A Bruxa Negra e a Paladina se uniram como se nunca tivessem discutido antes.
— Rei da Morte, por favor, nos deixe participar desta apresentação.
— Faz tempo que parei de compor música, mas ainda me lembro de muitas canções. Vou incorporar músicas do nosso mundo. Whoa, só de imaginar já sinto…
Por que elas estavam tão entusiasmadas? Seus olhos brilhavam intensamente. Bem, eu estava começando a me sentir um pouco distante delas.
— A música que você criou é realmente ótima, mas se me deixar no comando – não, apenas me deixar ajudar – confie em mim, sua música vai soar muito melhor.
— Eu ficarei responsável pela história. Como é um drama de dança, devo me chamar de diretor em vez de escritor? Diretor-chefe? Hmm, já que é uma nova forma de arte, acho que precisamos de um novo nome para o cargo.
Respirei fundo para me acalmar um pouco. Minha cabeça ainda formigava com a compilação de constrangimentos anteriores.
— Tudo bem, se a peça melhorar de qualidade com a contribuição de vocês, isso me deixaria muito feliz. Afinal, esse é o patrimônio cultural que se tornará o sangue e a carne dos meus filhos Terras…
A Bruxa Negra sorriu com a mesma suavidade de um pôr do sol em uma pintura aquarela.
— Sim, é isso que eu gosto em você.
— O quê?
Ela ia me bombardear com elogios novamente? Olhei para a Bruxa Negra com olhos cautelosos.
Ela deu uma risadinha.
— Você sempre colhe os frutos depois de decidir o melhor curso de ação.
— O que você quer dizer com isso?
— Quer dizer que você primeiro planta a bandeira e depois coloca areia ao redor dela. Quando te observo de lado, parece que está andando na corda bamba, mas, bem, tenho certeza de que sua alma gêmea cuidará disso.
Que declaração enigmática.
A Bruxa Negra riu novamente, provavelmente motivada pela minha expressão confusa.
— Esquece isso. Vamos apenas decidir um nome para sua guilda.
— Boa ideia — concordou a Paladina. — Nomes são importantes.
— Hmm, pelo que me lembro, há realmente poucas guildas de música registradas na Cidade da Ascensão. Provavelmente umas… trinta guildas de jazz?
— Vinte e seis. Uma guilda de música é uma orquestra de câmara, e onze são bandas de quarteto. Considerando as guildas inativas, são cerca de cinquenta no total, mais ou menos. Mesmo assim, a maioria dos membros dessas guildas também faz parte de outras guildas.
A Bruxa Negra suspirou.
— O campo artístico da Torre é realmente precário… Você consegue pensar em um bom nome?
— Na verdade, não — disse, dando de ombros.
Ah.
— Espera. Que tal Trupe Raviel? Parece perfeito.
— Hmm, não consigo pensar em um bom nome…
— Escolher um nome é realmente bem difícil.
— Que tal Dragão Negro?
— Isso é sem graça. Que tal Ordem dos Vigilantes?
Wow, elas simplesmente ignoraram minha sugestão? Foi tão natural que quase não percebi que estava sendo ignorado. Fiz bico.
— O som de Raviel me parece bem legal…
— Se você continuar assim, vamos chamar a guilda de Trupe Kim Gong-Ja.
— Vamos lá, pessoal. Vamos ser sérios por um segundo.
Nós três juntamos as cabeças e pensamos. Várias propostas foram feitas: Amanhã, Silêncio, Babel, Aura…
Como a reunião para escolher o nome parecia se arrastar indefinidamente, a Bruxa Negra finalmente concluiu:
— Assim não vai funcionar. Em casos como este, o padrão é usar os nomes dos membros fundadores. Mestra do Dragão Negro, Paladina e Rei da Morte. Vamos criar algo que soe legítimo usando todos os nossos nomes.
— Podemos fazer isso?
— Sim, você pode usar sua língua como base, Rei da Morte. Você é o fundador, então deveria ter esse privilégio.
