Deixe-me resumir brevemente tudo o que aconteceu até agora.
Depois de descobrir que o Deus-Homem estava me enganando o tempo todo, cheguei ao fundo do poço. Uma série de eventos se seguiu, culminando em um confronto entre mim e Orsted, que no fim resultou em eu me tornar seu subordinado.
Isso mesmo, encontrei um empregador!
Como se isso não fosse chocante o suficiente, também me reencontrei com Eris e me casei com ela.
Ah, é como se os raios quentes do sol da primavera estivessem caindo sobre mim! Como se minha vida tivesse chegado ao ápice!
A primavera era a estação de novos começos, e com meu casamento com Eris, eu estava explodindo com vigor renovado. Pode ser verão agora, mas ainda era primavera em meu coração!
Eu me sentia nas nuvens enquanto ia trabalhar — meu local de trabalho era onde Orsted morava atualmente. Desta vez, eu estava sozinho, como um homem deve estar quando está indo trabalhar. Para ser honesto, era bastante normal em nossa casa as mulheres trabalharem também, então não havia nada de errado em trazer alguém junto. Mas a maldição de Orsted impunha que se sentiriam hostis para com ele, por isso era melhor fazer o caminho sozinho.
— Hm?
Quando cheguei à cabana, vi alguém desabado no chão.
Quem seria o louco de cair ali?
— Ah?!
Zanoba… É Zanoba! Ele morreu!
Ele estava caído contra um pedaço de metal de três metros de altura, escorado de costas.
— Não pode ser… — Corri até ele e agarrei seus ombros, balançando-o. — Qual é, não pode ser verdade. Fale comigo, Zanoba!
Ele tinha pulso. Suas pupilas se moviam, e ele… estava respirando. Seu corpo ainda estava quente, também. Sim, definitivamente ainda estava vivo!
Acho que tirei a conclusão errada. Não está morto. Estava dormindo.
— Você quase me matou de susto…
De tanto susto, quase gritei “Jesus” com toda a força. Enfim, o que estava fazendo dormindo ali? Ele era da realeza. Não deveria estar em uma caminha macia ou algo assim? Já estava velho demais para estar daquele jeito.
Enquanto eu suspirava com alívio, a porta da cabana se abriu, e Orsted saiu.
— Rudeus… Enfim chegou.
— Oh, hm, sim. Cheguei.
Ele nos encarava.
— Ontem à noite, Zanoba Shirone trouxe aquela coisa para cá.
— Que coisa?
— Aquela armadura que você usou antes em batalha. — Ele olhou para o pedaço de metal que Zanoba estava encostado.
Após uma inspeção mais detalhada, percebi que era realmente minha Armadura Mágica. Não tinha reconhecido antes porque estava em pedaços. Parando para pensar, mencionei que foi destruída em batalha e que a deixei para trás, além de precisar ir recuperá-la em breve.
— E vocês dois acabaram se encontrando durante isso e lutaram? — perguntei.
— Sim.
Zanoba provavelmente nunca sequer imaginou que Orsted estaria aqui, de todos os lugares. Eu deveria ter dito a ele antes, mas não tive a chance. Não parecia que tinha ferimentos graves, pelo menos. Orsted deve ter pegado leve com ele.
— No final da nossa batalha, ele jurou que não me deixaria colocar as mãos nessa armadura. Disse que tinha que se certificar de entregá-la a você. É por isso que ele rastejou o resto do caminho até ela. Não há dúvidas de que ele gosta de você.
— Oh, Zanoba! — Eu imediatamente me inclinei sobre ele e usei minha magia de cura. Já que não possuía ferimentos externos, não era tão complicado, mas eu queria que dormisse em paz, pelo menos.
Na verdade, agora que penso nisso, Orsted deixou-o aqui depois de ter desmaiado? Talvez ele seja mais impiedoso do que eu imaginava.
— Uh, então ele vai acordar depois, né?
— Coloquei-o para dormir usando a magia de hipnose passada pela Tribo Nuka. Ele deve acordar em algumas horas.
Ah, então foi isso que ele usou em Zanoba. Que tipo de magia seria essa… Deveras intrigante. Essa magia de hipnose também poderia permitir que o usuário manipulasse as ações de outra pessoa? Tipo, se eu usasse em Sylphie e a mandasse levantar a saia, ela faria isso?
Se bem que não preciso de magia de hipnose para isso. Ela faria, caso eu pedisse.
Na verdade, se era isso que eu queria, eu precisava comprar uma saia para ela. Uma minissaia seria melhor. Uma daquelas com babados e enfeitadas combinaria com ela, com certeza.
Além disso, se a magia de hipnose fosse tão poderosa, Orsted provavelmente a estaria usando muito mais. Colocar alguém para dormir talvez fosse o limite de sua utilidade.
— Entre. Vamos retomar nossa discussão de ontem — disse Orsted enquanto desaparecia de volta para dentro da cabana.
