O Deus Ogro Marta estava em fúria. O gigantesco ogro avançava como um furacão, derrubando fileiras de árvores e revirando a terra. Levados pelas ondas de choque, nos vimos separados do campo de batalha. Zanoba e Dohga estavam lidando com o grandalhão. O Deus Ogro deveria ser um monstro simples com força bruta, portanto eles se combinavam bem. Ninguém podia vencer a Criança Abençoada Zanoba em termos de força, e Dohga se saía bem contra oponentes agressivos. Não achei que precisava me preocupar.
Eu não tinha o luxo de me preocupar com ninguém além de mim mesmo. À minha frente estava o Número Sete das Sete Grandes Potências, Deus do Norte Kalman III, Alexander Rybak. Era a outra metade da dupla que me empurrou para a ravina. Além disso, não tinha a Versão Um desta vez, e a atualizada Versão Dois estava incompleta. Não podia relaxar. Não podia me segurar. A vitória seria de quem se movesse primeiro. Começaria com Atoleiro…
— Eu estava esperando!
Ou assim pensei. Deus do Norte Kalman III nos fez esperar. Claro, nosso oponente era um guerreiro do estilo Deus do Norte. Facilmente poderia fingir esperar, depois nos pegar de surpresa.
Lancei um Atoleiro e depois segui com um Canhão de Pedra.
— Antes de lutarmos, quero falar um pouco! — Ele desviou o canhão de pedra inofensivamente. Ou, espere. Ele saiu do curso? Seja o que for, ele mudou de trajetória no ar e disparou para longe. Não só isso, mesmo tendo colocado um Atoleiro sob os pés do garoto, ele não estava afundando.
Esse é o poder do Deus do Norte? Não, não importa. Eu conheço as habilidades da Espada do Dragão.
— Você tem todo o direito de estar com raiva. Alguém cortou seus braços e o jogou em uma ravina. Tenho certeza de que você está ansioso para lutar, mas, por favor, espere um pouco mais. Depois de dizer o que tenho a dizer, sou todo seu. Certamente, mesmo um fracote como você é capaz de esperar enquanto dois grandes guerreiros conversam, não?
Ele me chamou de fracote?! Idiota! Vou mandar você para casa em pedaços!
Ou, acho que teria pensado isso se fosse mais dramático, mas não consegui reunir a raiva. Da perspectiva de uma das Sete Grandes Potências, eu era um fracote. Ultimamente, eu tinha sido tão exaltado que a perspectiva era refrescante, de certa forma.
Eu não queria esperar. Ele poderia estar ganhando tempo, e eu queria vencer rapidamente para que pudéssemos ajudar o resto da equipe. Dei um passo para trás e olhei para Sándor. Assim como Alexander, ele não fez nenhum movimento para atacar. E eu não tinha esperança de vencer sozinho.
— Desculpe — disse Sándor com um encolher de ombros. Ele deu um passo à frente e disse: — …Tudo bem, estranho, o que é?
— Estranho? Você chama seu próprio sangue de estranho?
— Não é a primeira vez que nos encontramos?
— A primeira vez que nos encontramos foi quando eu saí da barriga da minha mãe, pai.
Por que Sándor estava se fazendo de bobo?
— Já chega disso. Eu te conheço, mesmo por baixo desse capacete feio.
O Deus-Homem tinha me visto, então Alexander provavelmente sabia de tudo também.
— Você é o Deus do Norte Kalman II, Alex Rybak!
— Alec, você está estragando a minha fala — disse Sándor. Ele suspirou enquanto tirava o capacete, revelando cabelo preto e um rosto de meia-idade. “Alec” tinha o mesmo tipo de cabelo preto. Agora que olhava para eles, a semelhança familiar era forte.
— Você deveria me derrotar e então dizer: “Você foi um oponente digno. Gostaria de ao menos ver seu rosto no final”, então eu tiraria o capacete…
— Esqueça! Pensei que estivesse morto… O que você tem feito?!
