Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 14 – Cap. 07 – Uma Audiência com a Rei Demônio Imortal

 

Resumindo, o Antigo Castelo Kishirika era uma peça pitoresca da arquitetura demoníaca. Foi construído com pedras de ferro especialmente trabalhadas e, embora faltasse os detalhes intrincados e a elegância da fortaleza flutuante de Perugius, ainda era um espetáculo para ser visto. Na verdade, alguém com gostos mais práticos provavelmente gostaria mais disso. Seu único defeito era um buraco considerável na torre central.

O local era uma atração turística, por isso era normalmente aberto ao público (desde que pagasse a entrada), mas as áreas onde se podia entrar eram limitadas. Fomos levados direto para a sala de audiências. Não a espaçosa e vistosa usada para deslumbrar os turistas, mas uma pequena que era utilizada com mais regularidade.

Cavaleiros em armaduras pretas alinhavam-se no estreito corredor, e sua presença tornava tudo opressor e abafado. A cereja no topo desse bolo desagradável era que o trono à nossa frente estava vazio.

— Ela com certeza está demorando uma eternidade — murmurei.

— A realeza requer tempo para se preparar antes de receber visitantes — respondeu Zanoba.

— Isso inclui você?

— Eu já demorei tanto para me preparar a ponto de fazer você esperar por mim, Mestre?

— Por mais que você ame as artes plásticas, não parece ter nenhum interesse em roupas.

Zanoba resmungou:

— Me desanima ouvir você dizer isso. Achei que você, entre todas as pessoas, entenderia o cuidado que coloco em meus botões e bordados.

— Quer dizer que você se preocupa com essas coisas quando está comprando ou mandando fazer, certo? Não quando está se preparando.

Estávamos esperando há pelo menos duas horas. Nossa brincadeira sem sentido me impediu de ficar entediado, mas o sol já tinha se posto. Eu não estava reclamando de ficar parado por ser exaustivo, mas gostaria que tivessem nos dado lugares enquanto esperávamos.

Zanoba e eu éramos os únicos na câmara de audiência além dos guardas. Elinalise e Cliff tinham saído com um dos cavaleiros para pegar a grama de que precisávamos no porão do castelo.

— Ei, onde está Lady Atofe? Ela está vindo?

— Já te falei, enviamos alguém para buscá-la.

— Mas ela não está um pouco atrasada? Não me diga que ela está fora da cidade?

— Ela não é do tipo pontual. Seu senso de tempo não funciona como o nosso. Seria bom estar preparado para esperar por um dia.

— Certo, mas não podemos simplesmente deixar essas pessoas esperando para sempre.

— Vocês, calem a boca.

Ouvi os cavaleiros discutindo. Eles estavam agindo muito casualmente. Ouvir a conversa deles me deixou à vontade.

De repente, o velho capitão cavaleiro foi em nossa direção.

— Ela logo estará aqui, então, por favor, espere um pouco mais. Além disso, peço que recuse qualquer recompensa que ela lhe ofereça.

— Desculpe, uma recompensa?

— Se as coisas derem errado e você acabar aceitando uma recompensa, não haverá nada que o resto de nós possa fazer para ajudá-lo.

— Uh, certo… Vou manter isso em mente. — Balancei a cabeça, genuinamente pretendendo seguir seu conselho.

Eu não fazia ideia do que ele queria dizer, mas não tinha interesse em aceitar qualquer recompensa. Eu não tinha caído tanto ao ponto de vender Kishirika por uma compensação. Falando nisso, a Imperador Demônio estava atualmente amarrada com tantas cordas que parecia uma lagarta deitada no chão. Ela seria punida mais tarde. Eu não sabia o que tinham em mente, uma surra? Mandar limpar o banheiro? Mas com certeza não seria algo muito severo.

Tirando isso, eu não podia baixar a guarda. Afinal, estávamos prestes a encontrar uma rei demônio. Os únicos demônios de alto escalão que conheci foram Kishirika e Badigadi.

Os dois são sempre tão despreocupados, mas aposto que se os irritasse… huh, estranho. Tenho a sensação de que não seria tão ruim, na verdade.

— Mexa-se!

Uma voz soou atrás de mim. Olhei por cima do ombro e vi uma mulher. De todos que conheci, era a que mais se parecia com um demônio estereotipado. Sua pele era preto-azulada, seu cabelo branco e seus olhos vermelho-sangue. Ela tinha asas de morcego e um chifre grosso projetava-se de sua cabeça. Como os cavaleiros, também usava armadura negra, embora estivesse claro que a dela tinha passado por muito mais batalhas do que a deles. Estava coberta de arranhões e todos os elementos decorativos haviam sido arrancados há muito tempo. Uma enorme espada pendurada em sua cintura, uma que parecia muito grande para seus braços esqueléticos. Sua bainha era muito mais extravagante do que a dos outros soldados. Ela não era tão alta, provavelmente uma altura média para uma mulher adulta. Mais alta do que Ariel, porém mais baixa do que eu.

