Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 25 – Cap. 03 – Uma Chance de Vitória

 

Quando voltei, um debate acalorado estava em andamento.

— Nosso inimigo está às portas. Precisamos nos preparar.

— Então, devemos ir procurar Rudeus primeiro!

A segunda pessoa gritando era Eris, discutindo com Sándor. Roxy também estava lá.

— Dohga está com ele. Eles voltarão eventualmente. Enquanto isso, precisamos organizar nossas forças e armar nossa emboscada…

— Como se aquele cabeça-dura fosse de alguma ajuda!

— Ele é mais capaz do que você pensa.

— Bem, se estamos falando de capacidade, por que você não estava com ele?!

— Hmph… Bem, isso é…

A grande questão: eles viriam ao meu resgate ou assumiriam que eu voltaria por conta própria e enfrentariam o inimigo?

Eris estava defendendo meu resgate. Agradeci por isso.

— Tanto faz, eu mesma vou descer! — Eris se levantou sem cerimônia e girou nos calcanhares. Foi quando nossos olhos se encontraram.

— Se você está descendo, recomendo descer um pouco mais até o altar usando a escadaria nas sombras do cogumelo e pegar a água azul — falei.

— Rudeus!

Eris respondeu à minha útil sugestão jogando os braços ao meu redor.

Ai, ai. Você vai quebrar minha coluna.

— Estava preocupada com você!

— Sinto muito.

Roxy e os outros pareciam aliviados por eu estar vivo. Que sorte a minha!

— …A propósito, o que houve com o braço?

— Ah, isso… Olha, vou explicar tudo de uma vez. Só que, antes disso… — Olhei ao redor até meu olhar se fixar em um homem sentado ali.

— Você. Quem é você? — perguntei, encarando Sándor.

 

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O Deus do Norte Kalman II, Alex Rybak. Protagonista de “A Epopeia do Deus do Norte“, que derrotou o Monarca dos Reis Dragão, abateu um gigantesco behemoth, realizou inúmeros feitos gloriosos em campos de batalha ao redor do mundo e eventualmente se tornou um dos Sete Grandes Poderes. Ele foi o maior praticante do Estilo Deus do Norte e, até apenas cem anos atrás, era considerado o maior espadachim do mundo.

Foi assim que Sándor se apresentou. Para falar a verdade, não fiquei tão surpreso. Parte de mim se perguntava o que um cara assim estava fazendo aqui, mas, principalmente, fazia sentido. Fazia sentido porque Orsted o colocou comigo sem me dizer o porquê. Porque Ariel o enviou ao invés de Ghislaine ou Isolde. Porque Dohga era um Imperador do Norte. Ele era o Deus do Norte Kalman II. Fazia sentido.

— Por que você não disse nada? — perguntei.

— Só por precaução… O Deus-Homem pode ver dentro dos corações das pessoas, mas se ninguém do nosso lado soubesse que eu era Kalman, poderia ocultar minha presença. Isso também tornava mais fácil me movimentar.

É justo. Tenho certeza de que tudo o que eu sabia vazou para o Deus-Homem quando caí na ravina.

Ele não saberia que Kalman estava no meu time porque eu mesmo não sabia, mas se ele pudesse ver o coração de Sándor ou Dohga, isso importaria?

— …Sério? — perguntei.

— Bem, para ser honesto, eu meio que achei que seria legal revelar minha verdadeira identidade em um momento crucial.

— Ah, claro. Com certeza.

— As pessoas fazem de tudo para parecerem legais, né. Acontece o tempo todo.

— Não foi inútil depois que descobrimos que Dohga era um Imperador do Norte?

— Suponho que sim… Embora Dohga não seja um Imperador do Norte particularmente famoso.

Se eu soubesse que os dois eram guerreiros poderosos, teria tentado escondê-los. Exceto que, se tivesse feito isso, talvez tudo teria sido ainda pior.

— Ah, que seja. Contarei com você daqui para frente, Alex.

— Naturalmente. Só que, por favor, continue me chamando de Sándor. É o nome pelo qual sou conhecido atualmente.

Depois de confirmar a identidade de Sándor, passamos a juntar todas as nossas informações.

