No dia seguinte, entramos no território dos bandidos.
Ninguém parecia estar nos perseguindo. Auber e seus soldados não seguiram nossos rastros. Muito provavelmente esperavam por nós no fim da estrada, supondo que precisaríamos passar pelo ponto de controle eventualmente.
Normalmente, o Deus-Homem poderia antecipar nossa estratégia alternativa. Mas…
Olhei para a pulseira no meu braço esquerdo, gravada com a crista do Deus Dragão. Graças a isso, o Deus-Homem era incapaz de prever quaisquer mudanças no futuro causadas diretamente por minhas ações. Ele não deveria saber que tínhamos pego um caminho diferente.
Mesmo assim, ainda havia o risco de que simplesmente… descobrisse. Se ele lembrar da descrição detalhada do meu do futuro naquele diário, poderia ser capaz de juntar as peças.
Porém, pelo que Orsted me disse, o Deus-Homem depende tanto de sua previsão que não era muito bom em presumir o futuro. Ele também não parecia ser do tipo que memorizava todas as pequenas coisas que as pessoas lhe diziam. Duvidava que pudesse se lembrar dos pequenos detalhes daquele diário para esse momento.
Andei na frente por um tempo, pensando em tudo isso, até que senti a direção do vento mudar abruptamente.
— Pare! — ordenou Ghislaine, agarrando meu ombro por trás. — Estão aqui.
Eris tentou passar por mim para ficar na frente, mas a segurei. Com ela na frente, acabaríamos “negociando” com nossos punhos.
Eris recuou tranquila, mas notei que estava olhando para os lados e não para a frente.
— Nos cercaram, — disse Ghislaine. — E agora? Ainda temos uma chance de romper esse cerco.
— Não se lembra do plano? Vou negociar com eles.
— Certo. Vou proteger a princesa, então.
Ghislaine foi para a retaguarda do nosso grupo sem dizer mais nada. Quando olhei para trás, a vi discutindo silenciosamente algo com Sylphie e os outros. Meus olhos encontraram os de Ariel por um momento; ela assentiu em entendimento.
A princesa estava agindo como se a noite passada nunca tivesse acontecido, até agora. Ela garantiu que poderia lidar com Luke e a nobreza asurana por conta própria, mas eu ainda não tinha certeza do que ela tinha em mente. Eu a notei conversando baixinho com Luke enquanto caminhávamos… espero que dê certo. No fim de tudo, Orsted concordou em deixá-la lidar com Luke, e eu estava planejando respeitar essa decisão.
Fiquei em silêncio na frente do nosso grupo, esperando que os bandidos nos chamassem. Minha regra era que nunca doía tomar a iniciativa se apresentando, mas isso poderia esperar até que eles decidissem se mostrar.
— Hmph.
Eris estava à minha espreita, olhando inquieta para todos os lados. De vez em quando, formas escuras se moviam por entre as árvores; ela parecia estar observando-as. Senti como se ela tivesse ficado muito perto de mim hoje… bem, desde a emboscada de ontem. Auber apareceu logo atrás de mim naquela luta, então talvez estivesse preocupada que algo parecido pudesse acontecer novamente.
Depois de um ou dois minutos, o olhar de Eris parou devagar. Parecia que os bandidos haviam nos cercado completamente.
— Há cinco deles ou mais, eu acho, — ela sussurrou. — Dá para lidar com essa situação.
Huh. Ela aprendeu a rastrear inimigos?
Nesse momento, os arbustos bem à nossa frente farfalharam, e um homem apareceu. Outros também se mostraram, saindo de trás das árvores ou avançando pelos galhos onde antes estavam escondidos.
Cinco… dez… uh, Eris, querida? Há pelo menos… vinte. Essa estimativa era um pouco baixa, não acha?
Quando olhei em sua direção, Eris evitou meu olhar.
O homem que saiu na nossa frente tinha uma barba curta, um colete de peles e um facão no quadril. Basicamente, um bandido clássico. Carregava uma tocha, que estava apagada.
Ele deu outro passo à frente e disse em voz alta:
— O que diz o eco em resposta?
Eu estava pronto para isso, é claro. Orsted me ensinou todas as palavras-código com antecedência.
