O Caçador Imortal de Classe SSS

O Caçador Imortal de Classe SSS – Cap. 132 – O Deserto (2)

 

Os alunos se reuniram no pátio da escola e apontaram para uma pessoa parada no telhado.

— Olhem lá! Olhem!

— O-o que devemos fazer? Devo chamar um dos professores?

— O que ele tá tentando fazer?

— Não sei. Acho que ele vai pular!

— Meu Deus…

— Que porra? Alguém chame um professor!

— Lá! Ele tá lá!

Todos os alunos pararam o que estavam fazendo e se reuniram para observar. Quer estivessem jogando futebol, passeando ou voltando para casa um pouco atrasados, todos agora tinham os olhos fixos na pessoa no telhado. Eles sentiam instintivamente que algo que não podiam lidar estava prestes a acontecer.

Diferentemente dos outros, Raviel escolheu agir em vez de apenas ficar parada.

— Isso não é bom! Gong-Ja! Ligue para o 1191Número dos bombeiros na Coréia do Sul.. Dê o nome da escola e diga que um aluno está prestes a pular do telhado. Rápido! Vou subir lá e tentar persuadi-lo a não pular!

Raviel não enviou ninguém para chamar um professor e assumir a responsabilidade. Em vez disso, ela lidou rapidamente com a situação em mãos. Sem esperar pela minha resposta, ela correu apressadamente para o prédio principal da escola.

Enquanto a observava, senti meu corpo congelado começando a descongelar. Não tinha certeza do que estava acontecendo, mas não havia tempo para hesitar. Rapidamente disquei o número de emergência no meu celular. Um… Um…

Thud!

Logo antes de eu pressionar o número nove, algo caiu no pátio da escola. Inicialmente, pensei que o aluno havia pulado, mas o barulho não foi alto o suficiente para ser um humano. O aluno no telhado simplesmente jogou seu celular fora.

Com o dedo no número nove, olhei novamente para o telhado. Nossos olhos se encontraram. Era o aluno que eu tinha visto na sala de aula – aquele sentado silenciosamente estudando sozinho na última fileira, perto da janela. Pela primeira vez, consegui ver seu rosto claramente.

Seus olhos eram negros, e suas bochechas, pálidas. Os cantos de sua boca se ergueram em um sorriso de desdém. Seus lábios se moveram lentamente. Ele estava muito longe para eu ouvi-lo, mas consegui ler seus lábios o suficiente para entender o que ele dizia.

— Morra.

Seus dedos curtos, como garras, ao redor da grade do telhado se soltaram, e o vento… ele…

— ■■■■■■■■!

Os alunos gritaram, e o mundo explodiu em barulho.

— Por■!

Alguém gritava histericamente.

— ■■Aaaaa■■■aah!

Outro aluno tremia, cravando as unhas nas mangas de outra pessoa.

— Profe■!

— ■sor!

— ■gh.

— ■ louco!

Em apenas um segundo, o mundo virou de cabeça para baixo. A escola desapareceu. Seu pátio foi substituído por um deserto árido, e o prédio principal foi reduzido a nada mais que uma prisão feia. As salas de aula se transformaram em matadouros ou fazendas de criação com animais sempre famintos por comida.

Neste mundo onde as pessoas eram abatidas e criadas, os humanos estavam destinados a se tornarem apenas cadáveres vermelhos.

Com o aluno morto no chão, olhei atônito ao redor do campus. Os tijolos ficavam mais vermelhos a cada segundo. Com medo de que a cor chegasse aos seus pés, os alunos deram um passo para trás. Alguns pegaram seus celulares.

Click!

O som dos flashes disparando me fez aproximar dos alunos.

— Não tirem fotos. O que vocês acham que estão fazendo? Não tirem fotos! Parem!

Os alunos se encolheram em resposta, mas mais e mais se reuniam. Eles deixaram suas bolas de futebol no deserto, as flores de seus passeios, ou a estrada que levava às suas casas.

— Não tirem fotos!

Quando parei um aluno, outro pegou seu celular.

— Eu disse para pararem! Não tirem fotos, porra!

Emoções que eu não conseguia nomear subiram pela minha garganta e me fizeram sentir vontade de chorar. Logo percebi que eram raiva, desprezo e nojo.

No prédio principal da escola, do primeiro ao quinto andar, os alunos colocaram a cabeça para fora e olharam para baixo. Inúmeros olhos observavam a comoção.

— Parem!

O pôr do sol estava vermelho.

— Maldição. Não tirem fotos! Parem de uma vez!

