As sombras estavam por toda parte, seus mantos pretos esvoaçando ao vento. Mesmo quando notaram o exército de fantasmas à distância, não ficaram nem um pouco surpresos, pois já haviam vivido e morrido em um mundo dominado por jiangshi. Fantasmas não podiam assustá-los.
— Você está muito elegante hoje, Senhor Jovem Céu — disse o Rei Demônio do Fogo Fantasma em um tom tranquilo. Ele era um dos Quatro Reis Demônios do Culto do Demônio Celestial e também havia lutado contra o abade do Templo Shaolin na última Grande Guerra do Bem e do Mal. — Você até passou pó no rosto. Parece que está prestes a se casar.
Assenti.
— Estou me casando.
— Perdão?
Todas as cabeças dos cultistas se viraram em uníssono. Eles eram os artistas marciais do murim com a força de seu auge, o que parecia ter amplificado sua audição através de seu qi.
— Estou me casando hoje — informei calmamente.
Um silêncio caiu sobre a área. Os cultistas se entreolharam e depois olharam para mim. Eles me observaram atentamente para determinar se eu estava falando sério ou não. Dei a eles uma resposta decisiva simplesmente assentindo.
— S-Senhor Jovem Céu — gaguejou o Rei Demônio do Fogo Fantasma. — O Senhor Jovem Céu está se casando!
Os cultistas perderam o controle.
— Nosso Senhor Jovem Céu está se casando!
— O supremo governante Demônio Celestial está se casando!
— Não é nem um noivado! É um casamento!
Os cultistas enlouqueceram, esquecendo-se do exército de fantasmas que se aproximava. Eles gritavam e exclamavam, meu casamento parecia algo que precisavam anunciar urgentemente ao mundo.
— Quem é sua noiva?!
— Lá — apontei educadamente com as duas mãos. — Aquela ali com cabelos prateados é minha futura esposa.
Lá, Raviel estava confortando os convidados angustiados. Seu perfil era tão calmo e digno como sempre. Quando os cultistas a viram, seus queixos caíram ao chão.
— Ela é linda…
— S-sim, ela é bonita.
— Nosso Jovem Céu certamente mirou alto.
— Jovem Céu, quanto qi sua esposa acumulou?
Como esperado dos artistas marciais do murim, a primeira coisa que os interessava era sua habilidade marcial.
— Mmm, minha esposa não sabe usar artes marciais.
Os cultistas me olharam boquiabertos. Sussurros descontentes, tingidos de desafio, logo se espalharam pelo local, eles não conseguiam aceitar esse casamento.
— Ainda assim, ela deveria ser a esposa do Jovem Demônio Celestial…
— Não é um pouco problemático se ela não sabe usar artes marciais?
— Autoridade vem do poder…
— Nós, os Demônios de Sangue, não podemos reconhecer esse casamento!
— Esqueci de mencionar. Minha esposa é uma duquesa, a segunda pessoa mais poderosa neste império depois do imperador — acrescentei.
Os cultistas começaram a conversar novamente.
— Isso é outra história…
— Não é como se ela precisasse aprender artes marciais. Não é mesmo?
— Sim, poder não é apenas sobre força física…
— Parabéns pelo seu casamento, Senhor Jovem Céu!
De muitas maneiras, eles eram inocentes.
Nem todas as sombras eram cultistas – Preta, por exemplo. A criança já foi chamada de Rei Demônio da Chuva de Outono e temida por todo o mundo, mas estava abrindo e fechando a boca sem expressão desde que soube que eu ia me casar.
— M-Mestre, você está se casando?
— Sim, estou. Aconteceu — respondi.
— Impossível. Você é um excêntrico de nível mundial – Ah, não, desculpe. Não há ninguém neste universo que possa igualar sua singularidade, mas alguém realmente quer se casar com você?
Preta, você… Você tem me chamado de Mestre todo esse tempo, mas me considera um excêntrico…
Suspirei. Sentia mais um arranhão em meu coração.
— Acontece que sim. Podemos conversar sobre isso na recepção, então foque na batalha agora.
— Uh, ah. Sim. Entendido, Mestre. Que tipo de inimigos estamos enfrentando…?
— Apóstolos vieram de outros mundos para conquistar este — disse. — Eles também estão tentando arruinar meu casamento.