A coisa mais notável sobre ela era algo completamente diferente. Havia uma aura de raiva e hostilidade indescritíveis sobre ela. Se a violência tivesse cheiro, ela o usaria como perfume, pois era óbvio que utilizaria a força em qualquer um que tentasse desobedecê-la. Isso me lembrou de Eris. Ela era como uma cavaleira… não, uma capitã cavaleira, para ser mais preciso. Seria sensato não provocá-la.

— Não me escutou? Eu disse mexa-se. — reiterou.

— Ah, sim, claro. — Obedientemente saí do caminho.

— Muito melhor. — Longas mechas de cabelo branco balançavam atrás dela enquanto caminhava até o trono e se virava para nos encarar. Ela se sentou e, tendo removido a bainha da cintura, bateu a espada entre as pernas, assumindo uma pose real.

Ela respirou fundo e gritou:

— Eu sou a Rei Demônio Imortal Atoferatofe Rybak!

— Hã…?

Quando inclinei minha cabeça em confusão, os cavaleiros de armadura negra removeram rapidamente suas espadas de suas bainhas, erguendo-as como uma demonstração de respeito e fidelidade à sua soberana. No entanto, um deles se absteve desse ritual e se aproximou do trono. Era o velho capitão cavaleiro.

— Lady Atofe! Por que entrou pela entrada da frente? Quantas vezes já falei para você entrar na sala do trono pela porta dos fundos?!

— A razão deveria ser óbvia. Eu gosto mais de entrar pela frente.

— Seus caprichos não devem ditar seu comportamento!

— Você não sabe que a melhor parte de desafiar um rei demônio como herói é ser capaz de valsar pela sala do trono antes de envolvê-los em uma luta?

— Que relevância isso tem?! Seu pai já foi um dos Cinco Grandes Reis Demônios. Ó, como ele lamentaria ao ver a forma que sua filha se comporta! E não apenas ele, o que seu marido, Lorde Rybak, pensaria?

— Cale-se já! — Atofe puxou a espada da bainha e a empurrou na direção do velho com tanta rapidez que não consegui acompanhar seus movimentos.

O velho capitão cavaleiro desembainhou sua espada para desviar o ataque, mas não foi rápido o suficiente. Seu capacete voou quando ele caiu para trás. Os outros cavaleiros na sala correram para sua direção em pânico.

— Pare de gritar na frente de nossos convidados — disparou Atofe. — Meu velho estaria se revirando no túmulo!

O capacete do capitão cavaleiro veio rolando em minha direção. Estava rachado, bem no meio.

Que poder incrível.

Abaixei-me para pegá-lo e encontrei o interior coberto de sangue úmido e pegajoso.

— Ugh!

Espera, calma aí. Isso significa que o ataque dela realmente acertou a cabeça dele. Uh… Sério? Ela realmente o matou?

— Muito bem, mas ainda imploro que esteja atenta. — Apesar de minhas preocupações, o velho capitão cavaleiro se levantou do chão como se estivesse completamente bem. Ele se curvou para Atofe, fumaça subia de sua testa.

Parece que ele está bem.

Talvez também fosse imortal. Na verdade, possivelmente o resto dos guardas fossem todos imortais.

— Que bom que você entendeu. Tudo bem, vamos fazer isso de novo.

— Como ordenar!

Atofe devolveu a espada à bainha e retomou sua pose de superior. Um dos outros cavaleiros levou um novo capacete ao capitão e entraram em formação. Mais uma vez, desembainharam suas espadas e as ofereceram à sua líder.

— Eu sou a Rei Demônio Imortal Atoferatofe Rybak.

Zanoba rapidamente ajoelhou-se e abaixou a cabeça, então segui o exemplo. Eu não sabia nada sobre esse tipo de etiqueta e presumi que deveria apenas seguir seu exemplo.

— Em primeiro lugar, permita-me agradecê-lo. Conseguimos pegar essa idiota graças a você. — Atofe voltou seu olhar para Kishirika.

Nossa imperador demônio foi enrolada igual um burrito. Ela parecia resignada, como se tivesse perdido completamente as esperanças. Quase me senti mal por ela. Nós basicamente cuspimos nela depois que ela nos ajudou e nos deu as respostas que procurávamos. Ainda assim, era um mal necessário. Tínhamos nossos próprios objetivos a cumprir.

— Não tínhamos referências sobre ela, então nossa busca foi se arrastando. Você fez bem em encontrá-la.

Ah, então era exatamente como eu suspeitava. Lady Atofe não tinha os detalhes quando fez aquele esboço.

— E também… — Atofe continuou na mesma pose enquanto olhava para longe. Sua voz foi sumindo e ela permaneceu em completo silêncio. Cinco minutos se passaram com ela congelada desse jeito.

Uh, o motor dela quebrou ou algo assim?

— Moore, o que eu deveria dizer a seguir?

— Uma recompensa. Você ia dar a eles uma recompensa.

Aparentemente, o nome do velho capitão cavaleiro era Moore. Algo nesse nome me fez imaginar um cara sorrindo loucamente. Tipo moo-hoo-ha-ha.

