Eu ativei a Versão Um e depois fui atrás do Deus do Norte. Foquei na perseguição dele, correndo pela floresta, desviando das árvores. Enquanto corria, concentrei toda a magia restante em meu corpo. Uma parte foi consumida na luta contra o Deus do Norte, mas mesmo assim, mal tinha usado dez por cento. Ainda tinha magia de sobra.
Um pouco mais cedo, os trovões contínuos que nos acompanharam durante toda a luta contra o Deus do Norte cessaram. Por mais que Zanoba e Dohga estivessem bem preparados para esse inimigo, talvez derrotar um oponente de nível Deus sempre esteve fora de cogitação.
Espero que estejam bem.
E se não estiverem? Então teríamos que enfrentar tanto o Deus do Norte quanto o Deus Ogro. Minha magia aguentaria? Ou falharia no meio do caminho, como na luta contra Orsted?
Não, a verdadeira batalha começa agora. Pare de se preocupar com o que vem depois. Concentre-se no que está à sua frente, uma coisa de cada vez.
Primeiro, meu objetivo principal: Deus do Norte Kalman III.
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Quando cheguei ao local, Sándor já havia perdido. Ele estava sentado de costas para uma árvore: inerte, com o rosto para baixo. Não havia nenhuma arma em sua mão. Seu bastão estava torto e caído no chão próximo.
Alexander olhou para ele. O Deus do Norte Kalman III tinha vencido seu antecessor.
— Até quando vai continuar com esse jogo, pai? Você já sabe, não é? Não tem a menor chance de me derrotar. Não sem uma espada mágica como arma.
Sándor não respondeu. Talvez já estivesse inconsciente, mas certamente não estava morto.
— Ou será que é mais uma estratégia? Fingir de morto. Os excêntricos são todos bons nisso, não são? Fazem o que for necessário para vencer e alcançar seu objetivo. Admiro essa abordagem. Embora, para ser sincero, acho que Auber e os outros foram longe demais… Você ensinou isso a eles, pai. Por que me rejeita?
Sándor não respondeu. Apenas ficou ali, em silêncio.
— Bem, está na hora de eu ir — disse Alec virando-se na minha direção.
— …O quê?! — Ele parecia ter visto um urso ou algo assim. Imaginei o que passava pela cabeça dele: Eu não estava esperando esse encontro. Não é possível que esse cara esteja aqui. Aquela Armadura Mágica, como? Estava quebrada. Foi assim que ele reagiu.
— Meu filho, escute aqui e eu lhe responderei. — Apenas alguns segundos se passaram. Enquanto Alec permanecia lá parado, Sándor se levantou.
— Acabou a brincadeira. Você tem razão, sem uma espada mágica não posso derrotá-lo. É por isso que peguei emprestada uma de Eris. Só que… Apenas isso não bastará. Com apenas uma espada mágica, eu não teria muita chance. Então esperei. Aguentei firme, me fingi de morto e esperei. Para ter certeza da vitória. — Enquanto falava, Sándor desembainhou uma espada escondida atrás de si.
Era a segunda espada de Eris: A Espada Mágica Eminência.
— Quer saber o porquê me recuso a aceitá-lo? Quer ser um herói, mas, nessa busca, mancha-se com atos indignos do heroísmo. Se quer ser um herói, aja como tal. Não roube a vitória por meio de táticas dissimuladas! Não compre a fama ao derrotar os fracos. Encontre um oponente maior que você, contra quem não tenha chance de sucesso. Desafie-o, vença e conquiste sua glória. Não como eu fiz, mas como o primeiro Deus do Norte Kalman fez.
Sándor sacou a espada da bainha com um ar de altivez e a segurou em prontidão.
A Espada Mágica Eminência era curta. Empunhando-a, Sándor parecia tão poderoso quanto o nome do Deus do Norte merecia.
Enquanto isso, Alec lançou um olhar por cima do ombro.
— Então é isso. Você estava esperando por reforços… Geese me disse para não deixar Rudeus entrar na Armadura Mágica. Tudo o que ele queria dizer era para não deixar um oponente ficar em condições ideais. É sério que vocês acreditam que somente vocês dois podem vencer a mim e à Espada do Rei Dragão?