— …Treinando aprendizes e ensinando minhas habilidades como queria. Embora não muito tempo atrás, fui inspirado por Sua Majestade a Rainha Ariel do Reino Asura a me tornar um cavaleiro.
— Aprendizes? O que você estava fazendo treinando aprendizes depois de ter me entregue sua espada e abandonado o Estilo Deus do Norte?! — A raiva brilhou nos olhos do pequeno Alec. Não sei o que aconteceu entre eles, mas as palavras de Sándor tocaram em um ponto sensível.
— Alec, eu não abandonei o Estilo Deus do Norte.
— Mentiroso! Você nem mesmo tem uma espada agora!
— Hmm. — Sándor levantou seu bastão e olhou para ele. Era feito de metal, e tinha certeza de que ele tinha dito que era um bastão comum, mas talvez tivesse algum poder especial. Parecia comum, porém.
— Acho que lutar dessa forma nos torna mais fortes — respondeu.
Alec ficou surpreso.
— Isso é besteira! Espera que eu acredite que esse bastão velho é mais forte que a Espada do Rei Dragão?
— Não é isso que estou dizendo. Alec, essa espada é a arma mais forte do mundo. Eu a empunhei por cem anos, então a conheço melhor do que ninguém.
— Então… por quê?
— Essa espada é forte demais — respondeu Sándor simplesmente, como se estivesse dizendo algo óbvio. — Uma vez que você tem essa espada em suas mãos, nada tem chance contra você. Nem a maior besta, o monstro mais astuto ou o guerreiro mais forte. Venci batalha após batalha, e me tornei um herói.
Sándor fez uma pausa e olhou para Alexander.
— Só então, quando parei, um pensamento me ocorreu. Eu era um herói. Não seria tudo igual a antes de eu pegar a espada? O Deus do Norte II, Alex Rybak, era realmente forte? — Sándor baixou os olhos. — Uma vez que tive esse pensamento, não pude mais lutar como antes. Não estou desmerecendo minhas próprias batalhas nem meus aliados, é claro… mas percebi que meu tempo como herói tinha acabado. Por isso entreguei o papel de Deus do Norte como herói a você, enquanto fui espalhar os ensinamentos do Deus do Norte Kalman I.
Não pude deixar de me sentir excluído nisso tudo. Eu realmente não estava entendendo, mas vamos lá: Alex (Sándor), o pai, tinha se cansado de lutar, largou sua espada simbólica e foi espalhar sua escola de combate. Seu filho (Alexander) ficou furioso com isso. Quero dizer, não posso culpar totalmente o garoto. Eu provavelmente também ficaria irritado se meu pai jogasse algo tão pesado em mim e depois fosse embora.
Abandono infantil… nada legal.
— Então foi assim que acabamos com Auber… com os excêntricos?
— Esse foi um dos caminhos mostrados a nós pelo Deus do Norte Kalman I.
— Não reconheço a legitimidade dos excêntricos. Isso não é o Estilo do Deus do Norte — disse Alexander, balançando a cabeça com um desdém indisfarçável.
Auber, hein… Bem, ele não era um espadachim, com certeza. Na verdade, era mais como um ninja.
— Isso nem é esgrima, é? — Alexander continuou.
— O Primeiro Deus do Norte Kalman empunhava uma espada, mas ensinou que não se deve depender apenas da espada.
— O quê, e é por isso que você está usando esse bastão velho?
— Sim. Com isso, posso sentir que estou ficando mais forte. Saber que estamos crescendo nos torna ainda mais fortes.
— …Eu não entendo — disse Alec, contrariado.
Ele ainda era jovem. Uma vez que decidia que algo era de um jeito, não conseguia ver de outro modo.
— Agora, Alec, é minha vez de perguntar. O que você está fazendo aqui?
— Eu vim derrotar Orsted. Vou derrotar o Deus Dragão e me tornar o número dois dos Sete Grandes Poderes.
— Mirando alto, hein? Isso deixa um pai orgulhoso… — Sándor disse com um sorriso.
Hum, Sándor? Odeio trazer isso à tona quando você está todo orgulhoso, mas você está do meu lado, certo? Não vai de repente dizer: “Vou te dar uma mão então!” e mudar de lado. Certo?