— Hm, sim. Eu preciso dar uma recompensa — murmurou Atofe para si mesma.

— Não precisa. — Recitei a frase que tinha preparado mentalmente após o conselho de Moore. Achei que fosse uma formalidade. Provavelmente foi por isso que ele sugeriu que eu recusasse.

Atofe bateu o pé.

— Está dizendo que não quer minha recompensa? — Ela olhou para mim com seus olhos assassinos.

Minhas pernas começaram a tremer. A inimizade que ela exalava não era brincadeira. Estava em um nível completamente diferente de Linia e Pursena. Foi a mesma animosidade nos olhos de Ruijerd quando ele olhou para mim.

— N-Não, eu ficaria feliz em receber sua recompensa.

Era melhor não desafiar alguém como ela. Se queria insistir em nos dar algo, era melhor apenas aceitar.

É tudo o que posso fazer. Moore tinha aconselhado a não fazer isso, mas se a alternativa fosse irritá-la intencionalmente, provavelmente seria melhor ceder.

Limpei a garganta e perguntei:

— Se não se importa que eu pergunte, o que pretende nos dar?

Atofe semicerrou os olhos, um sorriso satisfeito aparecendo em seu rosto.

— Poder.

Poder, hein? Poder… Bem, eu estaria mentindo se dissesse que não queria isso. Se era isso que ela estava oferecendo, valia a pena aceitar.

Certo, mas o Senhor Moore nos disse que seria melhor não aceitarmos. Talvez eu deva cancelar tudo e dizer que ele já concordou em nos dar algumas daquelas folhas no porão do castelo, então vamos pegar isso e ir para casa.

— Concedo a você o privilégio de se juntar à minha guarda pessoal para que vocês possam treinar seus corpos!

— Você o quê?

Hã? Então ela não iria apenas colocar a mão na minha cabeça e despertar algum poder latente em mim, ou conceder-me um olho demoníaco como o de Kishirika?

— Você parece muito fraco. Mas, ei, dez anos de meu treinamento vão deixar você aceitável.

— Hm, uh…

— Isso mesmo, por uma década inteira ficarei sem descanso para ajudá-lo a temperar seu corpo. Bem, o que acha? É uma grande honra, não é?

Dez anos ininterruptos?

Uh, não, eu tenho duas esposas e uma filha esperando por mim em casa, então eu gostaria de dispensar essa coisa de treinamento, caso isso seja tudo.

Claro, dez anos de treinamento certamente iria me tornar muito mais forte, mas de que adiantaria se eu tivesse que abandonar tudo para isso? Qual seria o propósito de ficar tão forte? Quem eu queria derrotar? Tá, talvez pudesse proteger melhor os meus entes queridos se ficasse mais forte, mas valeria a pena abandoná-los por uma década?

E aí, o que eu faço? Não, quero dizer, não tenho escolha a não ser recusar. Não posso me juntar à guarda pessoal dela.

Olhei para Moore. Ele balançou a cabeça, uma expressão de resignação no rosto.

— Sinto muito, mas por mais que seja uma grande honra, terei de me abster.

— Absurdo! Agora, alguém traga uma armadura preta e prepare um contrato para ele assinar!

Vários dos guardas pessoais de Atofe saíram da sala sob o seu comando.

— Estou lhe dando a melhor armadura, o melhor treinamento e permitindo que entre na guarda mais renomada de todo o Continente Demônio! Não há maior honra! Você não poderá se opor a mim depois de assinar o contrato. Não que você fosse tentar, mesmo sem essa formalidade, tenho certeza. Na verdade, você deve estar muito feliz.

Não fiquei nem um pouco feliz.

Ainda assim, de todos os demônios de alto escalão que conheci, ela soava mais como uma rei demônio. Estranhamente, fiquei feliz por ter a oportunidade de conhecê-la. Talvez eu não fosse o único a quem ela ofereceu essa recompensa. Possivelmente outros em sua guarda também tivessem sido forçados a um contrato.

— Lamento muito — falei —, mas tenho uma família à espera em casa. Não posso simplesmente deixá-los por 10 anos.

— Não vejo problema. Não vi meu filho nenhuma vez nos últimos cem anos. Acredite em mim, falta de notícias também é boa notícia. É a prova de que ainda estão vivos.

O quê, então, por ter abandonado o filho por um século, ela queria que eu fizesse o mesmo com minha família por uma década? Claro que não.

— M-Mas dez anos é um tempo incrivelmente longo para um humano. Além disso, prometi à minha família que voltaria e…

— E? — As veias estavam se contraindo em sua testa. Ela estava começando a perder a paciência.

— E eu tenho uma amiga doente esperando por mim. Preciso encontrar uma cura para ela o mais rápido possível e voltar para casa. Além disso, tenho tantas outras coisas para fazer… Não posso simplesmente ficar aqui e acumular poder…

— Cale a boca! — Atofe gritou tão alto que ecoou pelas paredes.

