Com Roxy agora conosco, retomamos nossa exploração do labirinto. Nos movemos como planejado, indo direto até o terceiro piso. Havia três tipos de inimigos lá: Crânios de Lama, além de Tarântulas da Estrada da Morte e Rastejadores de Ferro.
O Crânio de Lama era um monstro de rank A. Parecia um gigante sem cabeça feito de lama, com cerca de dois metros e meio de altura, com uma circunferência que fazia jus à sua natureza durável. A criatura tinha um crânio cravado em seu peito, que também era seu ponto fraco, bem como Jamila de Ultraman ou Sachiel de Evangelion. Ele se movia devagar, mas poderia se livrar de qualquer golpe causado nas partes cobertas de lama de seu corpo e, se sentisse que estava em perigo, poderia esconder o crânio dentro de seu corpo. O método de ataque do Crânio de Lama era lançar lama e usar um feitiço semelhante ao Canhão de Pedra.
Esses, no entanto, não eram os motivos pelos quais foi considerado rank A. Embora parecesse um golem simples, o Crânio de Lama era bastante inteligente e capaz de emitir comandos para monstros menores, como Tarântulas da Estrada da Morte e Rastejadores de Ferro. Ele atacaria em formação com Rastejantes de Ferro na vanguarda, Tarântulas da Estrada da Morte no meio e ele próprio na retaguarda. Em outras palavras, era um monstro general.
No segundo piso, os Rastejantes de Ferro corriam na frente enquanto as Tarântulas da Estrada da Morte tentavam nos prender atirando teias em nós. Agora tínhamos o Crânio de Lama supervisionando-os, lançando Canhões de Pedra também. Essa deve ser uma dinâmica difícil para Paul, que já se viu em lutas acirradas no segundo piso, que dificultam o contra-ataque. O combate exigiu tudo o que tinham. Não havia como conseguirem procurar por Zenith também.
Isso não seria um problema com Roxy e eu no grupo. A Tarântula da Estrada da Morte estacionada no meio representava poucos problemas, então eu só tive que assumir a liderança no ataque ao Crânio de Lama na retaguarda enquanto Roxy enfrentava o Rastejador de Ferro na vanguarda. Tudo o que restou foi deixado para Paul e os outros.
Por serem feitos de lama, os Crânios de Lama eram vulneráveis à magia de água. Usar bastante dela os desmancharia. O fogo também funcionava; se eu cozesse a lama até deixá-los secos, não poderiam mais se mover. Mas meu Canhão de Pedra era tudo que eu precisava. Usei meu Olho da Previsão para acertá-los, dando golpes críticos nos crânios em seus peitos. Morte súbita. Eu era um atirador experiente, daqueles lentos, como os tipos de FPS que não podiam mover seu ponto de spawn.
— Ufa… — Assim que o inimigo foi completamente eliminado, Roxy deu um suspiro. Eu pude ver parte de seu rosto aparecendo por baixo da aba do chapéu. Ela deve ter usado uma quantidade significativa de mana, pois parecia exausta.
De repente, encarou-me também, olhando para mim de lado. Quando nossos olhos se encontraram, ela rapidamente desviou os dela.
— Estou quase sem mana. — disse ela. — Eu gostaria de descansar.
Voltamos para a passagem principal e fizemos uma pausa lá. Eu ainda tinha bastante mana sobrando. Na verdade, nem tinha usado metade do meu estoque. Afinal, estava basicamente usando o Canhão de Pedra, enquanto Roxy era quem congelava nossos inimigos com o Nova Congelante. Não era surpresa ter se esgotado primeiro.
— Sinto muito por ter uma reserva de mana tão pequena. — disse ela.
— Não, acho que você tem mais do que o suficiente.
Ela usou magia com precisão excepcional, lançando feitiços em uma área estreita sem nenhum disparo perdido. Ocasionalmente, sua Cascata de Água espirrava em Paul e nos outros, mas sua precisão com o feitiço Campo Sincelo era tão boa que apenas os inimigos congelavam. A precisão também exigia uma quantidade adequada de mana. Apesar de tudo isso, ela continuou lutando por um bom tempo. De forma alguma tinha uma pequena reserva de mana. A dela era provavelmente do mesmo tamanho que a da Sylphie, senão maior.
