O Caçador Imortal de Classe SSS – Vol. 09 – Cap. 212 – O que a Deusa Possui (2)

 

Ametista corria pelo reino podre e em ruínas.

— Vá tão selvagem quanto quiser.

Ela havia conquistado o favor da Duquesa Incondicional, uma das seis duquesas do reino. Sob a proteção de alguém poderoso, nada mais impedia Ametista de apontar sua espada para o mundo.

Ato 1: Caça às Bruxas.

O primeiro grande vilão era a Bruxa Noir, líder da organização rebelde de demi-humanos conhecida como Unhas Vermelhas. Ela era uma bruxa humana que reinava suprema na Torre Mágica. Por que uma bruxa de elite, que nem demi-humana era, de repente se tornou uma terrorista extremista? As pessoas não tinham ideia.

A Bruxa Noir zombou. 

— Não é que eles não saibam. Simplesmente não querem saber. Se você vive tanto quanto eu, vê muitas coisas. Vocês colocaram uma criança demi-humana em um saco de arroz e a chutaram até a morte. Centenas de milhares de demi-humanos estão escravizados. Não espero que se reformem agora. É mais irrealista rezar por um milagre entre humanos do que entre os deuses. Nós apenas… queremos que vocês sofram.

A rebelião das Unhas Vermelhas abalou todo o reino. Ladies nobres da capital foram sequestradas e torturadas. Um grande nobre, que reinava absoluto no sul por setecentos anos, foi atacado e morto em turnê. No sudeste, membros da força-tarefa especial da família real desapareceram. Milhares de escravos fugiram de um condado e se juntaram aos rebeldes.

As Unhas Vermelhas torturavam e massacravam humanos, independentemente de seu status social. Uma recompensa foi colocada na cabeça da Bruxa Noir, mas ninguém conseguia capturá-la. Os poderosos estavam aterrorizados.

Ametista sorriu radiantemente. 

— Interessante. Me deixe tornar isso um pouco mais divertido.

Ametista usou a Duquesa Incondicional para encontrar a Princesa Executora. Ela era a chefe da força-tarefa especial real e uma Ascendente conhecida por sua crueldade. Seu hobby era cortar e coletar os braços direitos dos criminosos.

Ametista seduziu a Princesa Herdeira. 

— Vou te trazer a vitória, Vossa Alteza. Sei que as Unhas Vermelhas têm sido uma dor de cabeça.

— Mais uma dor de dente, não de cabeça.

— Seus dentes estão soltos porque suas gengivas apodreceram — sussurrou Ametista. — Os demi-humanos estão inquietos hoje em dia porque não confiam que o reino os protegerá. Alguns estão cegos pela vingança e cometem massacres, mas eles são uma porcentagem muito pequena dos demi-humanos. Uma vez que suas vidas, igualdade e honra forem garantidas, as Unhas Vermelhas ficarão mais fracas.

Mestre Real

Classe: B+

Efeito: Você é naturalmente engenhoso e possui a astúcia necessária para auxiliar um governante.

Você detecta instintivamente as fraquezas de seus inimigos. Além disso, uma lista do que precisa ser feito para atacar as fraquezas dos inimigos atravessará automaticamente sua mente.

Você nasceu para realizar grandes feitos ao lado de seu governante. Desde o mundo da política até o da guerra, raramente há um esquema que você não consiga enxergar.

※ Só será ativado quando houver informações suficientes.

A Princesa Herdeira olhou para a nobre à sua frente. 

— Viscondessa, sua sugestão é lógica, mas difícil de implementar. Essas pessoas já viraram as costas para o reino. Se as abraçarmos novamente como cidadãos, os humanos, especialmente os nobres, não ficarão de braços cruzados. Não podemos arriscar a reação dos humanos apenas para evitar a rebelião dos demi-humanos. Isso seria colocar a carroça na frente dos bois.

Ametista não tinha pressa. 

— Como eu ousaria sugerir que você abrace os inferiores?

