Quando acordei, estava em um lugar branco. Meu corpo havia revertido ao estado da minha vida passada, uma realização que me trouxe uma sensação de impotência. Não sentia isso há muito tempo. Junto com esse sentimento, veio também a sensação de derrota. Eu perdi. Ruijerd tinha sido a isca, e eu caí no truque. Depois de derrotar Vita, baixei a guarda e entrei em contato com o Reino Biheiril, o que permitiu que Geese soubesse onde eu estava. Acabei estendendo o tapete de boas-vindas para o antigo Deus da Espada e o Deus do Norte. E assim, acabei sozinho naquela confusão, com inimigos de ambos os lados. Só de pensar nisso, já me fez suspirar.
Geese tinha observado tudo de perto. Eu não esperava perder toda a minha magia quando meus braços foram cortados pela raiz. Ele também escolheu o local perfeito. Naturalmente, eu não poderia invocar a Versão Um na ponte. Ele deve ter decidido de antemão forçar a luta em um lugar assim. Graças ao sistema que Roxy construiu, não precisava mais desenhar um círculo mágico, mas Geese não sabia disso…
Bem, aqueles dois não iam perder para mim na Versão Dois. Parece que não anteciparam que a ponte não suportaria a Versão Dois atualizada pisando nela. Suponho que havia uma rota de fuga… abaixo de mim.
Então, onde estava Geese? Disfarçou-se como o rei do Reino Biheiril? A voz era diferente… mas estamos falando de Geese. Imitar vozes estava dentro de suas habilidades. Além disso, seria fácil com a ajuda do Deus-Homem.
Espere um minuto, porém. Sándor também era suspeito. A voz, o rosto e o físico dele não se assemelhavam a Geese, mas com um implemento mágico, ou um item mágico, ele poderia ter mudado essas coisas. Talvez tivesse se infiltrado no Reino Asura desde o início e tomado o lugar do líder dos cavaleiros dourados ou algo assim. O cara era bom em obter informações. Bom até demais. Era muito possível.
Cara, parece que havia muitas dessas maquinações ultimamente. Foi a mesma coisa com o Rei Abissal Vita usando sonhos para montar um ataque psicológico.
Uau, você é realmente uma criatura slime? Aposto que esse filtro de pixelização não é para esconder sua identidade. Você era realmente um slime o tempo todo!
Sem resposta.
Idiota! Estou falando com você. Diga alguma coisa. Pareço um idiota falando sozinho. Agora que perdi, você poderia pelo menos aparecer para se gabar enquanto revela seus planos. É isso que o vilão faz, então vá em frente. Bata no meu ombro e diga: “Boa tentativa, mas eu ganhei. Que pena, hein? Hur hur”.
O que ele estava esperando? Meus punhos queriam uma última palavra, pelo menos.
— …Vá morrer em algum buraco.
Já morri. Então, qual é a história, bebê Deus-Homem? Seu filtro de mosaico pixelizado não está funcionando tão bem. Está se sentindo para baixo?
— Toda vez que você faz algo, meu futuro muda.
Sim. Essa é a ideia.
— Eu sempre posso ver meu próprio futuro. Consigo ver todo o meu futuro.
Sim, eu sei. Você tem visão do futuro. Para no máximo três pessoas, certo… espera. Isso inclui você? Seu terceiro discípulo consegue ver o próprio futuro?
— Três? Posso ver mais do que isso. Só não posso tirar os olhos do meu próprio futuro. É por isso que só vejo três.
Ou seja, é preciso a maior parte de seu poder para ver seu próprio futuro?
— É como se meu futuro fosse vermelho. Houve um momento em que ele ficou escuro.
Tanto faz. Pinte-o de preto.
— No começo, era só Orsted. O que não é nada. Ele não é meu inimigo. Eu nunca perderia para um idiota tão simplório.
Idiota…? Ok, Orsted é um pouco cabeça dura às vezes. Como quando ele não disse nada sobre os Superd… Não que eu tenha moral para falar.