— Quem disse que somos apenas dois? — disse Sándor. Como se em resposta, foram ouvidos sons atrás dos arbustos, e apareceu um homem e uma mulher. A mulher tinha cabelos vermelhos, e o homem, verdes. Eram Eris e Ruijerd. Eles deviam ter recuperado a consciência enquanto eu buscava a Armadura Mágica. Ainda tinham algumas feridas visíveis, mas ambos eram muito mais resistentes do que eu. Suas lesões não os atrapalhariam em uma luta.
Eris olhou para mim. O olhar que ela me deu era forte e carregado de significado. Dizia que confiava em mim para apoiá-la. Ruijerd me olhou da mesma forma. Ele não tinha visto a Armadura Mágica antes, mas seu terceiro olho deve ter mostrado que era eu. Ele confiava em mim sem hesitação para apoiá-lo.
E eu faria exatamente isso. Apoiaria os três, incluindo Sándor.
Após todo o esforço de trazer aqueles grandes armamentos, de convocar a Armadura Mágica Versão Um, tudo o que eu faria era apoiar. Parecia um pouco patético. Por outro lado, era assim que fazíamos as coisas desde muito tempo. Eris ficava na linha de frente, Ruijerd controlava, e eu dava suporte. Não precisávamos discutir isso.
Todavia, tínhamos alguém não familiarizado com nosso esquema de batalha, mas estávamos em uma formação poderosa.
— Vamos lá. — Com as palavras de Sándor, nossa segunda rodada com o Deus do Norte começou.
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A primeira a atacar foi Eris. Ela avançou em sua velocidade máxima pela trajetória mais curta possível em direção a Alexander.
Alec se esquivou. À medida que os ataques continuavam — ataques esses que eram rápidos demais para meus olhos acompanharem —, ele os parava sem esforço, ocasionalmente contra-atacando. Não havia pausas entre os ataques de Eris, mas isso era porque eu não conseguia acompanhar… havia aberturas.
Ele contra-atacava, mas todos os seus contra-ataques eram repelidos por Ruijerd. Sempre que Alec tentava explorar uma falha na defesa de Eris, Ruijerd balançava sua lança e tirava sua chance. Ruijerd havia se tornado a sombra de Eris. Não importava quantos erros ela cometesse, contanto que ele estivesse lá, ela não tinha fraquezas, exceto quando Alec às vezes ignorava a gravidade.
Justo quando você achava que o havia desequilibrado, ele fazia uma contorção bizarra levando a um movimento imprevisível. Logo após fazer uma grande manobra acrobática para escapar, ele subitamente mergulhava de volta ao chão e voltava ao ataque.
Mesmo Ruijerd não conseguia acompanhar esses movimentos.. Apenas Sándor, ou o Deus do Norte Kalman II, conseguia bloquear os ataques, pois estava familiarizado, mais que qualquer um, com o poder de manipulação da gravidade.
Deve ter sido difícil para o pequeno Alec. Sándor o mirava no momento em que ele tocava o chão, ou quando estava no ar. Alexander desviava do ataque em si, mas não podia se mover como queria. Ao queimar energia com movimentos simples, acabava levando mais golpes. Se tentasse aumentar a distância entre eles, levaria uma boa dose da minha magia. Talvez conseguisse usar a Espada do Rei Dragão para desviar do meu Canhão de Pedra, que nem mesmo o grande Orsted havia conseguido evitar completamente.
Ao usar a Pedra de Absorção um segundo antes, poderia atrasar sua reação e conseguir alguns tiros de raspão com segurança. Não conseguiria um golpe direto, mas um bombardeio denso obviamente o desaceleraria e o impediria de aumentar a distância entre ele e Eris. Alexander havia desviado da Eletricidade que lancei no momento que pensei que seria impossível dele desviar, mas não daria tempo para ele recuperar o fôlego. Assim, ele não teria tempo de usar sua maior arma como antes.
— Ngh…!
Alexander era mais rápido e mais forte do que qualquer um ali. Talvez por estar com pressa, talvez por estar em pânico, ele estava descuidado. Cada movimento que fazia começava a mostrar imperfeições. Nosso time, por outro lado, estava firme e constante, além de estarmos infligindo danos consideráveis. A batalha se inclinava a nosso favor. Não havia necessidade de fazer nada imprudente; além disso, não havia um movimento grande que pudéssemos fazer para derrubá-lo em definitivo.
Então, se continuássemos lutando como estávamos… eventualmente, ele desmoronaria. Tanto a resistência quanto a magia se esgotavam quanto mais tempo você as usava. Quem havia se esforçado mais desde o início da luta? Quem tinha menos energia no tanque antes? À medida que a luta prosseguia, essas coisas sempre ficavam claras.