Dez dias antes, eu havia trazido o Deus da Espada, Gall Falion, e o Deus do Norte Kalman III para a vila, e eles me jogaram na ravina. Não senti o tempo passar no fundo do desfiladeiro, mas fiquei inconsciente por muito tempo. Foi um dia depois, talvez dois, não tinha certeza do tempo exato, quando os círculos de teletransporte e as pedras de comunicação pararam de brilhar. Foi isso que alertou Eris e Roxy de que algo estava terrivelmente errado, e vieram para a Vila Superd para se encontrar comigo. Supuseram que os círculos mágicos na Vila também teriam parado de brilhar, mas confiaram que eu ainda estava ativo. Decidiram ver como as coisas se desenrolaram.

Foi Sándor, que voltou logo em seguida, quem lhes disse que eu estava desaparecido. Ele organizou um grupo de busca com Ruijerd e os outros para me encontrar. Foi então que descobriram que Dohga tinha entrado na ravina atrás de mim. Sándor decidiu me deixar com Dohga e se preparar para o ataque do inimigo. A razão era a informação que obteve, o deixando ansioso. O informante lhe contou um boato totalmente infundado de que os demônios da floresta eram os Superd e que haviam assassinado todos os habitantes da região. Com base nos rumores, o reino estava reunindo um grupo de caça.

— Entendi… Certo…

O relatório da Eris e da Roxy reforçava as informações de Sándor. Eles chegaram apenas ontem. Pela distância, deveria ter sido uma jornada de quatro dias, mas levou dez. Elas foram atrasadas por uma grande cerimônia na capital, pela qual tiveram que passar. Era a cerimônia de partida do grupo de caça. A decisão de caçar os Superd se transformou em uma espécie de festival, e decidiram realizar a cerimônia de partida um pouco mais cedo, em meio às festividades.

Estritamente falando, não deveria ter sido realizada até um pouco mais tarde. Geese provavelmente recebeu a notícia de que eu tinha sido jogado na ravina e colocou as coisas em movimento antes do previsto. Quando a pulseira de Orsted saiu, isso alertou o Deus-Homem sobre minha sobrevivência, então talvez ele quisesse um ataque rápido a Orsted antes que eu saísse da ravina. Roxy e Eris fizeram um trabalho de reconhecimento em torno da partida antecipada do grupo de caça, e confirmaram que o Deus da Espada e o Deus do Norte haviam se juntado durante esse período.

Enquanto faziam o reconhecimento, no entanto, as duas não conseguiam deixar de se perguntar: eu deveria estar negociando com o reino, então como as coisas acabaram assim? Onde eu tinha desaparecido?

Então, antes que soubessem o que estava acontecendo, o grupo de caça partiu da capital. Elas os seguiram, mantendo uma vigilância atenta. Sabiam para onde o grupo estava indo, mas pensaram que talvez pudessem descobrir alguma coisa. Quando chegaram à Segunda Cidade, Roxy sugeriu que continuar a perseguição era muito perigoso. Então contornaram a cidade e viajaram pela floresta, indo para a Vila Superd. Depois disso, se perderam — compreensível — e desperdiçaram alguns dias. No final, chegaram sãs e salvas à vila.

Então aqui estávamos. Ah, sim. Aparentemente Eris e Ruijerd tiveram um reencontro emocionante quando ela chegou de volta à Vila Superd. No momento em que Eris o viu, ela sentiu o impulso de atacar. Suponho que estava consumida pelo desejo de que ele visse o quanto ela havia ficado forte. Ela conseguiu se conter. Não era mais uma criança. Desde que Ruijerd a reconheceu como uma guerreira, Eris Greyrat era uma guerreira. Para não se envergonhar, precisava se comportar na frente de seu mentor. Dizendo isso a si mesma, ela assumiu sua pose habitual e disse:

— Faz tempo! Você está igual como sempre, Ruijerd.

— Oi, Eris. — Ele respondeu. — Você cresceu.

— É claro.

Essa foi a extensão da conversa entre Eris e Ruijerd. Foi o suficiente para encher Eris de nostalgia e orgulho. Antes, ela precisava olhar para cima para ver Ruijerd, mas agora estavam cara a cara. Em batalha, ela poderia lutar ao lado dele. Eris me contou tudo isso com um olhar satisfeito no rosto.

— Não temos muito tempo. O grupo de caça provavelmente está vindo para cá enquanto falamos, e não espero que demore muito até que os guerreiros ogros se juntem a eles.

— Certo. Aqui está o meu relatório.

