NA MEDIDA DO POSSÍVEL, usei as ruas de trás. Mesmo assim, senti que o disfarce estava chamando a atenção, mas era tudo coisa da minha cabeça. De modo geral, as pessoas não se interessam tanto por outras pessoas — a menos que estejam vestidas como Orsted, eu acho, porque eu realmente estava recebendo alguns olhares. Isso era natural. Já havia passado algum tempo desde que Orsted instalou seus escritórios nos arredores desta cidade. Poucas pessoas o tinham visto, mas geralmente sabiam como ele era. Para elas, alguém usando este capacete preto e casaco branco só poderia ser Orsted. Dado que eu não tinha a maldição, talvez “ele” estivesse deixando uma boa impressão.
Nesse caso, talvez eu pudesse tentar a rua principal. Poderia fazer boas ações para melhorar a imagem de Orsted, como fiz com o Beco sem Saída. A rua principal também ficava mais perto da escola.
— Sim, vamos fazer isso. — Eram dois coelhos com uma cajadada só. Se a reputação de Orsted melhorasse, isso também me favoreceria. Ah, tive uma ideia! Eu poderia sugerir que fizéssemos um “Festival do Deus Dragão”. Todos se vestiriam com casacos brancos e capacetes e festejariam a noite toda.
Com esse pensamento fermentando em minha mente, dirigi-me para a rua principal.
— O quê?! — virei-me para me esconder em uma sombra. Uma ruiva que eu conhecia bem havia aparecido na rua principal. Ela estava conduzindo um grande cachorro branco com duas crianças montadas em suas costas. Eram Eris e Leo. Montados nas costas de Leo estavam Lara e Arus.
Leo, seu vira-lata desleal. Depois de se esquivar de um passeio comigo, agora você está com a Eris?
Bem, tudo bem. Comigo, era diferente. Eu estava fingindo ir passear por meus próprios motivos egoístas, mas Eris e Leo estavam patrulhando o perímetro, fazendo um passeio de verdade.
De qualquer forma, eu estava em uma enrascada. Não pensei que encontraria Eris aqui. Mas ei, esta era Eris — talvez pudéssemos ser cúmplices nisso.
Hmm. Como eu explicaria minha roupa, no entanto? Ela não sacaria a espada de repente para mim, não é? Além disso, eu tinha que considerar as crianças. Eu estava descaradamente fazendo algo errado — quebrando minha promessa a Sylphie. Eu deveria deixá-los me ver assim?
Absolutamente não.
Isso realmente não era bom. Eu estava disfarçado e tudo.
Talvez eu devesse ir para casa, afinal… Eu tinha chegado até aqui, mas por um momento fugaz, me perguntei se não seria melhor simplesmente ir para casa e esperar por Lucie.
Hmmmm. Ah, mas eu realmente queria ver a Lucie em seu grande dia. Era egoísta; eu sabia disso. Não era como o que Sylphie tinha dito. Eu não estava fazendo isso porque não confiava em Lucie. Não estava aqui para ajudar Lucie das sombras.
Juro por Deus que não vou interferir. Nem mesmo se Lucie parecer que vai chorar.
Quando ela estivesse em casa, eu saberia da história por ela. É aí que eu a ajudaria e lhe daria conselhos.
Entendeu, Rudeus? Essa é a linha. Se você a cruzar, quebra sua promessa a Sylphie.
Eu tinha inventado isso sem consultar Sylphie, mas contanto que eu me ativesse a isso, não estaria fazendo nada de errado. Claro, quando isso terminasse, eu me certificaria de falar com ela e pedir desculpas. “Eu estava tão desesperado para ver Lucie na aula que fui”, “Não consegui me conter”, eu diria.
Entendeu? Você consegue lidar com isso, certo? Você vai aceitar sua bronca, sim?
Com certeza vou!
Tudo bem! Bom menino, Rudeus!
— Au! Au!
Bah. Parecia que Leo tinha me notado. Seu nariz estava se contorcendo e apontado em minha direção.