Tirei meu casaco e o coloquei sobre Zanoba. Então, usei minha magia para conjurar um teto de terra para protegê-lo antes de ir atrás de Orsted. Assim que terminasse ali, pegaria Zanoba e o levaria de volta para Ginger.
— Permita-me ir direto ao ponto — disse Orsted, enquanto nos acomodávamos em nossos lugares. Ele tirou meu diário do bolso e o colocou na mesa entre nós. — Uma leitura deveras fascinante. Tenho certo interesse nessa magia referente à viagem no tempo que o seu eu do futuro falou, mas já que não temos informações o suficiente para recriá-la, teremos que deixar de lado por enquanto.
— Certo.
— Foram várias as coisas que chamaram minha atenção, mas antes de discutirmos o conteúdo do diário, eu gostaria de saber o que você e o Deus-Homem conversaram no passado. Me conte tudo. Não poupe detalhes.
— Sim, é claro.
Contei tudo o que pude lembrar. Nosso primeiro encontro aconteceu imediatamente após o Incidente de Deslocamento. Depois disso, eu o vi novamente na Cidade de Rikarisu, depois no Porto do Vento, Porto Oriental e logo depois que Orsted quase me matou. Depois disso, eu o vi de novo quando me matriculei na Academia Mágica, logo antes de ir para Begaritt, imediatamente antes de meu futuro eu vir visitar e novamente logo depois. Também nos encontramos enquanto eu me preparava para enfrentar Orsted. Dez vezes no total.
Dei a Orsted o máximo de detalhes que pude lembrar de cada conversa, incluindo o que o Deus-Homem me ordenou fazer e como suas instruções se desenrolaram.
Depois do Incidente de Deslocamento, ele me disse para confiar em Ruijerd. Como resultado, me tornei um aventureiro. Na Cidade de Rikarisu, ele me instruiu a aceitar um pedido para procurar o animal de estimação perdido de alguém. Isso me levou a conhecer Jalil e Vizquel e terminou conosco sendo expulsos da cidade. No Porto do Vento, ele me disse para carregar um pouco de comida e atravessar os becos. Foi assim que encontrei a Grande Imperatriz do Mundo Demônio e recebi um de seus Olhos Demoníacos.
Em Porto Oriental, ele me mostrou uma premonição e ordenou que eu fosse a Shirone. Lá, conheci Zanoba e salvei Aisha e Lilia. Ele não me deu nenhum conselho grande após o incidente em que Orsted quase me matou. No entanto, me disse para me matricular na academia e investigar o Incidente de Deslocamento. Graças a isso, reencontrei Sylphie e nós dois nos casamos.
O Deus-Homem me avisou para não ir a Begaritt. Eu o ignorei, o que levou à morte de Paul e Zenith se tornar uma casca quase vazia, mas pelo menos não era tudo negativo — eu me casei com Roxy como resultado. Embora o Deus-Homem alegasse que Paul teria sobrevivido se eu não tivesse ido.
O Deus-Homem falou comigo de novo, antes de meu futuro eu vir visitar, e me disse para verificar meu porão. No momento em que saí da minha cadeira para seguir seu conselho, meu futuro eu apareceu e me disse tudo o que estava prestes a acontecer. E, como avisou, havia de fato um rato lá embaixo.
Depois que lidei com tudo isso, o Deus-Homem reapareceu, descontente. Foi quando me disse para matar Orsted. Sem outra opção para proteger minha família, obedeci e comecei a me preparar para nossa batalha. Foi durante esse processo que ele visitou novamente para me dar todos os tipos de conselhos. Foi graças a ele que conseguimos terminar a Armadura Mágica tão rápido.
Orsted ouvia em silêncio enquanto eu falava. Ele sequer grunhiu ou assentiu, nem fez nenhuma pergunta. Ficou completamente em silêncio até eu terminar.
— E isso é tudo — eu disse. — Entendeu algo com tudo isso?
— Sim. Agora entendo exatamente como ele estava usando você.
Oh, sério? Bem, acho que não deveria estar surpreso, pois era com Orsted que eu estava conversando.
— Ele usou você para mudar o curso da história — disse Orsted.
— Da história?
— Sim. Normalmente, a mão do destino é tão forte que certas coisas devem ser imutáveis, mas ele encontrou uma maneira de contornar isso, usando você.
— Porque meu próprio destino é forte demais?
— Precisamente.
Uau. Então meu destino é tão poderoso que pode mudar o curso da história?
— Mas, Senhor Orsted, você não poderia fazer a mesma coisa, se quisesse?
— Sim. — Ele assentiu, dando um tapa no topo do diário. — Mas não consigo ver o objetivo dele em alterar tanto a história.
— Não é para evitar ser morto? — perguntei.
— Não leve as palavras dele a sério.
— Ah, certo.
Acho que há uma possibilidade de ele estar mentindo sobre tudo isso.
— De qualquer forma, há uma coisa que eu sei com certeza — disse Orsted.
— O que seria?
