À primeira vista, o labirinto de teletransportação parecia uma caverna comum. Não havia nada de especial no lado de fora, exceto pelas teias de aranha que revestiam as paredes, cortesia das aranhas que residiam na área. Mas era tudo. Fora isso, parecia apenas um buraco na lateral de um penhasco. Se visse uma foto do local, nem chamaria atenção.
Ver pessoalmente era outro assunto. Algo me deu a sensação de que havia um labirinto escondido ali dentro. Tinha um ar inquietante, mas foi precisamente esse ar inquietante que despertou minha curiosidade. Me perguntei se todos os labirintos tinham uma vibração parecida com essa.
— Beleza, Rudy, vamos fazer exatamente como discutimos. Entendido?
— Entendido — falei.
Paul me deu um tapinha no ombro e acenou com a cabeça.
Entramos em formação exatamente como havíamos discutido no dia anterior e entramos. Era minha primeira vez em um labirinto e não senti muita emoção. Apenas o peso de saber que não poderíamos falhar.
— Tome cuidado, meu senhor — disse Lilia.
— Por favor, tomem cuidado, todos vocês.
Lilia, Vierra e Shierra voltariam à cidade a cavalo. Quando grandes clãs entravam em um labirinto para conquistá-lo, seus membros de suporte montavam acampamento e esperavam do lado de fora. Felizmente, Rapan ficava um dia, ou meio dia, se fosse rápido, de distância. Não havia necessidade de acampar em frente à caverna.
— Bem, vamos indo.
Estava escuro, mas não totalmente. O interior tinha um brilho fraco. Essa visibilidade ruim não era ideal. Podia ser fatal.
— Vou iluminar — falei
— Vá em frente — respondeu Paul.
Assim que entramos, usei o pergaminho espiritual que Nanahoshi me deu. Uma bola de luz brilhante apareceu, circulando minha cabeça. Geese também ativou o mesmo pergaminho para si mesmo. Ele estava atuando como um batedor, então precisava de sua própria fonte de luz.
Esses pergaminhos poderiam ser usados por qualquer pessoa. Claro, durariam mais se alguém com uma enorme reserva de mana, como eu, usasse, mas aparentemente não gastava muita mana. Geese e Paul ficaram maravilhados quando lhes mostrei os pergaminhos, dizendo: “Agora não precisamos mais carregar tochas.”
Parecia que ter uma mão ocupada por uma tocha era realmente inconveniente. A luz desses espíritos era mais brilhante do que uma tocha, e mesmo alguém sem muita mana poderia sustentar por um tempo. Se esses pergaminhos se tornassem populares, as tochas poderiam desaparecer completamente do mercado.
— Paul, seu filho trouxe coisas úteis, hein? — disse Talhand.
— Bem, tenho motivos para chamá-lo de filho. — Paul estufou o peito, o que lhe rendeu um suspiro exasperado do anão.
— Mas você com certeza não é um pai do qual ele se orgulha.
— Ah, esquece isso. Já estou desanimado o suficiente — disse Paul com um meio suspiro, seus ombros caídos.
— Vamos entrar. — Com o incentivo de Geese, avançamos para dentro da caverna.
No primeiro piso, estávamos andando no que parecia ser um formigueiro. Teias de seda nas paredes e tetos, e mais adiante havia um círculo mágico emanando uma luz pálida. O espírito prosseguiu além desse ponto, iluminando a área como uma lâmpada fluorescente.
— Você disse para ter cuidado porque alguns dos círculos mágicos não acendem, correto?
— Isso mesmo, Rudy — disse Paul. — Certifique-se de seguir as pegadas de Geese com precisão.
Geese estava dez passos à nossa frente. Ele estava usando um par de botas especial. Havia placas de aço em forma de cruz nas solas, deixando rastros em forma de cruz por onde passava. Não era um item mágico, mas sim um produto da sabedoria dos aventureiros. Era um equipamento conveniente que evitava que o usuário escorregasse, ao mesmo tempo que deixava uma marca enquanto andava.
Foi fácil descobrir os círculos de teletransportação no primeiro piso. O monstro principal neste piso era a Tarântula da Estrada da Morte, mas havia muitas aranhas menores e menos maduras andando pelo chão. Estas eram as presas primárias da Tarântula da Estrada da Morte. A visão disso teria feito alguém com aracnofobia desmaiar. Era no meio desses enxames que se localizavam espaços completamente vazios, aqueles que eram de forma circular ou quadrada. Eram armadilhas. Se colocasse o pé naquele espaço vazio para evitar esmagar aranhas, seria imediatamente teletransportado para algum lugar.