Contei a eles que os dois soldados eram o Deus da Espada e o Deus do Norte, usando os mesmos anéis que eu tinha para se disfarçar. Geese provavelmente estava se disfarçando da mesma forma, e era por isso que não conseguíamos encontrá-lo. Também contei que caí na ravina, mas a Mão de Atofe e Dohga me salvaram no último momento. Expliquei que, quando caí, o bracelete de Orsted saiu e o Deus-Homem me viu. Terminei com nossa fuga da ravina e o retorno à vila.

— Rudeus — disse Eris quando terminei, com a voz baixa —, eu vou matar Gall Falion. — Ela estava olhando para o ponto onde meu braço se encontrava com meu corpo.

— Bem, essa é uma opção, mas vamos discutir isso. Fico feliz que você queira me vingar, mas não quero que vá sozinha, ou acabará como eu.

Ok, vamos recapitular.

Primeiro, Geese estava definitivamente em uma posição em que podia manipular o grupo de caça. O cenário mais provável era que ele tivesse se disfarçado como o rei. Eu não sabia quem eram os apóstolos, mas Geese tinha o Deus da Espada, o Deus do Norte e o Deus Ogro ao seu lado. O Deus da Espada e o Deus do Norte tinham explorado a Vila Superd usando o poder dos anéis, e o Deus Ogro foi com Geese para um ataque ao escritório, nos privando de qualquer lugar para onde fugir. Agora, estavam com os outros cem membros do grupo de caça, vindo para cá.

O Deus Ogro Marta foi enviado para Sharia. Pensar nisso novamente fez meu coração afundar em desespero.

— O que aconteceu com nossa casa? — perguntei. Roxy olhou para baixo e Eris cruzou os braços.

Sándor acariciou o queixo, parecendo preocupado. — O Deus Ogro pode ter apenas destruído o escritório e depois saído. Ele também pode ter ido atacar Sharia, mas não temos como saber.

Refleti sobre isso. O que eu teria feito? No momento, ninguém estava em Sharia. Nem Rudeus, nem Orsted. Não havia uma única pessoa lá que pudesse enfrentar o Deus Ogro. De jeito nenhum ele teria simplesmente ido embora. Mesmo se não tivesse poder de fogo, provavelmente atacaria de qualquer maneira, só por diversão.

A sala estava silenciosa. Tive a sensação de que Orsted tinha um olhar severo também. Não dava para saber com certeza por causa do capacete, mas ele sempre parecia zangado.

— Que situação! Estou perdendo a reunião! — Uma voz veio da entrada. Olhei ao redor e lá estava ele.

— Zanoba!

Certo, ele também está aqui. Não, eu não me esqueci dele! Claro que não! Eu só, hum, estava preocupado com minha família!

— Desculpe o atraso, Mestre. Acabamos de chegar.

— Não, está tudo bem. Eu também acabei de chegar.

Vi Julie e Ginger atrás de Zanoba. Elas estavam exaustas. Havia arranhões por todo o corpo delas, e o cansaço tinha deixado olheiras profundas em seus rostos. Parecia que a magia delas quase esgotara.

— Tivemos problemas com bestas invisíveis pelo caminho, sabe. Se os Superd não viessem em nosso auxílio, teríamos corrido um grande perigo.

 

 

 

— Não me diga. Certo, vamos deixar as duas descansarem… Espera, não! Precisa nos contar o que sabem primeiro. Podem se sentar no canto e descansar — falei. Sem uma palavra, Ginger e Julie cambalearam até o salão e se afundaram ao lado de um pilar. Roxy correu imediatamente para lançar magia de cura nelas.

— Certo, Zanoba. O quanto você sabe sobre o que está acontecendo?

— O essencial. Agradeceria se pudesse explicar desde o início.

Então, eu expliquei. Honestamente, era irritante ter que passar pelas mesmas coisas de novo, mas precisava ser feito. O importante era que todos estivéssemos na mesma página.

— …E assim, nossas preocupações agora são o grupo de caça que vem para cá e o que aconteceu em Sharia.

Quando terminei, Zanoba soltou uma risada curta. Não me lembrava de ter dito nada engraçado. Certamente, ele não estava pensando algo como “Bem, minha família inteira está segura aqui! Hahaha!” Ele não era assim.

— Que interessante. No caminho para cá, encontrei um monumento aos Sete Grandes Poderes, então pedi ao servo de Perugius, Mestre Arumanfi, para confirmar algumas coisas.