A Bruxa Negra me fez várias perguntas sobre a língua do meu país. Nós três falávamos ucraniano, espanhol e coreano, respectivamente. Precisávamos perguntar uns aos outros como nossos títulos soavam de fato. Felizmente, a Torre tinha a capacidade de traduzir automaticamente o que dizíamos.
Após ouvir minha explicação, a Bruxa Negra assentiu.
— Bom. Vamos usar “Negro” de Dragão Negro, “Paladina” de Paladina e “Rei” de Rei da Morte. Podemos chamar a guilda de Rei Paladina Negra.1Isso é um jogo de palavras com os nomes coreanos dos personagens. Uma sílaba de cada um de seus nomes foi usada para criar o nome. Literalmente, o nome é Cavaleiro Negro (흑기사). Algumas alterações foram feitas para um fluxo mais suave.
Senti um arrepio percorrer minha espinha, ficando entorpecido. Toquei no ombro da minha colega e melhor amiga e disse:
— Mestra do Dragão Negro, olhe para minhas mãos.
— Tudo bem, por quê?
— Esse nome é tão constrangedor que não consigo mais descruzar os punhos2Isso faz mais sentido em coreano. O que Gong-Ja está dizendo aqui é que suas mãos se curvaram sobre si mesmas, resultado do alto nível de constrangimento que ele acabou de sofrer. . Por favor, tenha piedade das minhas mãos.
— Ah, isso não deve ser um problema.
A Bruxa Negra pegou meus dedos e os dobrou na direção oposta.
— Aaaaaaah!
— Melhor agora?
— Claro que não! — pulei. — Que tipo de nome para uma trupe é Rei Paladina Negra? Parece constrangedor!
— Seu título é Rei da Morte. O rei da morte. Desculpe dizer isso, mas você ainda é capaz de sentir vergonha?
— Você é a última que pode falar, Mestra do Dragão Negro!
— Não fale assim! Seu tom faz parecer estranho! — A Bruxa Negra me pegou pelo colarinho. — Você tem um desejo de morte?
— Você que começou isso, Mestra do Dragão Negro!
— Para de falar! Além disso, meu título é traduzido como Rainha para os britânicos, não Mestra!3A Bruxa Negra parece estar se comparando à figura simbólica da rainha no Reino Unido.
— Ah, então você é a Rainha do Dragão Negro, não a Mestra do Dragão Negro. Que bom para você. Então pode ser abreviado para BDQ?4Gong-Ja está falando sobre a marca de frango frito coreana chamada BBQ. Ei, você vai me entregar frango frito se eu fizer um pedido?
— Tudo bem, então está decidido. O nome da guilda será Trupe Kim Gong-Ja.
— Rei Paladina Negra soa muito legal — exclamei. — O nome por si só já parece sofisticado. É realmente cativante, então acredito que não há candidato melhor para o nome de uma trupe. Como esperado de você, Mestra do Dragão Negro. Não só sua guilda é a melhor da Torre, mas você tem as melhores ideias para nomes. Rei Paladina Negra. Bom. Vamos com Rei Paladina Negra.
— Você poderia ter cedido antes.
A Paladina ofereceu um sorriso estranhamente amargo enquanto nos observava discutir. Sua cauda de sereia ondulava suavemente na superfície da água da banheira.
— Vocês se dão muito bem… É surpreendente.
Esse foi o início da Trupe Rei Paladina Negra. Eu seria o líder da guilda, enquanto a Bruxa Negra e a Paladina seriam minhas vice-líderes. Caçadores Rank 2, 3 e 7 uniram forças para criar uma guilda. Que combinação lendária e sem precedentes.
Uma guilda de arte, de todas as coisas.
Os cantos da minha boca se ergueram. Provavelmente haveria um alvoroço quando a guilda fosse oficialmente anunciada. Eu também estava começando a me divertir.
— Fico imaginando como as pessoas vão reagir — disse em voz baixa.