— Entranhas de coelho e o chilrear de um tordo.
O significado desta troca era bastante simples. O homem tinha perguntado: Qual é o seu negócio com a gente? E eu respondi: Queremos cruzar a fronteira, e falar com um membro do seu bando. Havia vários outros tipos de códigos: “raposa carinhosa” para o tráfico humano, “um recado para um felino” para localizar alguém em Asura e “urso desperto” para providenciar o desaparecimento de alguém que passava pelos Bigodes da Wyrm Vermelha, entre outros. Se alguém por acaso entrasse no território dos bandidos sem saber tudo isso com antecedência, as pessoas que agora nos cercam roubariam todos seus objetos de valor e possivelmente tomariam suas vidas.
— Quê…? — O Sr. Bandido me estudou duvidosamente por um longo tempo antes de continuar. — Quem é o filhote de tordo?
— A bolota listrada. — Este era o codinome para Triss.
O Sr. Bandido considerou minha resposta, parecendo ainda mais confuso do que antes, mas então deu de ombros e levantou a mão; os bandidos à nossa volta voltaram silenciosamente à floresta.
— Siga-me — disse secamente, acendendo a tocha.
Eu me virei para dar o sinal de OK para o restante do grupo. Ariel e os outros pareciam expirar aliviados.
Quando fui olhar de volta para frente, meu olhar encontrou o de Eris. Por alguma razão, seus olhos estavam brilhando de entusiasmo.
— Isso foi incrível, Rudeus!
Sinceramente, não tinha certeza do que era incrível em saber alguns códigos, mas tanto faz.
— Certo, vamos lá.
— Vamos!
Nosso grupo entrou mais fundo na floresta, seguindo logo atrás de nosso bandido guia.
O homem eventualmente nos levou para uma cabana solitária no meio da floresta. Havia uma área fechada para nossos cavalos do lado de fora, e o interior era grande o suficiente para incluir uma sala de estar, um quarto e uma dispensa. Inclusive o quarto tinha vários beliches de três andares. Os lençóis e cobertores pareciam úmidos e provavelmente estavam infestados de insetos, mas eram camas, tecnicamente. No geral, parecia uma cabana de lenhador ligeiramente adaptada.
O Sr. Bandido aceitou o meu pagamento e explicou como funcionaria.
— Vamos trazer o tordo para você. A travessia é amanhã ao amanhecer. O acordo será cancelado se você sair daqui antes do horário previsto. — Antes que eu pudesse responder, ele voltou para a floresta. Tomara que esteja voltando para a base para pegar Triss e trazê-la para nós.
O homem não pediu detalhes sobre nós ou nossos planos, nem mesmo de forma indireta. Nesse tipo de trabalho, acho que você não se intromete, contanto que os clientes paguem, pelo menos.
— Ufa…
Depois de colocar minhas bolsas no chão, expliquei nossos próximos passos para o grupo. Atravessaremos a fronteira bem cedo amanhã de manhã, com uma mulher que seria nossa guia. E por esta noite, teríamos que ficar aqui. Isso praticamente cobria tudo, realmente.
— Acho que teremos que rezar para que eles não nos entreguem às forças de Darius pela manhã, — Luke respondeu.
Eu mesmo tive sentimentos semelhantes. As coisas estavam indo tão bem até agora que parecia que logo tudo daria errado. Mas isso não era realmente uma linha lógica de pensamento, é claro.
— Ah. Minhas ambições estão destruídas e estou reduzida a um brinquedo para bandidos. Que terrível, — disse Ariel em um tom ligeiramente brincalhão. — Rudeus, espero que você seja gentil o suficiente para deixar Cleane e Ellemoi livres, pelo menos?
Ugh. Você sabe tão bem quanto eu o que realmente vai acontecer a partir de agora, Princesa… Vamos lá, agora você fez essas duas mulheres ficarem me encarando! O que eu fiz para merecer?
— De qualquer forma, parece que teremos um teto sobre nossas cabeças esta noite, — continuou Ariel. — Imagino que nossa jornada pela fronteira não será fácil, então vamos nos certificar de descansar bastante enquanto podemos.
