Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado

Mushoku Tensei: Reencarnação do Desempregado – Vol. 12 – Cap. 09 – Combate Mortal

 

A hidra fez uma pose imponente, nos esperando naquela sala espaçosa.  Atrás dela havia um cristal imbuído magicamente. Não tinha um pingo de dúvida em minha mente de que quem estava selada lá dentro era, de fato, Zenith.

— Certo, vamos lá! — Paul avançou. Ele se abaixou até ficar perto do chão, parecendo um cachorro, e se moveu como o vento, à uma velocidade que fez o resto de nós comer poeira. Exceto que, desta vez, Elinalise estava bem atrás dele. Atrás dela estava o lento Talhand. Nos igualamos ao seu ritmo conforme avançávamos.

Geese estava de prontidão atrás de nós. Ele seria inútil nesta batalha, considerando que não conseguiria ferir o monstro. Mesmo assim, ele ficou. Seu dever era escapar e dizer para os outros o que aconteceu caso nosso grupo falhasse e fosse dizimado.

—  Haaaaaaa!

Paul alcançou a hidra. No mesmo instante, três das cabeças dela se moveram para atacar. A besta era rápida para seu tamanho, ágil e hábil o suficiente para que cada uma de suas cabeças parecesse uma cobra atacando.

Mas, então, Paul se tornou um borrão e, nesse momento, cortou um dos pescoços da criatura.

Certo, agora!

— Bola de fogo! — Levantei meu cajado e coloquei toda mana possível nele, preenchendo as chamas com calor antes de lançá-las na hidra.

Mas foi em vão.

Quanto mais próxima a bola de fogo chegava de seu alvo, mais diminuía. Ela desapareceu no momento em que acertou. A única coisa deixada para trás foi o barulho desagradável, como unhas arranhando algum vidro: Piiiing.

— Acho que vou ter que chegar mais perto e lançá-la diretamente, — suspirei. Eu tinha que lançar minha magia de fogo à queima-roupa para cauterizar os tocos de seus pescoços.

— Como planejado — disse Roxy. — Rudy, você consegue?

— Deixe comigo. Não é como se magia fosse a única coisa que estive praticando. — Assegurei para ela, mesmo com meu coração martelando.

Eu não era bom no corpo-a-corpo. Todas as minhas memórias de combate a curta distância estavam manchadas de derrota: começando por Paul, partindo para Ghislaine, então Eris e, finalmente, Ruijierd. Nunca fui capaz de vencer nenhum deles a curta distância. Claro, já ganhei batalhas antes: contra Linia, Pursena e Luke. Também houve outros os quais derrotei com a ajuda do meu Olho da Previsão. Mas algum deles conseguiria derrotar uma hidra?

Não, não consegui imaginar isso, principalmente quando Paul e Elinalise estavam tendo dificuldades. Do mesmo modo, não faria sentido pensar que eu conseguiria ganhar dela.

Mas eu não estava lutando sozinho dessa vez. Tinha um time. Paul, Elinalise e Roxy estavam comigo. Não sabia a extensão do poder de Talhand, mas se fosse semelhante ao dos outros, ele também se provaria útil.

Me movi o mais rápido que pude, ficando próximo do Paul.

— Rudy, fique logo atrás de mim! — Ouvi ele gritando para mim.

À sua direita estava Elinalise e, à sua esquerda, Talhand. Atrás de nós, Roxy. Essa era a exata formação Imperial Cross1Uma formação de batalha do jogo Romancing Saga 2..

— Shaaaaaa!

Três das cabeças vieram para nos morder, todas ao mesmo tempo. A hidra não movia mais do que quatro delas a cada vez. Será que esse era o limite de sua habilidade para atacar? Ou era que, simplesmente, mais cabeças atrapalhariam?

Eu não tinha certeza, mas era algo bom para nós.

— Ha!

— Hunf!

— Graaaa!

Elinalise parou uma cabeça enquanto Talhand desviou outra. Paul cortou a terceira, a qual caiu no chão se contorcendo.

— Vai!

— Tá!

