O Caçador Imortal de Classe SSS – Vol. 07 – Cap. 157 – Seja um Deus (3)

 

[Você comprou Busca de Presa.]

[Você usou 5 pontos de espécies!]

[Você agora tem 865 pontos de espécies.]

Mordi a pele de uma vaca. Na verdade, ela não se parecia em nada com uma vaca e tinha espinhos nas costas, como um ouriço, mas havia uma razão para eu chamá-la de vaca.

— Muuuuuuu!

Ela mugia exatamente como uma vaca.

— Muuuu! Muuuuuuu!

O animal gritava impotente, se debatendo e resistindo até sua morte, mas tudo foi em vão. Era impotente contra meus dentes e garras e, acima de tudo, contra as lanças de bambu dos goblins.

Thump!

A vaca finalmente desabou. Os goblins que caçavam comigo pisotearam o chão empolgados.

— Kirrrrr! Ke!

— Kereuk, kekegor, gorreuk!

[Caça bem-sucedida!]

[Sua espécie adquiriu um entendimento perfeito deste animal.]

[Você não pode mais ganhar pontos de espécies caçando este tipo.]

[Sua espécie atingiu o nível máximo de experiência em caça.]

[Você não pode mais ganhar pontos de espécies caçando.]

Tsc, acho que terminamos com a caça agora.

— Zumbi… Vamos embora logo… Por favor… Você fez tudo o que podia aqui…

Beleza, agora vamos coletar!

— Merda!

[Você não pode mais ganhar pontos de espécies coletando.]

Após dias coletando, os goblins começaram a usar lama vermelha ou verde para se marcar com desenhos grosseiramente chamativos. Por algum motivo, até o odor corporal deles diminuiu. Não sei se era por causa da lama ou do poder do traço Estilista Primordial, mas finalmente pude dizer adeus ao fedor que lembrava uma mistura de ensopado de pasta de soja com esgotos de meio de verão.

Isso não era tudo.

[Os Terras se tornaram especialistas em coleta e caça!]

[O medo deles de animais grandes diminuiu.]

[Você recebeu 50 pontos de espécies.]

[Você agora tem 1015 pontos de espécies.]

— Gor.

Balancei o rabo com satisfação.

Bom. Agora fiz quase tudo o que podia por eles.

Os goblins começaram a brincar com lama. Eles conseguiam formar grupos e caçar animais grandes, então estavam bem à frente na corrida das espécies. A base para a grande civilização goblin agora estava pronta.

Não há mais pontos de espécies que eu possa ganhar.

Parecia que meus colegas estavam em uma situação semelhante.

[Viper, liderando os Skians, concluiu o cenário!]

[Espada do Luar, liderando os Purens, concluiu o cenário!]

Mais e mais colegas concluíam o cenário e partiam. Viper, que governava os dokkaebis, foi o primeiro. Espada do Luar foi o próximo. O resto dos meus colegas estaria finalizando o cenário um a um.

Ainda assim, eu me sentia um pouco triste.

Ah… Se possível, também quero ensinar a eles coisas como letras e aura…

— Qual é o problema? Vá em frente e faça isso.

O problema é que não posso, mesmo que queira.

Um suspiro escapou do meu focinho de leão enquanto lia a Loja da Civilização. Ela tinha quase todos os itens possíveis disponíveis, incluindo o que eu queria que os goblins tivessem. O problema era que era inatingível.

Busca de item: letras.

A janela do item apareceu logo.

Letras. 

Descrição: A espécie inventará seu sistema de escrita. Deixar registros escritos é muito mais eficaz do que depender da tradição oral! Diferente de vozes fugazes, as letras perduram pelo tempo.

Custo: 4.500 pontos de espécies

※ Os Purens possuem essa habilidade inerentemente.

Merda. O preço é uma loucura…

O total de pontos que eu tinha era 1.015. Gastei alguns aqui e ali para caça e outras coisas, mas, mesmo que tivesse economizado todos, não seria suficiente para comprar isso. No entanto, os Purens tinham isso por padrão. O sistema era tão injusto.

O Guardião riu.

— É culpa sua por escolher goblins. Heh.

