Teleportar era parecido com acordar de um cochilo. Eu talvez tivesse inclusive perdido a consciência por um momento.
Olhando para o lado, vi que Elinalise estava igualmente assustada.
— Acho que chegamos — falei depois de um momento.
— Bem, talvez…
Ainda estávamos em uma ruína de pedra, exatamente como antes. E, à primeira vista, a câmara não parecia particularmente diferente.
Depois de alguns segundos, entretanto, comecei a notar pequenas pilhas de areia nos cantos e a falta de musgo nas paredes. A pedra também tinha uma cor ligeiramente mais marrom. Tínhamos sido teletransportados para algum lugar e, até aí, tudo certo.
Cautelosamente deixei o círculo mágico.
Meu corpo parecia estar funcionando como sempre. Eu também continuava com os meus pertences. E eu não tinha trocado de corpo com Elinalise nem nada assim.
Assim que saímos do teletransportador, ele voltou a emitir aquela luz branco-azulada. Pelo visto, estava pronto para nos levar de volta para o outro lado.
Isso era conveniente e tal, mas não vi nenhum cristal mágico alimentando a coisa. Como exatamente conseguia a mana de que precisava? Será que havia uma fonte de energia enterrada sob o chão? E se de alguma forma estivesse absorvendo a mana do ar ao redor? Se houvesse uma forma de fazer isso, eu realmente queria aprender.
— Ah, espera. Devemos verificar para ter certeza de que poderemos voltar para o outro lado, não?
— Isso parece prudente, sim.
Era supostamente um teletransportador bidirecional, mas não tínhamos como saber se funcionava direito ou se tinha algum tipo de limitação. Se pudéssemos fazer a viagem só de ida, precisaríamos voltar para casa por outra rota. Isso colocaria fim ao meu plano de voltar antes que Sylphie desse à luz.
— Acho que vou…
— Não, eu vou. Se eu não voltar em alguns minutos, pode continuar sem mim — disse Elinalise, me empurrando suavemente. — Não gosto da ideia de contar ao Paul que você sumiu depois de pisar em um teletransportador.
— Bem, então tá bom. Vou deixar isso com você.
De qualquer forma, isso não importava tanto. Para começo de conversa, eu ainda nem tinha certeza de que estávamos no continente certo.
— Certo, espera aí.
Elinalise saltou de volta no círculo mágico e sumiu do nada. Pensei que tive um breve vislumbre dela sendo sugada para o chão.
Pensando bem, foi a primeira vez que vi alguém sendo teletransportado. Essas coisas se moviam pelo solo ?
— …
No momento, não havia muito a fazer, a não ser esperar. Confiei na memória de Nanahoshi e, pelo que ela disse, não precisaria de nenhum encantamento mágico ou técnica especial para usar essas coisas. Existia a chance de que Orsted usasse algum tipo de instrumento mágico, mas tínhamos chegado até ali com bastante facilidade. Eu queria pensar que a viagem de volta seria igualmente tranquila.
Passaram cinco minutos. Depois dez. E então quinze.
— Ela está demorando… Hmm?
Quando comecei a ficar preocupado, Elinalise finalmente reapareceu. Foi como assistir o teletransporte acontecendo ao contrário: ela brotou do chão em uma fração de segundo.
Por um momento pareceu meio tonta, mas balançou a cabeça assim que se deparou com o meu olhar.
— Tudo certo, Rudeus. Isso funciona direito.
— Sério? Eu estava começando a ficar preocupado. Você demorou mais tempo do que eu esperava.
— O quê? Não passei mais do que alguns segundos do lado de lá.
Então o processo de teletransporte não era literalmente instantâneo. Mas fazer uma viagem enorme em questão de minutos não era um mau negócio. Parecia que existia um atraso de cerca de sete minutos por viagem.
Pensando bem, ouvi algo sobre o Incidente de Deslocamento de Fittoa, algo que devia ser relevante. Era suposto que houvesse um atraso estranho entre os desaparecimentos e quando as pessoas reapareceram em outros lugares. Foi Sylphie quem me contou isso?