Ah, cara, isso foi um pouco assustador. Certo, não, foi simplesmente assustador. O que há de errado com ela? Por que está gritando comigo?

— Você vai entrar na minha guarda pessoal ou não?! Pare com os quebra-cabeças e responda!

— N-Não vou!

Ela congelou no lugar. Seu rosto todo ficou vermelho enquanto sua expressão se contorcia.

— Por quê?! Por que você me recusaria?!

Hã? Uh, eu não listei literalmente todas as razões?

— Uh, hm…

Agora era um bom momento para deixar as coisas com Zanoba. Ou ao menos era o meu plano, quando olhei em sua direção vi que ele praticamente tinha pontos de interrogação dançando acima de sua cabeça enquanto olhava com dúvida para mim.

Ah, merda, isso mesmo. Ficamos o tempo todo falando na Língua Demônio. Ele não faz ideia do que estávamos dizendo. Não posso contar com ele.

O que eu deveria fazer? Como iria convencê-la a desistir?

Alguns momentos atrás os cavaleiros estavam de bom humor, mas depois da minha conversa com Atofe, a atmosfera ficou hostil e tensa. Era como se fosse um time esportivo que tivesse viajado para jogar no campo do adversário.

— Eu te disse — desabafou Kishirika. — Ela é uma completa imbecil. É melhor vocês não se envolverem. Não dá nem para ter uma conversa adequada com ela!

— Calada! Eu não sou uma imbecil! — gritou Atofe abruptamente, puxando a espada. — Agora entendi. Você está tirando sarro de mim. É por isso que disse que não aceitaria minha recompensa. Você me acha estúpida, então está zombando de mim! — Ela caminhou furiosamente em nossa direção.

Uh, o quê? Ei, espera aí.

— Lady Atofe, por favor, tente se acalmar! Você vai quebrar algo dentro do castelo se continuar girando essa coisa!

— Não sou uma idiota, entendeu? Não sou! — Ela brandiu sua espada com o rosto contorcido de raiva enquanto atacava em nossa direção. Seus guardas tentaram impedi-la e detê-la. — Saiam! — Atofe os empurrou para o lado e avançou contra nós igual um touro.

Ah, merda. Ah, merda! Devo usar minha magia?! Não, posso piorar as coisas se resolver atacar.

— Eu cuido disso — disse Zanoba. Ele se levantou e parou na minha frente. — Hmph! — Ele agarrou os braços de Atofe quando ela se lançou sobre nós. Ela tentou chutá-lo para fora do caminho, mas ele não se mexeu, como poderia esperar do poder de uma Criança Abençoada.

— Hm, você é muito forte! — Ela arregalou os olhos, intrigada enquanto olhava para Zanoba, um sorriso curvava seus lábios.

Alheio ao que ela estava dizendo, já que não falava a língua, Zanoba a repreendeu.

— Acalme-se! Não queríamos ofender. Queremos apenas a grama que você tem em seu porão.

— Pare de falar essas palavras estrangeiras estranhas para mim! — retrucou ela, desinteressada por tudo o que ele tinha a dizer. Na verdade, parecia que ela não entendia a Língua Humana, apesar da fluência de Moore.

Ainda segurando sua espada, Atofe tentou esmurrar e chutar Zanoba, mas sem sucesso. Por fim, gritou de desagrado.

— Sua aberração, você é duro feito uma rocha! Você deve ter alguma Aura de Batalha te protegendo. Interessante!

Com isso, ela cortou o braço com a espada, libertando-se do aperto de Zanoba.

Isso mesmo. Atofe cortou seu próprio membro sem hesitação. Aos seus olhos, era apenas um incômodo prendendo-a. Ela o cortou com a indiferença casual de alguém cortando um fio solto depois que seu suéter ficou preso.

— Hmph!

No momento em que seu braço se separou de seu corpo, ele se transformou em um pedaço flácido de carne. Zanoba o soltou e ele bateu no chão. Segundos depois, rastejou em direção a Atofe e se reconectou ao corpo dela. Momentos depois, seu braço estava de volta ao normal. Eu tinha visto Badigadi fazer algo semelhante. A ferida cicatrizou sem deixar nenhuma marca.

— Tudo bem então. Vou lhe dar minha introdução completa: Sou a Rei Demônio Imortal Atoferatofe Rybak, esposa de Kalman Rybak, o fundador do estilo de espada Deus do Norte. Vou mostrar como o estilo realmente se parece quando usado em combate! — Ela ergueu sua espada bem alto no ar.

Zanoba ficou com os punhos cerrados, como se planejasse enfrentá-la desarmado. Um tremor percorreu minha espinha. Algo me disse que isso não iria acabar bem. Tipo, Zanoba poderia morrer. Por mais que fosse uma Criança Abençoada, não era imune a ferimentos. Eu, por exemplo, consegui arranhar até mesmo o Deus Dragão Orsted com a minha magia, mesmo sendo poderoso como ele era. Não havia absolutos neste mundo. Zanoba, por exemplo, era fraco contra fogo. Além disso, embora ele pudesse ser resistente a ataques físicos, isso não significava que não poderiam machucá-lo.

