— Arthur! Por favor, me ajude! Tess soltou um grito desesperado enquanto estava lá, petrificado com essa virada dos acontecimentos. Realmente era Tessia Eralith. Era ela com seus longos cabelos platinados, com os seus brilhantes olhos azul-turquesa cheios de lágrimas, minha amiga de infância havia sido arrastada de Dicathen para cá.
Tess engasgou em uma série de tosses doloridas quando o basilisco apertou sua cintura.
Sem perder tempo, avancei no Asura de chifre preto com a espada de treino que Wren havia me deixado. As repercussões de um curso tão imprudente de ação passaram despercebidas quando minha espada entrou em chamas.
[Realmheart]
A sensação de queimação familiar se espalhou pelo meu corpo quando ativei a rara habilidade dos dragões. Minha visão mudou para um mundo monocromático e runas douradas brilhavam sob minhas roupas.
Eu extraí energia de maneira desenfreada de dentro da vontade de dragão de Sylvia.
[Vazio Estático]
Foi a primeira vez que usei a habilidade que havia desbloqueado na primeira fase da vontade de Sylvia. Pude ver as manchas roxas do Éter de repente tremendo ao nosso redor quando se formaram. De repente, o mundo parou ao meu redor. O rosto do Vritra estava preso em um sorriso ameaçador enquanto Tess fazia uma pausa com os cabelos caídos no meio do grito.
Podia sentir com o passar dos segundos minha mana sendo drenada, enquanto corria em direção ao Vritra. Chegando bem na frente do meu inimigo, liberei Vazio Estático assim que estava em posição de atacar a mão segurando Tess.
O Asura com chifres não teve tempo de reagir ao meu ataque quando a lâmina da minha espada cortou seu antebraço.
O Asura com chifres soltou um rugido furioso quando agarrou sua ferida. Abri os dedos que ainda estavam presos na cintura de Tess e gentilmente a coloquei no chão. Ela estava inconsciente e terrivelmente pálida, mas ainda viva e respirando.
A mão decepada do basilisco ainda estava derramando sangue, mas quando me virei para encarar meu inimigo, já havia substituído seu antebraço decepado por uma garra metálica.
Fiquei perto de Tess com a mão direita segurando minha espada e a mão esquerda preparando um feitiço. Podia ver as partículas de terra amarelas na ponta da mão falsa do basilisco. Usei toda a extensão do conhecimento limitado que adquiri ao ler o movimento de mana de Myre, enquanto também preparava meu contra-ataque.
Como esperado, as pontas dos dedos do basilisco explodiram em minha direção. Assim que as cinco lanças de terra aceleraram, levantei minha mão e atirei uma explosão condensada de eletricidade. Três das cinco lanças de terra quebraram com o impacto, enquanto cortava outra lança com a ponta da minha lâmina. Comecei a juntar mana em minhas pernas para atacar o basilisco por impulso, mas uma sensação inquietante surgiu; a última lança estava muito fora do curso para ter sido apontada para mim.
Virei minha cabeça para trás para ver a lança escura e de terra prestes a empalar a inconsciente Tess quando ativei o Vazio Estático mais uma vez.
Parecia que alguém estava apunhalando agulhas no meu coração, enquanto corria em direção a minha amiga de infância. Minha mente girava de medo e quase em pânico ao analisar minhas opções. Poderia pisar no caminho da lança e usar meu corpo para proteger Tess, mas o ferimento que sofreria com o golpe me deixaria incapaz de protegê-la do basilisco imediatamente depois. Também poderia estender o Vazio Estático para abranger Tess e empurrá-la para fora do caminho da lança, mas espalhar os efeitos da habilidade para incluir outra pessoa afetaria enormemente meu corpo.
Escolhi ir com a terceira opção. Soltando minha espada, peguei a lança que estava pausada no meio do voo em direção a Tess com as duas mãos.