A Bruxa Negra sorriu como uma criança travessa. Apesar de parecer um velho vampiro, o sorriso malicioso combinava com ela.
— Né? Garanto que muita gente vai surtar. Ah, vamos manter isso em segredo dos outros Caçadores também. Vamos convidar o Velho Espada do Luar quando realizarmos nossa primeira apresentação. Fico imaginando como ele vai reagir.
De repente, quis ver a Bruxa Negra sorrindo da mesma forma em seu corpo verdadeiro. Não sei por quê, mas achei que seu sorriso seria maravilhoso.
Eu sorri de volta.
— Bom. É uma boa ideia.
Conversamos a noite toda sobre a próxima apresentação, Raviel e Kekerukker. Seguindo a sugestão da Bruxa Negra de que o título era muito sem graça, mudamos o nome da apresentação para Coração Prateado.
— A protagonista deve ser a Duquesa de Ivansia. Só há uma maneira de fazer essa peça decolar. Em vez de apresentar vários personagens secundários, vamos retratar as mudanças psicológicas dela através da coreografia.
— Precisaremos retratar o momento em que ela se apaixona de forma muito dramática. Vamos usar o salão de baile como fundo do palco e colocar toneladas de flores brancas frescas no chão, depois fazer os atores dançarem sobre elas.
A Bruxa Negra bateu palmas.
— Ah, isso seria tão bonito!
Estávamos todos muito animados. Várias garrafas de vinho vazias estavam espalhadas ao nosso redor. Apesar de estarmos no meio de uma reunião, não hesitamos em beber.
— Hmm. No momento em que ela se apaixona, as flores que a Duquesa pisa mudarão de brancas para vermelhas. Uma, duas, três flores… Como pedras vermelhas em um mar branco. O Rei da Morte só pisará nas flores que se tornaram vermelhas e as usará para atravessar o mar até ela.
A Bruxa Negra se levantou.
— É isso. Temos que tentar isso agora! Amo essa ideia!
— Podemos mesmo? Não tem floricultura por perto.
— Podemos simplesmente nos teleportar e pegar algumas. Vamos!
A Bruxa Negra e eu entramos na banheira da Paladina e seguramos as mãos uns dos outros, nos teleportando… para algum lugar. Não sabíamos para onde estávamos indo, mas isso não importava. Qualquer lugar com flores brancas desabrochando estava bom.
Medimos a base da montanha e seguimos o rastro do perfume das flores. Sob o céu noturno, flores amarelas e perfumadas se espalhavam pelo vale. Nas cristas da montanha, havia flores roxas, mas estávamos em busca apenas das brancas. O ar da noite nos fazia rir sem motivo algum.
Me sinto bem.
Não conseguia controlar o riso que borbulhava da minha garganta por causa de quão bêbado eu estava.
— Vocês estão cientes de que estamos voando no céu em uma banheira agora?
— Em vez de um tapete voador, temos uma banheira voadora. Os humanos vieram do mar, afinal…
— Você está louca…
— Estamos muito bêbados. Isso é um problema. Quando as pessoas da Torre virem isso…
Aterrisamos em um campo de flores. Ao olhar para baixo, tudo o que vimos foram flores brancas em plena floração. Assim que pousamos, a Bruxa Negra rapidamente saiu da banheira e tirou os sapatos. — Este lugar serve, Rei da Morte!
— Haha — riu a Paladina.
— Você ri como um bobo da corte, Paladina!
Ela sorriu, como se não pudesse evitar.
— Sim, eu sei.
Após um momento, ela levantou as mãos calejadas e depois as abaixou lentamente. A Paladina permaneceu inexpressiva enquanto seus dedos tocavam o ar.
━━━━♪.
Sons sedutores agitaram o ar da noite.
━━♪, ━━━♪.
Ela tocava o ar como se estivesse tocando um piano invisível. As pétalas das flores ao seu redor tremiam. Cada vez que seus longos dedos tocavam o ar, sua aura vibrava no céu noturno.