Paul gritou o comando para mim, então me aproximei do toco se contorcendo e lancei minha magia nele. As chamas subiram rapidamente, iluminando o local conforme queimavam a ferida aberta. A carne do pescoço soltou um chiado enquanto ficava preta.

— Deu certo? — Voltei à minha posição para analisar meu trabalho, mas ainda era cedo demais para saber.

Antes que pudesse confirmar qualquer coisa, outras cabeças começaram a zumbir em nossa direção. Paul bloqueou uma e Elinalise desviou a outra com seu escudo. No canto da minha visão, vi sangue espirrando da direção de Talhand.

— Gah!

— Que esse poder divino seja de nutrição satisfatória, cura! — Roxy correu ao socorro do anão no momento em que ele tomou o golpe e curou suas feridas.

Estavam todos tentando me proteger. Foi deixado para eu checar se minhas chamas foram efetivas ou não.

Como estava a ferida no pescoço dela? O toco carbonizado regeneraria?

— Isso!

Não. A ferida estava do jeito que Paul deixou. A carne não voltou a crescer como antes.

— Foi efetivo! — Anunciei.

— Isso aí! — Paul comemorou antes de decapitar a próxima.

Também queimei o toco dessa. O calor vindo de lá era incrível, abafando o ar ao meu redor. Até mesmo Paul tinha suor escorrendo pela testa. Mas se eu não colocasse a força necessária nesses ataques, não seria capaz de cauterizar as feridas. Se não queimasse bem, a criatura regeneraria. Mas se conseguíssemos manter este ritmo…

— Ah…! Me cubra! — pedi.

Meu Olho da Previsão previu os movimentos da hidra. Duas das cabeças que ainda não se moveram virão direto em minha direção.

Eu conseguiria desviar de uma, mas a outra cabeça iria prever esse movimento e agir em conformidade com isso.

— Deixa comigo! — disse Elinalise. Enquanto eu desviava da primeira, ela voou para meu lado, desviou uma cabeça para longe enquanto se colocava desconfortavelmente entre eu e o monstro, empurrando seu escudo para frente gerando um barulho de rangido de metal, tudo para me proteger.

Um pingo de sangue pingou em minha bochecha.

— Roxy! — Chamei. — Magia de cura!

— Que esse poder divino seja de nutrição satisfatória, cura! — Ela imediatamente partiu para a ação com sua magia restauradora.

E então as duas voltaram às suas posições originais, como se nada tivesse acontecido.

— Rudy, vou para a terceira! — Paul gritou para mim.

— Certo!

Sangue espirrou pelo ar conforme outra cabeça caía na minha frente.

Queime! Meu dever era queimar; queimar sua carne, nada além de queimar. Qualquer outra coisa ficaria por conta dos outros. Agora, tinha apenas que me concentrar no que estava na minha frente. Paul cortava e eu queimava. Elinalise e Talhand se certificariam da minha proteção, e Roxy iria curá-los caso precisassem.

Queimamos a quarta cabeça.

Vamos conseguir!

De repente, os movimentos da hidra mudaram. As cinco cabeças restantes se moveram simultaneamente, na direção de Talhand.

— Gah!

— Talhand!

Ele desviou da primeira. Já que não conseguiria fazer o mesmo com a segunda, se jogou no chão e rolou para tentar escapar. Assim que o fez, as escamas o atingiram e sua armadura pesada voou, fazendo barulho ao cair no chão. Sua bunda já estava no chão na hora em que bloqueou a terceira com seu machado. Quanto à quarta cabeça, ele nem ao menos conseguiu se defender. Ela foi em direção ao seu pé.

Em segundos, Talhand foi suspenso no ar.

— Wooooo!

A quinta avançou com suas mandíbulas à mostra, ameaçando dividir seu tronco em dois enquanto ele estava indefeso. E então…

— Raaaaaa!

Um pequeno booom! ecoou após uma cabeça atingir o chão. O pedaço trágico e carnudo do pescoço de um anão… não podia ser visto em lugar algum.

Foi a cabeça da hidra que caiu. Paul a decapitou.

— Desculpa por isso e obrigado pela ajuda! — disse Talhand.