Assim, não tivemos escolha a não ser esmagar as pequenas aranhas por onde pisamos. Não era agradável, mas o que mais poderíamos fazer?
Quanto às bestas de rank B, as Tarântulas da Estrada da Morte, elas não apareceram em nossa passagem. Ocasionalmente, uma ou duas apareciam, mas assim que Geese as via, Paul as matava. Não havia necessidade de fazer nada no momento.
— Hah, isso é moleza. — Paul tinha uma espada em cada mão e caminhava rapidamente à frente. Dessas duas espadas, uma era a lâmina que ele empunhava o tempo todo em casa, sua parceira. Embora não parecesse ser uma arma particularmente poderosa, era capaz de cortar essas Tarântulas da Estrada da Morte em duas. Isso era menos por causa do fio da lâmina e mais por causa da habilidade de Paul, eu tinha certeza.
A espada em sua mão esquerda tinha uma forma que eu nunca tinha visto antes: um tipo de lâmina curta, mas não curta o suficiente para ser chamada de espada curta, nem longa o suficiente para ser chamada de espada longa. O protetor de mão envolvia a mão inteira do portador, com uma lâmina ligeiramente curva, de dupla face. Havia um buraco no meio da lâmina, provavelmente para evitar que coisas grudassem nela.
Ele não estava usando muito essa arma. Paul geralmente lutava apenas com a mão direita. Me perguntei qual era o propósito de sua espada da mão esquerda. Ou ele era apenas um nerd em sua forma final?
— Como tirar doce de criança! — Não que fosse relevante, mas sempre que ele derrotava algo, Paul olhava para mim.
Que irritante. Ele provavelmente queria mostrar o quão legal era.
Tá, tá, entendi, pai; você parece legal, mas, por favor, não baixe a guarda.
— Paul! Mantenha a cabeça para frente! — E, sim, lá estava Elinalise fazendo ele prestar atenção.
— Qual foi, está tudo bem — disse Paul —, já passamos pelo primeiro piso dezenas de vezes. Não vou estragar tudo.
— Baixar a guarda assim pode custar-lhe a vida — alertou ela.
— É, é, eu já sei.
— Além disso — continuou Elinalise —, você estava na frente esse tempo todo. Sou eu quem deveria estar na frente, não é?!
— É o primeiro piso. Não que isso vá fazer grande diferença.
E então, a briga começou. Eu podia ouvir Talhand atrás de mim, soltando um suspiro ao dizer:
— Blegh, lá vão eles de novo.
— É minha função ficar mais à frente, e esta é a primeira vez de Rudeus em um labirinto e, como adulto, você deve dar um bom exemplo!
Paul argumentou de volta:
— É por isso que eu estava procurando uma oportunidade para puxar conversa com ele, para ajudar a relaxar os nervos.
— Que absurdo — zombou ela. — Você parece tão tonto agora quanto estava quando Zenith se juntou ao nosso grupo.
— Não posso dizer muito quando você coloca dessa forma. O que foi? Você se tornou uma verdadeira chata.
— Claro que sim — respondeu Elinalise com altivez. — Você é basicamente como um filho para mim. Então, vou repreendê-lo quando necessário!
Paul riu disso.
— O que você está falando, me chamando de filho? Você passou tanto tempo com Rudeus que desenvolveu afeição por mim também? Qual é, chega disso. Você se chamando de minha mãe me dá arrepios.
— Oh, Rudeus realmente não te contou? — perguntou ela zombeteiramente.
— Contou o quê?
— Sylphie é minha neta. Como Rudeus se casou com ela, isso o torna meu neto também. Nesse caso, como pais do meu neto, você e Zenith são basicamente como filhos para mim.
Paul congelou. Lentamente, ele se virou e marchou de volta em minha direção. Com nossa formação quebrada, todos os outros também pararam.
— Ei, do que ela está falando, Rudy? Por que Elinalise está fazendo essas afirmações insanas sobre Sylphie ser neta dela?
Ah, sim. Eu ainda não tinha contado, tinha?