— Naquele momento, um homem apareceu ao lado de Orsted. Um homem que eu não conhecia. Totalmente em branco. Acho que ele não era deste mundo. Desde então, as coisas ficaram um pouco mais escuras.
Ohh. Está falando do namorado da Nanahoshi? Qual é o nome dele mesmo?
— Logo aumentaram. Uma garota. Desde então, meu futuro tem sido escuro e silencioso. Toda vez que você faz algo, os aliados de Orsted aumentam. Cada vez, meu futuro ficava mais escuro. Agora, está tudo preto.
Legal. Então o que eu venho fazendo não foi em vão.
— Ah, foi sim. Eu vou tornar isso em nada.
Que chato. Tanto faz. Se já estou morto, não há nada que eu possa fazer.
— Se você morrer, ainda há tempo. Este futuro criado só surgiu por causa de um cara. Posso revertê-lo matando humanos com destinos fortes. Foi isso que fiz durante todo esse tempo.
Quer que eu implore pela minha vida…? Pressione minha cabeça no chão e suplique: “Por favor, poupe minha família!” Provavelmente impossível neste estágio, dadas as circunstâncias.
— Só morre de uma vez. Morra, morra.
“Morra, morra.” O que você é, uma criança de oito anos?
— Morra no inferno, Rudeus.
Escute, droga!
Meus olhos se abriram. Eu me senti péssimo. Ter alguém mandando você morrer na sua cara realmente te deixa se sentindo mal. Mesmo assim, apesar de ele ter dito “morra”, não disse “vou te matar”. Há uma lição aí sobre como o Deus-Homem depende das pessoas, ou algo assim. Ele não fazia o trabalho sujo; só dava ordens lá de cima. Um desgraçado.
De qualquer forma.
— Então eu estou vivo — falei. Achei que estava morto, com certeza. A Armadura Mágica Atualizada Versão Dois era extremamente resistente, mas eu ainda era de carne e osso. Eu desmaiei. Caramba, daquela altura. Não havia como meu corpo sobreviver ao choque da queda, mas aqui estava eu, acordado, então devo ter sobrevivido. Será que algo amorteceu minha queda? Não parecia haver árvores aqui embaixo…
De qualquer forma, obrigado, Papai Paul e Mamãe Zenith, por terem feito um filho tão resistente.
— Ngh. — Sentei-me. Estava escuro ao meu redor. Talvez uma caverna. Algo parecia estranho. Agora mesmo, quando me sentei. Como fiz isso? Contraí meus músculos abdominais e, em seguida, me apoiei nos cotovelos…
— Hã? Eu tenho braços.
Por algum motivo, meus braços, que tinha certeza terem sido cortados por Gall Falion, estavam presos aos meus ombros. Não tenho função de regeneração, pelo que sei… pensei, olhando para minhas mãos.
— Uau! Que porra foi essa…?! — Minhas mãos estavam negras, um preto lustroso como obsidiana. Elas se moviam sem problema, e parecia que todas as terminações nervosas estavam intactas. Passei meus olhos por elas. Os membros negros estavam fixados aos meus ombros como plantas enraizadas no solo. Era um pouco nojento.
Além disso, alguém me tirou da Armadura Mágica Atualizada Versão Dois. As seções das pernas também se foram. Estava só de cueca. Meu corpo estava envolto em bandagens com sangue escorrendo pelos lados. Recebi os primeiros socorros. Isso significava que quem me salvou não podia usar magia de cura. Também tinha que agradecer a essa pessoa pelos braços… talvez?
— …Ah. — Olhei ao redor e vi minhas roupas dobradas em uma pilha. Em cima delas, acredite se quiser, alguém havia jogado um braço decepado. Recém decapit… ou desbraçado, talvez.
Ah. Acho que aquele era meu braço. Eu podia ver o bracelete do Deus Dragão nele.