— Ohh! — Quem se levantou com um sorriso jubilante não fui eu, mas Sándor. Ele olhou ao redor da sala, então se sentou de volta.

— Desculpe. E então?

— Ele disse que sua família está segura, Mestre.

O alívio tomou conta da sala.

Tudo bem. Eles estavam seguros. Leo deve ter feito seu trabalho, ou alguém mais os protegeu. Talvez tenham previsto uma possível invasão à Sharia; afinal, abrigava a Universidade de Magia. Qualquer que fosse o motivo, era uma boa notícia.

— Se Mestre Perugius se juntar às nossas forças, isso por si só inclinaria a balança a nosso favor — disse Sándor, olhando ao redor da sala com leve entusiasmo.

Zanoba, por outro lado, parecia um pouco preocupado.

— Não, Sir Perugius aparentemente disse que permaneceria como espectador nesta batalha. Duvido que possamos contar com sua ajuda.

— Certamente não! Este é o tipo de situação onde ele é mais forte! — exclamou Sándor, recuando de forma um tanto melodramática.

O cara gostava tanto assim do Perugius? Não, ele era o Segundo Deus do Norte. O Primeiro Deus do Norte e Perugius eram velhos aliados, na época em que eram os Três Matadores de Deuses, o que significava que Sándor podia ser conhecido dele. Ele talvez até o admirasse, um homem da geração de seu pai conhecido como herói. Deixando isso de lado, estava certo. O poder de Perugius e seus doze familiares seria especialmente valioso em uma situação delicada como esta. Não havia melhor agente de reconhecimento que Arumanfi, o Brilhante, e Trovão Estrondoso da Noite Clara tinha a habilidade de compartilhar informações. Só de juntar esses dois já nos daria uma visão completa da situação e colocaria todos os nossos aliados a par rapidamente.

Nas lendas sobre Perugius, era assim que ele desarmava exércitos inimigos. E isso era só o começo. Entre todos os seus familiares, tinham poderes que cobriam todas as eventualidades. Se ele disse que não nos ajudaria, então era isso. A política de Orsted era não aceitar ajuda de Perugius, de qualquer forma.

De repente, Orsted falou:

— O Deus Ogro Marta pode ser bruto, mas é decente. Ele não atacaria não-combatentes. Se fosse Gall Falion ou o Deus do Norte Kalman III, eles teriam atacado Sharia. — Sua voz era suave, mas bem transmitida. Havia um pouco de eco, talvez por causa do capacete. — Geese, no entanto, é um covarde. Através daqueles outros dois, ele confirmou que eu estava aqui. Por causa do círculo de teletransporte, ele não podia descartar a possibilidade de que eu pudesse retornar ao escritório. Assim, ele enviou o Deus Ogro Marta. Mesmo para mim, levaria algum tempo para derrotar o Deus Ogro. Nesse meio tempo, Geese, ou algum aliado seu, passaria quebrando os círculos mágicos. Ele pode ter planejado isso desde o início.

Essa era a teoria de Orsted. Geese só trouxe o Deus Ogro como um plano de segurança. O que garantiu a segurança da minha família. Então… ele talvez não tivesse a intenção de atacar Sharia em primeiro lugar. Eu vinha primeiro. Minha família depois.

Sándor fez uma pergunta:

— Então por que os três não vieram juntos?

— Acredito que isso se deve aos objetivos de Gall Falion e do Deus do Norte Kalman III, que diferem dos de Geese.

Os objetivos do Deus da Espada e do Deus do Norte? Diante disso, todos pareceram confusos. Bem, todos exceto Eris.

— …Porque Gall Falion quer lutar com você, certo? — disse ela.

— Assim como Alexander Rybak.

Orsted estava na Vila Superd. O Deus da Espada e o Deus do Norte sabiam disso, e foi por isso que ficaram para trás em vez de ir para Sharia. A partir disso, tive a sensação de que Geese não tinha controle total sobre os dois. Eles poderiam ter descido até o fundo da ravina e me matado se quisessem. Quero dizer, até o Imperador do Norte Dohga conseguiu. O Deus do Norte e Gall poderiam tê-lo feito. Não estavam obedecendo o que Geese e o Deus-Homem queriam.

— Bem, pelo menos sei que minha família está segura, o que é um alívio. Embora não dê para ficar realmente aliviado quando o Deus da Espada, o Deus do Norte e o Deus Ogro estão prestes a nos atacar.