Um golpe atingiu Eris no rosto. Foi apenas um arranhão, mas com o tempo, os arranhões se acumularam. Será que ela já estava nas suas últimas energias?
Não. Havia um ponto fraco claro: Sándor. O Norte Deus Kalman II, outrora das Sete Grandes Potências, era o nosso ponto fraco. O que poderíamos esperar? O terceiro Deus do Norte o atingiu com seu ataque supremo e, depois disso, ele protegeu Eris e Ruijerd, por isso acabou duramente espancado ao manter o Norte Deus Kalman III sob controle até nossa chegada.
Mesmo observando à distância, era evidente que seu vigor estava diminuindo. Ele ainda estava se movendo. Ainda fazia seu trabalho. Talvez só estivesse se mantendo porque Alexander estava sendo desleixado. Afinal, ele era humano, e os humanos têm limites.
Eris com certeza já estava sem fôlego, mas até eu, com meu Olho Demoníaco da Previsão que me permitia antecipar os movimentos dos meus oponentes, e o guerreiro lendário Ruijerd, também estávamos a ficar desgastados. Era uma batalha exaustiva. A cada ataque e contra-ataque, estávamos à beira do abismo. Mais dez minutos e Sándor poderia chegar ao seu limite.
Felizmente, tínhamos força de sobra. Diferente de antes, eu usava a Armadura Mágica Versão Um. Minha visão foi aprimorada, facilitando a leitura da situação e ampliando a área que eu poderia cobrir. Se Sándor caísse, eu mudaria imediatamente minha estratégia para apoiá-lo.
Calculando o momento certo de seu padrão de ataque, atirei uma Lança de Terra por baixo, enquanto uma Onda de Vácuo vinha de cima. Também aumentei a frequência da Pedra de Absorção. Alexander só podia ignorar a gravidade para se mover em três dimensões porque tinha a Espada do Rei Dragão.
Eu verifiquei que a Pedra de Absorção funcionava com o poder da Espada do Rei Dragão. Se usasse de maneira mais ofensiva a Pedra, não poderia utilizá-la tanto no nosso suporte, mas o alcance de Alec seria limitado. Isso tiraria cerca de um terço da carga de Sándor. Uma parte significativa, sim, mas ainda apenas um terço. Não era o suficiente para que ele recuperasse suas forças e terminasse a luta. A vitória ainda estava longe. Eu precisava pensar mais.
…Deveria continuar a usar continuamente a Pedra de Absorção? Perderíamos meus ataques de longo alcance, mas com a Armadura Mágica Versão Um, eu também poderia participar do combate de curto alcance. Se eu limitasse seus movimentos acrobáticos, isso nos colocaria em uma posição mais favorável… certo? Não, esqueça. Neste momento, Eris, Ruijerd e Sándor estavam o enfrentando à queima roupa. Não havia espaço para a massa volumosa da Armadura Mágica. Mesmo se pudesse igualá-los em poder e velocidade, sem a habilidade para acompanhar, eu poderia facilmente atrapalhar.
E quanto a ganhar tempo? Eu poderia dar a Sándor a chance de recuar e recuperar suas forças. Alguns minutos, no máximo. Isso faria uma grande diferença, não é?
Espere um pouco… Alexander ainda era o Deus do Norte. Mesmo que não pudesse controlar a gravidade, obviamente ainda teria habilidade para lutar. O controle da gravidade não era a essência de seu poder. Mesmo que, ao desativá-lo, eu o fizesse perder um posto, eu ainda estaria dois, três, ou talvez até mais postos abaixo de Sándor no combate à curta distância. Mesmo com o Olho Demoníaco da Previsão, eu não conseguia acompanhar todos os movimentos de Alec. Eu poderia acabar sobrecarregando Ruijerd e Eris. Eles já estavam começando a sofrer ferimentos leves. A diferença de um dedo, uma pequena margem, poderia resultar em uma artéria cortada.
Eris estava lutando com toda sua força. Desde o início, ela vinha atacando sem pausa, mas cada golpe falhava. Alec era simplesmente muito bom. Era possível que ela estivesse cansada de sua luta anterior contra o Deus da Espada, ou que o ataque final anterior de Alec a tivesse ferido em algum lugar, mas pelo que podia ver, Eris estava dando o melhor desempenho de sua vida.