— Vou queimá-la agora!

— Que esse poder divino seja de nutrição satisfatória, cura!

As vozes de Talhand, minha e Roxy, respectivamente. Os três podiam ser ouvidos simultaneamente, mas todos tomaram ações diferentes.

Queimei dois tocos ao mesmo tempo. Restavam só três.

— Hm?

Foi nesse momento que os movimentos da hidra mudaram novamente. A criatura começou a cambalear para trás, como se estivesse com medo de nós.

— Nós vamos conseguir! Vou partir para o ataque, Rudy! — Paul avançou, mas minhas pernas congelaram.

Espera…

Isso não era uma armadilha?

Tive a sensação de que não deveríamos atacar quando não tínhamos ideia do que nosso inimigo planejava. Esse mau pressentimento invadiu a minha cabeça dentro de segundos. E, no próximo instante…

— O quê?

Era uma das cabeças da hidra. Inacreditável, ela estava arrancando os próprios tocos queimados!

— Mas que diabos?!

Enquanto assistíamos, carne e osso se juntaram novamente.

— Merda!

As feridas cauterizadas não podiam ser curadas, mas elas voltariam ao normal se a hidra conseguisse abri-las de novo.

— Não deixem ela se regenerar!

— Haaaaa!

Elinalise soltou um grito feroz e foi na direção dela. Ela diminuiu a distância e então estocou seu gládio em uma das cabeças que estava começando a se curar.

— Coloco perante ti um berço de gelo como desejaste, agora pereça pelas correntezas glaciais, Estrondo de Gelo!  — Elinalise conjurou e esmagou o toco que estava recrescendo à queima-roupa com sua magia. As escamas ainda não tinham crescido, então o bloco de gelo perfurou a carne macia. Punhados de sangue da cor de uma romãzeira jorraram enquanto a cabeça, ou o que restava do pescoço, se contorcia de dor.

— Roxy!

— Deixe essa chama flamejante queimar brilhantemente com tua bênção, Lança-Chamas! — Roxy, a qual alcançou Elinalise em algum momento, desencadeou um incêndio estrondoso. Mesmo que as escamas fossem capazes de absorver um pouco da força de seu feitiço, ela ainda conseguiu queimar a carne, fazendo com que fumaça saísse do ferimento.

— Conseguimos!

Paul se moveu para persegui-la, mas a hidra não recuou. Ela levantou seu enorme corpo, estendeu seus pescoços, todos os três, até quase encostar no teto e nos encarou.

Ela estava mesmo assustada? Não, não parecia ser isso. Então o que era? Parecia familiar, perigoso.

— Está planejando algo, tomem cuidado! — avisou Paul.

— Certo! — Meu corpo se moveu pelo instinto; não, experiência. Já tinha visto um rugido de dragão desse tipo antes: indo para trás e puxando ar. — Ela vai cuspir algo! Venham para trás de mim, por favor!

— Entendido!

Paul recuou com um passo, retornando para mim. Elinalise e Talhand vieram correndo, quase caindo, para a base de meus pés. Roxy saltou em minha direção com seus braços abertos, como se fosse se segurar.

Conjurei uma parede de água tão grossa quanto pude.

Praticamente ao mesmo tempo, a criatura cuspiu. Enormes chamas explodiram das três bocas da hidra, despencando em nossa direção e colidindo com minha barreira de água. Grandes nuvens de vapor se formaram, aquecendo toda a sala.

— Aaah…!

O rugido de um dragão era renomado pelo seu calor terrível. Conseguiria derreter ferro facilmente ou evaporar um pequeno pântano em um instante. E, nesse momento, três cabeças estavam expelindo esse mesmo rugido. Um mago comum não conseguiria se defender contra isso. Se cinco, não, dez deles se juntassem para fazer uma barreira de água, talvez… Não, ainda não seria o suficiente.

Felizmente minha mana não era comum.

— Pai!

— Certo!

Após a criatura abaixar suas cabeças, Paul saltou para frente.

O rugido da hidra tinha limites de uso. Se era criado por algum órgão em seu corpo ou se tinha que juntar mana, não fazia ideia. Só sabia que não conseguia atirar um atrás do outro.

