O Santuário da Espada, no extremo oeste dos Territórios do Norte, era um lugar onde o ar ressoava com fervorosos gritos de guerra e o som de espadas de madeira. Mesmo nas ruas, a maioria das pessoas usava uniformes de artes marciais ou algo semelhante, e carregavam espadas de treino e toalhas de mão. Às vezes, era possível ver um visitante com roupas de espadachim, mas aqueles que optavam por ficar por um período prolongado geralmente adotavam roupas feitas especificamente para treinamento.
Na parte de trás desta pequena cidade havia um vasto campo nevado que levava a um grande salão de treinamento. Hoje, uma mulher com roupas de espadachim estava naquele campo, perto da entrada daquele salão. Sua camisa simples e calça preta foram claramente escolhidas para maior mobilidade. Por cima destes, usava um sobretudo tradicional, concedido aos Santos Da Espada do Estilo Deus da Espada. Havia duas espadas em sua cintura; mesmo à distância, a mais longa delas era distinguível como a obra de um verdadeiro mestre.
Apenas pela qualidade de sua arma, era evidente que era uma aluna de alto nível do Estilo Deus da Espada, e uma das poucas que alcançaram o rank de Rei da Espada. Sua aparência intimidante, combinada com seus longos e brilhantes cabelos ruivos, lembrava um leão. Nove em cada dez pessoas que a viam na rua teriam imediatamente saído de seu caminho por instinto.
Ela era a Rei da Espada Berseker, e seu nome era Eris Greyrat.
Porém, no momento, estava olhando para sua roupa imponente com uma expressão um pouco ansiosa.
— Ei, Nina… tem certeza de que pareço bem?
— Sim, sim. Você está mais do que bem, está maravilhosa. Confia em mim.
De pé em frente a esse leão de juba vermelha, estava uma jovem vestida com um uniforme de artes marciais, de cabelo preso e de cor azul escuro. Seu nome era Nina Falion, e pelo tom de sua voz, estava começando a ficar um pouco exasperada com sua rival.
— Estou falando sério, Eris, a roupa é perfeita. Você é a imagem ideal de um Rei da Espada.
— Mas o Rudeus costumava dizer que preferia minhas roupas com babados.
— Ah, pelo amor de Deus…
Sem paciência, Nina soltou um suspiro e continuou a conversa da melhor maneira que pôde.
— Eris, como exatamente espera que eu saiba dos gostos do seu namorado?
— Oh. Verdade, acho que você não…
— Poderia, por favor, parar de me olhar com pena? Sabe, o Gino e eu… Ugh, esquece!
Com um aceno firme de cabeça, Nina apontou o dedo para Eris.
— Olha, não é como se você fosse encontrar roupas elegantes por aqui. Se lembra de onde estamos, não é? Se realmente quer uma roupa com babados, basta comprar uma na cidade.
— Acho que está certa. — disse Eris, acenando um pouco com a cabeça.
Aparentemente, o assunto havia sido resolvido. Porém, esta era a quinta vez hoje que tiveram basicamente essa mesma conversa.
— De qualquer forma, não sei o porquê de estar tão obcecada com sua roupa agora. Não importa o quão rápido viaje, será um bom mês na estrada antes de chegar à Sharia.
— …
— Eu me preocuparia menos com as roupas e mais em garantir que esteja limpa e apresentável quando o vir. Certifique-se de tomar um banho, pentear o cabelo e passar um pouco de perfume… Uh, você sabe que os homens não gostam de mulheres fedorentas, né?
— O Rudeus gosta. Ele parecia nunca se importar quando eu ficava toda suada.
— Bem, acho que a pessoa tem que ser muito compreensiva para te achar atraente…
— Na verdade, até o vi cheirando minha calcinha velha e suada algumas vezes. Ele parecia estar gostando.
— Quê? O cara é um pervertido!
Eris franziu ligeiramente a testa para esta observação.
— Rudeus não é um pervertido. Ele só é um pouco… indecente.
— Ele estava gozando com o seu odor corporal, Eris! Essa é a definição de um pervertido!
— …
Eris levou o nariz até a axila e cheirou para checar a situação. Suas roupas eram novas e ela tomou um banho em preparação para a viagem. Tudo o que podia sentir era o cheiro fraco de sabão.
— Ele não é um pervertido.
— Se você diz… Desculpe, acho que exagerei.
As duas ficaram em silêncio por um tempo. De vez em quando, o vento frio do campo tranquilo e nevado soprava em seus cabelos.