— Acontece que Laws era filho de Elinalise — expliquei.
— Laws era? — Paul parecia cético. — Ele nunca me contou nada disso.
— Bem, muitas coisas aconteceram no passado, então parece que ele queria manter a identidade da Srta. Elinalise em segredo — falei.
— Ahh, entendi — disse Paul. — Eu meio que entendo isso.
— Mais importante, devemos continuar. — Acrescentei: — E tome cuidado para não baixar a guarda.
— T-Tá. — Paul parecia ter afundado neste momento. Ele voltou para a vanguarda, resmungando enquanto caminhava. — Sério? Então Elinalise agora está ligada à nossa família? Não posso acreditar nisso…
Pelo jeito, a notícia foi um choque e tanto para ele.
O primeiro piso foi muito fácil. Deviam ter feito esse caminho inúmeras vezes, assim como Paul disse. Continuamos descendo, fazendo pausas ocasionais, até que emergimos em uma sala repleta de Tarântulas da Estrada da Morte. Dispensar enxames como esse era meu dever como mago.
Mas antes de entrarmos na sala espaçosa, Talhand me deu alguns avisos.
— Escute: sem magia de fogo.
— E por quê?
— O fogo enche salas fechadas de veneno — explicou o anão. — É preciso ter um cuidado especial com isso à medida que vamos mais fundo.
— E a magia de desintoxicação? — perguntei.
— Não funciona.
Ele provavelmente estava se referindo ao envenenamento por monóxido de carbono. Se usasse fogo em um espaço fechado, consumiria o oxigênio até que todo mundo finalmente perdesse a consciência. Só porque o fogo era criado por magia não mudava esse fato.
— Além disso, não acerte o teto com seus ataques. Consegue adivinhar o por quê, né?
— Porque pode destruir a caverna inteira?
Ele assentiu.
— Bingo. É também por isso que você não pode usar magia de água. Use tanto gelo quanto puder.
— Vamos lá.
Se usasse grandes volumes de água, ela soltaria a terra. Ainda assim, um pouco não devia doer. Eu também poderia usar magia de terra, embora caso não tomasse cuidado, poderia acabar usando a terra do labirinto em vez de conjurar a minha própria. Se isso perturbasse a estrutura interna da caverna, poderia causar um colapso. Usar o tipo de magia que me foi recomendado era a opção mais segura. Então, era gelo.
Decidi usar a magia de água de nível Avançado, Tempestade de Neve, um feitiço que fazia com que lanças de gelo caíssem. Era o que eu costumava usar para matar as aranhas no fundo da sala, uma a uma, com cuidado para não acertar Paul e os outros.
— Oho, você realmente é o aprendiz da Roxy. Você usa até a mesma magia. — Eu podia ouvir Talhand murmurando atrás de mim. Aparentemente, Roxy também utilizou o mesmo feitiço. Isso me deixou meio que feliz em ouvir. — E sem encantamentos, também. Posso ver porque ela é tão orgulhosa de você.
As palavras fizeram meu ego inflar de orgulho enquanto eliminávamos a última das aranhas e seguíamos em frente.
Nós ultrapassamos os ninhos de aranhas e pulamos no círculo de teletransportação localizado mais a frente. Ele nos levou para o fundo de uma passagem, indo para um ninho separado de aranhas. Já tínhamos repetido esse processo cinco vezes desde que entramos no local. A cada vez, comparamos cuidadosamente as referências dos círculos com o que estava escrito no livro. Os outros já tinham mapeado onde cada círculo de teletransportação levava no primeiro piso, mas a verificação ajudou a ter certeza sobre a precisão do livro. Comparamos a forma, a cor e as características dos círculos e, uma vez que ficamos satisfeitos por tudo combinar com o livro, continuamos em frente.
Demorou cerca de uma hora para chegar a cada círculo mágico. Como já tínhamos feito cinco vezes, isso significava que aproximadamente cinco horas tinham passado. A última área no primeiro piso era uma sala coberta de teia, onde no fundo havia dois círculos alinhados juntos. A cor deles era um pouco mais intensa do que a dos outros que vimos, e também eram maiores. O azul mais escuro levava ao próximo piso, mas tinha um círculo duplo com a mesma forma ao seu lado.