As pessoas nas janelas pareciam inexpressivas. A Bruxa Negra olhava do primeiro andar. O Inquisidor espiava do terceiro andar. A Paladina, a Condessa e os seguidores do Culto do Demônio Celestial estavam no pátio da escola, enquanto as crianças da Mansão Infernal me cercavam.

Click! Click.

Eles moviam os dedos e tiravam fotos.

“Vocês são os que me mataram. Não esqueçam que vocês fizeram isso comigo.”

Olhei para o telhado, encontrando Raviel olhando para mim.

Você o matou, Gong-Ja.

O mundo desmoronou. Quando o aluno caiu, ele encharcou o chão, o céu e as pessoas de vermelho.

Tudo o que eu via era vermelho.

— Como vocês já sabem, uma tragédia aconteceu em nossa escola — disse o Diretor Espada do Luar, no auditório. — Mas eu acredito nos meus alunos das Escolas Shinseo de Ensino Fundamental e Médio…

Vermelho. 

— Você viu a mensagem que ele enviou? Não é loucura?

Alunos que pareciam a Condessa e a Paladina sussurravam entre si na sala de aula.

— Sim. Agora que penso nisso, ele sempre foi um pouco estranho.

Vermelho novamente.

Meu pai bebia uísque em casa. Ele parecia e ria como o Guardião. 

— Ouvi dizer que muitas pessoas estão fazendo alarde sobre o que aconteceu, mas não dê atenção a elas. Eles não têm coragem de dizer isso na sua cara, então estão apenas te incomodando na internet. Deus, esses caras deveriam ter todos os dedos cortados.

— Sim, cara. Na vida, às vezes você acaba machucando pessoas ou pior. Por que ele iria se matar por causa de algo assim? Que exibido. Chame os Quatro Reis Celestiais! Vamos jogar um jogo juntos! — disse meu irmão, o Imperador das Chamas, alegremente, passando um braço pelo meu ombro.

Vermelho novamente.

— Sim, também estou muito triste. É muito trágico — disse o Professor Titular Viper, do púlpito. — Este é um momento crucial para vocês. Quando se tornarem veteranos, o tempo voará, então precisam praticamente decidir sua universidade no segundo ano. Pensem no que é importante e mantenham a cabeça erguida.

— Sim, Professor — responderam os alunos em uníssono.

Apenas a Presidente da Classe Bruxa Negra abaixou a cabeça em silêncio. Uma flor branca foi colocada na carteira do aluno. Um dia, dois dias, três dias se passaram… Em menos de uma semana, a carteira desapareceu. Não consegui dizer quem a removeu. Nenhum aluno perguntou também. Nenhuma carteira nova foi trazida para a janela na última fileira.

O vento soprou, balançando a cortina. Não havia mais ninguém para ser escondido pela cortina.

[Repetindo a penalidade de trauma.]

[A intensidade da penalidade é nível alto.]

[O tema da penalidade é o Reino Tiryagyoni.]   

Ding, ding, ding, ding.

Um ruído eletrônico sombrio soou, disfarçado de melodia. Ele imitava o da realidade. Para esconder desesperadamente o fato de ser uma imitação, soava mais animado.

— Este é um anúncio do clube de transmissão para todos os alunos no campus.

No entanto, uma imitação nunca poderia tomar o lugar do original.

— Por favor, retornem para casa se não estiverem participando da sessão de estudo noturno. Recentemente, houve vários relatos de alunos permanecendo no campus mesmo após o horário escolar. Novamente, aqueles que não se inscreveram para a sessão de estudo noturno devem voltar para casa.

— Sunbae, acorda! Eles estão nos mandando ir para casa!

Sentindo náuseas, abri os olhos.

— Ah, você já está acordado. — O Inquisidor sorriu. — Mas dormir de bruços na sua mesa é ruim para a saúde, especialmente para as costas. Mais do que tudo, você não consegue ter uma boa noite de sono assim. A temporada de provas intermediárias está chegando em breve…

Em vez de esperar o Inquisidor terminar, me levantei e saí correndo da biblioteca. Pude ouvi-lo gritando atrás de mim.

— Ah, sunbae! Nada de correr nos corredores!

Cerrei os dentes enquanto corria.

Agora entendi.

Esse era definitivamente o trauma do Assassino de Constelações, Lefanta Aegim. Era apenas que minhas memórias haviam sido sobrepostas ao pesadelo dele, como um véu.

Eu estava no mesmo mundo que tinha sido um pesadelo para ele viver, cercado pelas mesmas pessoas que o mataram. No entanto, as aparências das pessoas eram baseadas nos meus conhecidos, não nos do Assassino de Constelações. Era por isso que a Bruxa Negra, a Paladina e a Condessa eram alunos, e a Mestra e o Guardião eram meus pais.