Os Purens não eram os únicos com um bônus. Na verdade, eles eram uma espécie com poucos bônus. Os Sylvans, os elfos governados pela Condessa, tinham Sensorial de Mana e Sensorial de Aura desde o início. Ambas as habilidades custavam 6.200 pontos.

Mais uma vez, percebi o quão medianos eram os goblins.

Claro, acredito que eles brilharão e esmagarão tanto humanos quanto elfos, mas sinto pena deles.

— Acho que quem você deveria sentir pena é de você mesmo, Zumbi.

Não me importo com as outras habilidades, mas quero que meus caras tenham pelo menos um sistema de escrita. Não há realmente nenhuma maneira de coletar 4.500 pontos…?

[Paladina, liderando os Fingills, concluiu o cenário!]

Até a Paladina concluiu o cenário. Agora, apenas três de nós permanecíamos no trigésimo primeiro andar: o Inquisidor, que governava os Cascomontes, a Bruxa Negra com seus Sanguinatos, e eu.

Parei de contemplar. É isso. Vou esquecer de comprar Letras usando métodos ortodoxos.

— Hã?

Mesmo que eu acumule 4.500 pontos, não posso comprá-lo porque é um desperdício. Não posso despejar todos esses pontos preciosos em um único item. E desde quando comecei a usar métodos ortodoxos? Eu sempre fui de improvisar.

— Do que você tá falando?

Posso ensiná-los a escrever eu mesmo!

A partir daquele dia, comecei minha luta desafiadora com os goblins.

— Grrrr, gor. Ah. Kerr, ah.

Pessoal, prestem muita atenção. A. Isso é A.

Com minha garra, desenhei a letra A no chão. Fiz bem grande para o caso de eles não verem, mas os goblins reunidos ao meu redor apenas inclinaram a cabeça em confusão.

— Keeeeerrrr?

— Kekerukker?

Como esperado, eles não entenderam nada, mas eu não era do tipo que desistia.

—Gorrr! Gaa, ah, ker, ah!

Olhem! A, A, isso é A!

Eu rugi e empurrei os goblins como se fosse um professor. Eles se encolheram de surpresa.

— Gar… ?

— Gor, Gor?

Os goblins se levantaram e se afastaram.

[Os Terras estão com medo de você.]

[Os Terras estão confusos porque não conseguem entender você.]

Depois de um tempo, os goblins silenciosamente me trouxeram um pouco da vaca que haviam caçado naquela manhã. Estava bem grelhada, então era fácil de comer.

— Kekerukker…!

Os goblins se curvaram no chão e choraram.

[Os Terras trouxeram isso para apaziguar sua ira.]

— Krrrrr! Gaah! ah, kar!

Vocês estão falando sério? Acham que estou bravo com vocês porque quero comer carne? Não é isso que a Mamãe quer! Estou apenas tentando dar a vocês uma vantagem para o futuro, por que não conseguem entender isso? Se continuarem apenas gorrindo e brincando o tempo todo, os elfos e humanos da vizinhança vão caçá-los e transformá-los em torrada de goblin. É isso que vocês querem se tornar? Sacos de pontos de experiência ambulantes dos elfos?

— Ker, kerrrr…

Não desisti e tentei ensinar letras, mas foi um grande fracasso. Os goblins não conseguiram aprender nem as letras A, B e C. Eles de alguma forma memorizaram o A, mas ficaram tipo: “O que é isso?” “Não sei…” “Não sei por que temos que fazer isso…”

Eles ficaram visivelmente desanimados. Essa foi a primeira vez que enfrentei um desafio ao liderar os goblins.

É realmente impossível para eles aprenderem o alfabeto por causa de sua inteligência padrão? Estranho. Lembro que, quando o Imperador das Chamas chegou ao trigésimo terceiro andar com os elfos, os goblins também sabiam escrever… Será que os goblins são muito burros porque é cedo demais para seus cérebros se desenvolverem…? Não acho que seja isso…

Eu estava imerso em pensamentos.

Se eu ensinar letras a eles dessa forma, é óbvio que eles as esquecerão em breve.

Os goblins precisavam perceber os benefícios de aprender um alfabeto. Caso contrário, mesmo que eu conseguisse ensiná-los letra por letra, tudo seria esquecido em menos de uma geração. Como eu poderia dar significado a essas letras?