Os outros tomaram isso como um sinal para começar seus preparativos para a noite. A própria Ariel parecia visivelmente cansada depois da nossa caminhada pela floresta. Ela não estava acostumada a caminhar em condições difíceis, obviamente. Eu esperava que suas duas atendentes também estivessem exaustas, mas elas tinham uma quantidade surpreendente de energia sobrando. Estavam ocupadas massageando as pernas da princesa. Parecia que haviam passado os últimos sete anos treinando para este momento.
Luke estava parado na janela observando o lado de fora, mas de vez em quando lançava um olhar investigativo na minha direção. Claramente, ainda tinha suspeitas sobre mim. Talvez o Deus-Homem tivesse lhe dito algo como “há alguém trabalhando para o inimigo no seu grupo”. Não seria uma mentira, tecnicamente… embora eu fosse o inimigo do Deus-Homem, não de Luke.
Ghislaine ficou em silêncio em um canto que lhe oferecia uma boa visão de todo o ambiente ao redor. Essa era sua posição habitual. Quando nossos olhos se encontraram, assentiu levemente. Parecia um sinal, mas provavelmente não significava muito.
Sylphie havia desaparecido no quarto que estava tentando limpar. Eu não era muito exigente com essas coisas, mas estaríamos realmente dormindo naqueles lençóis velhos e desagradáveis? Hmm… já que trouxemos muitos cobertores e coisas assim, provavelmente poderíamos usar os colchões.
Eris estava sentada bem atrás de mim, mexendo em seu equipamento. Quando olhei para trás, a encontrei sorrindo alegremente enquanto polia sua espada. Era uma visão meio perturbadora, com o brilho estranho que a lâmina emitia.
Bem… só tenho que agradecer por ela estar do nosso lado, certo?
Quanto a mim, não tinha muito o que fazer no momento. Seria bom se desse para utilizar esse tempo para entrar em contado com Orsted e atualizá-lo de nossa situação, mas eu não era burro o suficiente para quebrar as regras do nosso acordo com os bandidos. Decidi examinar a condição do meu próprio equipamento.
Duas horas ou mais se passaram sem intercorrências. Começou a chover em algum momento. Não é o tipo de chuva torrencial que você veria na Grande Floresta durante a estação chuvosa, mas podia ouvi-la batendo no telhado da cabana.
Ariel estava dormindo. Ela desmaiou no momento em que deitou na cama que Sylphie havia preparado para ela. Ellemoi a acompanhou até o quarto e Luke estava parado do lado de fora da porta como uma espécie de porteiro.
Sylphie, Eris e Cleane estavam conversando baixinho no canto. De vez em quando, dava para ouvir Sylphie ou Cleane rindo, então provavelmente não era uma conversa particularmente séria. Era bom que estivessem relaxando um pouco, pelo menos. Não dava para esperar que as pessoas passassem cada minuto do dia em alerta máximo.
Ghislaine não se movia há algum tempo. Estava sentada no chão perto da entrada com os olhos fechados, mas não parecia que estava realmente dormindo.
Então, sem muita conversa. Já havia terminado de olhar meu equipamento há algum tempo; no momento estava tentando descobrir o que mais poderia fazer com as horas vazias ainda pela frente.
— Hm…
Mas então, vi as orelhas de Ghislaine se contraírem.
— Tem alguém aqui, — disse Eris, levantando-se.
Ela e Ghislaine agora tinham uma mão no cabo de suas espadas. O ar na cabana ficou repentinamente carregado pela tensão.
Depois de alguns segundos, houve uma batida na porta. O som ecoou por toda a cabana.
Ghislaine fez contato visual comigo e eu assenti. Ela avançou e abriu a porta.
Uma mulher encapuzada entrou. Estava envolta em uma capa grossa de couro de monstro resistente à água, mas mesmo assim ainda era fácil dizer que era… bem… voluptuosa.
— Porra. Não poderiam abrir um pouco mais rápido, idiotas?!
A mulher tirou o capuz, murmurando maldições para ninguém em particular. Ela tinha cabelos castanhos claros, o que era normal em Asura, e usava roupas muito reveladoras, o que era muito menos normal.
Uau. Esses filhotes são maiores que os da Eris?