— Eu queria encontrar o círculo mágico que leva ao quarto piso em breve. — Geese coçou o queixo enquanto comparava o livro com o mapa.
Quase dois dias se passaram desde que descemos ao terceiro piso. O autor do livro levou cinco dias para se aprofundar até aqui. Nós ultrapassamos seu grupo e passamos pelo terceiro piso várias vezes, mapeando tudo. Já era hora de encontrarmos o próximo círculo mágico agora.
— Rudy, posso pegar suas costas emprestadas? — perguntou Roxy.
— Fique à vontade.
Assim que respondi, ela se debruçou contra mim. Descansava assim sempre que fazíamos uma pausa; presumi que fosse porque as costas de uma pessoa eram mais confortáveis para ela do que as paredes de pedra que nos cercavam. Um benefício colateral para mim.
— Sabe, nunca pensei que mergulharia em um labirinto como este com você. — disse ela.
— Nem eu. Diga, há algo que estou fazendo e que devia ter mais cuidado?
— Hein? Você já entendeu o essencial quando se trata de se mover como um grupo, então não há nenhum conselho que eu possa oferecer.
— Obrigado — falei.
— Usar magia sem recitar e com precisão perfeita. Você realmente é incrível.
— De jeito nenhum. — Balancei a cabeça. — Ainda tenho muito que aprender.
Isso mesmo, havia muito mais para aprender. Ver Roxy realmente me fez sentir isso. Ela não incrementou o que já tinha, ao invés disso, melhorou ao máximo aquilo que já possuía. Estava combinando os itens existentes em seu arsenal para dominar seu oponente.
Eu tinha certeza de ter feito o mesmo no passado, mas em algum momento, comecei a usar apenas Canhão de Pedra e Atoleiro. Não é um hábito bom, mas foram suficientes para vencer a maioria dos oponentes mais fracos. Ainda assim, truques mesquinhos desse tipo não funcionariam contra os inimigos mais fortes que eu me imaginava enfrentando, mas eu não tinha ninguém em um nível apropriado para praticar. Eu pensava grande, mas não havia nada tangível à frente para se visar. Por este motivo, não estava melhorando.
— Rudy? — Roxy de repente me chamou.
— Sim, pois não?
— Se formos capazes de resgatar sua mãe com segurança e nós dois tivermos a oportunidade, que tal entrar em um labirinto algum dia, só nós dois?
Eu pisquei.
— Só nós dois?
— Sim. Estamos com pouco tempo agora, mas entrar de cabeça em labirinto pode ser bem divertido. Então, que tal formar um grupo com apenas nós dois e encarar um labirinto mais simples juntos?
Um labirinto, hein? Para ser franco, se não fosse por Geese, eu provavelmente já teria caído direto em uma armadilha. Ainda assim, se tinha alguém que podia se aventurar sozinho em um labirinto, esse alguém era a Roxy. Ela tinha um histórico de falta de jeito, mas se eu concordasse com ela, talvez conseguíssemos superar isso.
— Parece ótimo, — concordei. — Quando voltarmos, por que não tentamos?
— Tudo bem, é uma promessa.
— Sim, uma promessa.
Eu pude ver Roxy fechando a mão em seu punho com o canto do meu olho.
— Ah…, estou começando a ficar com um pouco de sono. Vou descansar por um tempinho. — disse ela.
— Beleza. Durma bem.
Depois de um tempo, pude sentir sua queda contra minhas costas.
Eu aceitei sua proposta no calor do momento, mas aventurar-se em um labirinto consumia vários dias. Eu não tinha certeza se teria a oportunidade de fazer isso, já que precisaria ajudar na criação dos filhos.
Ah, que seja. Não era como se tivéssemos que decidir agora. Se eu tivesse tempo extra, poderíamos fazê-lo. Talvez, quando nosso filho fosse um pouco maior e Sylphie e eu tivéssemos mais tempo livre. Eu provavelmente teria mais de vinte anos até lá, mas isso não seria um problema.
Fiquei muito feliz por ela ter me convidado para participar de seu grupo. Parecia que ela estava reconhecendo minhas habilidades. Eu tinha que tomar cuidado para não revelar minhas falhas na frente dela.
Enquanto considerava essas coisas, adormeci.