— Ghislaine está demorando — murmurou Eris.
— Acho que os alunos devem estar brigando entre si para decidir quem vai vir.
Eris assentiu vagamente.
— Talvez.
— Sabe, Eris, de vez em quando ouço alguns rumores do seu namorado.
— Que tipo de rumores?
— Dizem que Rudeus Greyrat pode esbugalhar os olhos voluntariamente.
— Não duvido nada!
— Além disso, parece que ele gosta de garotas sem peito.
Nina olhou para Eris enquanto falava essas palavras. Eris olhou para si mesma, também. Era raro a palavra “voluptuosa” ser aplicada a uma espadachim, mas em seu caso, não podia ser mais adequada.
— Isso não será problema.
A voz de Eris soava confiante, mas seu rosto parecia um pouco mais pálido do que antes.
— Vamos ver, o que mais…? Dizem que ele conquistou um labirinto lendário, derrotou um Rei Demônio Imortal e lutou bravamente contra um dos Sete Grandes Poderes.
— Tá falando sério? Esse é o Rudeus que conheço. Não esperaria menos.
Ao ouvir isso, suas bochechas voltaram à cor rosada natural. Eris ficou feliz em saber que Rudeus estava se esforçando para ficar mais forte, assim como ela.
— O cara é ridiculamente forte, tenho que admitir. Normalmente, eu não teria acreditado em nem uma palavra desses rumores.
Eris se encheu de orgulho e disse com confiança:
— Eu sei! Ele é incrível!
— Porém, também há alguns… rumores mais obscuros por aí.
— Como assim?
— Dizem que ele é um playboy notório que sai com uma garota diferente a cada dois dias.
Com essas palavras, o sorriso de Eris enrijeceu de repente.
— Ah, e parece que abusa de sua própria força para conseguir o que quer…
— …
— Olha, Eris, isso é apenas uma possibilidade — Nina fez uma pausa, e então continuou com a voz baixa. — Mas talvez ele nem se lembre mais de você?
Assim que essas palavras saíram de seus lábios, Nina levantou a mão esquerda para proteger o rosto e, após uma fração de segundo, o punho de Eris bateu em sua palma.
— …
Embora tenha conseguido bloquear o soco, a fúria do olhar de Eris era demais para Nina suportar, que desviou os olhos sem jeito.
— É só um rumor.
Eris abaixou o punho e cruzou os braços. Endireitou a postura e estufou o peito, fez um sorriso distorcido e, zangada, virou a cabeça.
— …
— Ei, olha. Ghislaine finalmente chegou.
Quatro cavalos estavam se aproximando lentamente da direção em que Eris havia olhado. Uma mulher Besta os conduzia. Esta era a Rei da Espada Ghislaine Dedoldia. Embora tivesse quase quarenta anos de idade, seu corpo estava tão definido e musculoso como sempre.
Ghislaine conduzia dois dos cavalos pelas rédeas. Um pouco atrás estava uma bela e jovem mulher que liderava as outras duas. Enquanto usava roupas simples de viajantes, seus longos cabelos sedosos e rosto bem torneado eram mais do que o suficiente para encantar todos que a viam. Esta era a Rei da Água, Isolde Cluel. A Deusa da Água, Reida Lia, estava montada em um dos cavalos que conduzia.
— Desculpe a demora — Ghislaine entregou a Eris as rédeas de um cavalo carregado de bagagens. — Vocês duas estavam brigando de novo?
— Foi culpa da Nina — Eris respondeu mal-humorada e fazendo beicinho.
Nina só deu de ombros.
— Entendo — Ghislaine murmurou, com um sorriso sincero estampado em seu rosto.
— Não parece uma despedida — veio uma voz de cima. — Gall nem se deu ao trabalho de sair da cama?
A velha a cavalo, facilmente a pessoa mais formidável deste imponente grupo, olhava para trás na direção do salão com uma expressão irritada.
— Eu não assumiria nada disso, Mestra Reida. Receio que o Deus da Espada seja um pouco fraco com bebidas.
— O quê? Acha que ele está de ressaca da noite passada? Minha nossa. O homem deveria conhecer os limites de sua idade… Sabe, Nina, essa pode ser uma oportunidade de ouro. Por que não o desafia para um duelo?
Nina sorriu sem jeito com a provocação da velha.
— Acho que vou ter que me abster. Pretendo me tornar a Deus da Espada de uma maneira um pouco mais esportiva.