Para os iniciantes, qualquer um parecia ser o verdadeiro. No entanto, havia uma pedra com um círculo inscrito nela, colocada na frente de um dos círculos. Isso era algo que Geese havia deixado para trás como um sinal de qual era o correto. Assim que consultamos o livro e confirmamos que estava tudo certo, pulamos nele.
De lá, fomos para o segundo piso.
No segundo piso, as aranhas rastejantes desapareceram e os ninhos de tarântula foram severamente reduzidos. Agora era possível ver o chão. Em vez de aranhas, agora tínhamos uma enorme lagarta de aço, o Rastejador de Ferro, rastejando. Tinha um metro de altura e dois de comprimento, parecendo curto e robusto. A coisa mais próxima que eu poderia comparar era o Ohmu de Nausicaä1É um monstro de um filme do Studio Ghibli, chamado Nausicaä do Vale do Vento. É esse monstro aqui.. Assim como sugeria seu exterior, as criaturas eram resistentes e robustas, mas ao contrário de sua aparência, elas eram na verdade bastante rápidas. Sua velocidade me lembrava menos uma lagarta e mais uma centopeia.
E tem mais, eles eram amigos das aranhas, estas últimas lançavam teias pela bunda enquanto usavam os rastejadores como escudo. Se fosse pego por essas teias, o pesado rastreador de uma tonelada iria pisotear quem estivesse pela frente.
Os Rastejadores de Ferro eram tão resistentes que nem mesmo Paul conseguiu derrotá-los com um único golpe. Foi aí que entrei. Eu poderia lançar dois tipos de magia ao mesmo tempo para atacar as Tarântulas da Estrada da Morte na parte traseira com minha Tempestade de Neve, então derrotar os Rastejadores de Ferro um por um com meu Canhão de Pedra enquanto Paul e Elinalise os mantinham ocupados. Aparentemente, os Rastejadores eram fortes o suficiente para repelir um Canhão de Pedra normal, mas não tive nenhum problema com isso, pois meus canhões passaram direto por eles. Porém, sendo insetos, se eu não os acertasse corretamente e os matasse com o impacto, começariam a se contorcer de dor e se debater.
— Nada para eu fazer, hein? — Enquanto eu trabalhava diligentemente, Talhand resmungou sobre estar entediado. Ele estava de prontidão ao meu lado, apenas para o caso de algo inesperado ocorrer. Para garantir que seus serviços não fossem necessários, todos nós, Geese incluso, andávamos da forma mais prudente possível. Portanto, a partir de então, não havia nada para Talhand fazer.
Era uma coisa boa. Quanto mais profundamente avançávamos, era reconfortante saber que ainda tínhamos mais poder de fogo de reserva, se necessário.
As Tarântulas da Estrada da Morte estavam cuspindo suas teias em nós. Achei que tarântulas não criavam teias, mas essas eram claramente diferentes. Suas teias às vezes vinham direto para mim, mas eu era capaz de evitá-las com meu olho demoníaco. Mesmo se uma me acertasse, não seria nem doloroso nem inconveniente, já que eu poderia usar magia de fogo para queimar.
— Gah, droga! — resmungou Paul.
Elinalise parecia concordar.
— Ugh, essas coisas são tão pegajosas.
A vanguarda não conseguiu se esquivar de todas, então os dois estavam cobertos de teias.
— Aqui, pegue. Mas não vá desperdiçar, ouviu? — disse Geese. Eu poderia queimar as teias, mas ele trouxe um líquido para dissolvê-las, que os outros estavam diluindo com água e usando. Ele me disse que era um medicamento único, popular em todo o Continente Begaritt, que não causava danos ao corpo. Embora não tenha causado danos, Elinalise bufou por aquilo irritar a sua pele. Quase como detergente.
Talvez eu devesse levar um pouco para casa para tentar lavar a louça, pensei.
— Beleza, vamos fazer uma pausa rápida aqui — gritou Geese para nós depois que terminamos de lutar, e nós paramos onde estávamos. Talhand e Elinalise imediatamente se levantaram para vigiar.
Paul imediatamente removeu sua armadura e cinto, então começou a limpar o sangue das bestas neles. Ele estava tentando acelerar a verificação de seu equipamento no curto espaço de tempo do nosso intervalo. Ver como suas mãos eram treinadas me lembrou que ele era um profissional nesta área.
— O que foi? É melhor você se apressar também, Rudy.
— Ah, sim.
