindo da Clareira das Bestas, ninguém tem tempo para treinar comigo.

Emily estufou as bochechas, tentando pensar em uma resposta. Acabamos virando em uma rua menos movimentada, Varay ficando atrás de nós como uma sombra no caso de algo acontecer.

— Ah, sim, alguma notícia sobre Arthur? — Emily perguntou.

— Você quer dizer, além das mesmas notícias antigas que o mestre Aldir repete como um pássaro imitador neurótico? — Eu balancei minha cabeça.

— Ele está treinando. É tudo o que você precisa saber. — Emily recitou com voz profunda exatamente da mesma maneira que quando eu contei a ela pela última vez.

— Sim! — ri.

Houve outra brecha de silêncio em nossa conversa quando Emily perguntou em um sussurro abafado.

— E Elijah?

Uma pontada aguda percorreu meu peito com a menção desse nome, não porque eu estava triste, mas porque eu podia imaginar o quão culpado Arthur deveria estar se sentindo.

— Sem notícias. Sinceramente, não tenho ideia de por que Elijah foi levado vivo para Alacrya. confessei, segurando firmemente os livros.

Querendo ou não, foi minha culpa isso ter acontecido com Elijah. Eu mal o conhecia, além do fato de que ele era o amigo mais próximo de Arthur. Os outros que testemunharam a cena descreveram que parecia que ele tinha tentado me salvar antes de ser levado.

Era óbvio que Elijah havia tentado me salvar pelo seu melhor amigo; pelo que sabíamos, poderia ter sido torturado por informações ou refém a fim de atrair Arthur ou talvez pode até mesmo ter sido morto. Eu sabia que algumas dessas possibilidades eram um pouco exageradas, mas me assustou pensar que isso aconteceu com ele por minha causa.

O pior é que, mais do que sentir pena de Elijah, senti mais medo de Arthur me odiar por causa disso, por causa do que aconteceu com seu melhor amigo. Pensei que era forte; desde que recebi a vontade do Guardião Elderwood de Arthur, me senti invencível, mesmo quando não conseguia controlar totalmente. Quão ingênua eu era. Deveria ter ouvido Arthur quando me disse que viria comigo para a academia. Deveria estar mais pronta.

Esses eram os pensamentos que muitas vezes deixavam minhas noites insones, mas também eram os pensamentos que me levavam a treinar mais. Treinar para que eu ficasse forte… treinar para não ser um peso para ninguém.

— …ssia? Tessia? — A voz de Varay me tirou dos meus pensamentos.

— Sim? — olhei para cima, para ficar repentinamente cara a cara com a lança.

— Você está bem? — Emily perguntou do meu lado, sua voz cheia de preocupação.

— Hã? Ah sim, claro que sim. Por que a pergunta? — murmurei quando Varay silenciosamente colocou a mão na minha testa.

— Não está doente. — disse simplesmente antes de me dar algum espaço.

— Você meio que parecia atordoada. — disse ela quando nos aproximamos de um grande edifício quadrado. — De qualquer forma, aqui estamos.

Ao nos aproximarmos do local de trabalho do professor Gideon e Emily, não pude deixar de me maravilhar com a estrutura. Não era impressionante, mas era bonito de se ver. A estrutura quadrada tinha apenas um andar, mas para passar pela entrada da frente, você precisava descer um lance de escadas, indicando que havia pelo menos um nível no subsolo.

Com paredes grossas e imponentes, parecia mais um abrigo que os civis iriam em caso de desastre do que um centro de pesquisa.

— Vamos. Esses livros estão ficando mais pesados ​​a cada minuto. — Emily falou na frente.

Nós três descemos as escadas e passamos por uma porta de metal semelhante à que guardava o portão de teletransporte dentro do castelo voador.

Emily colocou as coisas no chão e dispôs as duas mãos em diferentes locais na porta. Eu não conseguia ouvir o que ela estava murmurando, mas logo raios de luz brilharam intensamente de onde suas mãos foram colocadas e a única porta abriu com um clique alto.

Entrando, meus sentidos foram sobrecarregados. Houve um frenesi de movimentos de trabalhadores e artífices quando sons de metais batendo um contra o outro ecoou ao longo do edifício. O grande edifício era um espaço gigantesco, separado apenas por divisórias móveis que dividiam diferentes projetos que estavam acontecendo simultaneamente. Ao longo de tudo isso, não pude deixar de manter meu nariz comprimido pelo cheiro indescritivelmente repugnante.