— O que quer que esteja no final deste curso alterado da história é algo que deve beneficiá-lo.
— Faz sentido.
Depois de uma breve pausa, Orsted continuou:
— A fim de direcionar o futuro para um curso mais benéfico para mim, você alterará sua trajetória atual.
Ele quer que eu “altere”, não “corrija”, hein? Acho que faz sentido. Na realidade, ainda não é história, pois, tecnicamente, não aconteceu. História é aquilo que você fez no passado.
— Está sendo indireto demais — eu disse.
— Já estou fazendo planos para daqui cem anos. Tudo o que aconteceu até agora, e que acontecerá a partir daqui, é uma base. Mas graças a você e Nanahoshi, muito disso acabou saindo dos trilhos.
Cem anos no futuro? Bem, acho que ele está armando as coisas há um tempo, então não pode mudar seus planos agora.
— Só para esclarecer, nós dois não podemos simplesmente ir aonde o Deus-Homem estiver e dar um chute em seu traseiro, né?
Orsted balançou a cabeça.
— Até que tenhamos recolhido os tesouros escondidos, não seremos capazes de chegar ao lugar em que ele está.
— E eu estou supondo que não podemos apenas reuni-los rapidamente, é isso?
— Quatro são fáceis de obter, mas Laplace tem a peça final. Ele não vai reviver por mais oitenta anos. Serei eu a recolher esses tesouros. É melhor você não agir por conta própria, entendeu?
Agir por conta própria? Eu não tinha ideia de onde esses tesouros estavam localizados, para começar. Meu diário mencionou que estavam com os Cinco Generais Dragão, mas eu só sabia o paradeiro de um, Perugius.
Espera aí. Caos — o Rei Dragão Maníaco — está morto, certo? Isso não vai ser um problema?
— Fiquei sabendo que o Lorde do Caos já faleceu. Como vai lidar com isso?
— Eu já adquiri o tesouro que ele possuía.
Ah, tudo bem. Então quer dizer que já deu um jeito nisso.
— Mas, espera um pouco — eu disse. — E se o Deus-Homem já previu que você tentará mudar o futuro?
— Hm?
— Quero dizer, e se eu estiver apenas cavando nossas sepulturas ao agir? Ou a minha, no mínimo?
— Não. Além de seus poderes de previsão, acredito que também é altamente provável que ele tenha uma característica especial que faz com que todas as criaturas vivas deste mundo confiem nele incondicionalmente. Isso o deixou com deficiências para lidar com irregularidades.
Hã, nunca notei. Acho que dava para dizer que o Deus-Homem tem uma maldição própria.
Espera. Dizer que as pessoas confiavam nele incondicionalmente era um exagero. Eu nunca confiei nele, por exemplo.
Mas a maldição do Orsted não funciona comigo. Talvez isso signifique que a maldição do Deus-Homem também não. Parecia que ele tinha dificuldade em lidar comigo e com meu constante ceticismo. Embora eu tenha acabado confiando nele no final…
Talvez sua maldição não fosse tão ineficaz, afinal. E quem sabe minha resistência à maldição de Orsted pode vir a acabar e eu começaria a temê-lo também.
Não, não há garantia de que a informação de Orsted seja confiável. Suas suposições sobre a natureza da maldição do Deus-Homem podem não estar totalmente corretas.
Assim que comecei a pensar nessa possibilidade, comecei a duvidar de tudo. É melhor parar com isso, decidi.
— Eu não sou bom nessa coisa de “adivinhar o que meu oponente planejou” — eu disse. — Acha mesmo que podemos vencer isso?
— Sim — disse ele, confiante. — Nosso inimigo não é invencível. Estou a apenas um passo de acabar com ele.
Parecia mais que ele estava tranquilizando a si mesmo do que a mim. De qualquer forma, ele tinha a intenção de ganhar. Estava determinado a reivindicar a vitória no final, mesmo que fôssemos os azarões ao longo do caminho. Achei essa parte promissora.
— Então, vamos mudar o curso do futuro próximo — disse Orsted.
— Futuro próximo?
— Sim. — Ele fez uma pausa, então continuou: — Faremos da Segunda Princesa Ariel Anemoi Asura rainha do Reino Asura.
— Certo.
Então íamos dar nosso apoio a ela? Maravilha. Na verdade, estava pensando em como queria ajudá-la. Se esta era a minha primeira missão, faria com prazer.
Tomei uma boa decisão aceitando um emprego nesta empresa!
— Dependendo das circunstâncias, posso usá-la como um fantoche.
Pisquei.
— Hã…?
Fantoche? Bem, isso certamente soou um pouco ameaçador. Em vez de apoiá-la, parecia que estaríamos puxando seus pauzinhos. Sim, definitivamente parecia mais do que um pouco ameaçador.
Acho que a empresa em que me inscrevi é super obscura.
— Mas será mesmo que alguém como a Princesa Ariel seria facilmente manipulada… — murmurei.