Assim que terminei de falar, o ar ao redor dos cultistas ficou tenso. O Rei Demônio de Sangue, o capitão da Unidade de Demônios de Sangue, passou a mão pelo cabo de sua espada. Por outro lado, o Rei Demônio do Fogo Fantasma, o capitão da Unidade Réquiem, sorriu.
— Interrompendo o casamento do Jovem Céu do Culto do Demônio Celestial… — O Rei Demônio do Luar, que liderava a Unidade das Sombras Mortas, jogou o cabelo para trás.
O Demônio da Espada, o capitão da Unidade de Execução, esticou o pescoço.
— Nossa, então são idiotas.
Por fim, Preta sacou a espada que me levou à morte centenas de vezes, a espada demoníaca que liberava feixes de laser vermelho escuro.
— Entendo. Pensei que eu e os outros tínhamos recuperado nossa força original porque você teve outro despertar… mas é por causa da bênção de uma Constelação. Estou supondo que eles são lacaios da Constelação. — Os olhos de Preta estavam no exército de fantasmas no céu.
— Isso mesmo.
— Posso perguntar de qual Constelação eles estão se aproveitando?
— Mahos. Ouvi dizer que seu título é o Cavalo de Guerra das Planícies Eternas.
Os cantos da boca de Preta se torceram.
— São idiotas que não sabem nada além de lutar.
Aquele sorriso carregava a arrogância de antes de ela cair para mim.
Os inimigos eram dez mil, mas éramos apenas cerca de mil. No entanto, os cultistas conversavam enquanto se preparavam para a batalha. Preta levantou lentamente sua espada. Tínhamos a vantagem. Ninguém do nosso lado pensava que estávamos em desvantagem – nenhum de nós.
— Mestre, ordene-me. O que você quer que eu faça?
— Acabem com eles.
— Como desejar.
Preta brandiu sua espada demoníaca e o pôr do sol vermelho sangue foi dividido por um feixe de laser ainda mais vermelho que sangue.
Palavras não ousariam descrever o poder do feixe de laser e o temor que inspirava.
Os fantasmas pegos no feixe de laser vermelho gritaram e desapareceram. Ele quase atingiu o general que liderava o exército de fantasmas.
— O que é isso…? Isso não faz sentido. Uma Constelação…? Como ele pode comandar uma Constelação quando nem é uma…? — O general me encarou em choque.
— Acabem com eles!
Os cultistas soltaram rugidos selvagens.
— São só uns insetos! Nem precisamos recitar nossa oração!
— Que idiotas estão interferindo no casamento do nosso Jovem Demônio Celestial!?
— Nossos presentes de casamento para o Jovem Céu serão as cabeças que tomarmos! Todos entenderam? Vou matar qualquer idiota que trouxer menos de cinco cabeças hoje!
— Hahaha! Ouviu isso, Unidade de Execução? Vocês todos deveriam trazer pelo menos dez cabeças!
— Esse é o problema com os ignorantes…
Alguns estavam irritados, outros rugiam, e alguns estalavam a língua em desaprovação. O exército de fantasmas ainda estava longe, mas a distância era insignificante para eles. Cerca de mil sombras realizaram a arte da leveza ao mesmo tempo.
— Hã?! Parem eles! — gritou o general, em pânico.
O exército de fantasmas também era composto por elites. Eles levantaram seus escudos e formaram uma falange impecável. As linhas de lanças eram tão densas que pareciam um ouriço.
— Idiotas. — O Fantasma da Chuva de Outono zombou. — O lixo está se tornando mais fácil de ser varrido.
O feixe de laser vermelho rasgou o céu novamente.
A formação apertada do exército de fantasmas os tornava facilmente varridos, deixando um buraco enorme que os soldados sobreviventes tentaram preencher às pressas. No entanto, os cultistas eram lutadores altamente experientes. Eles nunca perderiam uma oportunidade como essa.
— Kyahahaha!
— Mordam suas cabeças!
Os cultistas avançaram como animais. A legião de sombras e o exército de fantasmas colidiram.
Com seu qi liberado, os cultistas massacraram os fantasmas. Diferente da última batalha da Grande Guerra do Bem e do Mal, os cultistas não se incomodaram em recitar a oração de Whish.
Ninguém disse por quê, mas eu podia imaginar que era porque isso não era uma grande batalha para eles, nem mesmo uma luta. Era uma simples caçada. Os cultistas abatiam o exército de fantasmas como meras feras.
