O Caçador Imortal de Classe SSS – Cap. 175 – Meu Filho é Muito Forte (2)

 

— Droga, filho…

Estendi a mão para minha Espada Sagrada. Não havia tempo para sacá-la, então bloqueei o punho do Porco Musculoso Uburka com a bainha. Nossas auras colidiram ferozmente.

Booooom!

— Oh? — Uburka murmurou. 

Aproveitei deliberadamente o impacto e coloquei distância entre mim e Uburka. O espaço me deu tempo para segurar minha espada corretamente e assumir uma postura para lidar com o porco musculoso adequadamente.

— Bom. Muito bom! — Uburka sorriu, sua alegria evidente. — Você é bem esguio, mas tem músculos bastante densos. Você adicionou o peso da sua alma ao seu peso físico?

— Eu só cultivo músculos funcionais, seu desgraçado rude!

— Ugor? Músculos funcionais? O que são esses?

— São músculos mágicos que te mantêm esguio, mas têm o potencial de aumentar infinitamente sua força física! Músculos funcionais são a qualidade essencial de um mestre em artes marciais! Músculos que se exibem não são nada além de um símbolo de um amador!

— Kekerukker, você tem uma lábia danada… — murmurou Uburka.

Ele parecia perplexo, tanto que sua respiração desacelerou por um momento. O cérebro das pessoas tende a congelar quando confrontado com muita besteira, e Uburka não era imune a esse efeito. Aproveitando esse momento de confusão, investi contra ele.

— Hmm?

Os olhos vermelhos de Uburka se arregalaram. Ele era muito maior que um Terra médio, o que significava que era mais fácil de acertar. Envolvi a bainha com aura e a brandi como um taco.

— Sinto muito, criança! Serei gentil!

Uburka sorriu. 

— Ugor.

Ele olhou para mim enquanto eu avançava em direção ao seu peito. Sem dizer uma palavra, ele simplesmente me observou indo para seu torso com minha espada embainhada. Não houve tentativa de se esquivar ou usar os braços para bloquear.

Claaaaaang!

Um som impossível ecoou. Não era um thump ou um corte, mas um clangor. Minhas mãos ficaram dormentes, como se eu tivesse acertado um pedaço de metal.

— Você tem um Corpo Indestrutível?

— Meu corpo é feito de músculos — riu Uburka, mostrando suas presas. — Nasci com albinismo. Quando era exposto à luz do sol, minha pele ardia. Minha visão também era ruim, então tinha dificuldade para viver. Era impossível para mim aplicar lama sob o sol quente e escaldante. Não poder desfrutar de aspectos comuns da vida me trouxe uma agonia sem fim, até que um dia tive uma revelação!

Uburka abriu os braços. 

— Se eu me cobrir com aura, então meus problemas simplesmente desaparecem!

Puta…

— A partir daquele dia, me dediquei ao treinamento de aura. Primeiro, pratiquei cobrir minha pele com aura, mesmo que fosse por apenas um segundo! Eventualmente, consegui manter por dois segundos, depois três. Consegui manter minha aura por um minuto, que rapidamente virou três. Quando consegui usar minha aura por mais de uma hora, foi quando me tornei adulto. Quando consegui por mais de um dia, me tornei o presidente do conselho. Para mim, uma deficiência inata foi apenas um pequeno obstáculo!

O hobgoblin assumiu a postura de um fisiculturista, seus bíceps saltando. Se eu tivesse comido comida gordurosa, teria engasgado. Assistir a essa exibição estranha fez meu cérebro doer.

— Até treinei meus ossos para que minha aura pudesse penetrar nos meus músculos! Quando meus músculos são rasgados, minha aura ajuda a regenerá-los. Os músculos regenerados absorvem a aura muito mais facilmente. Ao rasgar e regenerar meus músculos repetidamente, ganhei os músculos supremos!

Os peitorais esquerdo e direito de Uburka saltaram um após o outro. Incrível. Minha mente estava sofrendo golpes significativos mesmo que ele não estivesse me atacando fisicamente. Esse hobgoblin provavelmente estava no mesmo nível de um artista marcial de Nível Absoluto.