— Eu digo fantoche, mas não seria algo tão extremo como manipulá-la. Contanto que possamos estabelecer laços com o Reino Asura no futuro, isso será suficiente.
— Então está tudo bem.
Ele provavelmente estava pensando cem anos no futuro. Cada pequeno passo que déssemos se somaria, alterando o curso da história no processo. Como resultado, o mundo seria muito diferente em outro século. Por exemplo, poderíamos persuadir a princesa a se concentrar mais na pesquisa mágica ou no fortalecimento dos militares. Poderíamos até lançar as bases necessárias para corroer todo o reino, se quiséssemos.
— Uh, você tem certeza que está tudo bem fazer isso? — perguntei, perturbado pelo meu último pensamento.
— É claro. A história como eu a conheço tinha Ariel como rainha, para começo de conversa.
— Oh? Eu adoraria ouvir mais sobre essa história, se não se importar.
— Muito bem. — assentiu ele. — Originalmente, Ariel Anemoi Asura se tornaria rainha. Seu curso foi protegido por um destino forte, como se fosse predeterminado.
— É um pouco difícil para mim acreditar nisso, vendo como ela está agora — eu disse.
— De fato.
A posição de Ariel só piorou nos últimos tempos. Pelo que eu vi, parecia muito provável que fosse entrar em combate direto com Perugius. Era por isso que Sylphie estava constantemente ocupada correndo de um lado para o outro. Eles estavam tentando o melhor que podiam, mas era uma batalha complicada.
— Para que ela se torne rainha, Ariel precisa do apoio de três pessoas — explicou Orsted. — A primeira é o mago guardião Derrick Redbat.
Pelo que me lembrava, era o nome do homem que serviu como guarda de Ariel antes de Sylphie. Eu tinha certeza de que ele havia falecido durante o Incidente de Deslocamento.
— Derrick era altamente inteligente e ambicioso também. Mesmo sem o Incidente de Deslocamento, Ariel estava destinada a um dia encontrar Perugius. E foi Derrick quem convenceu Perugius a se juntar a ela.
Então, basicamente, se Derrick estivesse vivo, ela não estaria na posição terrível que está agora.
— Derrick continuou a aconselhá-la depois disso, levando-o a assumir o cargo de primeiro-ministro no final.
Primeiro-ministro, hein? Bem, essa é uma posição muito importante.
Balancei a cabeça.
— E você está dizendo que o Incidente de Deslocamento tirou a vida de alguém tão crucial?
— De fato. Ele deveria estar protegido por seu próprio destino forte…, mas morreu.
O que significava que o destino de alguém não era absoluto. Eu supostamente tinha o destino do meu lado me protegendo da morte também, mas se o fim sangrento de Derrick era alguma indicação, é melhor eu não deixar isso subir à minha cabeça.
— Então o que você está tentando dizer é que temos que encontrar alguém para substituí-lo, certo? — perguntei.
— Não. Se quisermos fazê-la nossa marionete, um primeiro-ministro só nos atrapalharia. Não precisamos disso.
— Tem certeza de que ela será capaz de governar o país sem um?
— Vir para a Cidade Mágica de Sharia a ajudou a crescer e mudar como pessoa. Não será um problema.
Se você diz.
Meu medo era que isso voltasse para nos assombrar se fôssemos rápidos e desleixados demais. Pelo menos ele não estava me dizendo para me tornar o primeiro-ministro. Eu estava longe de ser um gênio como Derrick.
— A outra pessoa-chave é Eris Boreas Greyrat.
— Eris? — Meus olhos se arregalaram. O que ela tem a ver com isso? Claro, ela fazia parte da nobreza asurana, mas não tinha conexão com Ariel até onde eu sabia.
— Originalmente, a guarda asurana a selecionou por sua habilidade com a espada. Ela se juntou às fileiras deles, e foi assim que conheceu Luke. Os dois deveriam se casar.
Algo pinicou o meu peito.
— Não consigo mesmo imaginar os dois se casando — murmurei.
— Foi amor à primeira vista para ele.
— É sério isso?
O que Luke deveria ser? Descendente de algum herói ou algo assim? Embora eu pudesse vê-lo se apaixonando por Eris. Ela tinha um rosto bonito e seios enormes. Eu não poderia culpar ninguém por ser enganado por sua aparência.
Orsted continuou:
— Não importa quantas vezes ela o socou, ele continuou a persegui-la, e isso suavizou seu coração. Depois que os dois se casaram, foram extremamente afetuosos um com o outro.
Um casal muito afetuoso, hein? Hm… Bem, é verdade que uma vez que entra em seu coração, ela começa a mostrar seu lado mais fofo. Mas toda essa conversa me fez sentir meio corno, de alguma forma. É isso. Quando voltar para casa, terei que me esgueirar por trás de Eris e apalpá-la. Tenho certeza que ela vai me bater por causa disso, mas é um preço que estou disposto a pagar. Se isso significa tocar o peito dela, não me importo de ser o saco de pancadas.