Teletransportação podia ser um meio de viagem rápido, mas não era instantâneo. Talvez fosse algo parecido com um Salto Boson.
— Bem, sem problemas. Você voltou, e é isso que importa.
— Suponho que sim.
Se essas coisas fossem perigosas, Orsted não as usaria. E ao menos confirmamos a possibilidade de voltar para casa.
— Então podemos continuar?
Ficando um pouco mais tranquilo, caminhei até a escada de pedra que conduzia para cima.
No instante em que chegamos ao primeiro andar, notei um aumento acentuado na temperatura.
O ar estava brutalmente quente. Não parecia muito úmido, o que fazia sentido, já que devíamos estar no meio de um deserto.
O primeiro andar parecia virtualmente idêntico ao das ruínas que deixamos para trás, lá na floresta. A principal diferença era o chão coberto por areia e a falta de vegetação nas paredes. Notei algumas pegadas aqui e ali. Deviam ser de Orsted. Se acabássemos nos esbarrando, eu teria que fugir antes que ele tivesse a chance de me matar.
Também havia quatro cômodos ali, exatamente igual ao outro lugar. Em um deles, porém, encontramos algumas capas brancas, grossas, e cantis de água. Provavelmente mais coisas de Orsted.
— O que devemos fazer a respeito das nossas pegadas? Acha que devo apagá-las?
— Você está preocupado com aquele Orsted? Acho bem improvável que acabemos o encontrando…
Verdade, mas eu ainda estava meio assustado. Será que devia deixar uma mensagem? Devia dizer a ele que Nanahoshi me contou sobre este lugar, e que eu só estava usando por causa de uma emergência familiar? Prometer guardar segredo e implorar para que não ficasse zangado comigo?
Mas, bem, não tinha como dizer quando ele apareceria de novo. Ele poderia nunca descobrir que passamos por ali e, neste caso, deixar uma carta seria um convite para confusão. Alguns momentos depois, decidi não me incomodar.
Demoramos um pouco para vasculhar as ruínas, só por precaução, mas não encontramos nada digno de nota. Orsted também não estava à espreita no local, é claro.
Depois de explorar cada cantinho da ruína, pela primeira vez colocamos os pés fora dela.
Estava quente lá fora. Muito quente. A palavra quente chegava até a ser inadequada, para ser sincero. O vento inclusive machucou o meu rosto.
Tudo que eu via à frente era um mar de dunas de areia ondulantes. Parecia uma das fotos que eu tinha visto do Saara, um deserto da minha vida anterior.
O sol já estava começando a se pôr. Mas, quando no deserto, não seria melhor viajar à noite? Espera, não. Será que não seria mais perigoso, já que a temperatura poderia ficar negativa? Não que as coisas neste mundo fossem todas necessariamente idênticas…
Eu parecia lembrar que os monstros do deserto ficavam mais ativos à noite. Se perambulássemos no escuro e acabássemos emboscados, as coisas poderiam ficar perigosas.
— O que acha que devemos fazer, Elinalise? — perguntei.
— Se partirmos agora, não vamos chegar muito longe até o pôr do sol. Está meio cedo, mas acho que precisamos aproveitar para descansar com um teto sobre nossas cabeças.
Acabamos decidindo passar a noite nas ruínas.
A noite se provou tão fria quanto eu temia.
Eu estava acostumado com o frio do norte, mas a maneira repentina como a temperatura caiu foi algo difícil de suportar.
Ainda estávamos bem, já que tínhamos paredes grossas para a nossa proteção. Mas teríamos que pensar em como nos manter aquecidos enquanto estivéssemos acampando ao ar livre. Será que eu poderia fazer um abrigo temporário com magia? Fortaleza de Terra era um bom feitiço para isso… mas teria que continuar alimentando-o com mana, ou acabaria desmoronando. Se eu pensasse um pouco, talvez pudesse criar uma estrutura simples, no estilo iglu, que se manteria em pé. Então poderíamos acender uma fogueira lá dentro para que nos aquecesse. Sim, parecia um bom plano.