— Ai… — Quando me arrastei até meu braço, meu corpo foi abalado por uma onda de dor. Lancei rapidamente um feitiço de cura para fechar minhas feridas, depois peguei a pulseira do meu braço decepado e a coloquei no meu novo braço negro. Estava funcionando, certo?
— Onde estou? — perguntei em voz alta, levantando-me cautelosamente e produzindo uma chama na palma da mão para iluminar os arredores. Estava em um espaço de cerca de cinco por quatro metros. As paredes eram de terra. Por haver um teto, eu estava em uma caverna, exatamente como pensei. Algum tipo de tecido estava espalhado no fundo da caverna, e eu havia sido deitado em cima dele. Aquele tecido… Era uma capa?
Primeiro, dirigi-me à entrada da caverna para determinar minha localização. A caverna fazia uma curva, mas logo vi luz. Aquela era a saída. Parado ali estava alguém com ombros massivamente largos e armadura correspondente. Quando me aproximei, ele se virou lentamente e levantou a viseira do capacete. Um rosto familiar apareceu na abertura.
— Dohga… — falei.
— Uhum.
— Você me salvou?
— Eu vi a ponte cair. Pulei na hora. Você estava inconsciente. Tentei carregá-lo, mas a armadura era pesada. Tirei-a e trouxe você até aqui, onde cuidei das suas feridas.
Dohga havia me salvado. Ele havia pulado para o fundo dessa ravina…
Oof. Desculpe, Dohga, por dizer que você não tinha presença e era inútil…
— Bem, obrigado. Você salvou minha vida. Desculpe por ter ido sozinho. Deveria ter sido mais cuidadoso.
— …Hm. Foram ordens do Sándor — disse Dohga com um sorriso fraco. Mesmo que ele estivesse apenas cumprindo ordens o tempo todo, Dohga cuidou de mim. Que cara legal. Eu era o idiota aqui, achando que estava cuidando daqueles dois soldados.
— Esses braços também foram você? — perguntei, levantando meus braços negros como ônix. Dohga balançou a cabeça.
— Quando te encontrei, você estava como… um casulo. Eu o abri, e o casulo se transformou em braços.
O quê? Eu era um casulo, e então o casulo se transformou em braços? Se os braços eram o casulo, o que diabos era o casulo? Eu estava carregando algo que faria os braços se anexarem a mim? Olhei para meus braços. Dohga pareceu se desculpar.
— Eu encontrei um braço verdadeiro. Procurei pelo outro, mas nenhum sinal dele. Talvez tenha sido comido. Sinto muito.
— Ah, não. Não se preocupe. — Eu poderia regenerá-lo com magia de cura… se os braços negros saíssem, claro. — Onde estamos? — perguntei.
— No fundo da ravina. A parte mais profunda.
— Certo… Quanto tempo se passou?
— Não sei. Não há sol aqui. Dois ou três dias, eu acho. — Dohga se moveu para o lado e a luz atingiu meus olhos. Era fraca e pálida, com um tom azulado. O que pareciam ser musgo e cogumelos brilhantes cresciam densamente fora da caverna, iluminando a área ao redor. Isso não foi tudo que vi, no entanto. Fora da caverna, bloqueando a entrada, estavam três corpos. Eram animais com carapaças como dinossauros. Dragões da Terra. Três dragões da terra inteiros estavam lá, mortos.
— …Você fez isso? — perguntei.
— Uhum. Para proteger Rudeus. — Notei que havia sangue escarlate manchando o grande machado de Dohga. Sangue de dragão da terra, imagino.
Ele realmente os derrubou sozinho? Muito bem, Dohga! Talvez eu o tenha subestimado um pouco. O Deus do Norte Kalman havia dito isso, na verdade.
— Você é um Imperador do Norte, certo?
— Uhum. Ainda aprendendo. O mestre diz que eu mato monstros bem.
Muito bem, que idiota disse que Dohga era inútil? Ariel enviou um lutador que entende do assunto! Tudo bem, fui eu, me desculpe. Eu o subestimei!
— Certo… — falei. — Você é realmente incrível.
— Uhum. — Ele sorriu feliz com meu elogio.