Esse tinha que ser seu trunfo. Algo que conseguisse disparar com três cabeças ao mesmo tempo, com pausas entre os disparos. Talvez se apenas uma cabeça tivesse atirado, então uma das outras poderia ser capaz de usar a mesma habilidade em sequência. Mas ela não fez isso, provavelmente para evitar atingir as outras cabeças com o ataque.

De toda forma, essa era nossa chance.

— Haaaaa! — Paul brandiu sua espada para baixo, atravessando outro pescoço.

Eu o queimei de imediato.

Apenas mais duas, um pescoço grosso e outro fino. O visivelmente robusto era sua cabeça principal? Se sim, deveríamos deixá-lo por último.

— Pai, vamos atrás do mais fino primeiro!

— Eu sei! — Paul se apressou.

Elinalise e Talhand lidariam com o mais grosso. As coisas estavam muito mais fáceis agora que havia apenas duas das cabeças restando.

— Graaaaaaaa!

Sua espada dançou e a cabeça caiu. Minhas chamas imediatamente cauterizaram a carne crua.

Nós conseguiremos, afirmei para mim mesmo.

Restava apenas uma. Ganhamos. Após chegarmos tão longe, não daremos chance para ela se recuperar. Mesmo se sua última cabeça fosse imortal, conseguiríamos lidar facilmente, uma vez que as outras se foram.

Foi então que, no exato momento que usava minha magia para cauterizar o penúltimo toco, o corpo da hidra estremeceu. Eu não sabia o que esse movimento significava. Conseguia ver ele com meu Olho da Previsão, mas não o entendia. A criatura era muito grande.

— Seu idiota!

— Espera…!

Antes que eu percebesse o que estava acontecendo, Paul me chutou para fora do caminho. Algo enorme caiu bem em frente aos meus olhos.

Mas… não tinha mais nenhuma cabeça?

Não, não havia mais cabeças, mas ainda tinha pescoços.

A hidra estava balançando seus pescoços sem cabeça como chicotes com espinhos, todos as oito! Cada um deles estava revestido com escamas que conseguiriam triturar carne como um ralador de queijo. Ela chicoteava com todos seus pescoços de uma vez, cortando tudo ao seu redor.

— Ruuuudyyyyyy! — gritou Paul antes de levar seu pé até mim, para me chutar para fora do caminho.

Quase instantaneamente, um tuum ecoou após algo esmagar o chão exatamente onde eu estava um segundo antes, no espaço vazio que havia entre eu e Paul.

— U-Uou!

Chifres se projetaram da testa da criatura. Um olho me encarou: um desesperado e encurralado. Um que parecia estar desesperadamente tentando sobreviver se prendendo ao pequeno fio de vida que restou. Esse era o olhar da hidra.

— Graaaaaaaa!

Instintivamente, enfiei minha mão esquerda em seu olho. Pude ouvir um barulho de esmagamento, como uma uva estourando, enquanto um calor intenso consumia meu braço.

A hidra piscou de dor, sua pálpebra coberta por escamas desceu como uma guilhotina.

No próximo instante, disparei meu Canhão de Pedra. A parte superior da cabeça da hidra foi explodida quando sua pálpebra se fechou. A força da colisão jogou meu braço para cima. Um rasgo e então um rompimento, dois sons que penetraram tão fundo em meus ouvidos que pareciam rasgar caminho até meu cérebro.

— R-Roxyyyyyy! — Sufoquei a dor e gritei seu nome, o nome de minha confiável mestra.

— Deixe essa chama flamejante queimar brilhantemente com tua bênção, Lança-Chamas! — Sua voz, ainda que fraca, me alcançou.

A última cabeça caiu, carbonizada pelo fogo. E então seu enorme corpo lentamente começou a colapsar. Um boom ressoou ao nosso redor conforme ela caía. Eu podia sentir a vida gradualmente se esvair dela.

Não haveria mais regeneração. A última cabeça não era imortal.

— Haaa… Haaa…

Nós a derrotamos. Nós conseguimos a derrotar. Ganhamos!