— Bem, tenho certeza que é uma história que você não acha interessante — disse Orsted.
— Para falar a verdade, não, não acho.
— Muito bem, vou manter meu resumo breve então.
Eu não poderia me importar menos como a história poderia ter sido diferente. Nesta linha do tempo, Luke e Eris não estavam juntos.
Sou o único para o qual a nossa bela dama dá seu afeto! Lady Eris pertence a mim e somente a mim!
— A Eris Boreas Greyrat que eu conhecia era uma espadachim habilidosa, embora menos do que seu eu atual, mas ainda assim alcançou o nível de Santo. Apesar de sua bela aparência e status impressionante, sua personalidade ardente lhe rendeu o epíteto de Leão Vermelho.
Leão Vermelho, hein? Há muito tempo, as pessoas a comparavam a um macaco selvagem. Um leão era um passo enorme em comparação. Atualmente, ela era conhecida como Cão Louco.
No final, acho que ainda é uma fera.
— Eris e Luke trabalharam juntos para proteger Ariel de assassinatos inúmeras vezes, protegendo-a em seu caminho até a realeza.
— Em outras palavras, Sylphie assumiu o papel que originalmente deveria ser de Eris.
— Correto.
— O que aconteceu com Sylphie nesta linha do tempo alternativa? — Embora eu soubesse que provavelmente não tinha nada a ver com o tópico principal, não pude deixar de perguntar.
— Sylphiette virou aprendiz de Roxy Migurdia e mais tarde se tornou uma aventureira. As pessoas tendiam a odiá-la por seu cabelo verde, mas, no final, ela conquistou vários labirintos famosos e fez um nome para si mesma como uma das maiores exploradoras de masmorras do mundo.
— Uau.
Impressionante, Sylphie! Não esperaria menos da minha esposa. Teria que dar uma bela beijoca em sua orelha quando chegasse em casa.
— E? Com quem ela acabou ficando?
— Não estou tendo esta conversa com você para satisfazer sua curiosidade — resmungou Orsted.
Oops. Sinto muito por isso. Meus ombros baixaram.
Orsted suspirou antes de continuar, claramente exasperado:
— Até onde sei, nem Sylphiette nem Roxy Migurdia se casaram. Viveram a vida toda como solteiras.
— Interessante. Obrigado por me dizer.
Então foi assim que as coisas aconteceram. Roxy e Sylphie nunca ficaram com mais ninguém. Acho que isso significa que as duas pertencem apenas a mim. Isso aquece muito o meu coração. Especialmente depois de saber que Eris se casou com Luke. Acho que é isso que querem dizer quando falam sobre um cara ser possessivo. Aquelas duas garotas são minhas! Não deixarei que mais ninguém as tenha.
— Você gostaria de ouvir sobre o resto da sua família também?
— Não, vamos voltar ao assunto — eu disse.
Por mais que eu quisesse perguntar, a linha do tempo que ele falava foi uma em que eu nunca existi. Saber o que aconteceu lá não mudaria nada sobre o presente. Era melhor ficar com as informações necessárias. Eu tinha ouvido o suficiente para saciar minha curiosidade.
— Tudo bem, então, já que Sylphie assumiu a posição de Eris, não há problema, certo?
— De fato. O fato de Ariel ainda estar viva é prova disso. Embora ter Eris ao seu lado também significasse que Ariel tinha o apoio de Philip Boreas Greyrat e Sauros Boreas Greyrat.
Eles também foram vítimas do Incidente de Deslocamento. A ausência deles tornou nossa situação ainda mais terrível.
— Tudo bem, mas você disse que havia três pessoas. Quem é o último?
— Tristina Purplehorse.
Tristina Purpa-o-quê? Esse certamente não era um nome que eu já tinha ouvido antes.
— Ela é a filha da nobreza de alto escalão, a casa Purplehorse. Ela foi sequestrada quando tinha oito anos. O Alto-ministro Darius Silva Ganius a mantém como escrava sexual.
Esse nome não me era estranho. Se me lembro direito, ele estava desfrutando de um maior apoio e impulso dentro do reino agora. Eu tinha certeza de que ele estava apoiando o primeiro príncipe. Mas uma escrava sexual de oito anos, hein? Que cretino.
— Tristina seria secretamente descartada, mas, por sorte, Ariel a salvou. Mesmo com seu status, Darius não podia escapar da repreensão por ter confinado uma filha da casa Purplehouse por anos. Ele perdeu sua posição como resultado do escândalo, que também marcou a queda do Primeiro Príncipe Grabel.
Então o nome do primeiro príncipe é Grabel. Beleza, entendi!
— Tudo bem — eu disse. — Então, onde está essa Tristina nesta linha do tempo?
— Desaparecida.
— E você tem certeza de que ela não está morta?
— Não tenho. Darius tem o hábito de vasculhar imediatamente tudo ao seu redor sempre que ocorre um incidente. Isso inclui se livrar de escravos, então há uma grande probabilidade de que ela já esteja morta.