Três guerreiros de nível Deus, além de outros cem no grupo de caça. Do lado dos Superd, havia menos de vinte guerreiros aptos a lutar, além das pessoas aqui. Orsted, Zanoba, Ginger, Julie, Norn, Cliff, Elinalise, Ruijerd, Roxy, Eris, Sándor e Dohga. As mulheres e crianças Superd, junto com a equipe médica, estavam na vila. A equipe médica era uma coisa, mas o grupo de caça estava de olho nos Superd. Se invadissem a vila, todos poderiam acabar mortos.

Ginger, Julie e Norn não eram lutadoras. Cliff… também não seria de muita ajuda em uma batalha. Quanto a Orsted, ele também não lutaria. Ele era praticamente incapaz de recuperar mana, e a quantidade máxima diminuía à medida que a usava. Eu havia me tornado seu seguidor para compensar isso. Não podia pedir que assumisse só porque haveria uma luta. Jogá-lo no campo de batalha como último recurso significava colocá-lo contra não um, mas três guerreiros de nível Deus juntos. Ele teria que queimar uma tonelada de mana.

Mesmo que evitássemos isso, ainda havia o fato de que não sabíamos como Geese se parecia. Talvez ele ainda tivesse algumas forças de reserva. Se eu fosse ele, não enviaria qualquer idiota que achasse que seria facilmente derrotado em uma luta direta. Eu lhes daria um plano infalível. Orsted era a rainha no fundo do tabuleiro. Claro, eu ganharia essa troca se o trouxesse à tona, mas ele seria capturado no próximo movimento. A menos que não houvesse outra opção, era melhor ele ficar recuado.

Três guerreiros de nível Deus… Sem Orsted, não seria uma luta fácil. Seria difícil… mas não tão difícil que não pudéssemos vencer. Tínhamos três lutadores fortes: Rei da Espada Eris, Deus do Norte Sándor e Imperador do Norte Dohga. Se eu trabalhasse com Zanoba e Ruijerd para apoiá-los… não seria fácil, mas quer lutássemos ou fugíssemos, não seria totalmente impossível.

Essa guerra total parecia um pouco mal planejada por Geese. Meus aliados estavam todos reunidos na Vila Superd agora. Seria diferente se ele pensasse que eu não estava aqui, mas quando caí na ravina, o Deus-Homem descobriu que eu estava vivo. Eu estava aqui, assim como Orsted. Será que ele realmente tentaria uma batalha de frente aqui e agora?

Ah, certo. Ele tinha o Rei Abissal Vita. Se tudo estivesse indo conforme o plano, Geese pretendia usar o Rei Abissal Vita para virar Ruijerd contra mim. A partir disso, também teria me enganado quando eu chegasse desavisado ao Reino Biheiril, e depois quando o Deus da Espada e o Deus do Norte disfarçados chegassem à Vila Superd com o Deus Ogro. Haveria três guerreiros de nível Deus somados ao Rei Abissal Vita e Ruijerd… um nocaute garantido.

Era com isso que contava. Sim. Com base nisso, talvez fosse justo dizer que agora ele parecia estar em desvantagem porque eu o superei. Embora você também pudesse interpretar como pura sorte da minha parte, afinal, ainda não sabia quem era apóstolo e quem não era. As informações que tínhamos transmitiam a mesma sensação de que Geese não tinha Gall Falion e o Deus do Norte Kalman III totalmente sob controle. Então como os convenceu a trabalhar para ele? Se lhes ofereceu algumas condições que aceitaram, isso explicaria o motivo de estarem tão desesperados para atacar. As condições haviam surgido em nossa conversa há pouco. Os caras que me atacaram queriam lutar contra Orsted. Depois de vê-lo, estavam prontos para lutar. Geese havia preparado esse encontro para eles. Era isso. Dando continuidade a essa ideia, ele supostamente entrou em ação assim que soube que eu havia caído na ravina. Até acelerou a saída do grupo de caça, que deveria ter partido ao mesmo tempo que os guerreiros ogros. Ele sabia que eu teria dificuldades para sair da ravina e tentou terminar as coisas enquanto estava fora de cena. Geese, sabendo que eu não estava morto, não esperou para enviar o grupo de caça para desferir um golpe esmagador em Orsted. Esteve ocupado enquanto eu estava fora de combate, mas eu também. Voltei antes que a batalha começasse, e as coisas haviam se alinhado.