— Bem, estarei lutando contra você desta vez, mas suponho que você vai me derrotar para desafiar Orsted.
— Naturalmente. Não me importa se você é meu oponente. Farei com que o nome de Deus do Norte Kalman III seja um nome do qual não preciso me envergonhar.
Um nome do qual não precisa se envergonhar? Sério? Embora eu suponha que você se prenda a coisas assim quando seu pai e sua família são famosos.
Ainda assim, não estava assim com muita vontade de torcer pelos sonhos do pequeno Alec.
— Isso não é tudo — disse ele. — Vou exterminar aqueles demônios Superd!
— Hã? — Sándor parecia perplexo. — Os Superd não são demônios. Você os viu quando veio à vila, não viu?
Alec assentiu prontamente. — Isso não importa. Todos pensam nos Superd como demônios. Se eu matar todos eles, serei lembrado como um herói por toda a eternidade.
— Isso não é algo que um herói faria.
— Não é, né? Se eu me preocupar com métodos, nunca superarei seus grandes feitos. Meu nome nunca ofuscará o do Deus do Norte Kalman II.
— Então, ofuscar meu nome é o mesmo que se tornar um herói?
— Exatamente!
Sándor se virou para mim, com a boca meio aberta. Então, ele se curvou.
— Sinto muito, Mestre Rudeus — disse ele. — Achei que poderia convencer meu filho idiota. Acontece que ele é ainda mais idiota do que eu pensava.
— Parece que sim — concordei.
Alec, ao que parecia, era um escravo da palavra herói. Em vez de se tornar um herói através de atos heroicos, queria apenas se tornar famoso para que todos contassem histórias sobre ele.
Qualquer pessoa com meio cérebro apontaria que não é assim que funciona. Não me pergunte os detalhes de como funciona, mas com certeza não é assim.
— Vamos detê-lo.
— Sim.
Sándor colocou seu capacete e levantou seu bastão. Atrás dele, abri meus braços, pronto para fornecer apoio. Alec nos encarou, ainda irritado. Primeiro, suas escolhas foram desaprovadas, depois, foi alvo de desprezo exasperado. Ele estava fervendo de raiva e não tinha como extravasá-la.
— …Vocês acham que podem me derrotar com um bastão velho e esse amador peso morto? Quando eu empunho a Espada do Rei Dragão?
— Claro que acho — disse Sándor confiante. — Vou colocar você em seu devido lugar.
Ao ouvir as palavras “colocar você em seu devido lugar,” a paciência de Alec finalmente se esgotou.
— Você está morto!
Assim começou a batalha entre Kalman II e Kalman III.
— Yaaaaah!
Alec atacou primeiro, golpeando Sándor na diagonal. Ele manejava a enorme espada com uma mão sem esforço.
— Whoa! — Sándor aparou a devastadora lâmina com seu bastão. Alec perdeu o equilíbrio… e mesmo assim sua defesa não diminuiu. Com uma postura formidável, ele se torceu e atacou novamente.
Sándor reagiu como se tivesse previsto isso. Quando Alec girou para golpeá-lo como um furacão, ele aparou mais uma vez. Ao aparar, ele usou o princípio da alavanca para varrer as pernas de Alec. Assim, Alec… não, ele não caiu. Saltou como se fosse pular sobre Sándor, depois voltou ao chão com uma velocidade impossível. Foi um movimento insano, mas reconheci sua origem. Estava usando o poder da espada mágica, a Espada do Rei Dragão Kajakut: Manipulação da gravidade.
— Grrraaaar!
Sándor estava pronto para isso. Com as costas ainda voltadas para Alec, desviou um golpe da Espada do Rei Dragão, depois outro, e então outro. Ele girou um pouco a cada vez até ficar de frente para Alec.
Os golpes de Alec não eram fáceis de aparar. Cada vez que ele impulsionava, deixava uma marca no chão, e a onda de choque quando balançava sua espada derrubava árvores. As árvores começaram a tombar, rangendo, para o chão. Eu estava a certa distância, e a onda de vácuo que ele gerava era forte o suficiente para cortar minhas bochechas.