Soltando Vazio Estático, meu corpo foi puxado para frente enquanto eu tentava impedir a lança de terra do tamanho da própria Tessia com minhas próprias mãos. De maneira desesperada, consegui segurar a lança em alta velocidade, com minhas mãos largas o suficiente para segurar com firmeza, tempo suficiente para afastá-la de sua rota.
A lança de terra que o basilisco lançou atingiu o chão a poucos centímetros de onde estava Tess, criando uma cratera com a pura força do impacto. Minhas mãos estavam sangrando por tentar agarrar o projétil em alta velocidade, e minha respiração estava instável. Myre estava certa. Não importa o quanto eu pratique o Vazio Estático, por meu corpo não ser compatível com o uso do Éter para parar o tempo, sempre coloco uma enorme quantidade de pressão nele.
No entanto, na situação em que estava atualmente, precisava usar todas as ferramentas que tinha para ter uma chance de lutar contra um basilisco. O pensamento de que Tess e eu poderíamos ficar no mesmo estado em que o basilisco havia deixado Alea, a antiga lança, na masmorra, me encheu de pavor.
Cada respiração parecia que havia um fogo nos meus pulmões, enquanto me posicionava entre o basilisco que se aproximava e a Tess que estava inconsciente. Peguei minha espada com uma careta pela dor e joguei mana nela. Apesar da tensão que meu corpo sofreu ao ativar o Realmheart e usando o Vazio Estático duas vezes, minhas reservas de mana ainda eram abundantes graças ao uso constante da rotação de mana.
Talvez eu pudesse durar tempo suficiente para que Wren ou Windsom chegassem, mas o problema era que, por qualquer motivo, esse basilisco estava focado em machucar Tess. Quando estava pensando em meu próximo passo, tudo fez sentido.
— Wren, chega disso! — rugi, apunhalando minha espada no chão.
Nada aconteceu a princípio e, por uma fração de segundo, tive medo de estar errado, mas o basilisco imponente parou abruptamente desmoronando em pó fino.
Atrás de mim havia outro monte de areia fina, onde estava o golem na forma de Tess.
— Você entendeu rápido. Estava esperando ver como você levaria a situação um pouco mais. — Wren emergiu do chão rochoso, tirando a poeira de seu casaco branco surrado.
— É difícil não desconfiar de um cenário tão absurdo, Wren. Espero que você não tome um pé na bunda por fazer algo assim respondi. — descontente.
— Como alguém recebe um chute no treinamento? Métodos de ensino inadequados, talvez? É uma ação disciplinar que vocês, seres inferiores, fazem um ao outro?
— Não, é um ditado… não importa. — suspirei, balançando a cabeça com o Asura confuso.
— Independentemente de sua expressão ilógica, o que eu fiz foi em seu benefício. Veja o estado em que está agora; você gastou a maior parte de sua energia tentando imprudentemente salvar aquela elfa. — Wren resmungou.
— Veja. Sei que não foi o melhor curso de ação e odeio dizer isso, mas há pessoas que considero mais importantes que qualquer outra pessoa, incluindo a mim mesmo. — Segurei meu olhar firmemente enquanto Wren continuava a me estudar.
— Hmm. Bem, laços familiares e amorosos são importantes, mesmo para Asu…
— Espere, o quê? Amorosos? Tess não é minha namorada, nem nada assim.
— Ah? Pelo que Windsom me disse e por sua reação, tinha certeza de que a importância dela estava acima da simples paixão. Vocês dois ainda não se envolveram em intimidade carnal?
— Não! Ainda não me envolvi em… intimidade carnal! Olha, isso não vem ao caso, Wren. — podia sentir meu rosto começando a queimar com o Asura ponderando seu erro de cálculo.
— Hã. Minhas desculpas então. — Wren deu de ombros, sua expressão tão apática quanto antes. — Bem, meu argumento é que, na guerra, chegará um momento em que seus inimigos tentarão explorar todas as fraquezas que você possui. Considerando que você será um dos principais poderes do lado de Dicathen.