— Que cheiro é esse? — perguntei, minha voz saindo anasalada.

— Que cheiro não é esse! — Emily balançou a cabeça. — Tantos minerais e materiais diferentes estão sendo derretidos ou refinados que é difícil discernir os cheiros à parte.

Até Varay se encolheu quando descemos as escadas.

— Droga, Amil! Quantas vezes eu tenho que colocar nessa sua cabeça dura que você não pode manter esses dois minerais no mesmo recipiente! Eles vão retirar as propriedades um do outro, e eu ficarei com dois pedaços inúteis de pedra! — Uma voz explodiu por todo o caminho, vindo do canto de trás da construção.

— Ah, aí está a voz do meu adorável mestre. — Emily suspirou enquanto fazia um sinal para nós seguirmos.

Quando chegamos à fonte da voz áspera, esbarramos no homem que eu só podia assumir que era Amil por sua expressão abalada e o fato de que estava segurando uma caixa cheia de pedras.

— C-com licença. — resmungou, sua voz embargada. — Oh, olá Emily. Tome cuidado ao redor do Mestre Gideon; ele está um pouco nervoso hoje.

O pobre homem fez uma rápida reverência, mal olhando para nós enquanto corria apressadamente para corrigir seu erro.

Continuando nosso pequeno passeio pelo local de trabalho da Emily, um senhor idoso que conversava com um grupo de vários homens de uniforme tradicional marrom, as vestes que a maioria dos artífices usava, se virou quando nos ouviu se aproximando. Seus olhos se iluminaram quando se dirigiu a nós, depois de dispensar o grupo de homens.

A julgar pelo seu guarda-roupa, eu normalmente pensaria que era apenas um mordomo, mas algo sobre a maneira como se comportava e o respeito que os homens lá atrás mostraram, me disse que não era assim tão simples.

— Boa tarde, princesa, general e senhorita Emily. Fico feliz que tenha voltado tão rápido. O Mestre Gideon está esperando por você.

O cavalheiro inclinou a cabeça em uma pequena reverência e liderou o caminho depois de pegar os itens que Emily e eu estávamos carregando.

— Obrigado, Himes. O Mestre está mal-humorado de novo? — perguntou Emily, seguindo de perto o mordomo.

— Receio que sim, senhorita Emily. Tenho certeza de que só está agitado esperando por isso. — respondeu, segurando a pilha de cadernos de couro.

Percorremos o labirinto de partições até chegarmos a um espaço particularmente fechado. Assim que entramos pela pequena abertura entre os divisores, fomos recebidos pelo professor Gideon, que praticamente atacou os cadernos que Himes estava carregando. O gênio artífice e inventor parecia o mesmo de sempre, com o mesmo cabelo atingido por um raio, olhos redondos e sobrancelhas que pareciam permanentemente franzidas. As rugas na testa pareciam estar ainda mais profundas do que antes, assim como as olheiras continuavam ficando mais escuras.

— É bom ver você também, mestre. — Emily murmurou. Se virou para mim e Varay, dando de ombros.

No começo, queria explorar as instalações, mas à medida que o professor Gideon avançava pela pilha de cadernos com uma velocidade vertiginosa, praticamente rasgando as páginas enquanto as folheava, minha curiosidade me levou a ficar e esperar. Parecia que Emily e Varay tinham os mesmos pensamentos que eu, porque ambas estavam olhando fixamente para o professor Gideon também.

De repente, depois de ler cerca de seis cadernos, parou em uma página específica.

— Merda! — O professor Gideon bateu as mãos em sua mesa antes de coçar furiosamente seus cabelos rebeldes.

Ficamos em silêncio, sem saber como responder. Até Emily olhou sem palavras, esperando que seu mestre dissesse alguma coisa.

— General, você pode fazer uma viagem comigo? — Os olhos do professor Gideon ficaram colados no caderno enquanto perguntava isso.

— Atualmente, estou com a princesa. — respondeu simplesmente.

— Traga-a também. Emily, você também vem, respondeu Gideon, reunindo a pilha de cadernos e pedaços de papel espalhados sobre a mesa.

— Espere, mestre. Onde estamos indo?

— À costa leste, na fronteira norte da Clareira das Bestas, respondeu o inventor secamente.

— O comandante Virion proibiu a princesa Tessia de se aventurar. Levá-la seria…

— Então deixe ela aqui. Eu só preciso que você ou outro general me acompanhe caso aconteça alguma coisa, o que será improvável. — a interrompeu enquanto continuava juntando suas coisas. — Só precisamos sair o mais rápido possível. Emily, me traga meu kit de inspeção habitual.