Só que eu não sabia por quanto tempo ela poderia continuar assim. Ruijerd tinha acabado de se recuperar da praga. Eu sabia que ele estivera acamado até poucos dias antes. Sua forma estava boa agora, mas era possível que ele desabasse de repente
O que devo fazer? Se continuarmos assim não vamos perder, mas também não podemos ganhar. Tenho minha magia, mas Sándor vai atingir seu limite em algum momento. O que devo fazer? Como posso fazer isso?
Fiquei agoniado. Devo usar uma Pedra de Absorção de máxima potência e arriscar ir para a linha de frente? Ou devo tentar quebrar o impasse com um feitiço diferente? Reiniciar o jogo?
— Essa não!
Em questão de segundos, o alvo de Alexander mudou de Eris para Sándor. Por ele ter mudado o foco e não bloquear de maneira eficaz os golpes de Eris, cortes se espalharam no corpo de Alexander. Contudo, é claro, nenhum deles foi um golpe decisivo.
Eu vi o que ele estava planejando. Ele também percebeu. Se ele eliminasse Sándor, isso quebraria o equilíbrio. Se simplesmente prestasse menos atenção em Eris e se focasse em derrubar Sándor, poderia arrancar a vitória de uma derrota inevitável.
Um arrepio gelado percorreu minha espinha. Sándor morreria. Em seguida, Eris morreria, depois Ruijerd e, em uma luta individual, ele também me mataria.
Nós perderíamos.
Provavelmente você deveria ganhar isso rápido, então, não acha?
O pânico me inundou, o que eu simplesmente não podia me permitir agora. A ansiedade me fez duvidar das minhas ações e avaliar mal as coisas. Comecei a cometer pequenos erros. Mesmo assim, Ruijerd conseguiu me cobrir. Era óbvio que eu estava sendo um fardo para ele. Isso não estava funcionando. Eu precisava de algo, uma jogada decisiva.
Justo quando pensei isso, aconteceu. O golpe decisivo veio das profundezas da floresta.
Primeiro veio um pedaço de ferro cinza voando, rolando como uma bola, então bateu numa árvore e parou. O pedaço de ferro logo se moveu; seu capacete estava torto e sua pesada armadura estava amassada. Sangue escorria de sua cabeça e jorrava incessantemente de seu nariz. Estava com uma expressão atordoada. Ainda assim, manteve suas armas em punho, encolheu o rosto simples e honesto com toda a força e olhou para o oponente que o havia arremessado.
Aquele era Dohga. O próximo a vir voando era uma figura esbelta. Ele já havia perdido sua armadura e estava nu da cintura para cima. Seu corpo magro parecia poder se desfazer do jeito que ele voou. Ele colidiu com Dohga.
Zanoba.
Então veio o golpe decisivo. Ele tinha pele vermelha e presas longas, além de quase três metros de altura. Uma montanha de músculos que desceu do alto como um macaco. Um som estranho, nem bam nem thum nem crash, ressoou quando o brutamontes musculoso atingiu o chão próximo.
Era o Deus Ogro Marta. No momento em que o vi, fiquei paralisado e um arrepio percorreu meu corpo. Pensamentos desordenados giraram em minha cabeça.
Estávamos em um equilíbrio delicado. Por que eles estavam aqui? Será que poderíamos vencer? Estávamos condenados? Devemos recuar? Ou devemos atacar?
— E aí, Deus Ogro! — Alexander parecia entusiasmado com essa reviravolta do destino. Assim que colocou os olhos no Deus Ogro, um sorriso radiante se espalhou por seu rosto. Vendo isso, me fez questionar se ele também não estava em pânico como eu.
Certo, não éramos os únicos que estavam lutando. Aquele equilíbrio delicado que tínhamos significava que ele também devia estar temeroso. Ele queria avançar, mas nós o estávamos impedindo. Ele não perderia, mas ao mesmo tempo, não tinha um plano para romper a barreira. Queria usar seu ataque final, mas não conseguia. Arrastar-se nessas condições também estava cobrando um preço mental dele.
— Ótimo momento! — Alexander disse. O Deus Ogro parecia de mal-humor. Além de mal-humorado, parecia se perguntar o que diabos estávamos fazendo aqui. Mais cedo, Alec me olhou como se tivesse visto um urso. O Deus Ogro agora olha para mim como um urso vendo um humano.
