Qual seria a última palavra que vem à mente quando se pensa em zumbis? Era uma pergunta estranha, mas os zumbis dominavam este mundo – e, de repente, eu tinha que aprender artes marciais lutando contra um zumbi, então não podia evitar pensar neles. Foi assim que percebi qual era a última palavra.
Era “Vento de Palma”. O zumbi com o uniforme de treino preto juntou as mãos por um momento e disparou um Vento de Palma contra mim. Não estou brincando. O zumbi – que já foi um artista marcial antes de sua morte – gritou e realmente usou Vento de Palma em minha direção.
— Merda… — xinguei.
Seu Vento de Palma me lançou para o ar como se eu fosse palha. Isso sozinho já foi o suficiente para deixar minha mente girando. Infelizmente, o zumbi não havia terminado.
Ele se impulsionou do chão usando uma arte de pés única, executada com evidente proficiência. Ele voou pelo ar como se estivesse cheio de hélio e chegou até mim em um instante. Era insano.
— Ei! Espera, espera. Isso não está certo! — brandi minha Espada Sagrada às pressas.
Antes que eu pudesse cortar o zumbi, a voz da Demônio Celestial me parou.
— Não! Não brande sua espada sem critério. — Ela observava minha luta do topo do poço. — Eu te disse para pensar na fome e na dor daqueles que morreram de fome. Reflita sobre como é estar faminto. Se apenas brandir sua espada, as Artes do Céu Demoníaco serão apenas uma casca vazia.
— M-mas!
A boca do zumbi se abriu bem na minha frente.
Mal consegui torcer o tronco para evitar sua mordida. Não consegui amortecer a queda direito e acabei rolando no chão. Furioso por eu ter escapado de seu ataque, o zumbi rugiu e investiu novamente.
— Não estou com fome agora!
— Seu idiota! — gritou a Demônio Celestial, frustrada. — Você não consegue imaginar a cor vermelha só porque ela não está na sua frente? Como não pode lembrar o que é sentir fome só porque não está faminto agora?
Mesmo enquanto a Demônio Celestial me repreendia, o zumbi continuava a atacar com suas garras. Se aquelas garras me tocassem uma única vez, seria o fim. Eu seria infectado pelo vírus zumbi e me tornaria realmente o Kim Zumbi.
O zumbi golpeava minha espada com suas garras de forma selvagem. Eu só conseguia bloquear o ataque, sem chance de contra-atacar. Sentia que ia morrer.
— Se não consegue lembrar, é porque não está acostumado à sensação de fome. Você é basicamente um porco. Aqueles que aprendem as Artes do Céu Demoníaco devem ser capazes de evocar essa sensação quando quiserem!
A sensação de fome. A memória da fome.
— Lembre da vez em que ficou mais tempo com fome. Mergulhe naquele momento. Onde você estava? O que mais queria comer? Por quanto tempo ficou faminto?
— O maior tempo que fiquei com fome foi de três a quatro dias… — respondi.
A Demônio Celestial ficou atônita.
— O quê? Três a quatro dias? Está dizendo que o maior tempo que você passou fome na vida foi apenas cerca de três dias? Isso é impossível. O mundo está sem lei há muito tempo, e a fome era constante a cada estação. Como você pôde passar fome por apenas três dias? Era filho de algum grande nobre?
— O murim exterior era mais próspero que as Planícies Centrais…
A Torre, naturalmente, tinha mais recursos que o murim, o mundo dos artistas marciais. Afinal, a Torre era um lugar de civilização moderna, muitos Caçadores provavelmente não haviam passado fome por mais de dois dias.
— Não dá para conversar com você. A fome é a dor mais urgente que se sente todos os dias. Ninguém pode evitar essa dor, então vivem para aplacar a fome. A fome do imperador e a dos plebeus não são diferentes. Se você nem sabe disso, como vai aprender as Artes do Céu Demoníaco?
E-Eu vivi com fome por bastante tempo. Passei mais de dez anos como Caçador de Classe F! Contava quantos pedaços de bolinho de arroz entravam numa porção de tteokbokki nas lojas da Torre. E só comprava tteokbokki nas lojas que davam quatro pedaços a mais!