— Nesse caso, acho que é melhor presumir que ela não está mais entre nós.
— Bem, aquele que treina e supervisiona esses escravos para Darius normalmente vende qualquer um que esteja marcado como descarte para lucrar com eles. Assumindo que o mesmo aconteceu com Tristina, ela provavelmente ainda é uma escrava, apenas com um novo mestre. Ou, talvez, se ainda for jovem o suficiente, tenha aprendido habilidades suficientes para se tornar uma ladra nas ruas. — Orsted deu um tapinha no meu diário. — A ladra chamada “Triss”, que foi mencionada em seu diário, me vem à mente.
Triss… Isso mesmo, havia uma ladra que ajudou meu futuro eu a entrar no Reino Asura. Não havia muitos detalhes sobre ela, no entanto.
— Sim — eu disse —, mas o nome “Triss” não é raro em Asura. Os asuranos pareciam ter uma preocupação com nomes que tinham “ris” neles, fosse Eris ou Triss.
— É verdade, mas até onde sei, não havia nenhuma ladra chamada Triss naquela área. Além disso, Tristina tem uma série de características únicas que combinam com a mulher descrita em seu diário.
Ah, isso faz sentido.
Já que Orsted sabia qual linha temporal era a original, ele prestava atenção quando alguém estranho aparecia em meu diário, ainda mais com um nome semelhante. Talvez fossem de fato a mesma pessoa. Mas alguém chamada Tristina realmente encurtaria seu nome para Triss? Eu estava tendo a sensação de que já vi isso em A Viagem de Chihiro.
— Tudo bem, então está dizendo que, contanto que a gente coloque nossas mãos nela, podemos derrubar o alto-ministro?
— Sim, pois ela é uma testemunha viva de seus crimes.
Em outras palavras, se quiséssemos ter algum sucesso em fazer Ariel rainha, precisávamos encontrar essa tal de Triss.
— Por que ela não volta para casa? — perguntei.
— O sequestro serviu de cobertura. Na realidade, sua família a vendeu.
— Então, mesmo que sua família a tenha vendido de propósito, você ainda acha que a notícia de que ela foi mantida como escrava sexual faria Darius perder sua posição?
— Sim. Até onde o público sabe, ela realmente foi sequestrada. Além disso, a verdade é apenas um pretexto para derrubar Darius.
Entendi.
Darius tinha vários inimigos, e eles não se importavam com os detalhes de seu escândalo. Tudo o que queriam era uma desculpa para se livrarem dele. Contanto que pudessem dizer ao público que ele raptou à força a filha de um aristocrata de alto escalão, isso seria o suficiente para tirá-lo de seu status.
— Ugh, esse país é um grande pé no saco — resmunguei.
— Concordo. No entanto, é precisamente porque essas pessoas desonestas residem lá que Asura detém o maior poder do mundo. Seria assim, mesmo que a terra em que viviam não fosse tão abundante.
Fazia sentido. Na minha opinião, aqueles que discutiam entre si desta maneira tendiam a desenvolver melhores habilidades de negociação, o que beneficiava na hora que surgia a necessidade de diplomacia. Mas talvez minhas opiniões fossem um pouco tendenciosas.
— Mesmo assim — continuou ele —, seremos capazes de remover o Alto-ministro Darius contanto que tenhamos Tristina. Com ele fora, não teremos nenhum problema com o resto da oposição.
— Ele é realmente uma figura tão poderosa assim?
Orsted assentiu.
— É. Não é exagero dizer que o atual rei não poderia manter seu trono sem Darius.
Uau, ele é tão importante assim? Acho que ele é como um fazedor de reis — alguém que recolhe ouro e estabelece todas as bases.
— Se Ariel de alguma forma não conseguir removê-lo de seu posto atual, então caberá a você matá-lo.
— Quê? — Fiquei boquiaberto. — Quer que eu faça isso?
— Sim. Você tem um destino forte. Deve ser uma questão simples para você se livrar dele.
Meu destino realmente tinha algo a ver com ser capaz de matar alguém ou não? Pensando bem, o Deus-Homem disse algo sobre como eu poderia ser capaz de matar Orsted quando outros teriam falhado.
Depois de uma longa pausa, eu finalmente disse:
— Tudo bem. Entendi.
Eu não gostava da ideia de matar alguém, mas se isso significasse proteger a vida da minha família, certamente faria o meu melhor. Meu alvo era um ministro do mal, de qualquer maneira. Claro que poderia acabar com alguém assim. Se meu oponente era tão insidioso — basicamente como um Zaku Gundam — então ele nem podia ser considerado humano.
— Mas, a partir de tudo que ouvi, não era para ter um segundo príncipe e seu grupo de seguidores? Tem certeza de que não temos que lidar com eles?
— Você se refere ao Segundo Príncipe Halfaust? Ele nunca teve a chance de se tornar rei. Nem tem vontade, e, além disso, há poucos que pensam que ele é capaz de se sentar no trono.