— O que foi, garoto? O que aconteceu? — Eris ia me notar também. Não que fosse um grande problema se eles me encontrassem, mas explicar por que eu estava vestido assim levaria um tempo. Eu não queria ser atrasado, então teria que fazer um desvio.
— Você, se esgueirando aí atrás! Mostre-se agora! — O pensamento veio tarde demais. Eris já tinha me notado. Era isso que acontecia quando você se destacava…
Ok, e agora? Eu me mostrava ou não? E se eu me mostrasse, o que eu diria?
Mas espere, hm. Eles ainda estão longe. A essa distância, eu poderia manter meu disfarce.
Saí parcialmente das sombras. Eris estava com a mão na espada em seu quadril, e Leo abanava o rabo. Então, meus olhos encontraram os dos dois sentados montados em Leo — Lara e, sentado com os braços de Lara ao seu redor, Arus. Eles me olharam boquiabertos com olhos cheios de inocência.
— Orsted…? — Com um olhar duvidoso, Eris tirou a mão da espada, e eu me virei e fui embora. Casualmente. Tínhamos acabado de nos encontrar por acaso.
— Espere um minuto — veio a voz de Eris depois de um momento.
— Tch…! — O jogo acabou? Eris era uma Rei da Espada; ela seria capaz de dizer que eu não era Orsted de relance, não seria?
Assim que parei, Eris disse:
— Não, apenas minha imaginação. Vamos, Leo.
Ela se virou e começou a andar. Leo olhou para trás em minha direção, mas não me perseguiu.
Tudo de acordo com o plano.
Meus olhos encontraram os de Lara e Arus. Lara parecia sonhadora e Arus estava boquiaberto, eles estavam me observando. Imaginei que estivessem se despedindo de mim.
Cheguei à escola. Evitando o portão principal, escalei um muro para entrar e me dirigi para as salas de aula. Eu tinha frequentado as aulas por alguns anos, então sabia onde ficava a sala do primeiro ano. Parti em direção a ela, mantendo-me fora da vista dos alunos que estavam entre as aulas ou tendo suas aulas ao ar livre, sob o sol.
Cara, este lugar não mudou nada.
Tinham se passado apenas alguns anos, mas a passagem do tempo me atingiu com força. Eu não reconhecia a maioria dessas crianças. Vi mais elfos, homens-fera, anões e outros por aí do que quando eu era estudante. Havia também alguns demônios.
Roxy me disse durante o jantar uma noite que alunos com laços com os líderes dos elfos e dos anões estavam no conselho estudantil. Com as vozes e a posição dos não-humanos se tornando mais poderosas, o número de alunos de outras raças se matriculando de todo o mundo aumentou. A escola nunca tinha tido essa aparência enquanto Ariel era presidente do conselho estudantil. Apesar do aumento de seus números, as outras raças estavam se dando bem. Isso provavelmente era o legado de Norn como presidente do conselho estudantil — ela não tolerava discriminação interracial. Ela deixou sua marca na cultura do lugar. Alguns dos nobres das Nações Mágicas aparentemente torceram o nariz para isso, mas pessoalmente, eu estava orgulhoso.
Perdido em pensamentos, caminhei pelo corredor. Então, quando eu estava prestes a virar uma esquina…
— Hm?
— Ack.
Esbarrei na pessoa que acabara de virar a esquina. Ela tinha cinco alunos a reboque, ou melhor, cinco alunos agarrados a ela. “Agarrados” soava meio desagradável, mas a essência é que ela era popular. Dado que os alunos estavam segurando cadernos, presumivelmente eles estavam revisando algo da aula que não tinham entendido muito bem. Muito admirável. O que quer que eles quisessem saber, essa pessoa teria as respostas. Seus lábios só falavam a verdade. Quer dizer, ok, às vezes havia erros, mas esses erros também eram a verdade.
Vocês todos estão recebendo uma revelação divina. Apenas as palavras dela têm esse tipo de poder. Ouçam-me, ó alunos. Escutem fielmente, pensem cuidadosamente em seu significado e apliquem-nas em suas vidas. Ó alunos, neste momento vocês são verdadeiramente abençoados.