Depois de receber uma severa repreensão, voltei minha atenção para o meu equipamento. Não havia muito para inspecionar, considerando que eu estava usando minha magia à distância.
Tirando isso, Paul estava terrivelmente quieto. No primeiro piso, ele vinha até mim quando fazíamos pausas, perguntando “Então, o que achou?” e coisas do tipo. Acho que era de se esperar, já que este era o segundo piso, mas ele ficou sério. O pai “legal”.
— Tch, essa porcaria de coisa não sai. — Paul começou a praguejar enquanto tentava desesperadamente limpar os fluidos corporais, ou qualquer outra coisa que fosse aquela gosma, colados em sua armadura.
— Por que você não experimenta aquele líquido que o senhor Geese estava usando? — perguntei.
— Isso é para tirar as teias, não é? — Mesmo assim, ele aplicou um pouco em seu pano e voltou a esfregar furiosamente. Quando esfregou, a armadura ficou em um tom branco cintilante, exatamente como naqueles comerciais de alvejante! Tá, não branco branco, era uma armadura, afinal, mas pelo menos estava limpa. — Saiu! Obrigado!
— De nada.
Então era detergente. Sylphie ficaria muito feliz se eu comprasse um monte antes de voltar. Não me importaria de usá-lo em casa, se possível.
Paul reequipou sua armadura assim que terminou de limpá-la. Ele então desembainhou sua espada e caminhou em direção a Elinalise. Pensei em trocar com Talhand, mas a voz de Geese me parou.
— Chefe, não se preocupe com a vigia.
— Tem certeza?
— Está tudo bem — disse ele. — Aquele velho não fez nada mesmo. Tem algo em que eu gostaria de ter a sua opinião.
— Devo mesmo substituir meu pai nisso?
— Claro. Você é muito mais inteligente do que ele — disse Geese com desinteresse, tirando o livro e dois mapas de sua bolsa.
Ele espalhou os mapas lado a lado. Um estava lindamente desenhado, enquanto o outro estava parcialmente completo.
— Logo chegaremos ao terceiro piso. Isso, bem aqui, é onde Roxy se separou de nós. Se tivermos sorte, ela ainda deve estar por perto dessa área, se o livro estiver certo.
— Beleza
De acordo com o livro, as armadilhas de teletransportação enviavam pessoas para áreas no mesmo andar. Mesmo sendo chamado de transporte aleatório, não iria transportá-la de repente bem na frente do chefe no piso final. Roxy tinha sido teleportada no terceiro piso. Não fazíamos ideia se o círculo em que ela pisou era um círculo de teletransportação aleatório ou um com destino fixo, mas se ela ainda estivesse viva, havia uma boa chance de que estivesse no terceiro piso. Se tivesse sorte, poderia até ter chegado ao segundo ou primeiro piso.
No entanto, ela já tinha atravessado aqueles andares várias vezes. Considerando a força de Roxy, se tivesse conseguido chegar ao segundo piso sozinha, já teria deixado o labirinto. Era difícil imaginar que ela continuaria para o quarto piso.
Geese perguntou:
— Não tem magia que possa ajudar a encontrá-la, não é?
— Não, não tem. — Tentei pensar em uma maneira de utilizar os feitiços à minha disposição para tentar encontrá-la, mas nada me veio à mente no momento.
— Chefe, apenas use sua intuição. Onde você acha que Roxy estaria?
— Minha intuição, hein? — Acariciei meu queixo.
— Não podemos nos dar ao luxo de passar um pente fino no labirinto todo — disse Geese. — Então, se vamos procurá-la, vamos precisar de intuição.
— Tudo bem, então que tal esta área? — Por causa disso, selecionei uma das áreas vazias aleatoriamente no mapa inacabado.
— Leste de onde ela se teletransportou, hein? Beleza, então vamos começar a procurá-la.
Ele foi tão casual em sua resposta. Senti que ir direto para o leste era a maneira mais eficiente. Afinal, não havia ninguém em nosso grupo com capacidade analítica para identificar sua localização. Teríamos que vasculhar as áreas que ainda não haviam investigado.
— Sinceramente, com Roxy fora do grupo, não podíamos nem chegar ao segundo piso. Tudo isso graças a você, chefe. Esses Rastejadores de Ferro são bem desagradáveis
— Aposto que sim.