O exército de fantasmas não tinha força para superar a arrogância das sombras. Quando os cultistas brandiam suas espadas, a formação do exército se rompia. Quando os escudos e lanças dos fantasmas também eram quebrados, os seguidores apunhalavam as brechas e derrubavam os fantasmas com as pontas de suas próprias lanças quebradas.
Era um massacre.
— Reagrupem-se por esquadrões! — gritou o general, acenando sua bandeira. — Não entrem em pânico, guerreiros! Não há necessidade! Sigam seu decurião…
Alguém aterrissou agilmente na ponta do mastro da bandeira do general.
— Ei, aí.
Era o Rei Demônio da Espada, o mais boca-suja dos Quatro Reis Demônios. Ele estava de costas para o pôr do sol, escondendo seu rosto nas sombras.
— Então, a notícia é que você é o motivo pelo qual meu Jovem Céu não pode se casar.
— Você…
— Seu filho da puta, morra logo.
Sua espada brilhou. Um, dois, três. As trajetórias dos três golpes se entrelaçaram como uma teia de aranha. Um golpe cortou o braço direito do general, o próximo cortou seu peito, e o terceiro ataque rasgou a bandeira.
O apóstolo do Deus da Guerra vomitou sangue. Até isso foi rápido – logo após, o Rei Demônio da Espada desferiu seu golpe final no pescoço do general. O grito do general voou junto com sua cabeça.
— Peguei. — O Demônio da Espada pulou do mastro da bandeira e agarrou a cabeça do general no ar. — Não, não. Não posso perder algo tão precioso assim. Mano, vocês viram isso, seus pirralhos! Eu sou o Rei Demônio da Espada, o capitão da Unidade de Execução! Nós, da Unidade de Execução, somos os primeiros a garantir um presente de casamento para nosso Jovem Céu!
— Merda.
— De todas as pessoas aqui, por que aquele cabeça-dura foi o primeiro…?
Eu podia ouvir “Porra” de todos os lados. Os outros cultistas estavam chateados por perderem a chance de parecerem legais para o Rei Demônio da Espada. Havia uma espécie de competitividade estranha mesmo estando no mesmo culto?
[O apóstolo do Cavalo de Guerra das Planícies Eternas foi aniquilado.]
A cabeça do general então se dispersou em partículas de luz na mão do Demônio da Espada. O corpo sem cabeça do general e seus soldados fantasmas desmoronaram em pó momentos depois. Todos haviam sumido.
— Hã? Hã? — O Rei Demônio da Espada olhou para sua mão direita agora vazia, perplexo. Após um momento, ele me deu um olhar vazio. — Umm… Ummmm… O pensamento conta como um presente, Jovem Céu?
Eu ri.
— Vou contar como meio presente.
— La, la.
Foi então que os apóstolos do Pregador da Felicidade Imortal começaram a cantar.
— Lala.
As crianças seguravam as mãos e dançavam em círculo no céu. A cada passo que deixavam no céu do pôr do sol, outra melodia era adicionada.
— Nnngh!
— Urgh.
Os seguidores do culto franziram a testa. Alguns deles tentaram combater a canção invocando seu qi, mas falharam porque o buff de área acabou após a morte do apóstolo do Cavalo de Guerra das Planícies Eternas.
— Ah… — Preta deixou escapar um suspiro fraco de desespero. A água negra que a cobria escorreu rapidamente. Ela olhou para o Rei Demônio da Espada e estalou a língua. — Aquele idiota… Ele está do nosso lado, mas certamente não é útil. Desculpe, Mestre. A menos que eu esteja no meu auge, sou vulnerável a ataques psicológicos como este… Umm… a luta…
A razão pela qual o discurso de Preta estava se arrastando era que ela estava caindo no sono. Como ela, os cultistas que estavam exterminando o campo de batalha momentos antes desmoronaram um a um. O mesmo aconteceu com os convidados que seguiam Raviel. Os humanos estavam indefesos diante da canção de ninar cantada pelos apóstolos dos sonhos.
— Por favor, aguente um momento, senhor Rei da Morte. — O Inquisidor fez um selo com as mãos. — Vou criar uma barreira!
— Não, não faça isso — segurei a mão do Inquisidor.
O Inquisidor inclinou a cabeça.
— Senhor Rei da Morte? A menos que façamos algo a respeito, também seremos vítimas da canção dos apóstolos.