Era possível que ele tivesse percebido quem era Sándor. Além disso, se considerarmos o quanto o Deus-Homem parecia preocupado…

— Esta pode ser a nossa chance de vitória — murmurei. Nesse exato momento, um jovem entrou na sala. Ele carregava uma lança branca, um guerreiro Superd.

— O grupo de caça chegou. Estão a meio dia de distância.

Eu havia retornado a tempo, mas por pouco.

 

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A Ravina do Dragão da Terra tinha, em média, quatrocentos metros de largura. No ponto mais largo, se estendia por mais de quinhentos metros. No mais estreito, tinha perto de cem metros. Os Superd suspenderam uma ponte sobre o ponto mais estreito e a usavam para entrar e sair da floresta. Eles trituraram e espalharam ervas que repeliam os Lobos Invisíveis por toda sua extensão.

Nossos inimigos eram muitos, mas esse era seu único caminho. Ao contrário de um rio, a ravina não podia ser cruzada facilmente. Eles teriam que parar ali. Se derrubássemos a ponte, ganharíamos mais tempo. Além disso, ao contrário da floresta, não havia obstruções ali que impedissem o uso do Olho da Visão Distante. Isso os colocava dentro do meu alcance.

— Vamos deixar a ponte.

Assim, a ponte permaneceu. Poderíamos derrubá-la se o grupo de caça a encontrasse. Uma vez que você caía, não era nada fácil voltar — eu sabia por experiência própria — e existia outros benefícios além disso. Não havia tempo para montar uma armadilha, mas decidimos esperar o inimigo aqui. No momento, estávamos com seis jogadores: eu, Eris, Ruijerd, Zanoba, Sándor e Dohga. Nós seis enfrentaríamos os três de nível Deus. Os guerreiros Superd se concentrariam principalmente no grupo de caça. Eu tinha algo especial para Roxy fazer, então ela ficaria posicionada na retaguarda. Elinalise e alguns guerreiros Superd seriam sua guarda. Cliff e os outros protegeriam a vila.

Era uma formação de batalha bastante tradicional, eu acho. Guerreiros na linha de frente, magos na retaguarda. Também poderíamos enviar qualquer um que se ferisse de volta à vila para ser curado. Falando em cura, decidi deixar a Mão de Atofe onde estava por enquanto. No momento, nosso tempo, bem como os pergaminhos que Roxy e Zanoba tinham consigo, eram limitados. Meu novo braço parecia ter especificações melhores do que meu braço real, então pensei em deixá-lo e regenerar meus braços reais depois que a batalha acabasse. Eu poderia usar um pergaminho mágico de cura quando chegasse a hora. Era o presente de uma rei demônio, então iria me divertir um pouco com ele.

 

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Meio dia depois, estávamos encarando o grupo de cem caçadores do outro lado da ponte. Três homens estavam à frente, do lado do Reino Biheiril. Um homem de meia-idade com uma espada à cintura. O Deus da Espada Gall Falion. Ele já havia cedido seu título de Deus da Espada a outro, e estava envelhecendo muito. No entanto, e quanto a sua habilidade com a espada? Isso não havia se deteriorado. Eu era a prova disso. Hesitei em atribuir “ex” ao seu nome, para não baixar a guarda. Ao seu lado havia um jovem com uma espada gigante nas costas, Deus do Norte Kalman III, Alexander Rybak. Era um dos Sete Grandes Poderes, mas sua força era uma incógnita. E, erguendo-se quase a três metros de altura, largo como o tronco de uma árvore gigante, vestindo um colar com o que parecia ser um sino e um tapa-sexo listrado de tigre, estava um ogro vermelho.

Era o Deus Ogro Marta. Orsted supôs que ele não atacou minha família, mas não tínhamos certeza. Talvez eu devesse agradecê-lo por isso… mas não planejava. Ele atacou o escritório, o que significava coisas sombrias para a garota elfa na recepção. Seu nome era Fa… Farraris… certo? Não, espere. Hm. Bem. Era algo assim. Ok, eu nunca lembrava o nome dela de verdade, mas ainda assim queria vingá-la.