Se Dohga é um Imperador do Norte…
— E o Sándor? — perguntei.
Houve uma longa pausa, e então ele disse:
— …Não posso dizer.
— Certo.
Não importa. Eu tinha um palpite. Ia interrogá-lo quando voltasse.
— Tudo bem. Precisamos sair daqui. — Antes de mais nada, tínhamos que voltar.
O antigo Deus da Espada… Não, Gall Falion talvez não fosse mais o Deus da Espada, mas suas habilidades estavam intactas. Eu continuaria chamando-o de Deus da Espada. Quero dizer, havia segundo e terceiro Deuses do Norte, e além disso, não é como se alguém fosse me prender por pensar nele como um Deus da Espada. Então… o Deus da Espada e o Deus do Norte. Meus inimigos eram poderosos e estavam disfarçados. Era possível que ninguém soubesse que eles haviam tentado me matar ainda. Se realmente quisessem me machucar, então um grupo de caça estaria vindo para destruir a Vila Superd. Poderíamos lidar com isso, mesmo que viessem em centenas, mas era uma história diferente se aqueles dois se escondessem no meio da multidão.
Eu tinha que os impedir.
— …Primeiro, me leve até onde eu caí. Quero pegar minha armadura. Pode ser que ainda tenha alguns pergaminhos utilizáveis também.
— Uhum — concordou Dohga. Ele começou a caminhar, e eu segui sua figura robusta e confiável.
Chegamos à Armadura Mágica relativamente rápido, matando dois Dragões da Terra no caminho. Dohga os derrubou com um único golpe cada.
Sim! Um. Único. Golpe.
Ele se firmou enquanto o Dragão da Terra avançava, e com um único balanço de seu machado maciço, a cabeça da criatura voou. Esse era um cara com quem você podia contar.
Pensando na luta contra os Lobos Invisíveis, ele parecia ser vulnerável a ataques furtivos, mas ninguém o superava em uma batalha de pura força.
Embora Dohga estivesse em ótima forma…
— Hm… — A Armadura Mágica estava profundamente cortada. O Vernier de Pergaminhos nas costas estava destruído, o feixe de pergaminhos cortado ao meio. Não só isso, mas meu sangue deve ter respingado dentro do vernier, entupindo tudo. Estava inútil assim. Acho que nem a Armadura Mágica podia te proteger contra inimigos no nível de um Deus da Espada. A espada devia ser frágil, pois tinha perfurado a armadura e depois quebrado ao meio. Pelo fragmento da lâmina, não parecia nada especial.
Gall Falion devia ter muitas espadas mágicas, mas deixara para trás para não chamar atenção. Se tivesse trazido algo assim, Orsted ou Cliff teriam percebido. Com sua própria espada, a armadura não teria parado o golpe e eu teria sido cortado ao meio. Não era um pensamento agradável…
— Isso está inútil agora — falei. Parece que não tinha escolha a não ser jogar fora o Vernier de Pergaminhos que Roxy tinha feito para mim. Depois de todo o trabalho que ela teve… Vou voltar e pegar isso mais tarde.
A armadura em si ainda funcionaria, embora não estivesse em perfeitas condições. Ainda tinha uma das partes dos braços, e as partes das pernas estavam intactas. Mesmo assim, não poder usar os pergaminhos de invocação era um duro golpe. Eu não seria páreo para aqueles dois sem a Armadura Mágica Versão Um. Quando voltássemos para a Vila Superd, eu teria que ir direto para o escritório e trazer a reserva. Bem, é o que eu faria se tivesse esse tempo.
— …Hã? — Quando desprendi o vernier de pergaminhos da Armadura Mágica, a ponta da espada que o perfurava caiu no chão e, com ela, um pergaminho.
Exceto que não era um pergaminho, mas uma caixa. Havia um espaço dentro do vernier, então tinha guardado aquela caixa lá. Era do tamanho de um dicionário e gravada com padrões demoníacos. Do tipo de caixa que te amaldiçoa quando você a abre.