— Talvez sim. Mas se eu estiver certo, nós e Raviel estaremos bem.
— Hmm. — O Inquisidor sorriu e parou de criar o selo com as mãos. — Tudo bem. Tenho certeza de que você tem um bom motivo.
O pôr do sol atingiu seu ápice.
— La. La, la.
— La, lala. La.
O pôr do sol ardente brilhava sobre as crianças, sua sombra se estendendo até o horizonte. Ela continuava se movendo para mais longe antes de se aproximar novamente. Às vezes, também encolhia, apenas para crescer novamente.
“É um tipo de ataque psicológico. Quando você ouve essa canção, você é forçadamente enterrado em sua memória mais feliz.”
O local do casamento ficou silencioso. Os cultistas estavam sentados no chão e encostados nos ombros uns dos outros, cochilando. Alguns convidados estavam deitados, dormindo. Estava todo mundo imerso em sua própria felicidade?
Mas três pessoas ainda estavam de pé para falar em voz alta.
— Whoa. Você estava certo. — O Inquisidor olhou para mim e para Raviel e esfregou o queixo. — Como o senhor Rei da Morte disse, nós três estamos bem. Estou me sentindo um pouco sonolento, mas estou praticamente normal. Que maravilha você conseguiu dessa vez, senhor Rei da Morte?
O Inquisidor não era o único curioso sobre a situação atual. Os apóstolos dos sonhos pararam lentamente de dançar e inclinaram a cabeça para mim, confusos.
— Eles são humanos estranhos.
— Eles não dormem. Vocês não sonham?
— Vocês não têm memórias felizes?
— Não — balancei a cabeça e então olhei lentamente ao redor do local do casamento. — Não é assim.
Havia Preta, que dormia suavemente. Os cultistas estavam encostados uns nos outros, também profundamente adormecidos. Eu tinha a vida que absorvi, e a prova da vida da Mestra estava ao meu redor.
Eu tinha muitas razões para estar infeliz. Na verdade, inúmeras razões. Ninguém me culparia mesmo que eu dissesse que minha vida foi infeliz. Fui queimado até a morte, me suicidei milhares de vezes e testemunhei meus colegas se matando por suspeita. Houve momentos em que tive que desistir da minha vida dezenas de vezes para dar um passo à frente. Tive meu pescoço arrancado por um cadáver, e tive que deixar ir a pessoa que me disse que eu era bonito.
— Este é o meu momento mais feliz da minha vida.
A pessoa que eu amo está aqui. Uma razão para estar feliz importava mais para mim do que centenas de razões para não estar.
— Não sei se vocês sabem disso, mas hoje é meu casamento. Pode ter sido diferente em outro dia, mas é difícil encontrar alguém mais feliz do que eu hoje. Vocês escolheram a data errada para invadir este mundo — dei de ombros. — …Embora eu duvide que você já tenha estado infeliz na sua vida. Todo dia é feliz para você, senhor Inquisidor.
— Ah, entendo! Estou definitivamente sempre feliz! Realmente não posso enganar seus olhos, senhor Rei da Morte. Hahaha. — Então o Inquisidor sussurrou — Fórmula Divina: Teletransporte.
No momento seguinte, o Inquisidor e eu fomos teletransportados atrás dos apóstolos. Diferente dos outros apóstolos, os do Pregador da Felicidade Imortal não sabiam lutar. Os seres crianças não atacaram quando nos viram, apenas olharam para meu rosto.
— Você é um humano estranho.
Eu me preparei e balancei minha espada.
[Os apóstolos do Pregador da Felicidade Imortal foram aniquilados.]
Retornamos à terra usando a Fórmula Divina novamente após derrotar todos os seres alienígenas que invadiram este mundo. Na verdade, ainda não todos eles.
Ajustei meu aperto na Espada Sagrada e me virei para onde a apóstola com o enorme martelo estava, ainda ofegante. Quando nossos olhos se encontraram, ela se encolheu, apesar da distância.
— Vou te matar e te levar — disse lentamente. — Esta é sua última chance de lutar.
— M-m-me levar…?
— Você não precisa entender agora. Você descobrirá mais cedo ou mais tarde — apontei minha espada para a apóstola e a chamei pelo seu nome verdadeiro. — Venha, Sylvia Evanail.
Os ombros de Taça Dourada tremeram.
Tradução: Rlc
Revisão: Pride
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