Então Halfaust é o nome do segundo príncipe. Não tenho ideia de como ele é ou que tipo de pessoa é, mas presumo que tem que ser pelo menos um pouco capaz de ser considerado um candidato ao trono. Melhor prevenir do que remediar, pois nunca se sabe o que pode acontecer.
— Não há nada com que se preocupar — assegurou Orsted. — Mesmo se falharmos, sempre haverá uma próxima vez.
— Próxima? Você se refere ao nosso próximo passo?
— Ah… Sim, foi isso mesmo que quis dizer.
— E o que acontecerá com Ariel, se falharmos?
— Ela vai morrer, tenho certeza.
Talvez dois mil anos de vida o tenham insensibilizado ao fracasso. Um plano que tinha muitos anos em construção teria suas armadilhas. Você nem sempre conseguia o que queria, e se ele estava jogando a longo prazo, com um século de antecedência, então era provável que não ligaria para alguns fracassos ao longo do caminho.
Mas, mesmo assim…
— Não vamos correr riscos. Falar isso de forma irreverente só trará um sorriso para o rosto do Deus-Homem.
As bochechas de Orsted ficaram vermelhas de raiva, o que me deixou aterrorizado.
Eu continuei apressadamente:
— Pode haver outros fracassos nos esperando se não nos comprometermos agora. Esses fracassos somam. Eles podem afetar se você é vitorioso ou não.
Eu não me importava se ele estava mais focado em vencer do que no caminho para chegar lá, mas se Ariel morresse, havia uma boa chance de Sylphie também se envolver nisso. Também prometi apresentar Ghislaine a Ariel. Se aqueles próximos a mim sofressem, eu também sofreria. E eu certamente não queria sofrer.
— Em vez disso, devemos planejar cada passo com cuidado. Vamos manter a guarda erguida e garantir que sejamos vitoriosos toda vez que enfrentarmos ele.
— Isto é evidente. — Orsted ainda franziu a testa ameaçadoramente, mas assentiu em concordância.
— Agora — eu disse —, com isso fora do caminho, nossa primeira tarefa será colocar a Princesa Ariel no trono. Você emitirá suas ordens, e eu as cumprirei. Isso soa bem?
— Sim.
Era como se eu tivesse ganhado um patrocinador. Tipo, agora eu tinha Senhor Orsted da renomada Sociedade do Deus Dragão me apoiando! A única desvantagem era o trabalho imposto por ele, o que era meio que um saco para mim.
— Beleza — eu disse. — Vamos bolar um plano para lidar com o Segundo Príncipe Halfaust então!
— Posso dar um jeito nisso sozinho. Só preciso derrubar os principais nobres que o apoiam. Como ele não deseja o trono, isso será mais do que suficiente para fazer com que abandone a briga por ele.
Uma percepção me atingiu enquanto ouvia Orsted. Do seu ponto de vista, provavelmente não importava quem se tornasse rei. Mesmo que Halfaust de alguma forma assumisse o trono, ele poderia simplesmente me infiltrar em seu círculo interno.
— Em cerca de um mês, a notícia deve chegar de que o rei atual adoeceu. Há algo que precisamos fazer antes disso — disse Orsted.
— O que seria? — perguntei.
Sua expressão ficou sombria, deixando claro que ele não permitiria erros. Bem, isso é assustador. Provavelmente ele sempre ficava daquele jeito quando estava falando sério, mas isso não fazia com que parecesse menos intimidador. Se olhares pudessem matar, eu estaria mortinho da silva agora.
— Precisamos trazer Perugius Dola para o lado de Ariel. Seu apoio será crítico, se ela quiser assumir o trono.
Apesar da enorme ansiedade que suas palavras causaram, eu meio que previa isso. Derrick Redbat estava destinado a persuadir Perugius a se juntar a Ariel, mas ele não estava aqui. Perugius, no entanto, ainda era um trunfo necessário. Eu teria que assumir o papel de Derrick e encontrar uma maneira de conquistá-lo.
— Então, basicamente, vou precisar passar o próximo mês me aproximando de Ariel e Luke enquanto também tento convencer Perugius a se juntar a ela. Estou certo?
— Sim.
— Então está tudo bem.
Pelo menos tínhamos feito um plano concreto para resolver nosso problema atual. Íamos mudar o presente na esperança de alterar o curso do futuro daqui a cem anos. Para isso, precisávamos nomear Ariel rainha.
Isso deve ser bom o suficiente para a nossa primeira reunião de estratégia.
Enquanto pensava nisso, Orsted disse:
— Pegue isso. — Ele tirou um pergaminho do bolso e o entregou a mim. Desdobrei-o e vi um círculo mágico que tinha sido desenhado nele.
— O que é?
— Um círculo de invocação de Besta Guardiã — disse ele.
— Ooh!
Era aquilo que ele mencionou ontem! Fiquei impressionado por ele ter cumprido a promessa tão cedo. Imaginei que demoraria um pouco, já que provavelmente priorizaria a leitura do meu diário primeiro.