A Princesa Herdeira havia perdido dezenas de irmãos quando jovem. Sua notória crueldade vinha de sua infância. Ametista sabia como derreter a infelicidade dela que vinha de sua infância. Ela decidiu se tornar como uma verdadeira irmã para a Princesa Herdeira.

— Também sou nobre. Posso acolher alguém como vassalo, soldado particular ou cidadão. Não há necessidade de você abraçar os rebeldes pessoalmente.

Com seus olhos calorosos, sorriso misericordioso e toque gentil, Ametista lentamente derreteu o gelo ao redor da Princesa.

— Vossa Alteza.

Quando a Princesa Herdeira lamentava sobre a vida, Ametista ouvia calmamente. Às vezes, a Princesa ficava irritada, então Ametista acariciava as costas de sua mão. Sempre que tinha a chance, Ametista sussurrava o quão grandiosa ela era e o quanto o reino teria caído sem sua presença.

Eventualmente, Ametista passou da mão da Princesa para seus ombros. Depois, seu cabelo. Quando começou a acariciar a bochecha da outra mulher, a Princesa Herdeira já a chamava de Ametista em vez de Viscondessa.

— Ametista, me conte seu plano.

— É simples. As Unhas Vermelhas são uma rede de vários grupos. Vou liderar minhas elites e destruir os esconderijos inimigos um a um. Durante cada ataque, aceitarei aqueles que se renderem como meus vassalos ou cidadãos. Em seu nome, abraçarei aqueles que o reino abandonou.

— Então você vai se destacar e atrair atenção e reclamações no meu lugar — concluiu a Princesa Herdeira.

— Sim — respondeu Ametista com um aceno.

— O que devo fazer por você?

— Por favor, me ame.

O veneno não era apenas doce…

— Apenas em particular.

…também era fatal.

Sob o favor da Duquesa Incondicional e da Princesa Executora, Ametista capturou os rebeldes demi-humanos, garantindo segurança absoluta aos terroristas que se rendiam. Os ex-terroristas tornaram-se soldados particulares, cidadãos e escravos da Viscondessa Ametista.

É claro que os nobres conservadores não toleravam tal comportamento.

— É aquela lunática de novo!

— Esse escravo causou um tumulto em minha terra. Devolva-o!

— Há anos, quando meu irmão mais novo estava em uma viagem de negócios ao exterior, um escravo fugiu do cativeiro e escapou. Meu irmão perdeu os dois olhos e foi morto durante a fuga do escravo. Ouvi que esse escravo agora é seu vassalo, Viscondessa Ametista. Vou te compensar generosamente, então, por favor, entregue-o.

— Como você pode acolher os inimigos da nossa nação? Se tem alguma lealdade ao reino, deveria executar os rebeldes que capturou!

Senhores, comerciantes e sacerdotes do reino apareciam à porta de Ametista como enxames de abelhas. Ela sorriu.

— Devo me importar? Não importa qual seja o passado deles, essas pessoas agora são meus vassalos e escravos. De acordo com a lei, eu os possuo. Se ainda quiserem tomá-los, por favor, me desafiem para um duelo ou declarem uma guerra familiar.

Ela era forte. Venceu três duelos e uma guerra familiar, sem abrir mão de um único demi-humano sob seus cuidados.

Protetora dos Demi-Humanos

Classe: B

Efeito: É mais fácil ganhar a confiança de não-humanos.

Aqueles que sofrem discriminação por espécie anseiam pela sua chegada. Quebre as velhas correntes da escravidão e liberte o povo do seu reino. Os demi-humanos permanecerão leais, a menos que você os traia primeiro.

※ Humanos te desprezam.

Os demi-humanos inicialmente desconfiavam de Ametista, mas aos poucos mudaram de ideia. Ela construiu uma aldeia em uma enorme floresta perto da capital, dando aos ex-terroristas das Unhas Vermelhas empregos e um lugar para viver. Cada vez que um dos esconderijos das Unhas Vermelhas era destruído, a aldeia se tornava mais próspera.