Hã? Espera um minuto.

Uma ideia me ocorreu.

Só porque estou tentando ensiná-los a escrever, isso não significa que eu tenha que usar um alfabeto de verdade.

Sim, só porque eu estava ensinando o alfabeto, não significava que eu tinha que ensinar as letras uma a uma! Pulei e rugi.

— Krrrrrr!

Juntem-se!

Os goblins desistiram de comer a carne e se reuniram ao meu redor hesitantes. As orelhas de todos estavam abaixadas como filhotes de cachorro cabisbaixos. Talvez suas expressões faciais quisessem comunicar: “Ele vai fazer algo estranho de novo?  Ugh, não gosto disso.” “Seria bom se ele nos cobrisse com lama como de costume.” Em resumo, eles estavam um pouco emburrados.

— Krrrr. Keeerr… Kekerukker, Gor, Ke.

Calma, calma, está tudo bem. Vocês sabem que eu gosto de vocês, né?

Coloquei lama na minha pata dianteira e espalhei nos goblins, fazendo cócegas neles. Os goblins pararam de ficar emburrados. Em vez disso, o contorno de um sorriso apareceu em seus rostos.

— Gorrrrrr.

— Kerr, ker!

Esses caras ficavam emburrados facilmente, mas também esqueciam facilmente por que estavam emburrados. Minha habilidade brilhante de espalhar lama derreteu os corações dos goblins. Depois que a tensão constrangedora diminuiu um pouco, mostrei algumas letras aos goblins.

No entanto, os caracteres eram ligeiramente diferentes de antes. Desenhei algo com minha garra: ■, um quadrado que preenchi. Então, amassei a lama e a empilhei ao lado do ■.

— Gorrrrrr.

Olhem, pessoal. Isso é lama. Lama. Laaaaama. Entenderam?

— Kerrrrrr…?

Os goblins olharam ao redor confusos, sem realmente entender o que eu estava mostrando. No entanto, não me importei e decidi tomar meu tempo.

Dias se passaram. Toda vez que aplicava lama nos goblins, desenhava um ■ no chão.

Isso não era tudo. Sempre que tinha tempo, marcava os corpos dos goblins com símbolos.

Isso é o dia. O céu está claro.

○.

Agora é noite. O céu está escuro.

• .

Esse é o sol. Não é deslumbrante?

☆.

Essa é a lua.

★.

Isso é água. Água. Rio pequeno.

~.

E se a água for um pouco mais funda?

~~.