— Orsted…? — Finalmente ela falou, olhos sonolentos se estreitando em suspeita antes de se virarem para me olhar. Alguns segundos se passaram, e então aqueles olhos se arregalaram. — Não, Rudy? Rudy, é você, certo? Não é?
Não se podia esconder nada de Roxy. Seus olhos aguçados sempre conseguiam encontrar a verdade.
— Como… você soube? — Tive que perguntar. Eu era um tolo, e tinha que saber. Eu entendi, tudo bem? Roxy era brilhante. Às vezes, ela provavelmente simplesmente chegava à verdade sem precisar fazer uma jornada inteira para chegar lá.
— O único com coragem de fingir ser Orsted é você, Rudy.
Bem, ela não estava errada.
— O Senhor Orsted sabe disso?
— Hum, sim. Na verdade, foi sugestão dele.
— Sério…? Então suponho que deva haver uma boa razão, certo? — Roxy me encarou fixamente. Parecia que ela tinha me entendido mal da maneira certa.
Hmm. Eu ia enganar Roxy? Eu ia mentir para ela por um ataque momentâneo de egoísmo? Eu conseguiria viver com isso? Rudeus, como você pôde?
— Não, não é uma boa razão. — Eu nunca poderia mentir para Roxy. Bem, não. Eu poderia fazer isso para salvar uma vida, mas isso era diferente. Se eu mentisse aqui, o eu de vinte anos no futuro voltaria no tempo para atirar um Canhão de Pedra em mim. Ou eu perderia minha identidade enquanto me liquefazia em uma bolha.
— Então por que você está vestido assim?
— Eu, hum, eu queria ver a Lucie…
— Lucie? — Roxy repetiu após uma pausa. — Pensei que você tivesse prometido a Sylphie.
— Não estou tentando ajudá-la por trás dos panos ou ser um pai superprotetor. Eu só, hum, sabe, a Lucie nas aulas dela, eu queria vê-la… — murmurei. Roxy olhou para mim. Era um olhar de reprovação. Os alunos ao nosso redor não sabiam o que fazer desta situação entre adultos.
Me perdoe, me perdoe.
Finalmente, o olhar de Roxy se suavizou, e ela disse:
— Tudo bem. Se você tiver certeza de que vai apenas observar e não oferecer ajuda, vou fingir que não o vi. Diremos que Orsted veio inspecionar a universidade.
— Mestra…! — Eu ofeguei.
— Só desta vez, tudo bem?
— Claro. Quando eu chegar em casa, vou me desculpar com a Sylphie também.
— Muito bem.
Deus me perdoou. Eu estava em dívida com Roxy. A partir deste dia, eu me voltaria para Roxy e lhe prestaria a mais profunda reverência cinco vezes por dia.
— Agora, tenho que ajudar esses alunos com seus estudos antes da próxima aula, então… A propósito, Rudy, você sabe onde fica a sala de aula da Lucie?
— Sim, claro.
— Tudo bem, então. — Roxy apertou minha mão rapidamente e depois desceu o corredor. Os alunos a perseguiram, perguntando: “Quem era aquele?!”
Ela era um sucesso. Claro que era. Ela era minha professora.
— Certo — murmurei, me animando novamente. Parti pelo corredor.
Cheguei à sala de aula. Tentei espiar do corredor, mas depois pensei que era uma má ideia, então dei a volta por fora. Se os rumores se espalhassem de que Orsted estava espionando as salas de aula, isso poderia afetar a sorte da corporação. Pensando rápido, fiz uma tela de partição perto da janela da sala de aula para que ninguém ao meu redor pudesse me ver. Então, através da janela…
Espere. E se eu fosse apenas observar a aula e chamasse de inspeção?
Roxy tinha me dado luz verde. Eu poderia simplesmente perguntar. Se eu tivesse acabado de explicar a situação para alguém como Jenius, ele faria parecer oficial. Eu calculei mal. Oh, bem. Por enquanto, eu ficaria feliz apenas em ver Lucie.