— Nenhum sinal de Geese, hein? — Infelizmente, não vi nenhuma cara de macaco. Estava se escondendo por perto ou esperando na Segunda Cidade de Irelil? De qualquer forma, ele estava fora do alcance do Olho da Visão Distante. Isso era típico de Geese. Se não tivesse tudo sob seu controle, poderia ter decidido jogar a toalha desta vez e dar no pé.

Vi rostos assustados no grupo de caçadores ao olharem para os guerreiros Superd com seus cabelos verdes e lanças brancas. Demônios saídos de contos de fadas. Se vencêssemos essa batalha, eu venderia panfletos do Ruijerd em todas as esquinas do Reino Biheiril.

— Não há nada a temer! — Ao contrário do grupo de caçadores, os três deuses à frente não pareciam temer os guerreiros Superd. — Somos muito mais numerosos do que eles! — Alexander estava particularmente animado. Ele acenou o punho no ar, fazendo um discurso para elevar a moral com uma voz alta o suficiente para nos alcançar.

Era verdade que o grupo de caça nos superava em números, mas ele estava errado. Estávamos na floresta e tínhamos os Superd, portanto tínhamos a vantagem.

Todos sacaram suas espadas enquanto olhavam para nós, cerca de vinte, do outro lado da ravina com hostilidade evidente. Em seguida, Alexander tirou a espada de suas costas.

— Meu nome é Alexander Rybak, o Terceiro Deus do Norte Kalman! Sigam-me e juntos alcançaremos a glória!

Com isso, Alexander partiu correndo pela ponte suspensa, uivando. Sándor gritou:

— Agora!

Disparei canhões de pedra de ambas as mãos. Voaram diretamente para a base da ponte suspensa, despedaçando-a em pedaços. Ruijerd, à minha frente, também entrou em ação. Ele cortou as vinhas que sustentavam a ponte com sua lança branca.

— Aaaah!

Todos assistiram maravilhados enquanto a ponte caía. O Deus do Norte Kalman III despencou no abismo.

Todos apenas encararam em choque, até mesmo Sándor, que tinha dado a ordem.

De jeito nenhum. Isso não acabou de acontecer. Você só pode estar brincando…

Quer dizer, ele não vai voltar de uma queda dessas.

…Bem, era o Alexander, então talvez ele consiga. Ainda assim, mesmo que sobreviva, vai levar um tempo para subir de novo.

— …T-Tudo bem, é um a menos então? — falei. Ninguém aplaudiu. Ninguém parecia irritado também. O choque do que acabara de acontecer estava gravado na mente de todos. Era a nossa chance! Concentrei magia em minhas mãos. A lista de pessoas que poderiam atacar agora era muito curta.

Vamos lá.

Levantei minha mão esquerda para o céu. Enviando uma enorme onda de mana, criei nuvens de trovão, então usei minha mão direita para subjugar a energia mágica furiosa, comprimi-la e trazê-la para baixo.

— Relâmpago! — Um estalo de trovão iminente rolou; um raio envolto em relâmpago desceu. Minha visão ficou branca, então houve um estrondo. O trovão ecoou ao nosso redor em uma onda completa. Uma nuvem de sujeira se elevou no penhasco oposto. As chamas envolveram as árvores, que rangeram e se partiram ao cair no chão. Não consegui dizer quanto dano causei, mas senti com tanta intensidade que minhas mãos tremiam. Era a sensação de ter matado pessoas. Afastei a náusea e concentrei mana em minhas mãos novamente.

— Mais um tiro… — Um segundo depois de dizer isso, algo veio voando para fora da nuvem de poeira. Uma forma vermelha. O salto foi sem esforço e, nesta distância, silencioso, como se estivesse voando. Seu ímpeto era avassalador. A forma vermelha se aproximou a uma velocidade impressionante e fez impacto. Impacto era a única palavra para descrever. Houve um estrondo e uma nuvem de fumaça como um tiro de canhão.

Um ogro de pele vermelha, e um humano de quarenta e poucos anos: Deus Ogro Marta e o ex-Deus da Espada Gall Falion. Eles haviam saltado a ravina. Um salto de cem metros. Os Sete Grandes Poderes em plena exibição.

— Certo… Quem vai lutar comigo? — Ele era um lobo sorridente. Quando o enfrentei pela última vez, ele parecia um pouco bobo. Agora era diferente. Uma batalha com riscos mortais. Em seu cinto, guardada em sua bainha resplandecente, havia uma espada. Provavelmente mágica. Não era como a que a armadura havia parado. Senti o suor frio escorrendo pelas minhas costas.