A Bruxa Noir fez um movimento.

— Sim, achei que já era hora — disse Ametista.

Ela usou a Princesa Executora como isca para atrair a força principal das Unhas Vermelhas. Os terroristas foram cercados e não tinham para onde fugir. Mesmo que conseguissem escapar, isso não garantiria o futuro da organização.

A Bruxa Noir rangeu os dentes. 

— Sua pirralha atrevida… Você é boa.

— Você também foi bastante boa, sua velha incompetente.

— Você acha que as Unhas Vermelhas vão desaparecer se você me matar? Somos o sangue que jorra das feridas do povo. Enquanto seu reino existir, nunca seremos destruídos.

Ametista brandiu sua espada. 

— Vou fazer o meu melhor para mudar isso. Planejo criar uma nova facção nobre. Embora possa levar décadas, abolirei a escravidão e libertarei os escravos mineiros e agricultores. Já tenho o apoio da Duquesa Incondicional e das facções demi-humanas. É simples.

A Bruxa Noir derramou sangue negro. 

— Você realmente teve que mostrar sua ingenuidade assim, não é? Você não sabe de nada.

— Ah, que tipo de acusação é essa? Se até eu não sei de nada, então 99,9% das pessoas neste mundo são macacos.

— Não estamos buscando nada em troca, especialmente compensação. Não importa o quanto você prometa paz, aqueles que já estão mortos não voltarão.

Os olhos da bruxa ficaram vermelho-sangue.

— Crianças morreram com as costas rasgadas por seus chicotes. Vocês torturaram os escravos por diversão até quebrarem algumas de suas costelas e perfurarem seus pulmões. Eles se afogaram no próprio sangue. Você não lembra, mas nós lembramos. Lunática da Capital! A menos que você possa trazer as crianças mortas de volta, tudo o que diz é só conversa fiada!

Ametista pausou, seu olhar roxo fixado no chão. A Bruxa Noir estava sangrando, seu coração perfurado pela espada de Ametista.

— Você não quer compensação? — murmurou Ametista. Ela não esperava por isso. — Posso abolir a escravidão. Pode levar algum tempo, mas também posso resolver a discriminação entre humanos e demi-humanos. Sou capaz disso, e esse é o futuro que você deseja. Está dizendo que isso não importa?

— O futuro nunca importou desde o início.

A Bruxa Noir reuniu a última mana para contra-atacar. Assim que Ametista sentiu um traço de mana, ela torceu sua espada, aprofundando-a no coração da bruxa.

A bruxa tossiu sangue. 

— Morra. Todos vocês, morram.

Quando sentiu a verdade na maldição da bruxa, Ametista percebeu que algo havia escapado por entre seus dedos. 

— Entendo. Sou completamente incompetente quando se trata das pessoas que já foram mortas.

Pela primeira vez desde que matou seu pai, ela se sentiu impotente.

— Para aqueles que ainda estão vivos, posso fazer qualquer coisa. A Duquesa Incondicional me ama, e a Princesa Executora me valoriza. Mas… sim. Não posso resolver a infelicidade daqueles que já morreram. Nem pensei nisso. Ainda sou incompetente.

A Bruxa Noir olhou para Ametista.

— O que devo fazer, líder das Unhas Vermelhas? — perguntou Ametista.

— O quê?

— Como posso assumir a responsabilidade por aqueles que já morreram? Como posso confortar alguém que vive pelos que já morreram?

Os olhos de Ametista não podiam estar mais claros. A bruxa, cujo coração estava prestes a parar, de repente sentiu um arrepio.

— Você não sabe? — insistiu Ametista.

A Bruxa Noir não respondeu.

Ametista assentiu. 

— Você não sabe. Acho que é por isso que saiu matando pessoas aleatoriamente.

— Você…

— Matar é a maior incompetência. As pessoas matam outras porque não conseguem persuadi-las ou dominá-las como desejam. Assim como eu matei meu pai, que me aprisionava.