— Urgh!

Eu imediatamente comecei a gastar minha mana em um feitiço, com a intenção de torná-lo o mais rápido e denso possível. Lançar Canhão de Pedra demoraria muito, infelizmente, mas agora eu tinha mais experiência no uso de magia do que antes.

— Fwahahaha! Agora morra! Este é o estilo supremo do Deus do Norte…

— Eletricidade!

Um raio roxo disparou do meu braço protético. Ele estalou no ar, brilhando tão forte que ficamos momentaneamente cegos.

— Ugyaah! — Atofe foi golpeada para trás, a espada escorregou entre seus dedos.

Uma sensação de dormência e formigamento percorreu minha mão, todo o caminho até meu cotovelo, mas não era nada com que me preocupar. Eu não coloquei mana suficiente naquele feitiço para eletrocutá-la.

— Hah!

Aproveitando-se da oportunidade de seu oponente estar indefeso, Zanoba lançou seu ataque. Seu punho acertou bem no rosto dela.

— Gyahaaaa!

Suas feições se contorceram enquanto ela voava pelo ar, batendo na parede do castelo. Tudo se estilhaçou com a força de sua colisão, e Atofe caiu junto com os destroços.

— Ah, Lady Atofe! — Os cavaleiros se amontoaram perto do buraco na parede como um grupo de pardais agitados.

— Hm, eu cometi um erro. Estava tão focado em protegê-lo, Mestre, que não me contive. Imagino se isso a matou.

— Nah, tenho certeza que ela ainda está viva. — Eles a chamavam de Rei Demônio Imortal por uma razão. O problema era o que aconteceria a seguir.

— Oh, não, agora realmente conseguiram.

— Sim, isso é ruim…

— Não consigo acreditar nisso.

Vinte ou mais dos guardas de armadura negra nos cercaram, murmurando entre si. Eu tinha certeza de que não iriam nos deixar partir depois do que fizemos com sua mestra.

— Khh. — Levantei meu cajado, pronto para enfrentá-los. Isso era culpa minha. Se eu tivesse dado ouvidos ao aviso de Moore, isso nunca teria…

Espera, eu realmente fui o culpado aqui? Eu meio que não acho que fui, na verdade.

Eu não poderia saber que ela reagiria assim, e mesmo se a rejeitasse desde o início, o resultado provavelmente teria sido o mesmo.

De qualquer forma, posso deixar o joguinho de culpa para depois. Agora tenho que descobrir como sair dessa situação.

Porém, por mais preocupante que fosse ter esses cavaleiros nos cercando, eles não sacaram suas espadas. Apenas olharam para nós.

Zanoba ergueu os punhos vazios. Talvez eu devesse ter conjurado uma arma para ele antes de chegarmos. Agora eu não tinha tempo. Talvez houvesse um tronco em algum lugar entre todos os destroços da parede quebrada.

— Vocês dois… — Moore se aproximou, agindo como representante. Ele estava falando na Língua Demônio neste momento. — Devo perguntar de novo, em nome de minha senhora, têm certeza de que não querem se juntar a nós?

— Vamos deixar a oportunidade passar — respondi, sem hesitar desta vez.

— Lady Atofe tem afinidade com indivíduos fortes. Considerando que você foi capaz de impedi-la antes que usasse sua técnica suprema e que a mandaram voando para as paredes do castelo com um único soco, tenho certeza que agora ela terá ainda mais interesse nesta força.

Uma surpresa e tanto. Todos os reis demônios que conheci ou dos quais ouvi falar eram assim. Nenhum deles batia bem da cabeça. Dito isso, nenhum dos guardas fez menção de nos prender, embora soubessem que Atofe nos desejaria. Na verdade, depois de assistir Atofe sair do castelo, alguns disseram coisas como: “Uau, olhe ela voando” e “Bem, isso é o que ela ganha por baixar a guarda” e “Tsk, tsk.”

Moore disse:

— Nós, de sua guarda pessoal, não fazemos nenhum movimento a menos que recebamos uma ordem. No entanto, uma vez que ela nos dê um comando, não seremos capazes de deixá-los ir. — Com isso, vários dos guardas nos lançaram olhares penetrantes. Eu não iria zombar deles por não agirem até que recebessem uma ordem. Eu estava, no mínimo, grato por isso.

— O que vai acontecer se ela nos pegar? — perguntei.

— Ela vai desafiá-lo para um duelo, tenho certeza.

Fiz uma careta, confuso.

— Se você perder no duelo, ela o deixará inconsciente e o forçará a assinar um contrato. Uma vez feito isso, você nunca será capaz de desafiá-la novamente.

— E, hm, quanto tempo dura esse contrato?

— Até você morrer, é claro.

Engoli em seco, fazendo barulho o suficiente para aqueles ao meu redor ouvirem.

— Embora você possa ter dois anos de folga a cada dez anos.