— Sou eu. — Um cão louco de cabelos vermelhos avançou. Ela tinha duas espadas em seus quadris. Cruzou os braços e se colocou imponente na frente de Gall Falion.

— É, era de se esperar. Quem mais?

— Eu — falei.

Gall Falion riu desdenhosamente.

— Ora, ora! Parece bem para um homem morto.

— Vivo e bem vivo, na verdade.

— Tsc… hah. Eu disse que deveríamos ter cortado a cabeça dele — murmurou.

A quem foi dirigido esse resmungo…? Geese, suponho.

Havia mais um de nós. Ele não disse seu nome, mas ao meu lado estava um guerreiro corajoso e endurecido pela batalha, de cabelos verdes e uma lança branca na mão.

Três de nós reunidos. Eris, Ruijerd e eu. Nós três iríamos lutar juntos. Fim da Linha estava de volta.

Era três contra um, mas não vi ninguém reclamando. O plano era para mim e Sándor lutarmos contra Alexander, mas então o moleque estragou tudo com aquele movimento idiota. Sándor, Zanoba e Dohga iriam enfrentar o Deus Ogro, que se concentrava no combate corpo a corpo. Zanoba e Dohga eram incrivelmente fortes contra personagens do tipo força física.

Sándor, o Deus do Norte Kalman II, também deveria ter experiência em lutar contra grandes inimigos. Eram a combinação perfeita. Eles podem vencer. Talvez perdêssemos alguém pelo caminho, mas mesmo assim. Podemos vencer esses dois.

— Hyup! — Naquele momento, ouvi um grito vindo de trás de nós. Girei a tempo de ver alguma coisa voando da ravina… não uma coisa. Era um garoto de cabelos pretos. Aquele que acabara de cair na ravina.

Ofegante, ele enxugou a testa e ergueu a espada bem alto no ar. Então, como se estivesse em uma produção teatral, proclamou:

— Eu sou o Deus do Norte Kalman III! Matarei o amaldiçoado deus do mal, Orsted, e me tornarei um herói! Qualquer um que ouse ficar no meu caminho pode me desafiar!

De jeito nenhum… isso não está acontecendo. Ele subiu correndo? Do fundo da ravina…?

Para ser justo, embora fosse um penhasco, não era totalmente vertical. Com magia, até eu poderia parar durante a descida e voltar direto para cima. Ou talvez ele tenha corrido para cima a partir do fundo, cravando aquela espada na parede enquanto escalava… Isso era os Sete Grandes Poderes para você.

— …Não tem jeito — disse Sándor. — Mestre Rudeus, vamos pegar esse cabeça dura?

— Sim. — Acenei para ele.

Fiquei desapontado por não poder lutar com Eris e Ruijerd, mas tudo bem. De volta ao plano original.

— Cuidado com essa espada — disse ele. — É a mais forte do mundo.

Havia apenas uma espada digna do Deus do Norte empunhar: a lendária grande espada, forjada após a derrota do Monarca dos Reis Dragão. Kajakut, a Lâmina do Rei Dragão.

O mestre da espada, no entanto, nos olhava boquiaberto, com a espada ainda erguida.

— Por quê? — exigiu. — Por que você está aqui? — A voz do Deus do Norte Kalman III, Alexander Rybak, tremia enquanto me olhava.

Oh ho ho. É tão surpreendente ver que eu sobrevivi? Nunca imaginou que eu estaria bem o suficiente para participar da batalha? Pensei que você teria ouvido isso de Geese, mas acho que não acreditou. Veja bem, quando você não vê um personagem morrer, como quando ele cai de um penhasco, isso sempre significa que ele vai voltar.

Espera, o quê? Ele não está olhando para mim?

O olhar de Alexander estava direcionado à figura atrás de mim. Ele estava olhando para Sándor. Ah, tudo bem. Isso faz mais sentido.

— Pai! — Talvez esse grito tenha sinalizado o início da batalha, ou talvez fosse apenas uma questão de timing.

— Ruooaaaah!!!

No próximo instante, o Deus Ogro Marta ergueu os braços e os bateu no chão, soltando um rugido de guerra. O chão se ergueu, o penhasco desmoronou, e uma fileira de árvores tombou. Deixei o impacto me levar, e assim a batalha começou.

 


 

Tradução: NERO_SL

Revisão: Merovíngio

 

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