— Agora, posso controlar cada músculo à vontade, do mais fino ao mais grosso! Músculos e aura! Aura e músculos! Este é o caminho muscular que eu criei!

Ele conseguiu fazer uma besteira soar tão sofisticada.

— Não sei por quê, mas ninguém consegue fazer isso exceto eu. Pobres coitados! É simples se você pensar nisso como remontar todo o seu corpo da cabeça aos pés quando usa sua aura.

— Hã? Ei, espera um minuto… Isso não é mais como uma metamorfose…

O primeiro Terra a receber o título de Porco Musculoso Metamorfoseado gritou: 

— Você, que pode ser meu pai! É mais forte do que eu pensava! Muito bom! Faz tempo que não encontro alguém que eu possa acertar sem me conter. Não use apenas sua bainha. Ataque com tudo o que você tem!

— Wow, eu realmente não sou a pessoa certa para te criticar, mas, sério, combate é a única coisa em que você pensa…?

— Mente é corpo! Vontade é força! Conhecimento é carne!

Os músculos que se moviam como magma borbulhante estavam ficando maiores. Era como se eu estivesse vendo a boca de um vulcão prestes a entrar em erupção. Eles continuavam crescendo cada vez mais.

— Q-quê? Criança…? — perguntei.

Eventualmente, Uburka se tornou enorme. Sem exagero, ele era tão grande quanto uma colina. Eu era apenas um ponto insignificante em sua sombra.

— Você não ficou grande demais…?

Ele não ficou realmente maior fisicamente. Era sua aura que se transformava e o fazia parecer o piloto de um mecha gigante. Em outras palavras, o “mecha” era feito inteiramente de aura!

— Phew… 

Uburka deu um passo simples, mas a terra vibrou em resposta.

Eu me sentia como a Polegarzinha, porque tinha que olhar para cima para ver Uburka. 

— Você é formidável. Pode voltar a ser menor? Papai está ficando um pouco assustado…

— Este é o meu verdadeiro eu! — rugiu Uburka. — Dos meus nós dos dedos aos meus punhos, tudo se move de acordo com a minha vontade! Você, que se autodenomina Leão Branco, meu punho irá perfurar seu coração!

— Ei, ei! Eu disse que sou seu pai! Mais ou menos! Isso é imoral!

— Bom. Se eu tiver que me tornar imoral para conquistar a vitória, então farei isso com prazer! — gritou Uburka confiante.

Um punho do tamanho de uma casa caiu em direção à minha cabeça, lançando uma sombra ao meu redor.

Artes da Aura do Caralho Estilo Gigante.

Forma Zero:

Punho Esmagador.

O nome não poderia ser pior que isso!

— Qual é desse nome? — resmunguei.

— O valor de um estilo de arte marcial não é comprovado pelo seu nome, mas pelo seu poder!

Ele certamente tinha razão. Ao custo de um nome legal, Uburka ganhou uma quantidade muito alta de poder destrutivo.

O chão foi rachado com um único golpe. O segundo ataque triturou a terra em poeira fina. No terceiro golpe, o alicerce foi revelado, mas Uburka continuou a bater seus punhos no chão sem parar, eventualmente quebrando até mesmo o alicerce. Como a aura aquecida triturava o solo, muito dele derreteu em lama, que espirrou no meu rosto, me fazendo parecer um rato que colocou a cabeça para fora de um esgoto em um dia chuvoso.

— Quente, quente, quente! — gritei enquanto desviava das ondas de ataques de Uburka. — Seu desgraçado selvagem! O mundo inteiro vai lamentar sobre sua selvageria. Ah, eu realmente não criei vocês assim!

— Pare com a besteira, Zumbi. Não acho que você possa pegar leve com eles porque foi você quem os criou — comentou o Guardião enquanto eu estava ocupado desviando dos ataques que vinham de todas as direções com um sapateado omnidirecional. — Como ele disse, lute com tudo o que você tem. Mesmo no gangho, pais e filhos se separam e lutam entre si ocasionalmente. Há também uma seita de malucos que faz do parricídio sua tradição. 