O golpe não acertou Sándor. O cara podia estar aposentado, mas ainda era o Deus do Norte. Ele continuava a aparar os golpes sem nunca parecer preocupado. Com sua habilidade de manipular a gravidade, Alec podia se mover livremente e de maneira acrobática, o que o tornava impossível de prever. Mesmo assim, Sándor o estava acompanhando. Parecia não estar se movendo à primeira vista, mas seu corpo quase tremia enquanto fazia pequenos ajustes para ficar em uma posição mais vantajosa.
Então era assim uma luta entre Deuses do Norte. Não eram tão rápidos. Talvez por conta de todo o treinamento que fiz com Eris e Orsted, conseguia seguir seus movimentos. Estavam tão próximos e eram tão imprevisíveis que, embora pudesse acompanhar a luta, não podia ajudar.
— Pegue isso!
— Whoaaaaa!
Cara, esses caras faziam barulho.
Não havia tempo para pensamentos como esses, no entanto. Controlei minha respiração e observei-os atentamente. Se estivessem equilibrados, minha intervenção poderia mudar a batalha. Mesmo com o Olho Demoníaco da Previsão, ler seus próximos movimentos não era tarefa fácil. Ainda assim, se não pudesse ler Alec, sabia como Sándor se movia. Pelo menos, também era mais fácil de prever do que Alec. Ele tinha um padrão.
Ia para a direita, depois para a esquerda. Quando seu oponente ficava diretamente atrás dele, ele tinha um padrão…
— Lá! — Disparei um Canhão de Pedra. Whoosh… foi voando em linha reta direto para Alec.
Esquece, não foi direto, nem foi um golpe direto. Seu caminho se distorceu. Mesmo enquanto deixava uma marca na armadura de Alec, deslizou pela superfície e desapareceu na floresta.
No entanto, isso desequilibrou Alec.
— Hah! — Sándor não perdeu sua oportunidade. Seu golpe acertou o plexo solar de Alec.
— Nngh…! — Alec soltou um grunhido, mas ao mesmo tempo, saltou. Estava vindo direto para mim.
Ele é rápido!
— Fique fora disso, fracote!
Alec avançou bruscamente e cortou na diagonal.
Com o Olho Demoníaco da Previsão, aparei o golpe com minha manopla restante.
— Oof… — No momento em que golpeou, um peso esmagador pressionou minhas pernas. A manopla rachou e eu caí de joelhos. Pensei que minha mão esquerda fosse sair voando… mas então, com um ruído de trituração, o braço negro parou a espada. A Mão de Atofe era resistente.
— Esse braço…! — exclamou Alec. — Não pode ser. É da minha avó?!
— Eletricidade! — gritei, liberando a mana que havia acumulado na outra mão. O corpo de Alec foi banhado em raios púrpura. Concentrei mana na minha mão esquerda, preparando-me para disparar um Canhão de Pedra em seu rosto à queima-roupa.
— Yooouuuaagh!
Só que Alec não parou. Curvando-se como um camarão para desviar do meu Canhão de Pedra, ele girou sobre um pé e golpeou minhas pernas.
Eu saltei para fora do caminho. Naquele momento, Alec já havia recuperado o equilíbrio. Vi sua lâmina vindo direto para meu pescoço.
— Yaaah! — No último segundo, Sándor avançou contra Alec por um lado, golpeando-o com seu cajado. Alec foi lançado para o lado em um giro… e voltou ao chão em um arco suave que desafiava as leis da gravidade.
— …Hmph. — À primeira vista, ele não parecia ter sofrido qualquer dano. Parecia que Eletricidade também não teve muito efeito.
Seria esse o poder da espada? A qualidade de sua armadura? Ou ele estava apenas sendo estoico? Talvez tenha recebido um treinamento diferente. Talvez seu corpo fosse diferente. Tudo era possível.
— Parece que eu peguei leve demais — disse Alec, como se estivesse em uma sequência de derrotas em um jogo de luta. — Acho que é hora de levar isso um pouco mais a sério…
Considerando tudo, essa não era uma situação ruim.