Quebrando isso em números menores, significava que era basicamente uma folga a cada cinco dias. Mas por que isso parecia tão desanimador?

— A maior parte da guarda dela está aqui porque quer, mas há muitos que foram recrutados à força. Em particular, muitos dos humanos entre nós lamentam seu destino. Até nós sentimos simpatia por eles.

Vários cavaleiros baixaram seus olhares. Aparentemente, muitos deles enfrentaram nosso dilema e foram forçados a um contrato com Atofe. Ela chamava isso de recompensa, mas era basicamente um contrato de escravidão.

Então é por isso que ele disse para não aceitar a recompensa. Eu gostaria que ele tivesse me dado mais detalhes de antemão.

Não, foi minha culpa por não pedir esclarecimentos. Lá estava eu pensando que não poderíamos baixar a guarda, e no final eu mesmo fiz isso.

— E-Então… — Lambi os lábios. — O que acontece se vencermos este duelo?

— Oh, você realmente acha que pode vencer? Nos últimos 5.000 anos, nem uma única pessoa derrotou nossa mestra, fora o Deus do Norte Kalman e o Deus Demônio Laplace. Realmente acha que pode vencê-la?

— É, provavelmente não.

Eles a chamavam de imortal e ela provavelmente tinha tanta resistência quanto Badigadi. Para piorar as coisas, parecia muito mais habilidosa em batalha do que ele. Badigadi não era um acólito do estilo de espada Deus do Norte, pelo menos não quando treinamos.

— O que acontece se o duelo terminar empatado?

— Se ela o considerar um inimigo, ela o desafiará novamente. Se ver você como um aliado, vai reconhecê-lo como um igual.

Fiquei curioso sobre como ela se sentiria no meu caso. Conhecendo minha sorte, provavelmente voltaria a me desafiar. Ficou muito claro que ela me via como um inimigo. E se continuasse duelando comigo uma e outra vez, eu estava fadado a em algum momento perder.

— E-Então o que devo…?

— Corra. — Moore não mediu palavras. — Agora mesmo, seus amigos devem ter terminado de coletar a Grama Sokas. Há um túnel abaixo do castelo que o levará para fora da cidade, então pode usá-lo para fugir.

Os outros cavaleiros concordaram:

— Por favor, não termine do mesmo jeito que eu.

— Ei, se acontecer de você ir para o País Sagrado de Millis…

— Idiota, você mesmo poderá voltar lá depois de mais três anos de serviço.

— Sim, mas ainda assim…

Mais vozes tristes se juntaram ao coro, mas ignorei. Tínhamos as mãos ocupadas com nossos próprios problemas. Grato por sua disposição de nos deixar ir, comecei a andar em direção à porta. Mas parei quando avistei Kishirika pela visão periférica. Ela me olhava suplicante. Depois de tudo o que aconteceu, nós dois éramos fugitivos.

— Você não se importaria de eu levar Lady Kishirika comigo, não é?

— Bem, nosso trabalho era apenas pegá-la, então vá em frente…

Então, estavam dispostos a fechar os olhos. Atofe não havia dado nenhuma ordem nova desde que a primeira foi atendida. Fiquei pensando se eles seriam punidos por isso.

Ah, bem, não é problema meu.

Usei minha magia para queimar as cordas que prendiam Kishirika e a soltei.

— Ahh, muito grata. Você tem minha gratidão.

Depois disso, fugimos da sala do trono.

Encontramos Elinalise e Cliff dentro do castelo. Ambos tinham mochilas cheias de folhas de chá e vasos de plantas em cada braço. As folhas eram de uma cor ocre amarelada e pareciam aloe vera murcha.

— Disseram que essas plantas são vulneráveis à luz solar, então vamos precisar cultivá-las no subsolo. Nos deram um memorando de como manter em casa, mas não consigo ler o que está escrito — disse Elinalise.

— Roxy ou eu podemos ler mais tarde, mas precisamos nos apressar.

— Aconteceu alguma coisa?

Expliquei a situação e Elinalise não pareceu nem um pouco surpresa.

— Ouvi algo sobre isso. Kishirika oferece olhos demoníacos, Badigadi dá conhecimento e Atoferatofe dá poder, ou algo assim.

— Você devia ter me contado — resmunguei.

— Eu não falo Língua Demônio. Você deveria ser nosso intérprete.

Ela tinha razão. Eu não tinha explicado as coisas direito. Em minha defesa, eu não era um intérprete licenciado, então mal sabia o que estava fazendo.

— Não temos tempo para ficar parados e brigar. Vamos em frente. Então, uh, devemos pegar o túnel subterrâneo ou voltar por onde viemos?

As palavras de Cliff chamaram minha atenção de volta para a questão pertinente em mãos. Atofe provavelmente ainda estava reorganizando seu rosto depois que Zanoba o quebrou, mas poderia ir até nós a qualquer momento. Sem dúvidas, ficaria ainda mais animada depois do que fizemos com ela.

— Você deveria desistir do túnel — disse uma voz de baixo.