Abri o Olho da Visão Distante e olhei pela janela. Fileiras de carteiras enchiam a sala de aula, juntamente com fileiras organizadas de alunos do primeiro ano, a maioria deles adultos com mais de quinze anos. Havia algumas crianças que pareciam ter cerca de dez anos. Quase nenhuma tinha sete, e as que pareciam pequenas eram provavelmente anãs. Além dos humanos comuns, havia demônios, elfos, anões e homens-fera. Alguns pareciam gentis, alguns pareciam pacíficos, alguns pareciam atrevidos. Uma boa variedade. Os que estavam sentados no fundo da sala de aula tinham rostos duros, provavelmente ex-aventureiros. Eles não intimidariam Lucie se ela se envolvesse com eles, não é? Não, mesmo aquela turma não intimidaria uma criança de sete anos. Onde estava Lucie…? Ah, lá estava ela, bem na frente. Essa é minha garota.
A carteira era tão grande que seria difícil para ela ver por cima da frente. Isso era um problema. Ela estava ouvindo a professora com uma expressão séria no rosto e fazendo anotações, mas parecia desconfortável. Poderia ser uma boa ideia fazê-la levar uma almofada amanhã. Ao lado dela estava uma menina que parecia ter uns dez anos. Era uma anã? Não, parecia uma humana. E pela forma como seu cabelo estava arrumado, provavelmente uma nobre. De vez em quando ela dizia algo para Lucie, depois olhava para seu livro de magia. Aparentemente, o costume de fazer anotações não lhe era familiar. Lucie, de rosto sério, apontava para o livro de magia e dizia algo. Talvez por estar sussurrando, eu não conseguia ouvi-la. Talvez ela estivesse lhe ensinando algo. Ela já tinha feito uma amiga de sua idade? Ela tinha se adaptado?
Talvez por ser o primeiro dia de aula, a professora não parecia estar ensinando nada importante. Com base no que estava no quadro-negro, eles estavam começando pela magia mais elementar. Lucie já havia passado disso há anos, então com certeza seria moleza.
— Professora!
Nesse momento, Lucie levantou a mão.
— Sim?
— Ouvi dizer que sua capacidade de mana não é a mesma durante toda a vida, que aumenta dependendo de quanto você usa magia quando criança. Acho que o que você está dizendo está errado!
O que ela estava aprendendo na universidade e o que Sylphie e Roxy lhe ensinaram não batiam muito bem.
Lucie, às vezes é melhor não dizer essas coisas. Você não encontrará muitos professores que ficam felizes em serem informados de que estão errados.
— Qual é o seu nome? — perguntou a professora.
— Sou Lucie. Lucie Greyrat.
— Greyrat…? Você é da casa da Senhora Roxy, então?
— Sou!
— Ah. Vejo que você teve uma educação!
Os olhos da professora brilharam. Ela não ia desrespeitar minha Roxy, ia?
De jeito nenhum eles desrespeitariam um pai na frente de sua filha. Eu tinha decidido mostrar contenção hoje, mas amanhã, todas as apostas estavam canceladas. Melhor não andar em becos escuros amanhã, amigo.
— É verdade que tal teoria é circulada por certas pessoas, e talvez tenha sido assim para seu pai e sua mãe. Também pode ter sido verdade para a Senhora Juliet. No entanto, sua veracidade é, até o momento, incerta. Seu pai, sua mãe e a Senhora Juliet podem simplesmente ter sido especiais. Pode ser que não se aplique a demônios e homens-fera. Pode até ser que seu pai e a Senhora Roxy tenham entendido algo errado. Não houve testes suficientes, e eu não estive envolvida na pesquisa. Como tal, ensino que a capacidade de mana de uma pessoa permanece a mesma ao longo de sua vida. Foi assim para mim.
A professora continuou falando sem parar, seja para convencer Lucie ou a si mesma. Lucie ouvia seriamente.
— De agora em diante, vocês, todos vocês, aprenderão muitas coisas, tanto magia quanto outras coisas. Vocês aprenderão enquanto estiverem na escola, e continuarão aprendendo após a formatura. Somos pioneiros entre os mágicos, e ensinaremos a vocês uma ampla gama de coisas. Vocês podem acreditar no que ensinamos ou não, são livres para pensar por si mesmos. Vocês podem afirmar que estamos errados e provar isso. Se conseguirem provar, então será a vez de vocês nos ensinarem. Então, me convençam.