— A caixa que ganhei de Atofe… — A que me disseram para abrir se me encontrasse em uma situação desesperadora. Foi quando a espada atingiu essa caixa que ela quebrou. Pude ver a fraca marca que a lâmina havia deixado. Hesitante, abri a caixa e olhei dentro. Não havia nada lá. Estava vazia.
Calma… Havia algo escrito na parte interna da tampa.
Esta carne negra é uma ramificação da Rei Demônio Imortal Atofe. Em caso de perigo, libere-a e ela te protegerá. Use com cuidado.
Carne negra… pensei, olhando para o meu braço. …É isso que este braço é? Eu tinha quase certeza de que não a tinha aberto, mas talvez o ataque de Gall Falion tenha feito uma rachadura nela, e sentindo que eu estava em perigo, me protegeu da queda, depois parasitou meu braço e estancou o sangramento… algo assim?
Sim, deve ter sido isso. De frente para o leste, eu me prostrei. Agradeci à violenta rei demônio do fundo do meu coração.
— Lady Atofe… — disse em voz alta —, obrigado! — Ninguém respondeu.
Atofe ainda estaria por aí, mas se nos víssemos, eu lhe daria uma boa garrafa de alguma coisa. Qual era aquele vinho com o nome bobo?
— Certo, vamos voltar — falei. A luta estava se aproximando. Eu precisava voltar rápido.
Ou pelo menos, esse era meu grande plano. Acontece que não conseguimos escalar a ravina. Usei magia da terra para subir um pouco, mas quando deixamos a área com os cogumelos e musgos luminosos, tudo ficou completamente escuro. Enquanto estávamos mergulhados naquela escuridão, o que poderia nos atacar senão um enxame de Dragões da Terra? Os apoios que fiz com a magia da terra eram instáveis e, na escuridão, mais de dez Dragões da Terra pularam sobre nós como lagartixas. Um após o outro, vieram de ambos os lados. Eram tão grandes que não tivemos escolha a não ser recuar. Como se isso não fosse ruim o suficiente, usavam magia. Por que não usariam, não é? Ah, qual é?! Lanças de Terra surgiram de cima, de baixo, da esquerda, da direita e até da própria parede. Um pesadelo absoluto.
Ugh. Dragões!
— Phew…
Tentei várias coisas. Usar uma catapulta para nos lançar ao topo de uma só vez. Magia da terra para nos esconder enquanto subíamos. Qualquer coisa que eu fizesse, os Dragões da Terra estragavam. Eles nos interceptavam no meio do voo da catapulta e nos encontravam através da minha magia de furtividade. Eram inesperadamente inteligentes e implacáveis. Uma vez que nos localizavam, nos perseguiam até que recuássemos para o local onde cresciam os cogumelos e musgos. Pareciam não gostar de lugares como aquele. Talvez fosse por causa dos cogumelos, ou talvez não vissem essa área como seu território. Alguns ainda nos perseguiam lá embaixo, então não era como se fossem fisicamente incapazes.
— O que podemos fazer… — considerei. — Sabe, Dohga, estou impressionado que você conseguiu descer até aqui.
— …Uhum. Não houve muitos ataques na descida.
— Hã… Ah, espera um pouco. Isso faz sentido.
Os sentidos dos Dragões da Terra eram fracos para qualquer coisa acima deles, mas alertas para qualquer coisa vindo de baixo. Eu sabia disso, mas essa era a primeira vez que via isso em ação. Era implacável, como um galo que ataca quando avista um inimigo. Considerei recorrer a magia em área para explodir todos, mas tudo o que isso faria seria nos enterrar nos escombros. A ravina era larga e profunda, e os Dragões da Terra podiam usar magia de terra. Mesmo se eu eliminasse dezenas deles, isso não afetaria seus números. Também não queria usar uma enorme quantidade de magia desnecessariamente quando a luta contra Kalman e Gall Falion ainda estava por vir.