— Eu sabia! Você ainda não enferrujou! — a Bruxa Negra riu com entusiasmo.
— Fique quieta.
— Sério, sua namorada é muito possessiva.
— Por que você ainda está falando?
A melodia ficou mais intensa. O som do piano abafou a voz da Bruxa Negra. Nossa conversa diminuiu, e apenas a risada da Bruxa Negra ecoava sobre a melodia.
— Idiota! Faz tanto tempo que você não toca Libertango!
A Bruxa Negra pisou em uma flor branca com os pés descalços, tornando as pétalas negras ao entrar em contato com elas.
━━♪, ━━♪, ━━━━♪.
As mãos da Paladina agitaram o céu noturno. As unhas pequenas dos pés da Bruxa Negra arranharam as pétalas. As flores feridas liberaram tinta preta, uma aura colorida, como se estivessem sangrando. A dança da Bruxa Negra seguia a melodia da Paladina. Cada gesto da mão da Paladina guiava a Bruxa Negra para o próximo passo. Logo, suas pegadas negras pontilhavam o campo de flores brancas.
— Rei da Morte!
Eu estava rindo como um idiota.
— É tão bonito…
— Você é bobo!
— Eu gosto de branco…
— Ah, sua idiota, diminua o ritmo! — a Bruxa Negra gritou para a Paladina.
— Quieta.
Nosso riso, música e passos se fundiram. Às vezes, estavam conectados; outras vezes, não. Éramos como três crianças desenhando pontos do céu noturno em papel branco. A Paladina estava cantarolando.
— Amo nossa Torre! — a Bruxa Negra riu, intoxicada pela dança. — Queria que ela tivesse aparecido um pouco antes. Talvez meu pai ainda estivesse vivo se fosse assim…
— Eu também gosto da nossa Torre — disse.
— Não se atrase, Rei da Morte.
O aroma das flores negras era estonteante.
— Nunca se atrase.
— Certo.
— Podemos viver uma boa vida, né?
— Sim.
— Quero ser feliz para sempre…
— Eu também. Vamos ser amigos para sempre.
— Vamos!
— Tudo vai ficar bem.
A Bruxa Negra pegou minha mão.
— Vamos dançar, Gong-Ja.
Se a vida fosse um jogo, talvez nosso propósito fosse encontrar companheiros de brincadeira.
Giramos enquanto dançávamos. A terra branca que a Bruxa Negra pisava agora estava pintada de preto. As pétalas que eu esmagava sob meus pés ficavam vermelhas, muito vermelhas. Ondulações pretas e vermelhas eram deixadas no caminho por onde dançávamos, transformando o jardim de flores brancas em uma mistura de preto e vermelho.
━━━━♪.
A Paladina continuou tocando sua melodia e cantarolou em voz baixa:
— Lascia ch’io pianga mia cruda sorte, e che sospiri la libertà… E che sospiri la libertà…
A Torre decidiu não traduzir as letras da canção da Paladina. Elas simplesmente se fundiram com o ar da noite. Parecia que nós três estávamos sozinhos na calada da noite. Encantamos as flores brancas, e elas nos encantaram de volta até que desabamos na cama de flores.
Não foi até o amanhecer que acordei. A luz do sol era ofuscante. A Paladina estava deitada na banheira, suas brânquias tremulando, enquanto a Bruxa Negra dormia profundamente com o nariz enterrado no campo de flores. Esses eram os finais mais clássicos de bêbados completamente acabados.
— Ugh… — levantei, segurando minha cabeça dolorida. Sonia estava me observando.
Hein?
— Senhor Kekerukker.
Ela soava séria.
— O quê? Por quê…? Wow, parece que alguém está cutucando meu cérebro com um graveto. O vinho era tão ruim assim?
— Quero atuar na próxima peça eu mesma.
Olhei para Sonia. Um desejo sem nome espreitava em seus olhos azuis.
— Quero viver como você, não, como todos vocês.
Tradução: Rlc
Revisão: Pride
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