Para esta noite, porém, decidimos nos embrulhar em nossos sacos de dormir e ficar no chão mesmo. Levei algum tempo para recarregar o implemento mágico de Elinalise, e só então me deitei. Isso envolvia colocar minhas duas mãos na fralda dela e canalizar um pouco de mana. Para ser sincero, eu me sentia um idiota.
— Rudeus — murmurou Elinalise —, se você ficar com pouca mana, pode adiar a recarga dessa coisa por algum tempo.
— Mas se eu parar de alimentar isso com mana, você não conseguirá se conter, não é?
— Sua magia será cada vez mais crucial conforme entrarmos em combate. Temos que priorizar a sua capacidade de luta.
Os monstros do Continente Begaritt não eram, em média, tão ferozes quanto os do Continente Demônio. Mas alguns deles supostamente tinham uma força comparável. Ficar de guarda baixa poderia ser fatal.
— Não se preocupe. Sinceramente, isso não prejudica o meu suprimento de mana.
— Sério? Nossa, seu reservatório de mana parece ser um poço sem fundo…
— Mais ou menos parecido com o seu apetite sexual.
— Ah, eu não diria que sinto tanto tesão, querido.
Se eu demorasse para encher essa coisa de mana e Elinalise entrasse no modo de sedução, acabaríamos em apuros. Eu provavelmente não seria capaz de resistir no caso de ela decidir me atacar. Poderia dar muitas desculpas convenientes: Só desta vez. Será nosso segredinho. Tentei impedi-la, mas ela me forçou.
E se eu cedesse à pressão, poderia acabar arruinando as nossas vidas. Digo, e se ela engravidasse? Cliff me odiaria pelo resto da vida, e duvido que Sylphie algum dia me perdoaria. Sem mencionar o que minhas irmãzinhas pensariam.
Eu não conseguia imaginar nada de bom como o fruto por me deitar com Elinalise. Se realmente não pudéssemos nos impedir, eu talvez pudesse convencê-la ao menos a parar no sexo oral…
Ugh, não. Eu nem deveria pensar nessas coisas.
No momento eu estava obviamente um pouco sobrecarregado. Na última semana, passei tempo demais passando os braços na cintura de Elinalise. Não tínhamos feito nada sexual, mas não se pode culpar um jovem por ficar um pouco excitado. Nesta noite, precisaria cuidar das minhas necessidades sozinho, aproveitando o turno de guarda ou algo assim.
— Bem, então, vamos dormir? Imagino que em breve nos moveremos pelo deserto, então devemos poupar as nossas forças.
— É, você tem razão.
Por mais que eu quisesse conservar minhas energias, precisava soltar alguma coisa nesta noite. Às vezes não é fácil ser homem.
Naquela noite, mais tarde, enquanto estava deitado dentro das ruínas, senti um cheiro doce flutuando pelo ar.
Senti meu coração começando a bater mais forte na mesma hora.
Abrindo os olhos, vi Elinalise fazendo uma careta enquanto dormia, com sua espada entre seus braços.
Me vi observando seu pescoço pálido e mãos finas. Seu rosto parecia uma versão amadurecida do rosto de Sylphie. Ela também era alta e magra. Especialmente da cintura para baixo, sua silhueta era uma das mais perfeitas que eu já tinha visto.
E, também, ela não era supostamente muito, muito boa de cama…?
— Hah… haah…
De repente, a haste da minha bandeira foi colocada de pé e começou a tremer enquanto meus pensamentos ficavam nublados pelo desejo.
— Mm…
Elinalise se contorcia enquanto dormia. Seu cobertor escorregou e consegui ter uma boa visão de suas coxas, usando shorts de couro bem apertados.