— Esqueça. — A Demônio Celestial me deu as costas. — A culpa é minha! Por um momento, tive esperanças em você, mas você é só conversa.
O poço onde eu estava era profundo, então a Demônio Celestial rapidamente sumiu da minha vista.
— Senhora Demônio Celestial! — gritei, mal conseguindo me defender dos dentes e garras do zumbi.
Não obtive resposta.
— Senhora Demônio Celestial?
Mais uma vez, sem resposta. A Demônio Celestial nunca voltava atrás.
— Por favor, espere um minuto! Pelo amor de Deus! Não é como se estar sem fome fosse me matar! É absurdo que eu não possa aprender as artes por causa disso! — berrei.
O zumbi do Vento de Palma abriu a boca bem grande.
— Ah, po…
[Você morreu.]
[Retrocedendo vinte e quatro horas.]
— …rra!
Retornei ao dia anterior e bati o pé no chão.
Antes de voltar, eu havia visto a Carta de Habilidade do zumbi do Vento de Palma, experimentado seu trauma e recebido a certificação da Torre de que meu ego estava intacto. Mas nada disso importava agora.
— Mesmo assim, vivi muitas dificuldades! — fiquei irritado.
Raiva e competitividade encheram meu coração com chamas vermelhas e azuis. Na verdade, não eram apenas chamas – eram um inferno.
— Wow. — O Guardião flutuava ao meu redor, despreocupado. — Ela usa métodos bem tradicionais para te ensinar. Bem, tá te ensinando sua única arte suprema, então é a escolha certa. Zumbi, quando alguém tenta se esquivar de tudo, acaba virando uma doninha como você…
— Então é assim que ela vai fazer! — ignorei o Guardião e saí da caverna. — Ela acha que eu ficaria com medo e desistiria se me tratasse assim? De jeito nenhum. Já fui queimado até a morte antes! Da cabeça aos pés! Não tem como eu ter medo de morrer de fome.
— Uh… — O Guardião parecia confuso, algo raro para ele. — Zumbi…? O que tem de errado? Ei, aprenda espada comigo em vez daquela mulher Demônio Celestial. Como mestre, eu seria muito mais gen…
— Se ela me diz para passar fome, eu vou passar fome!
— Ah, cara. Ele perdeu a cabeça. Quando fica assim, ele realmente não enxerga nada. Droga, lá se vão semanas pelo ralo — murmurou o Guardião.
A partir daquele dia, comecei minha jornada infernal. Após mentir para os Caçadores que ia buscar os itens necessários para completar este cenário, parti sozinho e me afastei o máximo possível da caverna. Então, fiquei no fundo de uma montanha nevada e não fiz nada.
O Guardião me olhou com olhos frios e sem vida. Ele sabia o que eu estava tentando fazer.
— Seu maluco… Você vai ficar aqui até morrer de fome, não é?
Assenti.
— Sim, vou.
— Meu Deus. Todo mundo deveria saber o quão louco você é. Phewwwww! Eu sou o único que sabe. Daria qualquer coisa para não ser um fantasma — lamentou o Guardião.
Ele era barulhento.
— Zumbi, não, Gong-Ja, por favor, estou implorando. Não me importa se você tá tão irritado que se dedica ao treinamento, mas por que tá me fazendo sofrer também? Tenho que ficar aqui te observando o tempo todo.
— Ah, como você é barulhento.
— Deixa eu te perguntar uma coisa: quantos dias você planeja aguentar aqui?
Eu estava numa pequena caverna em algum lugar da montanha. Era diferente da caverna onde a Demônio Celestial e os outros estavam. Obviamente, não tinha fontes termais ou pílulas de grãos, era apenas uma caverna fria e escura.
— Não sei. Vou começar com 112 dias.
— O quê?
— Vi isso no trauma da Demônio Celestial. Uma vez, ela ficou 111 dias sem comer nada, apenas sustentada pelo Alinhamento de Qi. Então, vou aguentar pelo menos 112 dias.