Depois que descobrimos o círculo que conduz ao quarto piso, terminamos de mapear minuciosamente o terceiro. Não havia sinal algum de Zenith, então decidimos seguir em frente.
As paredes do quarto piso eram feitas de um tipo familiar de pedra. Parecia as ruínas que acessamos para nos teletransportar dos Territórios Nortenhos. Talvez fossem estruturas semelhantes, exceto que esta se transformou em um labirinto.
— Geese, e então? — perguntou Paul.
— Hm? Olha, parece que estamos indo bem.
— Ótimo. Então vamos examinar o quarto nível um pouco antes de voltarmos à superfície. — disse Paul friamente, olhando em minha direção enquanto eu examinava nossos arredores.
Na época em que Paul estava deprimido, ele aparentava ser uma causa perdida, sem salvação, mas parecia muito tranquilo quando estava no trabalho. Não me surpreenderia se este fosse o lado pelo qual Zenith se apaixonou. Se o mesmo sangue realmente corria em minhas veias, então talvez Sylphie não estivesse apenas me bajulando quando fazia o mesmo tipo de elogio.
— Mestra, eu fico bonito quando estou falando sério? — perguntei abruptamente. Pode ter soado um pouco narcisista.
Os olhos de Roxy espiaram por baixo da aba do chapéu.
— Hein? Oh, uh, hum… Bem, claro, você é bonito? — Ela se atrapalhou com as palavras, então rapidamente desviou os olhos de novo.
Certo. Essa reação mostrou tudo que eu precisava saber. Ela expressou seus sentimentos em alto e bom som. Essa foi uma pergunta claramente incômoda. Que rude da minha parte. Parecia que eu tinha me empolgado um pouco.
Se Roxy ficasse super fofa comigo e perguntasse: “Ei, Rudy, em uma escala de 1 a 10, quão fofa eu sou?” Eu alegremente levantaria bastões luminosos com ambas as mãos e prontamente diria: “100!” Eu estaria na primeira fileira, sem dúvidas.
Havia mais em um homem do que apenas seu rosto — havia seu coração também. Ele precisava de um coração de aço ardente. Um que poderia nocautear qualquer pessoa com um único golpe.
— Rudy, inimigos.
Eu olhei para cima e vi dois monstros de quatro braços em armadura se aproximando. Guerreiros Blindados. A propósito, esses monstros eram considerados mortos-vivos. A magia de Terra e Divina funcionavam melhor contra eles. O Canhão de Pedra, desde que fosse grande o suficiente, poderia despedaçar a maioria com um único golpe.
— Vou começar com o Canhão de Pedra. — eu disse.
— Espere, Rudy, você não pode. — Roxy me parou quando eu estava levantando meu cajado. — Ouvi dizer que o Guerreiro Blindado usa o Estilo Deus da Água. Se você for descuidado com sua magia, eles vão fazer com que o ataque volte para nós.
O Estilo Deus da Água era algo que eu realmente não conhecia muito, mas era um estilo de espada baseado em desviar e contra-atacar. Também era eficaz contra magia, por algum motivo. Eu não tinha certeza de como, mas uma de suas habilidades permitia que contra-atacassem a magia ofensiva com o brilho de uma espada. Normalmente, eu não ficaria muito preocupado, mas esses caras tinham quatro braços e não eram humanos. Podem muito bem ser capazes de lutar com quatro pessoas ao mesmo tempo e ainda conseguir conter todos os ataques.
— Tudo bem então, o que devemos fazer?
— Vamos cobrir os outros e afundá-los. — propôs Roxy. — É a nossa primeira vez contra este adversário. É preciso ser prudente.
— Entendido. Pai, vou usar o Atoleiro. Por favor, cuidado com os pés!
— Certo!
Esses monstros do tipo blindado tinham muito poder e suas habilidades com a espada eram assustadoras, mas eram lentos. O aço em seus corpos era pesado o suficiente para que afundassem facilmente na lama. Podiam acabar afundando no chão se eu fizesse com que meu feitiço fosse bastante profundo. Não achei que houvesse muito risco de colapso, mas provavelmente ainda era melhor manter os efeitos de alteração do ambiente ao mínimo. Até os joelhos eram o bastante.
— Atoleiro!