Ametista olhou nos olhos da bruxa sem nenhuma emoção em seu rosto.

— No final, não consegui mudar meu pai, embora tenha tentado por doze anos.

A mulher que buscava amor da Duquesa e dava amor à Princesa desapareceu, sem deixar o menor traço. Agora, havia apenas um animal que sempre sofreu.

Ametista inclinou a cabeça. 

— Isso não é divertido. Lady Bruxa Noir, se você não sabe como cuidar das pessoas que já estão mortas, há alguém por aí que saiba? Você conhece alguém assim?

— Não… há como… uma pessoa assim… existir…

— Certamente não haveria ninguém assim entre os humanos. Talvez alguém entre os dragões saiba. Obrigada, Lady Bruxa Noir. Graças a você, percebi minha incompetência hoje.

No seu último suspiro, a líder das Unhas Vermelhas percebeu que algo na nobre que se curvava educadamente diante dela estava quebrado além do reparo.

— Infelizmente, não poderei resolver essa questão de incompetência tão cedo. A maioria dos imperadores dragões vive fora do reino. Se eu abandonar todo o meu trabalho para perseguir as caudas dos dragões, este reino cairá em pouco tempo… Hmm. Beleza.  Tudo bem. Primeiro, terei que aprender a língua dos dragões. Por favor, espere por mim. Assim que descobrir como posso cuidar dos mortos, você será a primeira que retribuirei — disse Ametista com um sorriso radiante.

— M-Monstro…

Ametista cortou a garganta da bruxa. 

— Adeus. Quando abrir os olhos novamente, uma bela primavera estará esperando por você.

Da noite para o dia, ela foi coroada heroína. Todos os executivos das Unhas Vermelhas, exceto um, se renderam a ela. Aqueles que estavam cansados do terrorismo recuaram para a aldeia na floresta e se isolaram. Aqueles que ainda tinham sede de sangue tornaram-se parte do exército particular de Ametista.

O reino estava desmoronando. Mesmo que não houvesse conflito entre humanos e demi-humanos, havia muitos campos de batalha sangrentos.

Ametista coletava os venenos do reino um a um. A Bichinho de Estimação da Duquesa Incondicional. A Mestra da Princesa Executora. Aquela que Caçou a Bruxa Noir. A Herdeira das Unhas Vermelhas. Os títulos eram grandiosos demais para diminuir seus feitos como mera sorte de uma jovem. No entanto, comparados aos nomes que ela ganharia no futuro, esses títulos eram considerados bastante modestos.

Um ano após a caça às bruxas, Ametista se curvou diante do Imperador Dragão. 

— Olá, Imperador Dragão. Prazer em conhecê-lo. Sou a Viscondessa Ametista, chefe da minha família.

Muitos guerreiros estavam atrás dela. Esses eram os venenos que Ametista coletou ao longo do último ano:

A Duquesa da Espada Suprema, a melhor espadachim do reino.

A Viscondessa Presa de Ferro, a senhora da guerra da capital.

A Baronesa Nascida do Véu, a Executora.

Flor de Fogo, a última líder das Unhas Vermelhas.

A Princesa Valora, a Fênix do Interior.

A Viscondessa Vidente do Coração, a Flor da Viscondessa Ametista.

Elas e muitas outras sonhavam com a destruição do reino, seja apressando-a, acolhendo-a ou desconsiderando o próprio reino. Agora, formavam uma equipe capaz de derrubá-lo reino e se alinhavam atrás de Ametista. Suas armas estavam manchadas com o sangue dos soldados que pularam para proteger o dragão.

Ametista exibiu um sorriso brilhante. 

— Pode ser rude dizer isso, já que é a primeira vez que nos vemos, mas você sabe como confortar aqueles que já morreram?

Naquele dia, ela capturou um dragão que viveu por mais de milhares de anos.

Ato 2: Caça ao Imperador Dragão.