Ugh, eu estava hesitando. Enquanto isso, as lâminas dos assassinos poderiam estar se aproximando da Vila Superd. Eles poderiam facilmente voltar essas lâminas para outras direções também. A localização de Zanoba estaria exposta no mínimo. É possível que já tenham chegado até ele. Eu estava ansioso para ir… mas precisava desacelerar. A pressa não melhoraria nada.
Por alguma razão, quando olhei com o Olho da Visão Distante, os Dragões da Terra ainda estavam nos observando depois que descemos.
— Vamos ver se há algum lugar com menos Dragões da Terra, certo? — sugeri.
— …Uhum.
Com isso, começamos a caminhar, nosso caminho iluminado pelos cogumelos e musgos. Não eram apenas Dragões da Terra nos atacando. Tivemos que enfrentar insetos do tamanho de pessoas que pareciam louva-a-deus e centopeias. Talvez os Dragões da Terra sobrevivessem comendo esses insetos. Um deles havia agarrado um inseto com suas mandíbulas bem na nossa frente antes de subir o penhasco. O corpo de outro Dragão da Terra caiu, suponho que morreu na parede do penhasco, talvez, e foi cercado por insetos. Suas presas estavam aqui embaixo, e era raro que algo viesse de cima. Fazia sentido que prestassem atenção apenas nas coisas abaixo deles. Havia uma peculiar cadeia alimentar específica nesta ravina.
Algo me ocorreu enquanto caminhávamos.
— É fácil de andar aqui, não? — falei. O caminho nas profundezas da ravina era inesperadamente suave. Algumas áreas estavam bloqueadas por cogumelos enormes ou rochas que devem ter caído de cima, mas era plano e bem fácil de navegar. Senti como se já tivesse caminhado por um caminho semelhante antes.
— …Uhum. A Mandíbula da Wyrm Vermelha é igual.
— Ahhh!
Aquele lugar! O local das lembranças emocionantes e terríveis de Orsted!
Realmente parecia a mesma sensação que nas Mandíbulas Superior e Inferior da Wyrm Vermelha, assim como o caminho para o Santuário da Espada. Os cogumelos e as rochas caídas dificultavam a identificação, mas aqueles lugares tinham a mesma sensação.
— Isso significa que alguém fez isso…?
Não havia monstros naquela estrada. Isso significava que alguém fizera este caminho, e então chamado os Dragões da Terra… Espera um segundo. Não tinha sido Laplace quem chamou dragões para o continente central? Ele poderia ter feito este caminho também.
Por quê?
Eu não tinha como saber. Estava procurando um lugar para subir, não uma resposta para um mistério histórico. Poderia haver um local com terreno de rocha dura o bastante para impedir que os Dragões da Terra façam ninho ali. Olhava para cima com o Olho da Visão Distante há um bom tempo, mas as paredes do desfiladeiro estavam tão cheias de buracos que me preocupava com sua integridade estrutural. Era como uma cidade de arranha-céus amontoados sem espaços. Não havia um Dragão da Terra vivendo em cada buraco, mas era bem próximo disso. Mil, talvez dois mil. Os que viviam na parte inferior eram os que mais desciam para procurar comida. Não acho que havia comida suficiente aqui embaixo para sustentar um número tão grande de Dragões da Terra, mas neste mundo, não era incomum ver monstros em números que não condiziam com a quantidade de presas disponíveis.
…E se eu puder usar essas informações para subir até o topo da ravina? Mas como, exatamente? Vamos lá, cérebro!
Era um inferno sair depois de cair. Disseram-me para não cair na Ravina do Dragão da Terra. Mas será que eu ouvi? Nãoooo…
— Rudeus.
— Hm? Inimigos? — Preparei-me para outro inseto ou algo do tipo aparecer, mas Dohga estava apontando direto para o lado. Não havia nada além de uma parede ali. Espera… não nada. Estava na sombra de um cogumelo, o que tornava difícil ver, mas havia um buraco. Havia buracos aqui e ali no fundo do desfiladeiro, mas esse buraco era um pouco diferente dos outros por causa das escadas. Tinha uma escadaria!