Seus pés afundaram enquanto tentavam avançar, a lama engoliu-os até as coxas. Então, nossos dois membros da linha de frente começaram a trabalhar.
— Paul, vou pela esquerda. — disse Elinalise.
— Entendido. — Paul fez uma pausa. — Espere, você está sempre pegando a esquerda.
— A parede atrapalha e torna difícil atacar.
— Então está pensando apenas em si mesma… uou, essa foi por pouco! — Paul teve facilidade para lidar com eles. Ele desviou um ataque com sua espada da mão direita e logo cortou um dos braços do monstro com a espada curta em sua esquerda. A armadura deles parecia resistente o suficiente, mas aparentemente isso não importava. Espadachins do estilo Deus da Espada eram bestiais. Isso, ou talvez sua espada curta fosse afiada demais.
Elinalise, por outro lado, parecia um pouco sobrecarregada. Ela nunca sofreu muito dano de seu oponente, mas não teve a ofensa para acertar um golpe fatal.
— Vamos apoiá-los. — interrompeu Roxy. — Rudy, vamos liberar nossa magia ao mesmo tempo, na direção da Senhorita Elinalise.
— Entendido.
Levantei meu cajado, conjurando um Canhão de Pedra. Agora que eles não podiam se mover, não tinha como escapar. Não fazia ideia de quão rápido meu ataque teria que ser para impedi-los de desviar, e nunca saberia, a menos que tentasse.
— Senhor Talhand!
— Tô ouvindo! — Ele ergueu o escudo e cambaleou na nossa frente. Se um feitiço fosse contra-atacado e viesse voando de volta para nós, ele estaria lá para absorvê-lo. Contanto que não morresse instantaneamente, eu poderia usar minha magia de nível Avançado para curá-lo. Só esperava que qualquer ataque não acertasse seus órgãos vitais.
— Canhão de Pedra!
— Majestosa lâmina de gelo, convoco-lhe para derrubar meu inimigo! Lâmina Sincelo!
Embora nossos tempos de conjuração fossem diferentes, lançamos nossa magia ao mesmo tempo. Um era uma bala de canhão redonda e o outro, uma espada de gelo, quase como o ataque Ultra Slash do Ultraman.
Nosso oponente de armadura tentou desviar dos ataques. Dois de seus braços empunhando espadas se moveram, mudando sua postura para a defesa. Isso deu a abertura perfeita para Elinalise escudá-lo, desequilibrando-o. Meu canhão arrancou um de seus braços, cortando-o, enquanto a lâmina congelada cravou-se profundamente no peito da armadura. Ao mesmo tempo, Paul também terminou sua luta.
— Não deve ser uma grande surpresa, mas esses monstros de rank A não caem facilmente. — comentou ele, embora nosso tempo total de batalha tenha durado apenas um minuto. Não os derrubamos com um único golpe, mas não foi uma luta dura. Exatamente o que esperaria de um homem que alcançou o nível Avançado em todas as três escolas de esgrima. Em termos de habilidade, ele provavelmente tinha condições de alcançar o nível Santo.
Não, se fosse assim, Paul já podia ser tão forte quanto qualquer espadachim de nível Santo. A força das pessoas não podia ser medida apenas pelo rank.
— Pai, você ficou mais forte do que antes?
Ah, merda. Acabei de dizer algo que aumentaria seu ego. Agora ele pode começar a se gabar.
— Hm? Nem, de forma alguma. Estou mais fraco agora do que costumava ser. — Mas Paul nem mesmo sorriu. Ele apenas olhou na minha direção antes de olhar para frente. — Venha, vamos indo. E não baixe sua guarda.
As palavras de Paul serviram como um lembrete sério. Ele tinha razão. Estávamos em um labirinto agora. Eu tive que me recompor.
Meu pai com certeza estava agindo bem hoje. Norn provavelmente ficaria encantada se eu contasse a ela o quão tranquilo parecia em ação.
— O que é isso? — Elinalise falou de repente enquanto olhava para o rosto de Paul. Ela colocou a mão sobre a boca e sorriu. — Qual foi a desse sorriso, Paul? É assustador.
— Qual é, você não tem que fazer esse tipo de comentário. —resmungou ele.
— Você está tão feliz que Rudeus te elogiou? Oh, não se preocupe, eu entendo. Heh heh heh…
— Já chega, cale-se.