— Beleza, então? Qual de vocês quer me ver? — A mulher gritou, olhando ao redor. — Presumi que algum idiota tentaria me comprar pela noite, mas parece que não é isso. Desembucha! Sou uma mulher ocupada!
Ela falou tão alto e intensamente que sua voz parecia preencher toda a cabana. Eris fez uma careta, e Cleane olhou para ela com reprovação.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Sylphie falou.
— Uhm, me desculpe, mas temos uma pessoa dormindo lá atrás. Você se importaria de falar mais baixo?
O humor da mulher imediatamente piorou.
— Que porra?! Vocês me chamaram aqui na chuva, e tudo o que tem a dizer é para falar mais baixo?! Vocês estão brincando comigo? Eles me chamam de Triss, a Apressada, por uma maldita razão, sabe?!
Aparentemente, era a Triss. Eu estava esperando alguém um pouco mais tranquila.
Infelizmente, parecia que tínhamos começado com o pé esquerdo. As anotações no diário diziam que ela me tratava com muito respeito, mas só porque roubei um dos textos mais sagrados da Igreja Millis. Eu não tinha nenhuma conexão real com Triss nesta linha do tempo. No entanto, já tinha discutido essa questão com Orsted com antecedência, e nós bolamos um plano.
— Ughhh. Droga, que piada… Olha, estou de mau humor agora. Eu perdi no dado, e Donovan esfregou minha cara nele por horas! Uma nova escrava cuspiu na minha cara! E então tive que correr até aqui na chuva! Fala o que quer logo, ou vou embora. Não estou com vontade de mais problemas hoje, tudo bem?!
Sabe, sinto que a maior parte disso não é nossa culpa, senhorita…
Eu queria chegar ao ponto, é claro, porém precisávamos acalmá-la primeiro.
Enquanto eu tentava encontrar as palavras certas, Luke avançou suavemente. Pegando Triss pela mão, ele limpou a água da testa dela com o lenço.
— Nossas sinceras desculpas pela convocação abrupta, senhorita. Por favor, perdoe-nos se puder. Sabemos que seu tempo é precioso, mas pedimos apenas que considere o que temos a dizer.
Uau, beleza. Isso pareceu muito falso…
Triss apenas olhou para Luke por um momento com a boca aberta. Mas então um rubor se espalhou por seu rosto.
— Uh, bem… se você diz, acho que vou te ouvir, pelo menos…
De alguma forma, funcionou. Nunca subestime o poder de um rosto bonito.
Luke lançou um olhar significativo na minha direção. O resto dependia de mim.
— Uh, ei, — disse Triss quando ele soltou a mão dela. — Antes de conversarmos, você se importaria… de me dizer seu nome?
— Eu sou Luke.
Luke escolheu omitir seu nome de família. Ele então voltou para o grupo sem dizer mais nada. Triss murmurou seu nome para si mesma com uma expressão sonhadora.
Espera, não. Isso é suspeita no rosto dela? Parecia que o nome tocou um sino, por algum motivo.
Mas, de qualquer forma, era hora de eu assumir o controle dessa conversa.
— É um prazer conhecê-la, Triss. — disse, oferecendo a ela meu melhor e mais brilhante sorriso.
— Quem caralhos é você? — Ela respondeu, sua expressão duvidosa dando lugar a um rosto sério e franzido. Era o tipo de expressão que você faria para um vendedor estranho que vai de porta em porta. Aparentemente, eu ainda não era muito bom nessa coisa de sorrir. Teria que tirar algum tempo para praticar. Talvez consiga um especialista para me treinar… Lembrei de Aisha.
Enfim, depois penso nisso.
— Meu nome é Rudeus, — disse, abaixando minha cabeça educadamente.
Triss me olhou lentamente da cabeça aos pés, então levantou uma sobrancelha.
— Rudeus? Acho que já ouvi isso antes… espere um segundo.
Com certeza lembrou de algo. Ambas as sobrancelhas estavam levantadas agora, e ela parecia genuinamente assustada.
— Você é o Atoleiro?
Já ouviram falar de mim até aqui?
— O que o mago mais perverso da Cidade Mágica de Sharia está fazendo aqui…?