— Confie em mim, eu sei disso. — Flashes da minha vida anterior vieram à mente neste assunto. Sabia que haveria um momento em que os valores dessa vida, aqueles que iam contra meus princípios como rei Grey, viriam me impedir.
— Então acho que seria inútil continuar. Espere mais treinamento e situações como essas, garoto. Parte do motivo pelo qual fui encarregado de ensiná-lo para o retirar de suas fraldas, é porque eu posso criar sozinho todos os tipos de cenários. — explicou o Asura curvado, enquanto brincava ociosamente com seu cabelo indisciplinado.
Tendo vivido duas vidas, eu queria refutar a declaração dele sobre eu estar em fraldas, mas lembrei que mesmo combinando os tempos que tenho de vida, nos dois mundos, ainda seria muito mais jovem do que qualquer um dos Asuras que conheci até agora.
Respirando fundo, sentei-me no chão.
— Então você pode simplesmente criar um boneco de qualquer coisa usando a terra?
— Não qualquer coisa. Eu não seria capaz de imitar as propriedades da água usando a terra, mas, em sua maioria, sim. — respondeu o Asura, sentando-se em um trono extravagantemente dourado que conjurou sem sequer um estalar de dedos.
Pensei em quando havia enfrentado o basilisco falso. Todos os detalhes do Asura de chifre preto e Tess já haviam sido revelados. No entanto, houve duas coisas que revelaram isso. Uma era que o golem do basilisco não podia emitir a quantidade de pressão e a intenção de matar que normalmente faria. No entanto, não foi isso que me assustou. Além da probabilidade de um basilisco segurando Tess por todo o caminho aqui em Epheotus ser quase inexistente, sob a influência do Realmheart, pude ver a flutuação da mana de partículas de terra amarelas por todo o basilisco e Tess. Não pude descobri-lo a princípio, porque não consegui manter a cabeça no lugar, mas, ao perceber o que estava acontecendo, tinha cerca de noventa por cento de certeza.
— É impossível que seres menores alcancem esse nível de conhecimento em executar artes de mana que Asuras são capazes? — Pensei em voz alta.
— É contra a minha natureza decidir algo como impossível, então vou dizer que é altamente improvável. Você de todas as pessoas não deveria estar tão preocupado com as probabilidades.
— Por que isso? — perguntei.
— Bem, o fato de você ser uma testemunha de como as probabilidades podem ser distorcidas. Com sua capacidade inata de compreender o funcionamento dos quatro elementos principais, bem como algumas de suas formas elementares divergentes, coincidindo tão perfeitamente com o fato de que a compreensão de todos os quatro elementos é necessária para desvendar os mistérios do Éter que você foi tão gentilmente agraciado pela própria princesa dos dragões, tudo sobre você é um ponto fora da curva, garoto. — explicou Wren. — Mesmo os Asuras não têm tantos talentos inatos e sorte.
— Se essa é a sua maneira de me animar, obrigado. — ri, voltando a ficar de pé. — Agora, o que vem a seguir em nossa lista de tarefas?
— Antes disso, garoto, me dê sua mão dominante. — Wren se levantou de seu trono improvisado e caminhou em minha direção.
Abrindo minha mão direita com a palma da mão para cima, olhei para o Asura com curiosidade. Nunca conseguia ler o rosto dele, pois sempre tinha a mesma expressão de cansaço, como se fosse cair no chão roncando a qualquer momento.
Tirando uma pequena caixa preta do tamanho de um punho do bolso do casaco, ele a abriu e estendeu uma pequena gema opaca em forma de pirâmide.
— Isto é um mineral chamado acclorite. Agora, por si só, é um pedaço de rocha bastante raro, mas inútil. No entanto, com o processo certo de refino e síntese que eu vou levar para o túmulo, é capaz de fazer algo notável.