Não, eu retiro o que disse. Paul ainda é o mesmo velho Paul.
Depois disso, eliminamos vários outros Guerreiros Blindados e, em seguida, começamos nossa jornada de volta à superfície. O percurso levou cerca de cinco horas a pé. Essa busca iria demorar um pouco. Será que Zenith realmente conseguiria resistir durante esse tempo?
Não, não podíamos ter pressa. Tínhamos que evitar mais acidentes, como aquele com Roxy.
As coisas estavam indo bem agora. Eu estava nervoso, mas não tanto. Não me sentia emocionalmente sobrecarregado.
Estávamos bem no momento. Manter esse ritmo é o que mais nos beneficia.
Assim que chegamos à cidade, todos nos juntamos para uma reunião.
Havia vários itens que precisaríamos em nosso próximo passo, então começamos a buscá-los. Eu também desenhei mais alguns pergaminhos espirituais, já que estavam acabando. Como esperado, dado que esta era a Cidade Labirinto de Rapan, a tinta do círculo mágico e o pergaminho estavam prontamente disponíveis. Criar extras provou-se fácil. Tudo que eu precisava fazer era desenhar um para usar como referência, e Shierra faria o resto. Aparentemente, ela era muito habilidosa nisso, tendo trabalhado anteriormente desenhando pergaminhos para a Igreja Millis. Ela prometeu que poderia fazer cinquenta cópias no mesmo dia. Isso sim era promissor.
Geese comprou alguns produtos químicos que deveriam ser eficazes em monstros com armadura. Ele nos informou que esse material, se acertado em cheio, adentraria nas articulações das criaturas e retardaria seus movimentos. Quando sugeri borrifar óleo no chão para fazê-los escorregar, já que eram muito pesados, ele riu, dizendo que seria Paul quem cairia de bunda. Respondi pensativo “Acho que você está certo”, e Geese apenas gargalhou.
Paul e Elinalise foram procurar armas. Pelo que parecia, estavam tentando encontrar uma espada com um preço bom para Elinalise. O que ela estava usando atualmente, seu florete, era um item mágico. Quando manejado, desencadeava uma faixa cortante de vácuo, que não era o mais adequado para a batalha contra os Guerreiros Blindados, que eram um oponente difícil de vencer de qualquer maneira. Eu podia entender porque ela queria uma arma diferente.
A espada curta que Paul empunhava em sua mão esquerda era um item mágico que ele comprou em Rapan. Ela tinha uma habilidade Corte de Aço, o que significava que quanto mais difícil era cortar seu oponente, mais afiada sua espada se tornava. Era uma habilidade bastante rara, tanto que as pessoas no mercado não conseguiram identificá-la. Trataram como uma faca de manteiga sem graça, que nem mesmo conseguia serrar carne seca, e praticamente venderam por centavos.
Paul afirmou: “Foi minha visão aguçada que me ajudou a identificar o verdadeiro poder desta espada.” Eu já sabia. Eu li A Lenda de Perugius em Buena Village, e havia um guerreiro nela cuja arma carregava essa mesma habilidade. Embora incapaz de cortar carne seca, era capaz de cortar um pedaço de aço ao meio. Paul deve ter sabido o que era no momento em que ouviu aquela frase sobre ela nem mesmo ser capaz de serrar carne seca.
De qualquer forma, fazia sentido agora porque seus ataques contra os Guerreiros Blindados eram tão eficazes. Mesmo que a empunhasse em sua mão mais fraca, ainda seria um golpe forte, contanto que acertasse em cheio.
Elinalise comprou um único gládio, que aparentemente tinha a capacidade de emitir uma onda de choque quando estocada. Não causava tantos danos, mas permitia que seu portador ganhasse alguma distância de seu oponente, fazendo com que este voasse para trás. Isso o tornava bastante útil, por isso custou um bom dinheiro, mas Elinalise puxou um cristal redondo imbuído magicamente do seu bolso e realizou a compra. Quantas dessas coisas ela tinha em mãos?
Naquela noite, saí para beber com Roxy e Talhand, este último me convidou dizendo: “Você é um adulto agora, então pode ir beber, certo?” Não havia nenhuma maneira de eu beber álcool na frente de Roxy, por isso estava apenas acompanhando.