Desembainhei minha espada. 

— Droga! Não reconheço mais vocês!

— Eu sou assim há muito tempo!

— Você realmente acha que deveria estar orgulhoso disso?!

Eu conjurei minha aura. O que imaginei em minha mente foram fogos e uma certa câmara de tortura subterrânea em uma mansão.

Uma criança acorrentada estende a mão. Sua mão é o fogo ondulante.

O rancor daquela morte prematura e o fogo aqueceram meu coração em um instante. Essas emoções se tornariam borradas se deixadas ao tempo, mas eu materializei a cena do andar subterrâneo da mansão, expressando através da minha aura.

Minha sombra é a sombra do porão. Meu fogo é a mão da criança.

Não me enterrei nas emoções nem me deixei levar pela cena. O fogo não era de se importar com pessoas e suas vidas, seu único desejo era se tornar grande o suficiente para engolir o mundo inteiro. Assim, a ponta da minha espada se tornou o dedo de alguém, e minha espada se transformou em nosso grito compartilhado.

Novas Artes do Céu Demoníaco.

Primeira Forma:

Chama Ardente.

Queime.

—Hahahaha! Entendi!

Minha aura se moveu pela sombra como uma cobra, amarrando o pulso gigante manifestado pela aura do meu oponente. Mas meu fogo e sombra eram mais duros, mais quentes e mais fortes.

— Estou certo disso agora!

Depois que cortei o pulso esquerdo gigante, Uburka balançou o braço direito para me afastar. Ele estava tentando ganhar distância entre nós? Provavelmente precisava de um tempo para reorganizar sua postura.

Eu me aproximei e me abaixei para evitar o soco que vinha. No momento em que o punho direito gigante balançou no ar, capturei-o com meu fogo e sombra. Um, dois, três dúzias de fios de aura seguraram o braço do gigante, que pegou fogo.

— Não há dúvida disso! Você é Kekerukker!

Uburka tentou restaurar o braço gigante. Acho que ele ainda tinha aura suficiente. Nesse caso, tudo o que eu tinha que fazer era cortar os membros do gigante mais rápido do que Uburka conseguia restaurá-los com sua aura.

— Você desceu a esta terra pelo bem da minha espécie após seiscentos anos de dormência?

Cortei o pé esquerdo do gigante antes que o braço esquerdo brotasse de volta, o pé direito antes que o pé esquerdo crescesse de volta, e mais uma vez o braço esquerdo pouco antes de o direito se regenerar. Lentamente, mas com certeza, eu estava derrubando o gigante.

— Você é nada menos que suas lendas! Não, permita-me corrigir! As lendas não fizeram justiça a você!

Continuei cortando o gigante.

— Incrível! Ugor! Você é tão incrível! Em vez de se fortalecer, você escolheu carregar os legados dos outros consigo!

Enterrei o gigante na sepultura ardente que ele mesmo cavou antes ao tentar me acertar.

— Eu não sabia que a aura, o fogo da alma de alguém, poderia ser usada dessa maneira!

Como uma folha de papel, o gigante estava sendo devorado pelo fogo, ficando cada vez menor. Como a aura do gigante também era vermelha, parecia que um inferno estava consumindo uma pequena chama.

Um pensamento de repente passou pela minha mente. É realmente necessário separar os dois?  Uburka se tornou forte o suficiente para estender seus braços e pernas usando aura. A aura expande a si mesmo. Quanto a mim, copiei os gritos de alguém e os trouxe para este mundo.

Minha aura vermelha continuou queimando.

Há alguma razão para que ambos não possam ser feitos ao mesmo tempo?

Uma faísca estalou no meu cérebro.

Estou tentando copiar as Artes do Céu Demoníaco da Mestra e aplicá-las às minhas. Mas há realmente a necessidade de eu gritar sozinho? Posso carregar todo o carma e extrair todo o ressentimento por conta própria. Mas devo realmente fazer isso?

Continuei considerando os princípios da utilização de aura.