— Que tipo de merda hippie é essa que você está fal…
O Guardião me xingou por cerca de um minuto. Mas não importava o que ele dissesse, não me afetaria, então era inútil. Além disso, eu já estava na posição de lótus.
Ele então tentou me convencer. Talvez achasse que xingar não ia levar a lugar nenhum.
— Você não consegue aguentar mais de cem dias mesmo que tente! — gritou o Guardião. — Olha o tempo agora. Tá frio! Tá muito frio! Se não se cobrir com aura, vai congelar até a morte. Como você vai usá-la por cem dias seguidos? Por mais que tente, só vai aguentar uns vinte dias no máximo.
“Além disso, Gong-Ja, jejuar por mais de cem dias não é só sobre fome. Você nunca passou fome assim, né? Se não, então não faz ideia.”
— Você já fez isso antes?
— Sim, sei porque fiz treinamento de jejum como os monges antigamente. Por alguns dias, senti fome e achei que ia desmaiar, mas depois disso não se sente nada. Isso não é passar fome. É só treinamento mental. Treinamento mental!
— Aí está a resposta — disse indiferente. — Vou passar fome até o décimo quinto dia e depois repetir.
O Guardião abriu e fechou a boca várias vezes.
— O quê?
— Não vou comer nada por 15 dias… é quando estarei com mais fome. Depois disso, vou me suicidar e ficar no décimo quinto dia. Isso vai me manter com fome. — Olhei para o Guardião. — Vou repetir até completarem 112 dias. O que acha? Não vou ficar sem aura, e ainda vou sentir fome. É a solução perfeita.
—…Seu filho da puta louco… — A mandíbula do Guardião caiu. — Só aprenda comigo… Não tome aquela líder de culto estranha como sua mestra. Eu te disse que minhas artes marciais são melhores. Se precisa de um mestre, aprenda comigo. O que, pelo amor de Deus, está te levando a essa loucura…!
— Vou aprender as Artes do Céu Demoníaco perfeitamente.
Uma chama ardia em meu coração.
— Sabe por que a Demônio Celestial caiu em desespero e este mundo, a Crônica do Demônio Celestial, terminou? Tudo porque ela sentiu que não havia mais sentido em sobreviver.
Quando o líder da Aliança Murim estava confinado em seu leito de morte, a Demônio Celestial murmurara para si mesma: “O mundo não tem sentido”. Era isso. Se um mundo fosse considerado uma novel, suas palavras seriam a última linha escrita na última página.
Todos os muitos diálogos dos personagens não significavam nada. Como se moviam, para onde iam ou o que sentiam não tinha sentido. Era tudo inútil, mesmo que centenas ou milhares de frases fossem usadas. Nesse ponto, a novel e o mundo estavam mortos. A novel era tão boa quanto papel em branco, e o mundo estava condenado. Isso devia ser o que o Bibliotecário Interno quis dizer quando falou sobre serialização descontinuada.
Eu não queria que este mundo terminasse assim. Não era assim que eu queria que a história da Demônio Celestial acabasse.
Olhei para fora da caverna, para a vasta extensão de neve.
— …É fácil viver como o Imperador das Chamas. Como tenho uma habilidade assassina, não teria problema em me convencer de que sou o melhor. Quando venço, é por causa das minhas habilidades. Outras pessoas se saem pior que eu porque são idiotas, e não preciso me preocupar com idiotas. Posso apenas escolher as fases que são fáceis para mim completar. Aconteça o que acontecer, fico apenas zombando e mantendo o cinismo…
Minha voz falhou.
Circulei minha aura pelo corpo e comecei meu jejum.
— Parece legal. Parece mesmo. Embora o cinismo não seja infantil, pessoas que vivem cinicamente são infantis.
Eu continuava com fome.
— O idealismo pode parecer brega, mas pessoas que tentam viver de forma ideal não são.
Não comi por um dia.
— Eu também sou humano, então tenho que viver.
Passei dois dias com fome.
— Então, a resposta de como devo viver é óbvia.
Jejuei por três dias. E assim por diante.
Tradução: Rlc
Revisão: Pride
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