Eu podia sentir o gosto de sangue na boca, havia mordido o interior da bochecha com força demais.

Eu sou o perpetrador. O papel que me foi dado é a principal razão por trás do trauma.

Eu já tinha testemunhado muitos traumas até agora, mas cada vez eu era apenas um observador. Talvez porque a penalidade ficou mais forte à medida que minha Classe de Caçador aumentava, eu agora fazia parte do trauma. Não era só eu, mas todos que eu conhecia estavam aqui… exceto uma pessoa.

Merda!

Cheguei às escadas, encontrando slogans absurdos pendurados nas paredes.

— Atitude Mental Positiva♪

— Divirta-se na Vida♪

— Mantenha seu Coração Feliz♪

Parem com essa besteira. Nem é engraçado.

Olhei para as escadas que levavam ao telhado, encontrando a única pessoa neste mundo que eu não reconhecia.

Assassino de Constelações…

Ele era pequeno, quase como uma criança. Segurando a porta de metal que estava bem trancada, o aluno puxava a maçaneta para frente e para trás.

Clink, clank!

As correntes ao redor da porta eram tão fortes que pareciam difíceis de quebrar.

Phew… A chave… 

O aluno suspirou e se virou. Nossos olhos se encontraram. Ele pausou brevemente e então se curvou educadamente.

Por que não percebi antes?

Eu deveria ter percebido que algo estava errado quando notei que aquele garoto era meu colega de classe. Era óbvio. Quem se curvaria para outro colega de classe? Algo estava seriamente errado.

Após estudar meu rosto por um momento, o aluno caminhou silenciosamente. Eu o parei quando ele estava prestes a passar por mim. 

— Espera.

— Sim? — O aluno não olhou diretamente para mim, mas cautelosamente para o lado. Parecia que ele estava acostumado com isso.

Senti um nó na garganta. 

— Por favor, me dê seu celular por um momento.

Meu pedido foi recebido com silêncio, então repeti: 

— Por favor.

O aluno entregou obedientemente seu celular. Houve um breve silêncio antes que ele o fizesse, mas não foi por resistência ao meu pedido. Seu silêncio era uma pergunta – por que eu estava fazendo um pedido tão respeitosamente?

Abri o celular. Não havia nem senha.

Mensagens não lidas: 47

Abri e li as mensagens uma por uma.

“Sinto muito pelos juniores da minha escola T.T Por quê? Porque eles precisam te chamar de sunbae. Você já pensou em como eles se sentem? Como você dorme à noite?”

“Ei, por que você não está respondendo minhas mensagens?”

“Notícia chocante! Há um aluno que não lava seu uniforme escolar!”

“■■… Você é realmente sujo. Como você pode ser mais sujo que o professor de matemática? KKKKK. Não achei que isso fosse possível.”

“KKKKKKK. Você realmente gostou quando te cumprimentei no corredor ontem. Ei! Só fiz isso porque perdi no pedra-papel-tesoura! Não se iluda. T.T”

“■■ mora em um lixão. Todos os uniformes escolares e sapatos internos dele são reciclados. Há apenas um pedaço de lixo que não pode ser reciclado, e esse é ■■.”

“Você cheira muito mal. Sério, você é muuuuito nojento.”

“Te vejo depois da aula.”

Incapaz de continuar lendo, fechei o celular e os olhos. Então tentei acalmar minha respiração, mas era difícil. Eu não tinha minha adaga ou o lenço de Raviel.

— Por quê… — olhei para o eu passado do Assassino de Constelações. — Por que você traz seu celular para a escola? Pare de trazer.

— Você disse que me mataria se eu não trouxesse. — Ele respondeu.

Senti um arrepio descer pela espinha. A tontura me dominou.

— Então jogue fora. Jogue o mais longe que puder. Se você dizer que perdeu, ninguém pode fazer nada sobre isso.

Silenciosamente, o garoto disse: 

— Você me deu este celular, senhor Kim. É o que você usava há muito tempo…

Fiquei sem palavras.

— Minha família não tem dinheiro, então você também está pagando a conta. Em troca, eu tenho que vir até você no momento em que me chamar. Foi por isso que você me deu o celular. Você disse que me mataria se eu o perdesse novamente…

O prédio da escola agora era uma afronta aos meus olhos. Amizade e amor não eram reais. Nada importava, embora parecesse importar.

— Posso realmente jogar fora?

Nesta prisão guardada por pessoas mascaradas que fingiam ser especiais, apenas a malícia não estava coberta por uma máscara.

 


 

Tradução: Rlc

Revisão: Pride

 

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