Ah, isso não é bom. Esta já era uma situação delicada, pronta para desmoronar em mais dez minutos, e agora nossos inimigos aumentaram.
— Você se importaria de me ajudar aqui? — perguntou Alexander.
O Deus Ogro acenou com a cabeça.
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Não tínhamos mais energia sobrando. Agora eu tinha que dar suporte contra dois alvos, então estava constantemente correndo pelo campo de batalha. Consegui uma brecha para curar Dohga e Zanoba. Ambos estavam perdendo para o Deus Ogro. Ele se movia com uma velocidade inacreditável para alguém com um corpo tão grande, e cada ataque dele lançava o adversário para longe. Zanoba arrancou uma árvore próxima e a jogou nele, mas o ogro voltou e a lançou de volta como se não tivesse sofrido nenhum dano. Dohga atacou com seu enorme machado. Poderia muito bem ter sido um mosquito pelo efeito que teve, então o Deus Ogro o socou de volta e ele também saiu voando. Dohga e Zanoba não eram impotentes, mas ele os afastava como poeira. Seu poder era avassalador.
Alexander continuava seu ataque sem mudar nada. Sándor estava usando suas últimas forças para continuar, mas de alguma forma, estava se mantendo firme.
Bem, não era “de alguma forma.” Sándor não estava cedendo, mas Ruijerd estava ficando cansado. Ele estava se esforçando demais. Isso era ruim. Muito ruim. Não estávamos mais progredindo para quebrar o impasse. Ao contrário, em alguns minutos, nossa linha iria colapsar. Precisávamos recuar. Não tínhamos mais nenhuma carta para jogar. Acabaríamos levando a luta para Orsted. Ele não morreria, é claro. Poderia espantá-los como insetos… dessa vez.
Você tem certeza disso? Está realmente certo sobre isso? Isso significa que você perde. Sendo assim, você concorda com isso?
Realmente não tinha nenhum jeito de melhorar a situação? Eu precisava parar pelo menos um deles. Pense, Rudeus. Tinha que haver alguma coisa. Se eu usasse todos os truques que tinha, devia ser capaz de reagir.
Mesmo após perder quase todos os meus pergaminhos, consegui recuperar a Versão Um. Eu tinha sua metralhadora, seu tamanho, sua velocidade, seu poder. Não havia nada que eu pudesse fazer? Alguma coisa, qualquer coisa?
Qualquer coisa…!
— Ah! — Finalmente, Sándor caiu de joelhos. Olhei em desespero para o Deus Ogro. Esse cara era um trem desgovernado. Estaríamos condenados se eu não o parasse aqui. Precisava de mais uma ideia. Só mais uma. Antes tínhamos uma vantagem muito pequena, agora estávamos sendo empurrados para uma desvantagem perigosa, mas eu ainda podia virar o jogo. Se pudesse fazer algo sobre o Deus Ogro, Zanoba e Dohga poderiam substituir Sándor, e poderíamos trazê-lo de volta para a retaguarda para deixá-lo se recuperar.
Eu só precisava de uma ideia. Apenas uma.
— Aaaahahahahahaaa!
Nesse momento, uma voz ecoou ao nosso redor, e ao mesmo tempo, meu ombro ficou quente.
Tanto Alec quanto Sándor levantaram a cabeça e olharam ao redor, como se reconhecessem a voz.
— As coisas estão ficando bem interessantes aqui, hein? — disse a voz. Um segundo depois, algo negro saltou dos arbustos. A figura, vestida com uma armadura preta e com uma espada na mão, enfrentou o Deus Ogro de frente.
— Graaaaah! — Ela atacou o Deus Ogro. Houve um barulho incrível, algo entre um clang e um crack, e a espada quebrou. Sangue jorrou do braço que o Deus Ogro usou para se defender do golpe e ele cambaleou alguns passos para trás.
— Haaa! — A figura negra não deu atenção à espada quebrada. Ela se aproximou e deu um soco direto e forte no estômago do Deus Ogro.
— Oof… — O Deus Ogro se curvou por um segundo e a figura deu um gancho de esquerda. Sua cabeça girou e ele cambaleou, mas não caiu. Levantando o braço ileso, ele socou a figura negra. Ela voou alguns metros para trás, então abriu suas asas no ar e pousou levemente no chão.
— Fwaaahahahaha! Bom, bom! Eu gosto disso! — Aquilo era língua demoníaca, saindo daquela figura negra. Eu engoli em seco.