Bom, bom. Com essa atitude de mente aberta, ela parecia que não seria uma má professora — poderia até ser uma boa professora.
— É tudo. Alguma pergunta, Lucie?
— Não! Obrigada!
— Bom, então pode se sentar. Vamos voltar à lição. — A professora sorriu, e Lucie se sentou. Uma salva de palmas surgiu ao seu redor. Lucie se virou para olhar seus colegas de classe atrás dela, assustada, e depois baixou o olhar, com o rosto vermelho como um pimentão.
Não se preocupe, Lucie. Você estava correta. Esqueça se estava realmente correto — todos que pensaram assim aplaudiram. Você deveria se orgulhar.
Nesse momento, a garota ao lado de Lucie deu um tapinha em sua cabeça e disse algo. Lucie olhou para cima e sorriu.
É isso aí, seja amiga da minha garota. Vocês podem brigar, contanto que sejam amigas.
Continuei observando as aulas de Lucie por mais um tempo. Alguns de seus professores eram bons, outros eram ruins. Lucie não hesitava em fazer perguntas e levantar suas dúvidas. Os professores às vezes respondiam e às vezes se esquivavam; às vezes, corrigiam os erros de Lucie enquanto continuavam com a lição.
Lucie se destacava. Uma menina de sete anos com uma mente aguçada para o aprendizado devia ser uma raridade. Uma multidão se reuniu ao seu redor na hora do almoço enquanto ela comia de sua lancheira, e à noite, Lucie era o assunto da escola. As pessoas se reuniam ao seu redor fazendo todo tipo de perguntas: sobre seus pais, sua família, onde ela morava e sobre a própria Lucie. Uma celebridade genuína. Algumas daquelas pessoas provavelmente sabiam que ela era minha filha e estavam tentando se insinuar. Tudo bem. Cada nova pessoa era um tesouro. Mesmo que um relacionamento começasse com motivos egoístas, você nunca sabia onde terminaria. E a vida é longa; não faria mal a ela conhecer algumas maçãs podres.
— Ufa. — A última aula terminou. Eu estava satisfeito. Era apenas o primeiro dia, e Lucie já estava se adaptando à vida escolar. Não que eu estivesse preocupado, claro. Ela era filha de Sylphie. Ela, Roxy e Eris lhe deram uma boa educação, então eu não tinha nada a temer. Ok, bem, se havia alguma coisa, era que ela era minha filha. Ela poderia facilmente ter passado seu primeiro dia em um assento no canto da sala de aula fingindo estar dormindo, mas ela não fez nada disso. Ela enfrentaria desafios a partir de agora, mas ficaria bem. Lucie iria para a escola todos os dias e faria muitas memórias maravilhosas, e eu a ouviria me contar sobre elas na mesa de jantar. Eu poderia desfrutar do meu jantar com um sorriso.
Hora de ir para casa. Mas primeiro, vou devolver o casaco e o capacete de Orsted. Com isso, levantei o feitiço de Muralha de Terra que usei para a tela de partição.
— Oh. — Do outro lado da parede havia uma mulher. Ela era magra, com cabelo branco, e usava calças confortáveis e uma blusa sem mangas. Seus braços brancos emergiam de seus ombros e se estendiam até onde suas mãos estavam plantadas em seus quadris — e ela parecia irritada.
Era Sylphie.
— Ahem… Qual parece ser o problema? — Eu disse, tentando ao máximo soar como Orsted.
— O que você está fazendo aqui, Rudy?
Oh, eu estava frito.
— Oh, hum… O que a traz aqui, Sylphiette?
— Lara disse que viu o pai dela em seu passeio. Ela disse que seu rosto estava escondido e que você estava vestido de forma estranha.
— Oh… Certo.
Foi o Leo. Leo me traiu! Ele não usou os olhos; ele me farejou. Meu cheiro poderia estar misturado com o de Orsted, mas se Leo disse que eu estava lá, Lara teria descoberto, e Leo e Lara podiam conversar. Isso explicava tudo.