Se continuássemos assim, teríamos uma chance de vencer. Sándor seria o lutador da linha de frente, e eu o apoiaria. Se cada um de nós acertasse um golpe por vez, eventualmente conseguiríamos derrubar Alec. O Deus do Norte Kalman III era um oponente difícil, mas Sándor também era forte. Eles estavam em pé de igualdade. Eu seria o fator decisivo.
Não sou um peso morto! Pensei, justamente quando Sándor, desanimadamente, disse:
— Isso é ruim.
Você está brincando?! Nós temos a vantagem! Você não sofreu nenhum dano.
Aquele último embate havia quebrado a Manopla Zaliff, mas a Mão de Atofe tinha especificações ainda melhores. Ainda podemos fazer isso.
— Ele está reservando seu poder para a luta com Orsted depois. Ele vai ficar cada vez mais forte.
Ah, droga. Então ele realmente estava se segurando. Estava só brincando conosco.
— Quanto mais tempo a senhorita Roxy vai demorar?
— Não sei. — Era para ela avisar quando estivesse pronta. Já se passou meio dia, então acho que logo estará pronta. A menos que Eris ou Zanoba tenham caído e o inimigo tenha derrotado Roxy também.
— Ele está muito mais forte do que da última vez que o vi. Talvez eu tenha prometido um pouco mais do que posso entregar — disse Sándor humildemente.
Não seja assim. Você ainda pode tentar. Farei o meu melhor para te apoiar. Não sou um peso morto, eu juro! Vou te animar como um balão de hélio! Só que não posso manipular a gravidade, então talvez só emocionalmente.
— Vamos ganhar tempo por enquanto.
— C-certo. — Com essa breve conferência, Sándor avançou, e Alec correu novamente para encontrá-lo.
— Uuah!
— Grrryaah!
Eles se envolveram em outro duelo. Como Sándor havia dito, à primeira vista, eu não percebia nada diferente, mas Sándor não estava mais desviando perfeitamente os golpes de Alec. A cada aparada, sua postura degradava um pouco mais. O nível dos ataques de Alec havia mudado; pareciam iguais, mas ele estava colocando mais peso por trás deles.
Se ele ganhasse vantagem sobre Sándor, eu não conseguiria encaixar nenhum acerto direto com meu Canhão de Pedra. O número de defesas, desvios ou evasões aumentaria.
Parei de atirar. Em vez disso, usei magia para moldar a terra. Antes de mais nada, eu acabaria com as manobras aéreas saltitantes e que desafiam a física. Isso aliviaria um pouco a pressão sobre Sándor e lhe daria mais flexibilidade para atacar.
Então, é hora de reintroduzir meus Canhões de Pedra.
— Lança de Terra! — Levantei pilares de terra para cercar os dois. Eu acrescentei: — Rede de Terra! — A cerca de cinquenta centímetros acima da cabeça de Sándor, formei uma rede com terra. Se bloqueasse o espaço acima deles, aqueles saltos que desafiam a gravidade seriam…
— Sua peste! — Um golpe e a rede foi derrubada. Isso significava que não ia rolar.
— Qual é o problema, papai? Isso é tudo o que você tem?
Nada bom. Sándor estava sendo encurralado. Não era uma questão de habilidade. Sem dúvida, a diferença estava nas armas. Cada golpe da Espada do Rei Dragão dobrava ainda mais o bastão de Sándor. Eu estava freneticamente disparando Canhões de Pedra para ajudá-lo, mas todos foram desviados. Parecia que ele havia decidido lidar comigo depois, porque mesmo quando passavam raspando, ele os ignorava completamente.
Droga. Não estávamos nem conseguindo ganhar tempo assim. As coisas ficariam cada vez piores até perdermos.
— Gaaagh!