Levava para baixo.
Devemos descer a partir daqui?
Então…
— Uh? — No segundo seguinte, meu braço se moveu sozinho. Minha mão direita apontou para o buraco. Como se estivesse me dizendo para entrar.
— Lady Atofe, essa é a saída…?
A ramificação de Atofe não falava, mas o braço continuou apontando.
— Acho que sim. — Não parecia que íamos encontrar um lugar para subir, não importava o quanto caminhássemos. A ravina não era interminável, mas mesmo que continuássemos por eras, provavelmente chegaríamos a um beco sem saída. Voltar para procurar na outra direção também levaria tempo. Eu poderia muito bem investigar tudo que chamasse minha atenção no caminho.
— Vamos ver o que há lá embaixo?
— Mm-hmm. — Dohga concordou sem hesitar. Talvez ele também tenha sentido algo ao olhar para a escadaria. Então partimos, descendo para a escuridão.
No final das escadas, havia um altar enorme. Um altar enorme… De que outra forma posso descrevê-lo?
Era um espaço vasto, coberto de cogumelos e musgos, sustentado por dois pilares decorados com gravuras. Havia um pedestal de pedra lavrada, e a parede atrás dele era adornada com um afresco1Técnica de pintura em paredes ou tetos de gesso ou revestidas com argamassa, ainda frescas, e geralmente assumem a forma de mural. finamente esculpido. A coisa representada ali poderia ser um dragão. Havia muitas coisas diferentes espremidas no design, mas era difícil discernir na penumbra. Ainda assim, tinha a sensação de que já tinha visto algo assim antes. Onde mesmo… Ah!
— Isto é uma ruína deixada pelo Clã Dragão…? — perguntei em voz alta.
Sim, era isso. Este lugar se parecia muito com as ruínas de teletransporte. Além disso, essas gravuras pareciam coisas que vi na fortaleza flutuante. Isso significava que poderia haver ruínas de teletransporte aqui. Mesmo que houvesse, eu poderia contar com elas? Para onde eu iria se pulasse em um círculo de teletransporte que levava a sei lá onde? Eu só queria ir direto para cima.
Espere, não tire conclusões precipitadas ainda. Pelo que pude ver, não havia outras salas além desta com o altar. A Mão de Atofe não estava apontando naquela direção, mas para o afresco e uma pequena prateleira de pedra abaixo dele. Corrigindo, a prateleira só parecia pequena porque o afresco era muito grande. Não era nada pequena. A mão de Atofe estava apontando naquela direção.
O rosto de Atofe apareceu na minha mente. Eu realmente podia seguir a liderança de uma rei demônio com aquela cara horrível? A incerteza me agarrou por um segundo, mas minhas pernas já estavam se movendo. Com a mão de Atofe ainda apontando, fui até a prateleira. Nela, havia várias garrafas, turvas e com tampas abertas. Havia também uma bola de cristal turva encaixada na prateleira.
— Espero que não tenha bebida nessas garrafas — murmurei, pegando uma garrafa. Estava gravada com um padrão de dragão. Aposto que, se mostrasse para Zanoba, ele poderia me dizer quanto valia. Ah, e estava vazia.
— Certo… O que eu faço com isso? — perguntei à Mão de Atofe. Sem resposta. Em vez disso, ela se estendeu. Passou direto pelas garrafas e foi para a bola de cristal turva. Ela repousou sobre a bola de cristal, e com isso, o controle voltou para mim.
O que é isso? Eu me perguntava. O que estava me dizendo para fazer? Eu tinha garrafas, uma bola de cristal e um altar. Era como um quebra-cabeça de um jogo de aventura. Nesse caso, gostaria de uma dica.
— Rudeus. Ali.
Dohga, agora parado atrás de mim, apontava para algo acima da minha cabeça. Olhei para cima e vi um brilho azul vindo do topo dos grandes pilares que sustentavam o altar.