Olhei para baixo, era Kishirika. Quando nos conhecemos, éramos quase da mesma altura, mas eu havia crescido muito nos anos seguintes e tive que dobrar o pescoço para ter a visão dela.

— Pensei em não dizer nada para retribuir sua traição — disse Kishirika, — Mas Badi destruiu aquele túnel durante a Guerra de Laplace.

— É sério?

— Sim. Aquele homem com quem você falou é um traidor. Afinal, Moore é o braço direito de Atofe. Ele não diz nada além de mentiras para que possa manipular as coisas a favor dela. Apesar do que ele disse, provavelmente começou a conspirar contra você no momento em que você lutou com ela.

Não confiei totalmente em nada do que ela disse, mas provavelmente era verdade. Ele podia ter nos enganado, pretendendo nos encurralar quando descobríssemos que o túnel subterrâneo era um beco sem saída.

Moore, seu bastardo… Não posso acreditar que você nos traiu.

Mas, espera, mesmo que ele tenha nos enganado, pelo menos não nos atacou enquanto estávamos na sala do trono. E embora Atofe também parecesse intimidá-lo, isso não significava que ele estava do nosso lado. Além disso, ele havia providenciado a grama de que precisávamos e um memorando com instruções, então não era totalmente ruim. Talvez tenhamos sido os culpados por rejeitar suas boas intenções e prejudicar seu relacionamento com Atofe. Eu deveria apenas ter entegue Kishirika, recusado sua oferta e voltado correndo para casa. Talvez isso tivesse azedado meu relacionamento com Atofe, mas eu poderia ter tomado conta dos problemas.

— Se ele realmente for tão astuto quanto você afirma, não teria sido melhor nos capturar na sala do trono? — perguntei.

— É de Atofe que estamos falando. Ela gosta de perseguir suas presas e encurralá-las sozinha.

Faz sentido. Então ele está preparando as coisas para ela. Esse tipo de sutileza provavelmente era importante para um homem em sua posição, servindo a um rei demônio como Atofe. Embora eu me perguntasse se os outros cavaleiros sabiam de seus motivos ocultos.

— Então, o que está dizendo é que devemos fugir para a superfície, certo?

— Sim. O resto da guarda deve estar ocupada com as inspeções.

Isso mesmo… estavam conduzindo uma inspeção perto da entrada quando entramos. Toda a guarda pessoal de Atofe já estaria reunida dentro do castelo, o que significava que a entrada estava desprotegida.

— Mas, considerando que nos deixaram levar você, talvez imaginaram que você nos daria essa informação e nos levaria para o alto. Ou talvez, sem você saber, podem ter consertado aquele túnel subterrâneo.

— Se você vai ficar pensando tanto nisso, então não importa qual caminho vai escolher, não é?

Verdade, adivinhar qual rota o inimigo usaria para nos perseguir seria, de qualquer forma, uma aposta.

— Senhorita Elinalise. — Eu me virei para ela. — Qual você escolheria?

— Se dependesse de mim, certamente não escolheria o caminho que tem grandes chances de nos levar a um beco sem saída.

— Zanoba?

— Espaços fechados são melhores para eu lutar.

— E você Cliff?

— E-Eu também iria para a superfície. Não gosto de lugares escuros.

Incrível, então iremos com o voto da maioria.

— Certo, vamos para cima — declarei. — Senhorita Elinalise, você assume a frente e nos leva direto para o círculo de teletransporte. Zanoba e Cliff seguirão bem atrás de você, e eu fecharei a retaguarda. Zanoba e eu podemos carregar toda a bagagem.

Peguei a mochila e as plantas de Elinalise. Era melhor para Zanoba e eu carregarmos essas coisas. Estava tudo bem se eu estivesse sobrecarregado, já que poderia simplesmente usar magia, e a força sobre-humana de Zanoba permitia que ele carregasse uma carga pesada com facilidade.

— Por favor, o que eu devo fazer? — Kishirika exigiu saber.

— Quanto a você, Vossa Majestade, Zanoba está carregando toda aquela bagagem de qualquer forma, então por que não se senta nela?

— Muito bem! — Ela obedientemente empoleirou-se no ombro dele.

Isso era para ser uma piada… Mas, de qualquer maneira, esse é o lugar mais seguro para ela estar.

— Tudo bem, vamos lá!

Corremos para a saída do castelo. Assim que saímos dele, uma voz raivosa irrompeu de longe.

— Moooooore! Atrás deleeees!

Se eu não estava com medo antes, tenho certeza que agora estou.

 

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A escuridão pairava sobre a cidade enquanto caminhávamos pela via principal. Por mais que eu quisesse derreter nas sombras, toda a área era muito bem iluminada. A luz que emanava das paredes da cratera brilhava sobre nós.

Escolher a rota de cima foi a escolha certa. Não havia um único soldado de armadura negra à vista, e nenhum nos perseguindo. Kishirika estava certa. No momento, os guardas provavelmente estavam preocupados em vasculhar os túneis subterrâneos.