Então aconteceu. Uma sombra se lançou em direção a Alec pelo lado como um cometa. Uma mulher de cabelos vermelhos com uma espada em cada mão voou contra ele com toda a sua força. Alec interrompeu esse ataque, mas depois recebeu outro de Sándor e foi jogado para trás. A espadachim ruiva continuou avançando, atacando novamente. Alec executou mais um movimento desafiando a gravidade ao pousar e imediatamente contra-atacou com sua lâmina gigante.
A espadachim ruiva não conseguiu responder a tempo.
— Oof…!
Atrás dela, seguindo-a como uma sombra, estava um guerreiro de cabelos verdes que desviou o ataque.
— Graaah!
A cão louco uivou. O aço brilhou, indo direto para a garganta de Alec, mas algo invisível o desviou. A lâmina atingiu seu ombro, mas sua armadura era inesperadamente resistente e impediu o golpe, deixando apenas um arranhão. A cão louco não perseguiu muito. Assim que viu que o ataque não acertou em cheio, deu um salto para trás. A espada gigante varreu o lugar onde ela estava, cortando alguns fios de seu cabelo.
Agora havia distância entre eles.
Vi cabelos vermelhos e cabelos verdes ficarem de costas para mim.
— Desculpe pela demora, Rudeus! — disse Eris, lançando-me um rápido olhar. Ruijerd não virou, mas provavelmente usou seu terceiro olho para verificar se eu estava bem.
Eles vieram nos ajudar. Se eu fosse uma donzela, teria sido amor à primeira vista.
Me segure! Me arrebate!
— Ah, qual é…?! — Enquanto eu tinha meu momento de donzela, Alec parecia surpreso. Mais precisamente, ele parecia chocado.
— Você quer dizer que Gall Falion está morto? — Ele exigiu. Olhei para Ruijerd com uma expressão de questionamento e ele assentiu.
Caramba. Claro, foram dois contra um, mas Eris e Ruijerd derrotaram o Deus da Espada.
— Eu sabia que ele tinha renunciado como Deus da Espada, mas não achei que ele fosse cair tão facilmente… Acho que o superestimei. — O tom de Alec era arrogante, mas ele parecia chateado. Agora que penso nisso, ele e Gall pareciam bem amigos quando me empurraram para a ravina.
— Não o conheci há muito tempo… mas ele era um bom homem… — O comportamento de Alec havia mudado. Toda a sensação de confiança havia se dissipado.
— Achei ele varreria o chão com esses dois. Íamos lutar contra Orsted juntos… — Alec segurou sua espada e abaixou-se em uma postura defensiva.
Algo estava por vir. Sentindo a aura avassaladora que emanava dele, Eris e Ruijerd também baixaram suas posturas.
Se ele estava apenas começando a ficar sério agora, então era tarde demais. Eris, Ruijerd, Sándor e eu estávamos juntos. Eram quatro contra um. Mesmo que o um fosse um dos Sete Grandes Poderes, equipado com a espada mais forte do mundo.
— Em minha mão direita, uma espada. — Alec ergueu a ponta da espada que segurava em sua mão direita até o céu. — Em minha mão esquerda, uma espada.
Ele segurou a empunhadura com a mão esquerda. Um agarre com as duas mãos. Até então, ele vinha empunhando a grande espada com uma mão, mas agora a segurava com duas. Seria este o seu verdadeiro estilo de luta, então?
Sándor gritou abruptamente:
— Estamos perdidos! Fujam! — Ele mergulhou para um lado.
Tarde demais.
— Com estes meus braços, inúmeras vidas eu reivindicarei. Cem milhões de mortes eu entregarei.
Alec ergueu a Espada do Rei Dragão bem alto sobre sua cabeça.
— Meu nome é Deus do Norte Alexander Rybak.
Percebi que estava flutuando. Não apenas eu. Eris, Ruijerd e até mesmo Sándor, que tentou se afastar. Todos nós estávamos suspensos no ar. Todas as folhas caídas e galhos também. Essa era a manipulação da gravidade da Espada do Rei Dragão.
Não caímos e não subimos mais alto. Agitei meus braços e pernas, mas não consegui recuar.
Enquanto pairava lá, totalmente indefeso, pude ver o poder crepitando através de cada fibra do corpo de Alec.