Não.

Finalmente, encontrei a solução.

Qualquer um pode se tornar fogo.

Eu disse: 

— Uburka, faça algo por mim.

— Ugor? 

Devo contar a ele como é a mansão subterrânea? Não.

— Pense em Slimepólis, a cidade subterrânea escura. — Eu disse a ele.

Ele precisava de algo com o qual estivesse familiarizado.

— Há seiscentos anos, vocês viviam em poços cavados no chão. Cerca de treze Terras se amontoavam em um poço todos os dias. Entre eles, havia alguns Terras jovens. Essas crianças nunca tinham visto o sol, sentido a chuva em sua pele ou conseguido aplicar lama em sua pele à vontade.

Uburka, o guerreiro mais forte na história dos Terras, me observava enquanto eu o encurralava.

— Pense nessas crianças. Alguns peixes eram distribuídos para cada poço toda manhã e noite. Era tudo o que eles podiam comer. As mães grelhavam cuidadosamente os peixinhos, que tinham muito pouca carne. Você pode imaginar isso para mim?

— Posso.

— Os poços estreitos ficavam cheios de fumaça. As mães gorgolejavam e as crianças tossiam. Mas elas não podiam sair daquele lugar. Os guardas Cascomontes tinham seus tentáculos eriçados enquanto os observavam. Você pode pensar na fumaça nos poços apertados e na tosse dos pais frágeis e de seus filhos?

— Posso.

Desviei o punho do gigante com minha espada. 

— Um Terra jovem alcançou um peixe que ainda não estava totalmente cozido. A mãe afastou a mão de seu filho com um tapa, até mesmo segurando seu pulso para detê-lo. Na verdade, a possibilidade de levar um tapa sempre estava lá, mas essas crianças continuavam alcançando os peixes não cozidos sempre que tinham a chance, porque estavam com fome. Se suas mães as parassem, elas reclamariam ou até chorariam.

— Hmm.

— No final, os pais não tinham escolha a não ser dar o peixe aos filhos assim que estivessem ligeiramente cozidos. As crianças os comiam antes de olhar para os peixes na grelha, pedindo silenciosamente por mais.

Golpeei o pulso do gigante com o cabo da minha espada, deixando Uburka vulnerável. Usei essa abertura a meu favor e brandi minha espada novamente. O gigante estava ficando menor.

— Pense nos olhares e nas mãos das crianças. Imagine como a mãe olhou para seu filho quando segurou sua mão para detê-lo. Imagine todos os caminhos de fumaça dos poços. Sei que você pode fazer isso.

— Ugor. 

— Capture-os em seu coração.

O gigante balançou seu punho. Eu desviei e até alterei a direção do soco.

— Imite. Grite.

O gigante virou.

— Sua espécie sabe como cantar suas tristezas usando fogo. Uma chama é apenas um fogo simples, mas você pode ler suas emoções observando o ângulo em que ela gira, sobe e reacende. A aura não é diferente. Você tem um símbolo para o céu. Vocês realizam o Fogo da Caverna nos funerais. Por que não seriam capazes de capturar o céu ou a tristeza com aura? Abrace-os em seu coração.

O gigante caiu sobre um joelho. Acertei sua canela para ajudá-lo a recuperar o equilíbrio, fazendo-o se levantar. O balanço do punho do gigante se transformou em um soco direto.

— Uive.

O fogo brilhou do punho do gigante, se dividindo em cinco direções diferentes. As cinco fitas flamejantes, cada uma parecendo a língua de uma cobra, também se dividiram em mais cinco fitas. Agora, havia vinte e cinco no total.

Uburka olhou para seu punho. Algumas chamas eram mais suaves, outras nem tanto. Nenhuma delas se assemelhava aos movimentos habituais de Uburka. Embora o ataque ainda estivesse em um nível rudimentar, certamente lembrava as Artes do Céu Demoníaco.

Assenti. 

— Nada mal. Como esperado do gênio mais talentoso de todos os tempos. É assim que se faz, minha criança.

Uburka disse: 

— Papai… Você é forte demais.