— Ah, você é uma coisinha tão séria. Não se preocupe, querida, você vai superar esse velho rabugento em pouco tempo. Apenas continue fazendo o que está fazendo! Embora talvez queira ficar de olho naqueles abaixo de ti.
— Abaixo de mim? Bem, em todo caso, me esforçarei ao máximo para fazer bom uso de tudo que me ensinou.
Nina inclinou a cabeça respeitosamente para Reida, então se virou para Isolde.
— Posso perguntar para onde planejam ir? Vocês acompanharão Eris durante parte do caminho, certo?
— Isso mesmo — respondeu Isolde. — Estamos voltando ao Reino de Asura. Fui convidada para ser a instrutora de esgrima do palácio real.
— Ah, entendo. Vai ficar um pouco solitário por aqui sem você…
Isolde sorriu gentilmente com as palavras de Nina.
— Não se esqueça de me fazer uma visita caso chegue no reino. Vou lhe mostrar a capital.
— Não, obrigada — disse Nina, coçando o nariz timidamente. — Se uma garota do interior como eu fosse para Asura, tenho certeza que todos os habitantes chiques da cidade apenas apontariam e ririam de mim.
Eris bufou com desdém.
— Hmph. Se alguém rir de nós, podemos cortá-lo ao meio.
Por mais alarmantes que essas palavras fossem, graças a elas Nina riu baixinho ao se lembrar da identidade das três em sua frente. Tirar sarro de uma Santo da Espada, de uma Rei da Espada ou uma Rei da Água, realmente não era a melhor das ideias. Para tal, a pessoa teria que ser um combatente verdadeiramente formidável, ou um tolo completo e sem limites.
— Tudo bem, então. Eris, vamos indo?
— Sim! Vamos lá!
Isolde sorriu com a resposta energética de Eris e subiu em seu cavalo. Eris fez o mesmo, montando tão rudemente em seu animal, que fez com que ele se sacudisse em desagrado. Ela deu um tapa em seu pescoço, rapidamente acalmando-o.
— Boa sorte a todos — Nina desejou, surpresa ao descobrir que havia lágrimas em seus olhos.
Desde a chegada de Eris aqui, seus pensamentos mudaram bastante conforme o passar dos anos. O primeiro encontro delas foi horrível. Nina foi humilhada, e Eris a submeteu a muitos outros constrangimentos um seguido do outro. Porém, a frustração desses fracassos levou Nina a melhorar. E quando Isolde chegou, suas palavras gentis e conselhos sensatos também foram de grande ajuda. Se não fosse por elas, Nina sem dúvida ainda estaria estagnada no rank de Santo da Espada. Poderia nunca ter ascendido ao reino dos Reis da Espada. Em outras palavras, ela lhes devia…
— Ei, povo! Tenho uma entrega para vocês! Se importariam de assinar?
As reflexões melodramáticas de Nina foram abruptamente interrompidas por uma voz alegre e despreocupada. Tentando conter sua irritação, ela se virou em sua direção.
Um homem de aparência meio estúpida com um casaco grosso de inverno estava parado na neve, próximo a elas, soprando nuvens brancas de vapor a cada respiração. Parecia que ele não tinha absolutamente nenhuma ideia de quem elas eram. Em vez de esperar que respondessem, ele enfiou a mão na bolsa e pegou o envelope.
— Oh, céus… É de quem?
— Err… Parece que está endereçado à senhorita Eris Boreas Greyrat.
Eris franziu a testa desconfiada, mas as próximas palavras do homem fizeram seus olhos se arregalarem.
— É de um Senhor Rudeus Greyrat.
— Rudeus?!
Eris instantaneamente pulou do cavalo e arrancou o envelope da mão do homem. No entanto, quando estava prestes a rasgá-lo, ele agarrou-a apressadamente pelo ombro.
— Ei, espere um segundo aí. Preciso que você assine, ou não me pagarão pela entrega…
— Tá! Onde eu assino?
— Ah, claro. Espere só um momento, por favor…
O homem enfiou a mão na bolsa e tirou uma caneta e algum tipo de formulário, e entregou-os para Eris. Ela parou por alguns segundos, claramente tentando lembrar as letras de seu nome, então escreveu-as na forma de um rabisco quase incompreensível.
O homem analisou esses caracteres por um longo momento e acabou conseguindo identificar a palavra Eris.