— Lady Atofe…!
Era a Rei Demônio Imortal Atofe. O ser mais temido no Continente Demônio estava ali na minha frente.
— Por que…?
Ela olhou para mim e seu rosto se contorceu em um sorriso selvagem.
— Heheheh. Senti que você estava em apuros por meio da minha ramificação, então pensei que a grande luta deveria estar próxima! Cheguei o mais rápido que pude! Não tenho a menor ideia do que está acontecendo, mas cheguei a tempo! O Deus Ogro e Alec… Heheheh, fwaha… ha, fwaaahahahaha! — Atofe riu tanto que me perguntei o quê era tão engraçado. Sua risada perturbadora ecoou pela floresta e deixou Alexander atordoado.
Ramificação? Que ramificação…?
Ah, claro. Ela estava falando sobre o braço. Aparentemente, ele não havia transmitido com precisão a situação para ela, mas ainda assim, ela tinha chegado. Atofe estava aqui. Tínhamos todo o poder de fogo de que precisávamos.
Podíamos vencer!
— Eu, a Rei Demônio Imortal Atofe, vou varrer todos vocês da face da terra!
Não todos nós, por favor! Ah, droga. Moore não está por perto.
E o resto de sua guarda pessoal? Não há ninguém para contê-la! Ela está à solta!
— Ou, isso é o que eu gostaria de fazer… — Ela murmurou. Ela se posicionou contra o Deus Ogro. Ele era quase duas vezes o tamanho dela. Atofe era alta para uma mulher, mas o Deus Ogro era enorme em todas as dimensões.
— Deus Ogro Marta! — gritou Atofe.
— Então, eu devo lutar com você agora? — O Deus Ogro respondeu em língua demoníaca fluente. Ele falou com um ar digno que não combinava com seu exterior. É assim que os de nível de Deus são, eu acho.
— Minha guarda pessoal conquistou sua insignificante ilha de ogros! Saia daqui em silêncio, ou vamos massacrá-los todos!
O Deus Ogro olhou para Atofe em choque. Ele estava tentando descobrir a verdade. Será que ela estava mentindo? Havia uma coisa que eu sabia. Não havia como Atofe ser esperta o suficiente para blefar.
— Por fim, ficaria feliz em matar todos eles! Na verdade, até prefiro assim! Sim! Matar todos é o melhor! Agora lute comigo!
Atofe abriu os braços e se preparou para lutar. Talvez o Deus Ogro tenha percebido pela postura dela que Atofe estava falando sério. Seu próximo movimento foi dramático. Ele pareceu se encolher… e então saltou, como um macaco, para uma árvore. Ele olhou para nós de sua nova posição.
— Ei…! Senhor Deus Ogro?! — Alexander gaguejou. Naquele momento, o Deus Ogro olhou para Alec pela primeira vez. Como se não se importasse.
Então, ele disse: — Eu ir para casa. Ilha em apuros. — Ele falou em língua humana. Tinha um forte sotaque, como se tivesse acabado de aprender. Acho que o Deus Ogro era melhor em Língua Demoníaca do que em Língua Humana. Ainda assim, ele era bilíngue, então pontos para ele! Atofe não conseguia falar língua humana de jeito nenhum! Ela até era fluente em falar a Língua Demoníaca, mas ouvir? Não era boa nisso em nenhum idioma.
Com isso, o Deus Ogro saltou de árvore em árvore e desapareceu na floresta. Alexander o observou partir, atônito.
Não era o único. Ruijerd, Sándor e eu todos olhamos para ele, de olhos arregalados.
Então só restava um. Alexander, sozinho. Sobraram comigo, Eris, Ruijerd, Sándor, Zanoba, Dohga e Atofe.
O Deus Ogro tinha ido para casa. Assim, de repente.
— Certo, nosso inimigo está sozinho!
— V-Vovó…
Seu pai era seu inimigo, e sua avó não podia ser dissuadida. Não podia deixar de sentir um pouco de pena dele nessa situação, parado ali, atordoado. Ele parecia perdido.
Havia uma pessoa aqui que não era sensível o suficiente para perceber esse tipo de coisa.
— Gaaah! — Eris viu uma abertura e atacou Alec com toda a sua força.
— Ngh! — Alec se defendeu. Ele defendeu, não se esquivou nem desviou, tentou se defender. Tentou se defender contra o ataque supremo do Estilo Deus da Espada, a Espada da Luz. Um ataque supremo impossível de se defender.