Não, não era isso. Os pilares não estavam brilhando, mas algo que brilhava em azul estava escorrendo de cima deles. Essa esfera de cristal — ou talvez o altar inteiro — era um artefato mágico. Um artefato mágico que vazava água azul. Só que, olhando para a luz, não pude deixar de me lembrar do musgo e dos cogumelos ao nosso redor.
— Certo, qual é o lance com a água? — Eu me perguntei se deveria bebê-la, embora a cor não parecesse saudável… Exceto que havia garrafas aqui, então talvez tivesse que usar a água em algum lugar. Talvez eu devesse encher as garrafas com a água, depois despejá-la em algum mecanismo, que se moveria, uma porta se abriria, e eu conseguiria uma espada lendária. Pena que eu não precisava de uma agora.
— Isto, talvez? — Dohga estava apontando para o afresco. Havia uma enorme imagem lá, retratando pessoas e Dragões da Terra. Talvez tenha sido configurado de modo que a água azul fluísse quando você movesse a esfera de cristal e ativasse o implemento mágico; a luz azul deixava toda a imagem em relevo, mostrando o rio de água azul. No topo estava o altar e uma pessoa coletando a água azul que saía dele em uma garrafa. Então, a pessoa com a garrafa despejava-a sobre as pessoas ao seu redor, e todos pegavam espadas e lanças e iam atrás dos Dragões da Terra. Estavam caçando-os.
Bem, com base em uma rápida olhada no afresco, essa água devia ajudar na caça aos Dragões da Terra. Havia letras escritas no canto da imagem também, mas não conseguia lê-las. Pareciam um pouco diferentes da escrita dracônica que eu já tinha visto.
— Ah, espera… — Algo me ocorreu. Os Dragões da Terra não desciam até o fundo da Ravina. Tínhamos musgo azul, cogumelos azuis e agora água azul. Talvez as pessoas já tivessem vivido aqui uma vez, e essas pessoas usavam a água azul para expulsar os Dragões da Terra, que não gostavam de alguma substância na água. Essa mesma substância estava no musgo azul e nos cogumelos. Além disso, olhando para o afresco, as pessoas atacavam os Dragões da Terra por trás e em um ângulo por baixo deles. Por baixo, mesmo que os Dragões da Terra estivessem preparados para perceber isso… Seria possível que os dragões não os vissem? Eles não conseguiam ver as coisas que emanavam essa luz azul? Isso explicaria porque raramente desciam ao fundo da ravina. Então, talvez, se despejássemos isso sobre nossos corpos, eles não nos veriam?
Virei-me para Dohga e perguntei:
— …Quer tentar?
Não expliquei o que queria dizer, mas Dohga grunhiu:
— Uhum. — Como se fosse óbvio.
Pouco tempo depois, estávamos no topo da ravina. Tínhamos escapado. Havíamos escapado da Ravina dos Dragões da Terra.
— Ahh, é bom ser um homem livre.
Saímos da caverna cobertos da cabeça aos pés com a água azul. Em seguida, fiz um elevador com magia de terra e nos levantei lentamente. Mantive o ritmo devagar porque estava preocupado que os Dragões da Terra pudessem nos notar se fôssemos muito rápidos.
Eu estava certo. Os Dragões da Terra olharam para nós, mas não reagiram. Ou eles não podiam nos ver, ou não nos registravam como comida. Só ficavam grudados nas paredes do penhasco, se empurrando uns contra os outros e sem se mover. Foi menos de uma hora depois disso, quando, após nos elevar lentamente, vi o céu escuro. Era noite.
Saímos na borda da ravina. Por algum motivo, o luar estava me deixando emocionado.
— Conseguimos — falei, dando um tapinha nas costas de Dohga.
— Uhum! — Ele assentiu feliz.
Tinha demorado um pouco, mas havíamos escapado. Agora precisávamos voltar à Vila Superd imediatamente e contar-lhes sobre os dois soldados.
Tradução: NERO_SL
Revisão: Merovíngio
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