— Certo. Muito obrigado… Cara, queria muito que todos os trabalhos pagassem esse tanto…
Ele colocou o recibo de volta em sua bolsa e fez seu caminho de volta em alto astral. Eris mal olhou para ele enquanto mexia no envelope. Ela estava prestes a rasgá-lo, mas então viu as palavras “Senhorita Eris Boreas Greyrat” na frente, no que era claramente a caligrafia de Rudeus.
Heh. Ele devia estar com muita pressa! Não uso o nome Boreas há anos… Oh, espere. Talvez ele não saiba disso?
Ela virou o envelope e leu o nome escrito no verso: “Rudeus Greyrat. Sua caligrafia não mudou nada. As letras eram cuidadosamente moldadas, mas sempre pareciam um pouco tortas. Há muito tempo, ela passava horas todos os dias olhando para essa caligrafia enquanto Rudeus tentava ensiná-la a ler. A lembrança a fez sorrir.
Para preservar o envelope da melhor forma possível, Eris decidiu abri-lo pela parte superior com as unhas. Sua primeira tentativa falhou. Assim como a segunda. Depois de sua terceira tentativa, ela pegou uma das espadas em sua cintura. Jogou a carta no ar e desembainhou sua lâmina.
— Hah!
De alguma forma, em vez de partir o envelope ao meio, sua espada cortou uma pequena lasca da parte de cima. Eris pegou os dois pedaços quando caíram, jogou fora o menor e finalmente tirou a carta. Com um olhar ansioso em seu rosto, começou a lê-la. Rapidamente, sua expressão animada deu lugar a uma profunda irritação.
— Uhh, Eris? — Nina perguntou com cuidado. — O que está escrito?
Eris não respondeu. Ela ainda estava olhando ferozmente para o pedaço de papel em suas mãos.
— Eris? Está me ouvindo?
— Ah, cale a boca! Eu não reconheço algumas dessas palavras, tá? Por isso estou demorando um pouco para ler!
— Ah. Entendo…
— Leia para mim, Nina!
— Quê? Uh, eu não sei ler.
— Sério?! Isso vai te causar problemas no futuro.
— E quem você pensa que é para me dar sermão sobre isso? Você também não sabe ler!
Quando as duas começaram a brigar, Isolde suspirou e desceu do cavalo.
— Acalmem-se, vocês duas. Deixa que eu leio.
— Ah, tudo bem — disse Eris, entregando a carta. — Obrigada.
Isolde começou a lê-la devagar e com atenção. No início, sua expressão era neutra, mas com o passar do tempo, tornava-se cada vez mais tempestuosa. E quando terminou, gritou com uma voz cheia de raiva.
— Qual é o problema desse cara?!
— Hã? — disse Eris nervosamente. — O quê? O que está escrito?
— Oh, Eris… Você esteve treinando tão duro todos esses anos por ele? Que pobre coitada. Santo Millis, tenha pena dessa garota…
Isolde cruzou as mãos e olhou suplicante aos céus por um momento, então olhou cheia de simpatia para Eris.
— Eris, você realmente deveria esquecer tudo sobre esse homem. Por que não vem comigo para Asura, em vez disso? Seria um desperdício te entregar a um canalha como este.
— Dá para me dizer o que está escrito na carta?! — sibilou Eris, pegando a espada em sua cintura. — Ou quer que eu te corte ao meio?!
— Muito bem, então. Aqui vou eu.
Limpando a garganta, Isolde começou a ler a carta com uma voz que soava clara indignação.
“Querida Senhorita Eris…
Já faz um tempo, não? Aqui é Rudeus Greyrat.
De alguma forma, parece que cinco anos se passaram desde que nos separamos.
Ainda se lembra de mim? Espero que sim. Sei que eu não te esqueci, ou o tempo que passamos na companhia um do outro.
Durante nossa primeira noite juntos, jurei a mim mesmo que ficaria com você para todo o sempre. Pretendia ficar ao seu lado pelos restos dos meus dias, te apoiando contra todas as adversidades.
Mas quando acordei de manhã, encontrei-me sozinho na cama. Você já tinha partido.
Devastado pelo seu desaparecimento, mergulhei em uma profunda depressão. Os próximos três anos da minha vida foram amargos e solitários. Nada do que eu fazia parecia significativo. Senti como se estivesse vagando por um denso nevoeiro.
Claro, não te culpo por nada disso agora. Porém, espero que possa entender o quão miserável estava naquela época. Quanto ao motivo pelo qual estou lhe escrevendo essa carta, bem… digamos que alguém recentemente me falou sobre você.