Se tivéssemos sorte, Atofe poderia desistir de sua perseguição… mas isso não era provável. Afinal, tínhamos levado Kishirika conosco. Isso apenas dava ainda mais incentivo para Atofe nos rastrear.

Quando nos afastamos da rua principal, passamos pela Guilda dos Aventureiros. Fiquei pensando se Nokopara ainda estava lá dentro. Nunca pensei que sairíamos da cidade tão rápido. Já havíamos pago nossa hospedagem durante a noite e nossas roupas ainda estavam em nossos quartos. Deixar essas coisas para trás era desperdício, mas não eram tão importantes. Seria melhor perder o mínimo possível.

Enquanto passávamos pelo mercado quase deserto, avistei o beco onde tínhamos tingido o cabelo do Ruijerd. Daquela vez também precisamos fugir da cidade. Era difícil acreditar que a mesma coisa estava acontecendo de novo. Sinceramente, eu não tinha nada além de lembranças amargas de Rikarisu.

Finalmente, chegamos à grande fenda que formava a entrada da cidade. Havia alguns guardas lá, mas nenhum soldado em armadura preta. Um tinha cabeça de lagarto, enquanto o outro tinha cabeça de porco. Eles olharam confusos, mas nos deixaram escapar.

O círculo de teletransporte não ficava longe dos arredores da cidade. Seguimos em torno do perímetro da cratera.

— Oh? Para onde vocês estão indo? — perguntou Kishirika.

— Há um círculo de teletransporte nesta direção. É o que usamos para chegar aqui.

— Hm, você não me disse. Difícil de acreditar que tal coisa ainda permaneça aqui, mas então aga-guk! Mordi minha língua…

Tínhamos deixado uma marca no solo para nos guiar de volta quando fosse a hora de partir. Não haveria nenhum problema em localizar o círculo. Estava escuro fora da cidade, mas a visão de elfa de Elinalise nos guiaria. Só precisávamos virar à esquerda na marca, escalar a encosta e então o círculo de teletransporte estaria bem na nossa frente.

Quando alcançamos nosso marco, derrapei até parar. Eu não tive escolha.

— Hmph. Você demorou para chegar aqui.

Acima de nós, na encosta, bem na entrada do círculo de teletransporte, estava Atofe. Ela estava acompanhada por nada menos que dez de seus guardas. Naquele momento, notei o buraco no chão perto da entrada do nosso círculo mágico. Talvez fosse a saída para o túnel que passava sob o castelo.

— Moore nunca deixa de impressionar. Foi exatamente como ele disse. Vou elogiá-lo mais tarde — murmurou Atofe para si mesma.

Ele leu nossos movimentos?

Não, não era isso. Eles conseguiram nos impedir. Não foram nossos movimentos que leram, mas nosso destino.

—B-Bem, você com certeza chegou aqui muito rápido, não é? — falei sem jeito.

— Hmph. Voar para cá foi simples. Pude ver você e seus companheiros facilmente do céu. — Quando ela respondeu, suas asas estremeceram atrás dela. — Parece que Moore também chegou.

Olhei por cima do ombro e um bando de cavaleiros de armadura negra estava correndo em nossa direção. Eles também deviam ter seguido em torno da borda da cratera. Enquanto Atofe foi pelo céu, dez de seus guardas pegaram a passagem subterrânea e o restante nos perseguiu pela superfície.

Então, usaram todas as rotas à disposição para nos perseguir.

Era óbvio quando se pensava nisso. Eles não eram o Inspetor Zenigata1O inspetor Kōichi Zenigata é um dos principais protagonistas do mangá e anime, Lupin III. Ele é um policial incrivelmente talentoso, mas muitas vezes trapalhão, que transformou o objetivo de sua vida em capturar Lupin III., então tiveram que se separar dessa maneira. Se conhecessem nosso destino, teriam todos os motivos para verificar todas as rotas de fuga possíveis.

Os guardas se espalharam atrás de nós. Fomos cercados. Não havia nenhum lugar para correr. Nossa única saída estava selada.

— Moore, você fez um trabalho esplêndido. Tudo correu como você disse — disse Atofe.

— Se você estiver satisfeita, espero que se contenha e faça o que eu pedi.

— Não. — A resposta de Atofe foi curta quando ela levantou a mão. Ao seu gesto, os outros cavaleiros desembainharam suas espadas. — Pois bem…

A rei demônio deu um passo em nossa direção e desembainhou sua própria arma. Enquanto ela se elevava acima de nós na encosta, apontou sua lâmina para mim e disse:

— Fwahahaha! Eu sou a Rei Demônio Imortal Atoferatofe Rybak. Se me vencer, eu o declararei um herói! Se perder, será meu fantoche até o dia em que soltar seu último suspiro!

O sorriso em seu rosto era selvagem, e uma aura sufocante de sede de sangue emanou dela. Apesar de ser mais baixa do que eu, ela parecia um titã de cinco metros de altura agora.

Sinto muito, Sylphie… Posso não conseguir voltar para casa.

 


 

Tradução: Ouroboros

Revisão: Guilherme

 

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