Antes que eu percebesse, a mão esquerda de Alexander estava voando, jorrando sangue. Girando e girando.
— Oh. — O braço aterrissou com um baque no chão. Isso se tornou o sinal para a luta recomeçar, o momento decisivo. A estrutura da luta havia sido desfeita, o combate se reiniciaria.
Se Alexander tivesse ambas as mãos, talvez pudesse ter virado o jogo de alguma forma. Que pena! A mão que segurava todas as suas cartas foi cortada e lançada pelos ares. Sem a mão esquerda, este conflito de alto nível e precariamente equilibrado não seria mais uma luta. E não foi. Em apenas cinco minutos, Alec, coberto de feridas, fugiu pateticamente.
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— Hah… hah…
Não era uma retirada tática. Com medo e respirando pesadamente, ele fugiu como se da própria morte.
Aquele era o Deus do Norte. Você nem acreditaria que ele era um dos Sete Grandes Poderes. Ele parecia um novo contratado que entrou em um bom colégio, depois em uma boa universidade, e por fim, conseguiu um emprego em uma boa empresa e só então, pela primeira vez, experimentou um revés. Sua fuga foi patética e frenética.
Era o fim para ele. Não tinha para onde correr. Depois de fugir pateticamente por uma hora, Alexander foi forçado a voltar para a ravina. Estava encurralado. Cinco de nós conseguiram participar da perseguição. No momento em que Alec correu, Zanoba desabou e Dohga caiu onde estava. Ainda éramos cinco: Sándor, Atofe, Eris, Ruijerd e eu.
Eu podia ver a ravina. Não estávamos em um ponto estreito que você poderia pular, mas em um precipício de pelo menos trezentos metros até o outro lado.
Não havia para onde correr e tínhamos toda a força de que precisávamos.
— Droga…
Estava encurralado? Era uma encenação? Alexander parou na beira do penhasco, respirando pesadamente. Parecia estar no limite, mas não podíamos baixar a guarda. Ele havia perdido um braço, mas começou empunhando a Espada do Rei Dragão só com uma mão. Enquanto tivesse a Espada do Rei Dragão com seus poderes de manipulação da gravidade, uma mão não era a desvantagem que precisávamos para uma vitória decisiva. Ele poderia estar escondendo algo na manga.
Eu mesmo era um exemplo disso, pois tinha perdido o braço no combate e consegui me recompor.
O rosto de Alexander parecia congelado de medo. Ainda assim, ele era o Deus do Norte, então eu não podia baixar a guarda.
— Vamos lá, desista. Você não pode fazer isso. Não vai sair dessa.
Se Sándor estava dizendo isso… significava que ele realmente não tinha uma maneira de virar o jogo?
— Isso mesmo! Agora aceite sua morte em silêncio!
— Mãe, estou falando com Alec agora, então fique quieta um minuto, tá?
— Hrmm… oh…
Ela se calou com uma palavra de Sandor. Atofe fazia o que ele dizia. Observando-os, fui lembrado novamente de que esses caras eram família. Mesmo que não houvesse nenhuma semelhança.
— Ahem… Quando você teve seu braço cortado após se segurar para lutar contra Orsted, você perdeu. Eu te disse há muito tempo para nunca, jamais, subestimar seu oponente.
Ele foi derrotado. Ele se conteve e esse foi um erro do qual não conseguiu se recuperar. Acontece muito, sabe. Especialmente quando você subestima alguém.
— Jogue sua espada e se renda. Como seu pai, vou garantir que você não sofra.
Palavras gentis de Sándor ditas como pai. Nos últimos anos, eu tinha ficado fraco com essas palavras. Na realidade, eu não podia deixar passar que esse cara tentou massacrar todos os Superd. Ele não era um apóstolo direto do Deus-Homem, era mais um apóstolo de Geese, e foi apenas uma tentativa de massacre… Se o pequeno Alec der um pedido de desculpas choroso, então eu acho que… embora, hm. Mesmo assim…
Ele parecia jovem. Assim como Paul tinha sido jovem. Eu não sabia sua idade real, mas ele devia ser bem mais jovem do que Paul era quando eu nasci.
Você poderia até chamá-lo de criança.
Talvez… talvez se ele se aplicasse para aprender a ser melhor a partir de agora…
Então me dei conta. Uma criança assim ouviria silenciosamente alguém falando com ela de cima para baixo?