— Agora, vingarei meu amigo e aliado!
Fodeeeeeuu. Foi então que meu corpo começou a se mover por conta própria. Concentrei mana em ambas as mãos e liberei uma onda sonora. Eris, Ruijerd e Sándor foram arremessados para longe. Logo depois, recolhi os fragmentos da Manopla Zaliff de volta e apontei a ponta da Pedra de Absorção para Alec. O que quer que estivesse no espaço entre mim e a espada desapareceu, e eu caí de volta à terra. Joguei a Pedra de Absorção de lado, então dirigi toda a minha mana para os braços e os apontei na direção de Alec, que já estava brandindo sua grande espada…
— Técnica Secreta: Fratura Gravitacional.
Houve uma explosão e um clarão.
Perdi a consciência.
Quando acordei, estava no topo de uma árvore. Eu sabia que tinha sido lançado para longe, pois minha perna blindada estava quebrada. O segmento da perna estava em pedaços e a perna estava dobrada em um ângulo estranho. Minhas pernas não eram as únicas prejudicadas; meu corpo estava em fragmentos também, e uma dor intermitente latejava no meu peito. Provavelmente tinha quebrado costelas.
— Argh… Ahh, ahh. — Tossi e a dor explodiu no meu peito, mas ainda conseguia falar. Imediatamente, lancei magia de cura em meus ferimentos.
— A que distância eu estava… Uau?! — Quando tentei me levantar, o galho da árvore que me sustentava quebrou. Caí rolando por uma boa distância, batendo nos galhos pelo caminho.
Não alcancei o chão. Eu devia estar em um lugar muito alto.
Vi uma cratera. Tinha cerca de vinte metros de diâmetro, ao lado da ravina. Não estava lá antes. Devia ter sido feito por aquele ataque agora.
— Santo Deus — falei. Então, olhei ao redor. Na direção da Vila Superd, vi algo brilhando. Conhecia aquela luz.
— Será que é… whoa?! — Outro galho se quebrou. Batendo em outros galhos enquanto caía, dessa vez fui até o chão.
— Ai… — Eu tinha me machucado de novo logo depois de usar magia de cura. Imediatamente, lancei mais magia para me recuperar. O que quer que estivesse acontecendo, eu precisava entender a situação. Onde estava Eris? Ruijerd? Sándor? E Alec?
Levantei-me e percebi, com um susto, que alguém estava parado bem na minha frente. Pulei e me posicionei para lutar. A pessoa diante de mim não era um inimigo.
— Sándor! — gritei.
— Se não é o Mestre Rudeus… poderia me dar outra magia de cura? — perguntou. Estava coberto de ferimentos. Sua armadura estava em ruínas, seu capacete esfacelado e sangue escorria de sua cabeça. Seu braço esquerdo pendia, inerte.
— Sim, claro. — Coloquei minha mão sobre ele e curei suas feridas.
— Muito obrigado.
Mal percebi seu agradecimento, perguntei:
— E quanto a Eris e Ruijerd?
Se até Sándor tinha sofrido ferimentos tão graves, aqueles dois não teriam saído ilesos.
— Ferimentos leves. Foi bom que você os tenha mandado mais longe. Deverão ficar bem, mesmo sem magia de cura. Ainda estão inconscientes naquela direção.
Que alívio.
— E quanto ao Deus do Norte Kalman III?
— Depois que viu que estávamos fora de combate, seguiu em frente.
— Ele não tentou nos finalizar?
— Aquela última técnica dele era a mais forte do Estilo Deus do Norte. Provavelmente assumiu que não precisava mais.
Primeiro me empurrou para a ravina, e agora isso. O garoto parecia não bater muito bem da cabeça. Isso salvou nossa pele, mas mesmo assim…
O deixamos passar. Ele estava indo para o Deus Dragão. Orsted provavelmente venceria numa luta entre eles. Quero dizer, ele deve ter lutado contra Alexander e a Espada do Rei Dragão em todos os ciclos até agora. No plano, ele não iria lutar a menos que fosse necessário, mas se precisasse, tinha certeza de que o esmagaria sem esforço, como fez a Deus da Água Reida.