A mulher tinha uma bela bunda. Queria dar uma apertada naquilo. Mesmo sem querer, acabei inconscientemente estendendo a mão. Eu queria tocá-la. Muito, muito mesmo.
Meus dedos alcançaram suas coxas. Pareciam incrivelmente macias.
Elinalize arfou e abriu um pouco as pernas. Ela estava tentando me seduzir ou o quê?
A possibilidade de me conter parecia cada vez mais distante. Afinal, qual era a importância disso? Poderíamos tornar isso em um acontecimento único. Ela não me recusaria. Guardaria segredo. Isso não seria problema.
— Cliff…
Mas Elinalise então murmurou aquele nome enquanto dormia, e com isso recobrei os sentidos.
Virando, rastejei para fora do cômodo, depois, fui para o lado de fora do edifício.
Eu pensava que estava tudo bem, mas evidentemente passei tempo demais negligenciando as necessidades do meu corpo. Quase fui tomado por uma onda momentânea de luxúria. Já estava na hora de me aliviar, se é que entende.
Sentado no topo de uma duna que não ficava longe, comecei a abaixar as calças… e então ouvi um barulho. Eu não estava sozinho.
— Hm…?
Elinalise tinha me seguido para o lado de fora? Olhando ao meu redor, vi uma mulher muito sensual parada não muito longe.
Estava muito frio por ali, mas ela estava vestida como uma dançarina. Suas roupas eram finas o suficiente para que parecessem transparentes à luz do dia. Seu cabelo era curto e encaracolado, provavelmente preto. Era difícil distinguir o seu tom de pele na escuridão, mas seu corpo brilhava, pálido contra o céu escuro.
Mais importante ainda, ela tinha um corpo bacana. As curvas certas, sabe? Ela fazia Elinalise parecer uma prancha de madeira.
A mulher levou um dedo à boca e sedutoramente o chupou. Acabei olhando, paralisado, para os seus lábios.
Lentamente, com muita paciência, ela se aproximou de mim. E então se agachou, abrindo um pouco as pernas. O cheiro doce que senti antes inundou o ar, ficando muito mais forte do que antes. Isso me acertou como um tsunami.
Engoli em seco. Havia algo quente escorrendo pelo meu queixo. Quando toquei meu rosto, descobri que estava tendo uma hemorragia nasal.
— Heh heh…
A mulher convidativamente me estendeu a mão. A peguei e deixei que me puxasse para…
— Rudeus!
Naquele instante, ouvi um grito de dentro das ruínas.
A mulher saltou para trás. Uma fração de segundo depois, Elinalise moveu a espada, cortando o espaço no ar onde ela estava. Antes que eu pudesse reagir, Elinalise se posicionou entre mim e minha sedutora.
— Controle-se, seu idiota! — gritou ela.
— Hein?
Eu nem sabia como reagir. Mas Elinalise já estava levantando o seu escudo e atacando a mulher.
— Keeeaaah!
Ela soltou um grito agudo, e suas unhas cresceram até um comprimento anormal. Seu corpo estava mudando de forma. Asas completamente formadas surgiram em suas costas e ela começou a batê-las com ferocidade, tentando deixar o chão.
Elinalise já estava em cima dela. Bruscamente balançando seu escudo contra o rosto da mulher, ela a jogou no chão. E uma vez que tinha a mulher se debatendo, presa ao seu pé, cravou sua espada para baixo.
— Gyeeaaah…
A mulher soltou um assustador grito final, mas Elinalise continuou empurrando a lâmina ainda mais fundo.
Um momento depois, saltou para trás. A mulher se contraiu e teve alguns espasmos, mas logo parou de se mover. Ela estava morta.
— Hã…?
Fiquei em estado de choque. Minha mente não queria dar sentido a esses eventos. E meu garotão ainda não tinha voltado ao normal.
Mas que porra? O que foi que aconteceu?
Enquanto eu ficava ali, estupefato, Elinalise se virou em minha direção e deu um tapa no meu rosto.