— Não vou!
Sim, achei que não.
— Eu nem sequer lutei com minha força total! O que aconteceu com minha mão esquerda foi apenas sorte! Se o Deus Ogro não tivesse fugido, isso nunca teria acontecido!
— Foi por isso que você perdeu.
— Então o que, não devo confiar em meus aliados? Você fala demais para alguém lutando com um grupo como esse!
— Um herói não culpa seus aliados. Seus aliados o ajudarão nos seus momentos de necessidade, mas mesmo que você perca a ajuda deles pelo caminho, você vence de qualquer maneira — disse Sándor decisivamente, como se essa fosse a única resposta correta.
Era um argumento estranhamente persuasivo, talvez por causa do tom. Eu não estava por dentro dos detalhes do tipo de lenda heroica que ele havia criado para si mesmo… mas claramente, esse homem era uma lenda.
— Essa não foi a única razão pela qual você perdeu. Sua estratégia estava errada. Você deveria ter lutado conosco com todo o seu poder e depois recuado por um tempo para lutar de novo quando se recuperasse.
— Como se as chances de lutar contra Orsted surgissem todos os dias!
— Quem te disse isso?
Alec ficou em silêncio com uma expressão que dizia que Sándor estava absolutamente certo. Só pode ter sido o Geese. O Deus-Homem não conseguia ver Orsted, o qual acreditava-se estar desaparecido há muito tempo. Somente por ser quem sou que sabia que qualquer velho aventureiro poderia ir até Sharia se quisesse vê-lo. Talvez fosse inevitável Alec pensar que só poderia encontrá-lo aqui e que essa era sua única chance de lutar contra ele. Ele ainda era muito jovem. Quanto às suas alegações de querer ser um herói e seu desejo de superar seu pai? Aposto que também vinham de sua juventude.
Não havia próxima vez. Ele precisava agarrar todas as chances que surgissem diante dele. Claro que ele pensaria assim. Era um pouco agressivo, mas eu conseguia entender sua mentalidade. Ou pelo menos, presumi que sim.
— Você deveria ter encontrado alguns amigos com os mesmos ideais… ou rivais, da sua idade.
— Cala a boca! — Alec gritou, enojado com a piedade de Sándor. Ele levantou sua espada. Eris e os outros levantaram suas próprias espadas, e eu me preparei para lançar mais feitiços ofensivos.
Cinco contra um. Não havia esperança de vitória para ele. Ainda assim…
— Não! Eu ainda não perdi! Agora, este é o momento quando um herói vira a batalha! Vou acabar com todos vocês! Matar todos os Superd! Então, Orsted! Vou matar o Deus Dragão e me tornar um herói!
No instante em que vi alguma aura emitindo de sua espada, levantei minha mão esquerda.
— Braço, absorva.
A gravidade distorceu, mas apenas brevemente. Por um momento, senti-me sem peso, como quando um elevador começa a se mover, mas então me senti sugado de volta ao chão.
— Raaaaaa! — No segundo seguinte, Alec brandiu sua espada e nós cinco nos dispersamos, com um salto para trás.
Alec não estava mirando em nenhum de nós.
— Gah!
Seu alvo era o chão. Ele atingiu a terra e a quebrou com a grande espada. Uma erupção de poeira encheu minha visão por um segundo. Ele vai atacar por trás da cortina de fumaça? Eu me perguntei, me preparando. Então, o Olho da Visão Distante captou uma lacuna na poeira.
Eu vi Alexander caindo para trás, na ravina…
Não pode ser, ele se auto-nocauteou? Ele se empurrou para a ravina com seu próprio ataque…?
Não era isso. Havia um sorriso no rosto de Alec. Um sorriso malicioso. Um sorriso vitorioso.
Ah… certo.
Alec havia caído da ponte, mas ele voltaria. O poder da Espada do Rei Dragão era a manipulação da gravidade. Mesmo se caísse até o fundo da ravina, não teria problemas para voltar.
No segundo seguinte, eu pulei.
Pulei atrás de Alec, para dentro da ravina.
Tradução: NERO_SL
Revisão: Laplace
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“15° dia, 2° mês, 1548° ano, Calendário Continental — Laboratório do Calabouço de Genia.”…
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Havia-se passado três dias desde a batalha. Os feridos estavam curados e a paz…
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Parte 1 — Que nostálgico. Essa atmosfera também, a última vez que senti isso…