Finalmente, Sylphie falou novamente.
— Você se fantasiou. — Seus ombros estavam tremendo. Aquilo era raiva. Sylphie era outra quando ficava com raiva. Eu não conseguia explicar exatamente como, mas quando Sylphie estava de mau humor, geralmente significava que eu estava tão totalmente errado que toda a família estava brava comigo. Isso tornava a vida super desconfortável. Eu poderia ter que passar uma semana na casinha do cachorro.
— Você realmente confia tão pouco em mim e na Lucie? — Sylphie começou a chorar.
Merda. Isso é ruim. Isso é pior que raiva.
Eu me ajoelhei.
— Não, não é assim, de jeito nenhum. Eu só queria ver a Lucie sendo corajosa. Eu queria vê-la levantando a mão para fazer perguntas na aula e estudando o máximo que podia. Eu, sabe, é que, eu não estive muito por perto, sabe? Para ajudar a criar a Lucie.
Quando gaguejei minha resposta, Sylphie olhou para mim, ainda chorando.
— Sério?
— Sério. Não consegui me conter. Eu ia te contar sobre isso quando tudo terminasse.
Sylphie me olhou por um momento, depois disse:
— Você está mentindo, não está?
— É a verdade. Eu ia me desculpar.
— Você queria tanto ver a aula da Lucie?
— Sim.
Sylphie estendeu a mão para me levantar. Suas lágrimas diminuíram.
— Então eu estava errada. Você queria tanto vê-la, e eu te proibi de sequer dar uma espiada.
— Não, você não fez nada de errado. Quando você disse, eu fiquei convencido.
— Mm… Oh. — Enquanto estávamos ali conversando, Sylphie de repente olhou para cima com uma expressão que dizia: “Oh, não”.
Quando me virei, a razão ficou clara.
— Ah…
Em algum momento, todos os alunos da sala de aula se viraram para olhar pela janela para nós. Isso obviamente incluía Lucie. Ela estava olhando para mim e para Sylphie, e estava irritada.
— Hoje, fiz amizade com uma menina chamada Belinda.
Sylphie e eu caminhamos para casa juntos com Lucie como uma família. Caminhamos em fila, cada um de nós segurando uma das mãos de Lucie. Eu pensei que Lucie ficaria emburrada pelo fato de eu ter ido à escola, mas não ficou. Parecia que ela tinha se divertido muito durante seu primeiro dia na escola, e nos contou tudo sobre isso, um por um.
— Belinda disse que é filha de um ministro de Ranoa. Ela é pequena como eu, mas inteligente, então a deixaram começar a escola. Ela disse que quer ser a melhor da escola e mostrar ao pai do que é capaz.
— Uau, isso é incrível.
— Ah, e minha primeira aula foi com a Mamãe Azul. Todo mundo zombou dela e eu fiquei tão brava, mas então a Mamãe Azul disse que faria um pouco de mágica e isso fez todo mundo ficar quieto. Então ela disse: “Se vocês não quiserem ouvir minha aula, a decisão é de vocês!” Ela foi tão legal!
— Vamos contar essa história para a Mamãe Azul no jantar. Tenho certeza de que ela vai gostar.
Não era o que eu tinha planejado, mas isso era bom. Apertei a mão de Lucie e caminhei lado a lado com Sylphie. Não era bom bloquear a rua andando em fila assim, mas ei, quem se importava? Esta era minha cidade.
— Você se divertiu na escola, Lucie?
— Uh-huh! — Lucie respondeu, radiante. Eu não tinha com o que me preocupar.
— Ei, papai? Eu estava bem, não estava? — Lucie perguntou, como se tivesse lido minha mente.
— Sim, você estava. Você foi ótima.
— Eu sou sua garota, papai?
— Ha ha ha. Acho que você pode ser incrível demais para ser minha.
Lucie era uma jovem esplêndida, não importa como você olhasse. Ela não precisava de um guardião. Agora, seu papai, por outro lado, não estava nada bem. Ele precisava de um guardião.