— Como acelerar o processo de treinamento do usuário? — perguntei.
— Lembra quando eu disse que não forjo espadas, mas as crio? — O Asura curvado perguntou, ainda segurando a pequena gema na minha frente.
Balancei a cabeça em resposta.
— Bem, com o uso desta pequena joia e as ferramentas certas, posso essencialmente fazer crescer uma arma.
— Crescer? Crescer como uma árvore? — reiterei, certo de ter ouvido errado.
— Sim. — o Asura suspirou, coçando a cabeça. — Juro, você se surpreende com as coisas mais estranhas. Você mal deu atenção ao fato de que eu posso conjurar uma réplica quase perfeita de sua amada…
— Não é minha amada. — interrompi.
Revirando os olhos, continuou:
— Sim, sua amante com quem você ainda tem que copular, mas fica chocado com o fato de que eu posso fazer crescer uma arma?
Soltando um suspiro derrotado, eu acenei para ele continuar.
— Normalmente, usaria o feedback de anos, décadas até, digno de observação constante de como você luta, a fim de obter as devidas informações para criar uma arma que combina perfeitamente com você, mas por causa das circunstâncias que o cercam, vou apostar um pouco fazendo isso. — Wren esclareceu.
— O que você quer… — uma dor repentina e aguda me cortou quando o Asura de repente esfaqueou a gema no centro da minha palma.
— Gah! O que você está fazendo?
Estremeci quando Wren continuou enterrando a gema opaca mais profundamente em minha carne até que estivesse completamente submersa sob minha pele.
— Oh, me desculpe, eu esqueci de contar até três. — brincou, esfregando meu sangue que estava em seu dedo na minha camisa. — Sintetizei o acclorite com uma parte da pena de Lady Sylvia, bem como uma escama de Lady Sylvie. Essas são partes indispensáveis do que faz quem você é. Fazendo isso, espero que algumas imprevisibilidades sejam contabilizadas.
— O que seria tão imprevisível? — perguntei, enquanto estudava o pequeno buraco na palma da minha mão, onde a gema estava enterrada.
— Todo movimento, ação, pensamento e mudança em seu corpo serão fatores de como sua arma se manifestará. Mesmo eu não tenho ideia de como a arma vai acabar. — confessou o Asura. — Se isso vai realmente sair como uma arma.
— Sinto muito, mas não estou acompanhando muito bem, Wren. Por que fazer dessa maneira se o resultado é incerto? Além disso, pensei que você não iria me fazer uma arma.
— Bem, você vai precisar de mais do que apenas uma vara afiada para sobreviver no futuro, se estiver enfrentando aqueles engenhosos basiliscos do Clã Vritra e qualquer que seja a origem deles. — resmungou.
O rosto do Asura ficou solene antes de continuar. — E é porque não temos tanto tempo.
— Espere, eu pensei que eu teria cerca de dois anos antes do início da guerra. Olhei para Wren quando um sentimento desconfortável surgiu na boca do meu estômago.
Houve uma pausa hesitante de Wren, enquanto ele decidia o que dizer em seguida.
— Criança, Windsom acabou de receber de Aldir as notícias mais recentes de Dicathen.
— E?
— Antes de dizer mais alguma coisa, saiba que estou lhe dizendo isso contra os desejos de Windsom e Lorde Indrath. Quero que você tome a decisão lógica. Com a ajuda do Orbe Etéreo em algumas partes do treinamento, ainda levará cerca de um ano para que o acclorite se manifeste como uma arma. Você também precisará de muito tempo para se fortalecer para a guerra. — O rosto de Wren se enrugou com algo semelhante à preocupação enquanto explicava.
— Apenas me diga. — pressionei.
— Arthur, embora o exército completo ainda não tenha chegado… a guerra já começou.
Tradução: Reapers Scans
Revisão: Reapers Scans
QC: Bravo
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