Perverso? Que tipo de boatos estavam circulando sobre mim, exatamente?
Enquanto me mexia para obter uma resposta, fomos interrompidos por um som metálico agudo. Triss fechou a boca na hora, senti um arrepio na espinha.
Ting, Ting.
Os sons estavam em um ritmo constante. Olhei na direção do barulho, e encontrei Eris parada em um canto, com os olhos frios e focados, batendo o dedo contra o punho de sua espada.
Era algo como um aviso, ou talvez apenas um sinal de seu descontentamento. Como o som que uma cascavel faria caso alguém entrasse em seu território. Senti um arrepio, da base da minha espinha até a minha cabeça.
— Uh, foi mal.
Eu não era o único que estava tremendo. Podia ver os ombros de Triss tremendo também.
— Eu não estou, er… tentando me intrometer em seus negócios ou algo do tipo, tá?
As palavras pareciam ser dirigidas mais a Eris do que a mim. Ela reconheceu as desculpas com uma bufada silenciosa e finalmente parou de bater na espada.
Deus, aquela garota é assustadora, às vezes.
— É só que, você precisa de informações para sobreviver neste tipo de trabalho, — continuou Triss. — Sabemos os nomes e rostos da maioria, bem… das pessoas perigosas.
— Não sou tão perigoso assim, só para constar, — eu disse.
— Sim, claro. Não se preocupe, eu entendo. Você é apenas um cara aleatório que se chama Rudeus, não aquele mago famoso, certo? Aquela senhora ali não é a Rei da Espada Berserker. E aquela mulher da tribo dos homens-fera também não é a Lobo Negro. Né?
— É, vamos seguir com isso.
Talvez falar meu nome verdadeiro tenha sido um erro. Mas me surpreendeu ela saber sobre Eris. Havia alguma chance de ela ser uma apóstola do Deus-Homem?
Não, isso parecia muito improvável. Ela provavelmente ouviu alguns rumores sobre Rudeus, o Atoleiro e um deles deve ter mencionado que eu estava trabalhando com a Lobo Negro e a Rei da Espada Berserker. Não vou culpar o Deus-Homem por qualquer coisa que eu não entendesse. Iria atrapalhar meu julgamento.
— Tudo bem então, Rudeus Aleatório. Importa-se de me dizer o que você quer com Triss, a bandida que pula fronteiras?
Finalmente chegou a hora de abordar o tema principal.
A longo prazo, queríamos que Triss expusesse os crimes de Darius e nos ajudasse a derrubá-lo. Mas se eu dissesse isso, seria difícil ela reagir bem. Não poderia simplesmente começar perguntando: “Você é Tristina Purplehorse, uma ex-membro da nobreza asurana, correto?” Esta mulher sabia o quão perverso o mundo da política asurana poderia ser. Poderíamos explicar nossa situação, mas se ela não visse nenhuma chance de vitória, não se envolveria.
Devemos ir com calma. Primeiro, precisávamos fazer amizade com a Triss. Então, durante nossa jornada para o sul, poderia deixar algumas pistas sobre nosso plano para derrotar Darius. Mais tarde, poderia mencionar o quão útil seria encontrar alguma maneira de prejudicar sua reputação, como localizar uma das meninas nascidas na nobreza que ele escravizava regularmente. Nesse ponto, havia uma boa chance de ela se voluntariar imediatamente. E, caso esse plano não dê certo, posso parar de fingir e pressioná-la para nos ajudar.
Então, por enquanto…
— Com licença. Você, por acaso é… Tristina Purplehorse?
Uma voz do fundo da sala tirou todas as palavras da minha boca.
Eu me viro lentamente para encarar a linda mulher loira que está atrás de nós. Era Ariel, é claro. Provavelmente acabara de acordar, pois seu cabelo estava um pouco mais bagunçado do que o normal, mas sua voz era tão clara e charmosa como sempre.
Triss olhou para ela do outro lado da sala, com os olhos arregalados de surpresa.
— O que… Como você conhece esse nome?
— Ah, é mesmo você. Não se lembra de mim? Nós duas nos encontramos apenas uma vez, no meu quinto aniversário.