Os monstros neste labirinto eram resistentes à escola de magia preferida de Talhand. Paul era o principal causador de danos do grupo, mas se ele fosse pego em teias, não conseguiria fazer seu trabalho direito. Vierra também não era muito confiável e não podia cobrir outras pessoas tão bem quanto Elinalise. Para passar por aqui, precisava de alguém que pudesse usar magia de gelo ou fogo. Não era de se admirar que estivessem presos sem Roxy. Na verdade, foi um milagre terem conseguido voltar sem ela.
— Achei que poderíamos nos virar de alguma forma, mas não há muitos magos nesta área, e nenhum com coragem para desafiar o labirinto de teletransportação. — Geese tinha tentado encontrar uma solução sozinho, aparentemente. Agora que pensei nisso, ele estava tentando recrutar alguém quando o vimos na guilda. Não parecia que tinha dado bom.
— Parece que colocamos você em muitos problemas, senhor Geese.
— Eh, não se preocupe com isso. Além disso, eu disse para você me chamar de “novato”, não disse? Você me dá arrepios falando educadamente assim.
— Pode deixar, novato. Vou apresentá-lo a uma bela garota macaquinha depois que isso acabar e você poderá fazer com que ela arranque as pulgas de suas costas.
— Ooh, nada mal, já que não posso nem mesmo ir para o distrito adulto por aqui. — Ele fez uma pausa. — Ei, espera! Quem você está chamando de macaco?!
Havia muito que eu queria discutir com Geese, mas vou deixar essas coisas pendentes por enquanto.
Depois disso, Geese e eu confirmamos qual rota seguiríamos. O mapa que ele criou era fácil de entender. Comparado com o primeiro piso perfeitamente mapeado, faltavam várias partes neste mapa do segundo piso. Roxy e Zenith não estariam em nenhuma dessas partes, né? Continuar sem verificar me deixou um pouco inquieto, mas tínhamos que chegar ao terceiro piso. O melhor lugar para procurar não era o mais próximo, mas sim o lugar em que Roxy provavelmente estaria.
— Geese, onde estamos? — Elinalise repentinamente se inseriu na conversa.
Geese respondeu apontando para um ponto no mapa.
— Estamos por aqui.
— Então, passaremos do segundo piso em breve.
— Sim, mas ainda teremos que enfrentar aquelas aranhas e vermes.
— Monstros que mudam a formação no meio do caminho. Este certamente é um labirinto desagradável — disse ela.
— Infelizmente é isso — concordou Geese.
Elinalise passou a mão no cabelo. Seus cachos orgulhosos de sempre pareciam um pouco despenteados.
— A propósito, Geese, por que você chama Rudeus de “Chefe”?
— Heh heh. Nós nos conhecemos em uma prisão dos Doldia.
— Uma prisão dos Doldia? — perguntou ela. — Quer dizer daqueles que Ghislaine falou? Como isso foi acontecer?
— Vou lhe contar mais sobre isso quando chegarmos em casa. — Geese sorriu, deixando-a ali.
Pensar na prisão dos Doldia despertou algumas memórias. Experimentei a verdadeira liberdade naquela época. Eu não podia mais andar pelado daquele jeito, infelizmente. Exceto na cama.
Claramente não estava muito nervoso, já que podia me dar ao luxo de ter pensamentos como esses.
E, assim, nosso grupo chegou ao terceiro piso. Provavelmente se passaram mais ou menos dez horas desde que entramos. Estávamos nos movendo muito rapidamente.
— Achei que levaríamos vários dias para nos aprofundarmos até aqui.
— Levaríamos, se não tivéssemos um mapa — disse Paul em resposta ao meu comentário casual. Fazia sentido que ficar às cegas fosse muito diferente de seguir um mapa.
Não havia mais aranhas pequenas no chão. Ocasionalmente, encontrávamos uma teia na parede, mas havia poucos sinais de vida. Em vez disso, pude sentir algo inquietante no ar, irradiando das profundezas da caverna.
A verdadeira missão começou. Primeiro, tínhamos que encontrar Roxy.
Seu cheiro familiar veio flutuando pelo ar. Não, não foi minha imaginação. Era realmente o seu cheiro, senti sua presença. Nunca confundiria isso. Eu podia sentir meu coração acelerar.
Ela estava ali. Eu tinha certeza.
Tradução: Rlc
Revisão: Guilherme
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