— Coloque sua mana nele e imagine algo que vai proteger sua família. Pode até mesmo ser uma palavra. Isso deve ser o suficiente para invocar algo que você precisa.
— Uma imagem tão vaga realmente será suficiente? — perguntei.
— Sua reserva de mana é enorme. Você ganhará um parceiro melhor dessa maneira do que se tentasse invocar algo em específico.
Eu não estava tão convencido, mas, se ele dizia, valia a pena tentar.
— Só espero não acabar invocando nada estranho. Sabe, como uma garotinha cujo título começa com Imperatriz e termina com Demônio.
— O que vai invocar depende inteiramente de você. Dito isto, Kishirika Kishirisu possui uma enorme quantidade de poder. Um círculo de invocação tão pequeno não seria capaz de trazê-la até você.
Então o tamanho é o único problema? Isso significa que se fizermos um círculo de invocação maior, eu poderia teoricamente invocá-la?
Não que eu quisesse fazer isso. Ela era muito desagradável.
— De qualquer forma — eu disse —, vou me certificar de invocar a Besta Guardiã amanhã.
— Muito bem.
Meu coração batia forte de tanta animação. Que tipo de criatura eu poderia invocar? Uma das fortonas, eu esperava. Com ela ao meu lado, eu pareceria duas vezes mais maneiro do que agora, o suficiente para fazer com que Sylphie e Roxy se apaixonassem por mim novamente.
Ah, é mesmo. Há mais um assunto importante que esqueci de perguntar a ele.
— É mesmo. Supostamente, um dos meus descendentes vai ajudá-lo no futuro. Isso significa que eu deveria ter um monte de filhos só para garantir, né? Ou isso representa o perigo potencial de um deles dar à luz a Laplace mais tarde?
Ele olhou para mim em silêncio antes de finalmente dizer:
— Nenhum de seus filhos dará à luz a Laplace. Faça como quiser.
— Entendido. Farei exatamente isso, então.
Isso significa que estou livre para ter muitos bebês! Certamente Orsted ficaria satisfeito em ter um grande número de companheiros também.
— Nesse caso, peço que me dê licença. Preciso ver como funciona esse círculo de invocação que você me deu.
— Certo.
— Vejo você novamente em alguns dias. Se algo acontecer enquanto isso, por favor, certifique-se de enviar uma carta para minha casa de novo. — Quando comecei a me levantar, lembrei de mais uma coisa. — A propósito, milorde, você já foi visitar Nanahoshi?
— Não, ainda não.
— Eu sei que não é meu dever dizer isso, mas se está incomodado por ela ter me ajudado a montar uma armadilha para você, espero que tenha a intenção de perdoá-la. Eu basicamente a chantageei para obedecer.
Ele não disse nada, seus lábios formando uma linha fina e estreita. Eu não queria que tivessem uma briga por minha causa.
— Nanahoshi sempre foi contra eu lutar contra você — continuei. — Ela disse que você fez muito por ela.
Orsted ficou em silêncio.
— Na verdade, parece que ela ainda se sente culpada por ter concordado em me ajudar. Se puder ter a bondade de perdoá-la, espero que possa encontrá-la e dar-lhe a chance de se desculpar, pelo menos.
— Muito bem. Farei como sugere. Nanahoshi é… apesar de todos os seus defeitos, uma mulher útil.
Isso mesmo! Ela definitivamente é útil. Muito útil!
— Ah, tem mais uma coisa — disse Orsted. — Embora eu possa entrar em contato com você à vontade, seria inconveniente se houvesse uma emergência e você não tivesse como entrar em contato comigo. Leve isso junto. — Ele tirou um anel do bolso do peito e o colocou na mesa.
Eu já tinha visto algo assim antes, e muito recentemente. Na verdade, este era um anel que Nanahoshi já possuíra, o mesmo que ela usou para atrair Orsted para minha armadilha.
— Se for necessário, use isso para me chamar.
Quando utilizado, o anel emite um poder mágico que lhe permite agir como um ímã natural, levando seu anel parceiro a sua localização. Se fosse um implemento mágico, poderíamos transformá-lo em algo como um radar, mas, infelizmente, era difícil demais replicar o efeito de itens mágicos. Quase não havia tais duplicatas na existência.
Orsted, ao entregá-lo para mim, mostrava sua confiança de que poderia me destruir, caso disparasse outro ataque surpresa contra ele. Ou talvez fosse a prova de que confiava em mim para não tentar novamente.
Eu escolho acreditar na última opção.
Orsted certamente não tinha nenhum desejo de liberar seu poder real uma segunda ou terceira vez, esgotando assim sua preciosa mana de novo. Se ele estava confiando em mim com isso, cabia a mim não o desapontar.
— Muito bem. Nos encontraremos novamente mais tarde.
Guardei o anel e fui para casa. Claro, não esqueci de pegar Zanoba quando saí.
Tradução: Taiyo
Revisão: Guilherme
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