Pensei em intervir, mas Ariel gesticulou com a mão e me deu uma piscadela rápida. Pelo que parece, ela tinha um plano.
— P-Princesa Ariel?! — Triss disse, parecendo atordoada. Por um longo momento, ela parecia estudar os traços de Ariel, talvez comparando-os às suas memórias, e então ela congelou completamente, a boca ligeiramente aberta. — Por que… Mas… O que você está fazendo aqui, Vossa Alteza…?
Com as pernas trêmulas, Triss se ajoelhou no chão de madeira. A princesa passou por mim e ficou diante dela.
— Recebi a notícia de que meu pai está mortalmente doente e tentei voltar para Asura — explicou com um sorriso triste. — Mas parece que meu irmão mais velho não está com um humor muito acolhedor.
Uhm, é realmente uma boa ideia contar? Com certeza não seria a melhor ideia para um cara sorrateiro e cuidadoso como eu… mas pensando bem, esse tipo de abertura era provavelmente a melhor maneira de ganhar verdadeira confiança.
— Ah, entendi. Então é por isso que você veio até nós, para te passar pela fronteira…
Triss assentiu pensativa. Tive a sensação de que ela já tinha ouvido falar sobre a recente batalha na floresta, só não ouviu detalhes.
— Mas e você, Tristina? O que você está fazendo em um lugar como este? A última vez que ouvi sobre, você tinha desaparecido sem deixar vestígios…
— Uhm, bem… — Triss hesitou por um momento; mas olhando nos olhos de Ariel, parecia encontrar uma razão para continuar. — É uma longa história, mas…
Daquele ponto em diante, tudo se resolveu de forma rápida. No fim das contas, não precisei dizer uma única palavra. Triss desembuchou toda a sua história de vida miserável para Ariel, igual um pecador confessando seus pecados.
Darius a sequestrou ainda jovem e a manteve como escrava sexual por anos. Eventualmente, ele a vendeu para essa gangue de bandidos. Por um tempo, ela foi a mulher do líder, mas ele a treinou como bandida por capricho. E quando um novo líder assumiu, ganhou sua liberdade como membro do bando. Havia muitos detalhes estranhos e feios na história, mas Triss contou calmamente, sem lágrimas ou sorrisos.
A Princesa Ariel, por outro lado, chorou a maior parte do tempo. E suas lágrimas pareciam genuínas. Com a última lágrima escorrendo pelo rosto, fez uma promessa a Triss:
— Não consigo entender seu sofrimento realmente, mas garanto que darei ao homem que fez isso com você uma punição sem misericórdia. — Então pediu a Triss para ajudar com a nossa causa, testemunhando o que Darius havia feito com ela.
Um ato incrivelmente convincente.
Ainda assim, Triss estava hesitante em concordar. O Reino de Asura era muito poderoso, e Darius era um homem astuto e cruel. Ela insistiu que não tínhamos chance de vitória. Ariel, por outro lado, disse que isso não era verdade. Ela revelou seus aliados: Sylphie, Eris, Ghislaine, eu e o próprio Perugius, e argumentou que éramos capazes de superar Darius e conquistar o trono.
Triss pensou agonizantemente em sua decisão por uma hora inteira. Mas depois do doloroso período de silêncio, finalmente assentiu. Ela fez um juramento ali mesmo afirmando que escoltaria a Princesa Ariel em segurança até a capital e ajudaria a derrubar Darius.
Ariel ganhou outro seguidor leal em pouco tempo, e eu não tinha contribuído em nada. Enquanto eu permanecia sentado, as palavras sinceras e os argumentos hábeis da princesa conquistaram Triss, de coração e alma.
Esse objetivo havia sido levantado durante nosso encontro com Orsted na noite anterior, mas não tínhamos um plano detalhado para botar em prática. Ariel provavelmente entrou em ação quando viu como meu plano era lento e desajeitado.
A princesa era uma mulher seriamente impressionante. Não é de admirar que ela estivesse confiante de que poderia conquistar toda a nobreza asurana por conta própria.
Teria que me concentrar nas coisas que só eu poderia fazer.
Tradução: Rlc
Revisão: Play_Cabs
QC: Guilherme
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