Até agora, estava convencido de que havia me abandonado para viajar pelo mundo sozinha. No entanto, esse indivíduo alegou que eu tinha entendido mal seus sentimentos – que você nunca parou de se importar comigo ou pensar em mim.
Tenho duas esposas agora.
Ambas me resgataram do desespero em momentos em que poderia ter me perdido completamente. Embora possa ter interpretado mal suas ações, isso não amenizou minha dor. E elas estavam lá para mim quando eu mais precisava.
Porém, se é verdade que seu coração permanece inalterado – se realmente quer se reunir comigo e passar sua vida comigo – estou pronto para aceitar seus sentimentos. Não tenho intenção de me separar das minhas duas esposas, então você se tornaria a minha terceira.
Entendo que possa achar a proposta inaceitável, ou talvez até mesmo revoltante. Se for assim, você tem todo o direito de me socar para se sentir melhor. No entanto, agradeceria se desse apenas dois ou três golpes.
Claro, torço para que não chegue a isso. Mesmo que não esteja disposta a se juntar à minha família, espero que possamos pelo menos nos tornar bons amigos.
Com toda a sinceridade,
Rudeus Greyrat.”
— …
Eris não estava dizendo nada. Também não estava se mexendo. Aos olhos de todos, ela havia se transformado em uma pedra.
Isolde deu uma olhada nela e prontamente retomou seu discurso anterior.
— Bem, aí está. Ele não é horrível? Ter duas esposas já é ruim o suficiente, e agora ele está casualmente oferecendo torná-la a número três! O homem claramente não tem nenhum respeito pelas mulheres!
— Não sei — disse Nina, olhando para a carta com uma expressão pensativa. — Parecia que ele estava se esforçando muito para ser atencioso…
— Atencioso?! É a primeira carta que ele escreve para ela há anos, e não se deu ao trabalho de dizer eu te amo! Parece pensar que estaria fazendo um favor permitindo-a que se casasse com ele! Não, me desculpe. Não gosto nem um pouco desse Rudeus Greyrat!
— Olha, ele pensou que a Eris tinha rompido a relação, certo? E passou três anos inteiros deprimido por causa disso! Não é parcialmente culpa dela por sair desse jeito?
— Oh, por favor! Ele provavelmente inventou tudo isso para fazê-la se sentir culpada. Ele só a quer porque ela é uma mestra espadachim com um belo corpo!
— Uhhh… eu não teria tanta certeza sobre isso. Você realmente arriscaria manter Eris por perto apenas para ter uma guarda-costas sexy…?
Nina estava pensando seriamente no assunto. Isolde estava gritando loucamente. Eris, por sua vez, com os braços ainda cruzados, estava olhando para os céus, mas ao mesmo tempo, não via nada. O céu acima era azul, mas sua mente se tornou um vazio puramente branco.
— Huh? Ah, tem mais um pedaço de papel aqui…
Foi nesse momento que Isolde percebeu que ainda não havia lido a carta inteira. Recuperando a última folha de papel, ela começou a ler.
— Vamos ver… Ahem.
P.S:
Enquanto escrevo estas palavras, estou me preparando para lutar contra o Deus Dragão Orsted até a morte. Não faço ideia se conseguirei ganhar. É possível que eu nem esteja vivo quando esta carta chegar até você. Mas se eu conseguir voltar vivo, vamos conversar sobre as coisas.
Quando terminou de ler essas palavras, o rosto de Isolde estava visivelmente rígido, assim como o de Nina. Sua expressão era de medo e admiração. A mera ideia de desafiar o Deus Dragão para um duelo tinha arrepiado sua espinha. Porém, no rosto de Eris, e somente no dela, havia um sorriso. Seus olhos estavam vivos novamente – queimando de paixão e determinação.
— Certo! — ela gritou, pulando de volta em seu cavalo. — Temos que nos apressar para chegar lá a tempo! Vamos indo, Ghislaine!
Após dizer isso, partiu com seu cavalo; a corrida dele pela planície levantava um pouco de neve a cada passo e Ghislaine logo apressou o seu para fazer o mesmo. Em questão de segundos, já haviam atropelado o mensageiro, jogando-o para o lado, e desaparecido no horizonte.
Nina e Isolde ficaram paradas olhando para elas, atordoadas demais para sequer piscar.
Tradução: Another
Revisão: Guilherme
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