E se a água for muito funda?

~~~.

— Kerrr…

— Keruk? Ker, ke?

Os goblins estavam confusos no início, mas lentamente começaram a entender meus desenhos. Eles não entendiam ou aceitavam por que A significava A, mas conseguiram entender que ■ significava lama. Minha abordagem inicial não havia sido a certa.

Certo. Eles ainda têm muito a aprender. O mundo é vasto.

Não havia muito que os goblins soubessem sobre o mundo. Apesar de quão vasto ele era, o que os goblins viam, sentiam, cheiravam e ouviam era realmente apenas uma fração disso.

— Keruk.

Céu.

— Kerruk.

Terra.

— Ker.

Carne.

— Ke

Água.

Os goblins viam algo azul se estendendo acima de suas cabeças. O que eles pisavam era duro, mas às vezes macio. O aroma da carne de centopeia sendo cozida era agradável. Eles ouviam o som suave de algo que era refrescante quando bebiam e bom quando pulavam dentro.

— Gor!

Esse era o som que faziam quando estavam felizes.

— Kerrrr…

E esse era o som que faziam quando não gostavam de algo. Nas palavras dos goblins, eles só conseguiam descrever seis coisas diferentes. Apenas seis. Isso era suficiente para descrever seu mundo. Seis desenhos, em vez de dezenas de letras, formavam o alfabeto que os goblins precisavam agora.

Swoosh…!

Um dia, choveu. Enquanto os goblins brincavam e se lavavam na chuva, mostrei certos símbolos.

Água.

~.

Céu preto.

• .

Água caindo do céu preto.

• ~.

Chuva.

Olhei para cima e apontei para a chuva caindo. Os goblins seguiram meu olhar e deram uma olhada na água da chuva.

Chuva.

Depois de sabe-se lá quanto tempo, os goblins falaram.

— Kerukke?

— Kerukke. Kerukke.

Os goblins apontaram para a chuva e imitaram o símbolo ●~ que eu havia desenhado no chão.

— Kerukke!

Chuva.

Os goblins olharam para mim como se perguntassem se estavam fazendo certo. Assenti, satisfeito com seus esforços.

— Gor.

Ótimo.

[Os Terras descobriram um sistema de escrita!]

[Os Terras ganharam um novo traço Legado de Registros!]

Legado de Registros

Grau: E (A)

Efeito: Os Terras perceberam as possibilidades infinitas dos símbolos! Seus desenhos não são apenas legais, mas também podem ser usados para expressar aspectos do mundo.

“○.” Isso significa céu para os Terras.

“■.” Isso significa lama e terra para os Terras.

“○■.” Portanto, isso significa céu e terra para os Terras. Em outras palavras, é assim que os Terras descrevem seu mundo.

De agora em diante, os Terras desenvolverão seus logogramas. Eles deixarão desenhos do que amam, e seus textos descreverão suas vidas. 

Que a sorte esteja com eles. 

※Este traço pode mudar dependendo de como a história se desenrola.

O quê? Eu só ensinei alguns símbolos a eles, mas estou muito emocionado.

— Kerukke. Kerukke!

— Kerukkerreuk!

Os goblins estavam ocupados desenhando. Eu me sentia estranhamente triste, feliz e, de alguma forma, solitário. Estava realmente feliz? Ou apenas orgulhoso deles? Não conseguia descrever exatamente o que estava sentindo.

[Bruxa Negra, liderando os Sanguinatos, concluiu o cenário!]

Após quinze dias, até a Bruxa Negra concluiu o cenário. Agora, apenas o Inquisidor e eu permanecíamos no trigésimo primeiro andar.

Parece que o Inquisidor também está tomando seu tempo ensinando algo ao seu povo.

Enquanto isso, ensinei números aos goblins. No início, tentei ensinar numerais arábicos, mas os goblins não os entenderam de forma alguma, então fiz um compromisso e ensinei numerais romanos.

Ⅰ. Ⅱ. Ⅲ. Talvez por serem simplesmente feitos de linhas, até os goblins entenderam os numerais romanos. 

Embora eu realmente quisesse ensinar as quatro operações aritméticas básicas…

Esses caras não entendem conceitos como subtração…

Afinal, eram goblins. Eles não entendiam que existiam números maiores que seis. Bem, acho que estava esperando demais deles neste momento.

Ensinei tudo o que havia para ensinar. Certo?

— Sim, acho que sim.

Assenti. É hora de eu partir também.

Naquela noite, saí do assentamento quando todos os goblins estavam dormindo. Eles ficariam muito tristes ao descobrir que eu havia ido embora. No entanto, eu não podia deixar um leão entre eles antes de seguir para o próximo cenário, pois ele poderia atacá-los.

— Krrr, gorrr…

Adeus, pessoal.

Lambuzei a testa de um jovem goblin. O jovem goblin estava dormindo, alheio ao mundo ao seu redor. 

— Gorrr…

Você é adorável.

Me afastei o máximo possível do assentamento goblin Goru. O tempo passou, e a escuridão caiu, apenas o zumbido de insetos e os distantes gritos lamentáveis dos goblins podiam ser ouvidos.

— Kekeruk… Ker…

Parecia que eles já haviam notado que eu tinha ido embora. Os goblins estavam gritando meu nome, Kekerukker. Desapareci rapidamente na escuridão sem olhar para trás.

Vivam bem! Tornem-se grandes goblins! Vamos nos encontrar novamente! Concluí o cenário!

A Torre respondeu.

[O cenário foi concluído.]

[A missão ainda está em andamento.]

[Você será imediatamente teleportado para o trigésimo segundo andar.]

[Sua recompensa será dada após você entrar no trigésimo segundo andar.]

Swoosh!

Uma luz branca me envolveu.