Emily saiu correndo do escritório improvisado de seu mestre. Varay pegou um artefato de comunicação de seu anel de dimensão, quando eu rapidamente segurei a mão da lança.

— Varay, eu quero ir. — disse, apertando a mão dela.

Varay balançou a cabeça.

— Não, seu avô nunca permitiria. É muito perigoso.

— Mas Aya está em missão, e Bairon ainda está ocupado treinando Curtis. Por favor, você ouviu o professor Gideon, ele disse que nada vai acontecer. — insisti. — Além disso, o professor Gideon parece estar com pressa!

— Estou certo, agora vamos. Há apenas algo que preciso confirmar com meus próprios olhos. Voltaremos antes que o dia acabe. — Professor Gideon tranquilizou ao vestir um casaco.

Eu podia ver a lança hesitando, então dei um último empurrão.

— Varay, você me viu treinando nos últimos dois anos. Você sabe o quão forte eu me tornei. — disse com meu olhar implacável.

Após um momento de deliberação, Varay deixou escapar um suspiro.

— Então você deve obedecer a todos os meus comandos, enquanto estamos nesta viagem. Falhe em fazer isso e esta será a última vez que eu ajudo você a sair do castelo.

Eu balancei a cabeça furiosamente, ansiosa para explorar uma parte do continente para onde nunca tinha ido antes, independentemente da duração da viagem. Assim que Emily chegou com uma grande bolsa preta no reboque, nós partimos.

 


 

Tradução: Reapers Scans

Revisão: Reapers Scans

QC: Bravo

 

💖 Agradecimentos 💖

Agradecemos a todos que leram diretamente aqui no site da Tsun e em especial nossos apoiadores:

 

  • decio
  • Mygirl
  • S_Eaker
  • Abemilton Filho
  • Alan Forma Perfeita
  • Alerrandro Adrian
  • Blscat
  • Caio Kapps
  • Carlitoos
  • crytteck
  • Darkïnn
  • dieguim
  • dlvzin64
  • dogju_
  • dylanoliveira
  • experiencelain
  • feijoada36
  • Hashura
  • igor.ftadeu
  • jaokz_
  • Jean Marcos
  • juba87
  • karaboznolm
  • kevinof
  • kicksl
  • Krocks
  • Lessandro
  • Luca Neves
  • MackTron
  • MaltataxD
  • marceloaugusto
  • matheusunicornio
  • miguelx1122
  • mota_1303
  • nesovershennyy
  • nicholasjorge_br
  • Nivalís
  • nskn
  • pedroernestoa_68175
  • ph182
  • rian rrg
  • Roque
  • ruan_angelo
  • Silas
  • Teixeira
  • terasu
  • Wylla
  • xandellicia
  • XeeRoX
  • ZaionXD
  • zDoctorH
  • ! Rafaelpla
  • “L”
  • alexsander_309
  • augustokkjk
  • Enrig
  • fb2272
  • Mucego1991
  • SrYuke
  • vapor.train
  • zedopessego

 

📃 Outras Informações 📃

Apoie a scan para que ela continue lançando conteúdo, comente, divulgue, acesse e leia as obras diretamente em nosso site.

Acessem nosso Discord, receberemos vocês de braços abertos.

Que tal conhecer um pouco mais da staff da Tsun? Clique aqui e tenha acesso às informações da equipe!

 

 

Bravo

Recent Posts

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 24 – Cap. 07 – O Gênio

  Primeiro, Cliff apressou-se para os leitos dos enfermos. — Observar a condição do paciente…

2 dias ago

How To Bet Upon Mostbet A Step-by-step Guide

I keep having to be able to authenticate MID ROUNDED and I was not able…

3 dias ago

Mostbet Review 2024 Are You Able To Trust This Gambling App?

Once this kind of has been entered, push place wager, to verify the bet. The…

3 dias ago

Игорный дом Абсент официальный веб-журнал Вербовое вдобавок регистрация

Зарегистрированные пользователи зарабатывают пропуск буква эксклюзивным бонусам а водка 22 казино также акционным предложениям, что…

3 dias ago

Cheltenham Gold Pot Predictions, Betting Guidelines & Latest Odds

The most recent double winners have been Kauto Star (2007 and 2009) plus Al Boum…

5 dias ago