— Nós conseguimos… Ugh! — No momento em que percebi que tinha acabado, uma dor aguda veio da minha mão esquerda. Quando olhei para baixo, fiquei chocado. — Ah…

Minha mão esquerda não estava lá.

As escamas da pálpebra da hidra cortaram facilmente a pele e o músculo, seus músculos ferozmente fortes repartiram meus ossos. Então, quando ela levantou sua cabeça no final, cortou todo o resto. Sangue estava sendo cuspido da minha artéria aberta.

— Minha mão… minha mão esquerda…

No olho. Minha mão… estava no olho do monstro, percebi.

Olhei para a cabeça. O puro poder da magia de fogo da Roxy fez ela virar um monte de carvão. No momento em que vi, soube.

Não recuperaria minha mão esquerda.

Poderia procurar por ela, mas não a encontraria. Mesmo se quisesse procurá-la, a hemorragia continuaria.

Droga. Preciso me curar. Rápido.

— Anjo dos milagres, conceda vosso sopro sagrado para o coração que pulsa diante de ti. Ó céus abençoados com luz, servos os quais desprezam carmesim, desçam ao oceano de luz com o puro branco de vossas asas abertas. Expulsem o sangue derramado perante vós! Cura Resplandecente!

Recitei um encantamento de nível avançado. Somente avançado não seria capaz de restaurar o que foi perdido. Sabia disso, mas ainda assim o usei.

Carne rosa cresceu ao redor do toco amputado, cessando o vazamento de sangue. Desaparecendo junto com o arranhão em meu rosto e o hematoma de onde Paul me chutou.

— Fuuu… Ha…

Minha respiração estava irregular.

Se acalme, falei para mim. Se acalme.

Tinha perdido minha mão, mas a hidra tinha sido um adversário incrivelmente complicado. Consegui sobreviver a isso ileso, perdendo apenas minha mão esquerda. Colocando dessa forma, talvez fosse um preço pequeno a pagar. Se Paul não tivesse conseguido deslizar para lá para me salvar, haveria uma alta chance de que eu estivesse morto.

— Me salvou de verdade lá, Pai. — Olhei por cima de meu ombro, procurando por ele.

Não houve resposta.

Todos estavam quietos. Elinalise ficou parada. Talhand ficou em silêncio. Roxy franziu seus lábios. E, atrás deles, Geese estava pálido como uma folha de papel.

Paul não respondeu.

— Pai…?

Estavam todos olhando para algo, então segui seus olhares para onde Paul estava, caído no chão. Sim, caído. Lá, de costas.

Mas… ele não estava apenas caído. Estava inconsciente. Seus olhos estavam vazios.

E… não tinha mais a sua parte inferior.

— Hã…? — Meu cérebro não conseguiu processar. — O quê?

Ah, não. Eu sabia o que tinha acontecido.

Verdade. Eu mesmo vi. Paul me chutou para fora do caminho porque o lugar onde eu estava era exatamente onde a última cabeça desabou com força. Ele teve que me chutar o mais forte que podia para conseguir me mover. Eu não era mais criança, então ele teve que, sabe, jogar sua parte de baixo para frente para que o chute tivesse força o suficiente. Normalmente esse tipo de chute faria a pessoa rolar para trás pelo recuo, mas Paul era um espadachim. Um dos habilidosos, um que conseguia se revestir em aura de batalha, uma com força física. Então quando me chutou, seu corpo não se moveu.

Isso significava… Isso significava que o lugar onde eu estava… Quero dizer, o lugar…

Eu não… queria entender.

Eu só…

— Mas… por quê?

No momento em que estrangulei essas palavras, os olhos de Paul se moveram, focando em mim. Eu o olhei de volta.

— …

Paul não disse nada. Sua boca apenas relaxou, como se estivesse aliviado, como se estivesse soltando um suspiro de alívio, e sangue jorrou de seus lábios.

E então a luz se esvaiu de seus olhos.

Paul estava morto.

 

 


 

Tradução: Jeagles

 

Revisão: Guilherme

 


 

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