Aquela última técnica me fez hesitar, no entanto. Orsted não era o único na Vila Superd. Tinham Superds que haviam acabado de se recuperar de uma doença, além de Julie e Norn… Se Orsted tivesse que bloquear ou desviar aquele ataque em nome de outra pessoa, levaria uma quantidade considerável de mana, mesmo para ele. Travar uma batalha na defensiva era mais difícil do que na ofensiva. Se Orsted não conseguisse proteger todos, eles morreriam.
— Ainda consegue lutar, Sándor? — perguntei.
— Você vai?
— Ainda não acabou. Eu vi uma luz na floresta agora mesmo. A luz de uma invocação. Se Roxy preparou tudo, estamos apenas começando.
Assim que eu disse isso, dois homens de cabelos verdes vieram correndo em nossa direção pela floresta. Ambos eram guerreiros Superd, embora nenhum deles fosse Ruijerd. Quando nos viram, se aproximaram imediatamente.
— Temos uma mensagem de Roxy. A invocação funcionou.
— Certo.
O Superd assentiu.
— Certo — anunciou Sándor —, vou lá primeiro. Vou atrasá-lo um pouco.
— Não se force demais.
— Não vou.
Após essa breve troca de palavras, Sándor partiu correndo.
— Cuide da Eris e do Ruijerd. Quando acordarem, diga para virem nos apoiar — disse a um dos Superd.
— Entendido!
— Por favor, mostre o caminho.
— Entendido! Deixando Eris e Ruijerd com o Superd que havia assentido antes, o outro guerreiro e eu saímos correndo para encontrar Roxy. Fomos diretamente para lá, pulando raízes de árvores e atravessando a vegetação densa. Com a Armadura Mágica quebrada, eu não conseguia correr tão rápido… ou melhor, acho que era porque ela tinha parado de funcionar. Estava pesada.
Assim, no caminho, tirei a Armadura Mágica Versão Dois Atualizada para poder correr sem problemas. O Deus do Norte Kalman III era mais forte do que eu pensava. Não podia recuar agora. Não quando a verdadeira luta tinha acabado de começar.
— Rudeus…!
Chegando ao nosso destino, Roxy não estava lá, apenas um guerreiro Superd e Elinalise.
O que significava que tudo estava indo conforme o planejado.
— Você parece terrível… — disse Elinalise ao me ver.
Apesar de ter me curado com magia de cura, minha armadura e minhas roupas estavam em frangalhos. Seus olhos se arregalaram ao me ver, mas logo ela voltou a ter uma expressão neutra.
— Está pronto — disse ela.
Lá estava, atrás dela, esboçado de forma rudimentar e rápida. Um círculo mágico. Já tinha parado de brilhar. Era o mesmo círculo que estava em um dos pergaminhos inúteis no fundo da Ravina do Dragão da Terra. A criadora daquele pergaminho era Roxy Greyrat.
O círculo estava quebrado, esmagado sob o peso de um conjunto massivo de armadura. A Armadura Mágica. A duplicata da Armadura Mágica que tínhamos feito. Como prevíamos, havia uma chance de que ela fosse destruída na luta. Este era o conjunto que tivemos que deixar na oficina porque não havia espaço para ele na armaria do escritório. Era o trunfo que escapou da destruição do escritório.
— A Armadura Mágica Versão Um.
Certo, hora da segunda rodada.
Tradução: NERO_SL
Revisão: Merovíngio
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“15° dia, 2° mês, 1548° ano, Calendário Continental — Laboratório do Calabouço de Genia.”…
— O-O que é isso? — exclamei. Meu nome era Naden Delal. Eu era…
Quatro dias após a batalha, o grupo que havia ido para a Segunda Cidade…
Havia-se passado três dias desde a batalha. Os feridos estavam curados e a paz…
Parte 1 Os sons dos fogos de artifício podiam ser ouvidos desde o início…
Parte 1 — Que nostálgico. Essa atmosfera também, a última vez que senti isso…