— A propósito, Rudy? — De repente, Sylphie me cutucou.
— Hã?
— Por quanto tempo você vai continuar com essa roupa?
Olhei para mim mesmo e me lembrei do grosso casaco branco e do capacete preto. Eu ainda era o Orsted Sombrio.
— Vou devolvê-los amanhã.
Sim, amanhã. Amanhã estaria bem. Eu não tinha dito que os devolveria hoje, e Orsted não estava com pressa, até onde eu sabia. Cara, o tecido deste casaco era realmente bom… Parecia semelhante à pele de dragão vermelho. Aisha provavelmente saberia o que era.
Nesse momento, uma pergunta me ocorreu.
— A propósito, Lucie? — comecei. Era uma coisinha, só algo que eu queria verificar.
— Sim, papai?
— Pergunta: Qual é a cor do cabelo do papai?
Não perguntei porque não confiava em Lucie. Só queria verificar.
— Castanho!
— Isso mesmo. Você é inteligente, Lucie. Vou esperar grandes coisas de você. Sim, essa é minha garota.
— Hmph, não zombe de mim! — Lucie disse, fazendo beicinho. Sorrindo para ela, cheguei em casa feliz.
— Só que, Rudy? Você quebrou sua promessa comigo, então vai ter que ficar sem por três dias, ok?
— Entendido.
Ok, então eu viveria como um monge por alguns dias, mas ainda estava feliz.
No dia seguinte, um boato estranho circulava pela cidade. As pessoas diziam que Orsted estava atrás de Lucie. Quer dizer, provavelmente foi porque eu andei por aí com aquela roupa. Boatos vinham e iam. Eu sabia que não tinham base na realidade, e Sylphie e o resto da família também sabiam, então não estava preocupado. E assim, fui devolver o casaco de Orsted. Ele me lançou um olhar assustador, e tive que me esforçar para inventar uma desculpa para me explicar, mas… isso é uma história para outra hora.
Tradução: Gabriella
Revisão: Pride
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View Comments
Simplesmente "casos de família" ocorrendo no meio da escola kk
Nesse mundo, o cachorro não é o melhor amigo do homem.
Em especial esse que é melhor amigo da mulher kkkk
Kkkkk muito legal.
Lógico que ele tinha que ir lá ver ela.
Achei que seria meio chata por contar o dia a dia, mas tá muito bom de ler essas histórias.
Lança de quanto em quanto tempo aqui?
Todo domingo.
Uma duvida, redundante é depois da morte do rudeus? onde vai contar como a lara e os filhos vão derrotar o deus homem e o laplace na guerra? e outra, vocês acham que tem chance do rudeus reencarnar de novo?
O Redudancy se passa em momentos aleatórios, não tem uma data fixa na serie, só são acontecimentos com foco nos filhos do Rudy. Em questão na derrota do Deus homem provavelmente so vai acontecer quando o Rifujin fazer a outra obra que ele pretende fazer separada de Mushoku mas ainda com o mesmo verso, mas isso so vai acontecer depois que o anime acabar de lançar então especulado por volta de 2030, até la so teremos spin offs desse jeito ou antes do Rudeus chegar no mundo, provavelmente 👅👅
Rpz eu tenho uma dúvida, redundante se passa depois da morte do rudeus? e vai mostrar como os filhos dele junto com o orsted vão derrotar o laplace e o deus homem?
Não, vai ser o, dia a dia do Rudeus após o confronto com geese no reino de biheiril. A história dos filhos do Rudeus derrotando o Deus Homem vão ser contadas em outra obra, mas ainda não foi iniciada pelo Rifujin
Peguei a visão
É muito bom ver essas histórias da vida de pai do Rudeus
Rudeus superprotetor, quem não seria com uma filhinha dessas tbm né? Quero mais capitulos com os filhos do Rudeus💯💯 QUERO MAIS.
Obrigada pelo capitulo!
(01/10/25)
Que interação comfy com a Lucie, fiquei com um sorriso no rosto todo o capitulo. E o Rudeus como sempre ficando em choque de mentir pra Roxy k