Era para ser um encontro entre três magos, mas em algum momento o “Mestre” Talhand começou a nos dar um sermão sobre “O que torna um homem um homem de verdade…” Os homens deveriam ter músculos. Músculos soberbos significavam um espírito soberbo. Não foi uma conversa para magos, mas ainda assim foi significativa. Ele tinha toda a razão. Homens deviam ser musculosos e fortes.
Roxy parecia sonolenta durante a conversa. Ela claramente não poderia estar menos interessada — não que eu pudesse culpá-la.
No dia seguinte, Lilia se despediu de nós enquanto entrávamos de volta no labirinto.
Nossa jornada até o quarto piso foi tranquila. Isso se deveu em parte aos nossos elaborados preparativos e à mudança de marcha, mas também tivemos sorte. Foi basicamente um tiro certeiro até aqui. Da mesma forma, levou apenas três horas. Quase não tivemos nenhum confronto com monstros também.
Uma vez lá, continuamos a mapear o quarto nível em vez de prosseguir, mas, como já era de se esperar, Zenith não estava em lugar algum.
Como nossos suprimentos ainda estavam em bom estoque, descemos para começar a conquista do quinto piso. Neste nível, os Guerreiros Blindados estavam acompanhados por Demônios Vorazes.
O Demônio Voraz era um demônio com uma boca gigante e presas afiadas. Ele também tinha membros longos e garras pontiagudas que lhe permitiam escalar o teto, não muito diferente de um alienígena de uma certa franquia de cinema. Era um oponente formidável. O fato de que podia se locomover pelo teto ou pelas paredes significava que nossa formação era inútil. Ele passaria por cima de Elinalise e Paul, enquanto estes enfrentavam um Guerreiro Blindado, e vinham direto até nós. Ver isso fez eu sentir um arrepio na espinha.
Apesar disso tudo, o Demônio Voraz não era tão forte assim. Era rápido, com ataques que pareciam poderosos, mas tinha defesas baixas e não resistia muito. Fiquei um pouco surpreso quando apareceu pela primeira vez, mas depois de rebatê-lo contra a parede, Elinalise mergulhou com sua nova arma e a luta terminou sem incidentes.
Embora o Demônio Voraz fosse rank A, nós nos acostumamos com seus padrões de movimento incomuns. Foi o Guerreiro Blindado, com sua força excepcional, que provou ser o oponente mais difícil. No entanto, era irritante ter que ficar olhando para cima para localizar os Demônios. Se sua atenção fosse atraída para o teto, não notaria as armadilhas colocadas pelos seus pés. E se descuidadamente pisasse em tal armadilha, poderia ser teletransportado para Deus-sabe-onde.
— Tudo bem, hora da nossa arma secreta. — disse Geese.
Felizmente, tínhamos nosso guia. Havia uma contramedida inovadora para essas pragas, registrada nas páginas de Um Relato Exploratório do Labirinto de Teleportação.
As raízes da árvore Talfro eram vendidas para consumo, mas se as queimasse como incenso, os Demônios desceriam do teto, pois odiavam o cheiro. Não apenas isso, eles também tentariam fugir o mais longe possível da fumaça. Isso fez com que ficasse muito mais fácil combatê-los. Na verdade, com esse método, eles não eram nem mesmo rank B — estavam mais próximos do rank C! O autor deste livro com certeza fez uma bela pesquisa.
Assim, limpamos o quinto piso em um piscar de olhos. Incapazes de localizar o círculo que levava ao próximo piso, fomos forçados a vagar um pouco, mas nosso objetivo não era explorar o local. Estávamos aqui para encontrar Zenith. Estava tudo bem. Na verdade, isso estava indo muito bem para nós.
Finalmente, chegamos ao sexto piso.
— Então, Geese?
— Podemos continuar. — Geese deu uma resposta curta à pergunta ambígua de Paul.
Quase não tínhamos usado nenhum de nossos suprimentos, então estávamos bem preparados. Além disso, estávamos com uma onda de sorte.
— Beleza, sem volta. Vamos que vamos então.
— Sim.
Não havia necessidade de retornar, pois tínhamos suprimentos e estávamos prontos. Nossa busca continuaria.
Tradução: Taiyo
Revisão: Guilherme
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