— Acorda logo! Essa coisa era uma Súcubo!
— Hein? Uma Súcubo? Espera… sério?
Aquela coisa morta no chão me parecia uma mulher normal… mesmo tendo asas de morcego gigantes e garras estranhamente longas.
Oh. Assim que olhei mais de perto, percebi que sua pele era azul-brilhante. E seu rosto também não parecia muito humano.
Mas o corpo dela era mesmo suculento. Ao menos antes de morrer. Talvez ainda continuasse bom.
— Sim. É a primeira que eu vejo, mas tenho certeza — disse Elinalise. — Acho que essa coisa de elas soltarem um odor estranho não era uma lenda urbana.
— Que odor estranho?
Na verdade, me parecia uma fragrância agradável. E meio excitante. Mas, de qualquer forma…
Me vi mais uma vez secando Elinalise. Ela não tinha muito peito, mas seu rosto era lindo e suas pernas bem torneadas. E aquela bunda, puta merda…
— Hmm. Elinalise, você tem um corpo bem bacana, sabe…
— O quê? Uh, Rudeus? Controle-se, por favor.
Não fiz nada demais, certo? A mulher dormia com qualquer um. Se eu a elogiasse o suficiente, ela me deixaria dar uma metidinha.
— Sabe, sempre sonhei em transar com uma garota igual você…
— Se você continuar com isso, vou contar para a Sylphie.
— Ei, o que os olhos não veem o coração não sente.
Ficando de pé, comecei a caminhar lentamente em direção a Elinalise. Ela ergueu o escudo e se afastou de mim.
— Droga, é mesmo — murmurou ela. — Súcubos podem enfeitiçar homens, não é?
— Vamos lá, gostosa… Vamos nos divertir um pouco…
Elinalise franziu a testa e suspirou …
— Hmph!
E então deu uma escudada na minha cara. Caí com tudo na areia, luzes brilhantes piscando diante dos meus olhos.
Isso, entretanto, não importava. Eu tinha coisas mais importantes em que pensar. Tipo transar com Elinalise.
— Haah… haah… Vamos lá, gatinha. Você não vai se arrepender, tenho certeza…
— Ah, meu deus. Rudeus, use magia de Desintoxicação em você mesmo. E continue usando até contar até dez.
— Magia de Desintoxicação? Se eu fizer isso, a gente vai dar uma trepadinha?
— Falamos sobre isso depois… Só faça, entendido?
Ofegando sem parar, comecei a lançar meus feitiços de Desintoxicação – começando pelo mais básico e avançando para os Intermediários. Depois de lançar alguns deles, entretanto, meu corpo de repente ficou muito mais leve.
— Hein…?
Era como se a névoa dentro da minha cabeça tivesse sumido. A parte inferior do meu corpo ainda estava meio animada, mas minha necessidade desesperada por sexo estava sumindo.
Olhei para Elinalise. Ela era uma mulher atraente, sem dúvidas. Mas isso era tudo que eu pensava.
— Ouvi dizer que o cheiro de uma Súcubo tem a capacidade de fazer os homens perderem o juízo. Parece que isso também é verdade. — Elinalise lentamente embainhou a espada, depois, cruzou os braços e soltou um suspiro.
— Meu deus…
— …
O que eu estava tentando fazer?
Procurei as últimas palavras que tinha dito em minhas memórias.
Merda…
— E aí, vamos dormir? E, da próxima vez, tome mais cuidado. — Elinalise já estava se virando para retornar às ruínas.
Me remexendo, envergonhado, a chamei.
— Uhm, Senhorita Elinalise… Sinto muito por tudo.
Ela olhou para mim com desconfiança, mas então mostrou um sorriso travesso.
— O que é isso? Sempre sonhei em transar com uma garota igual você?
Pude sentir meu rosto ficando quente. Não foi culpa minha! A Súcubo me obrigou!
— Vamos lá, gostosa. Você não vai se arrepender!
— Ugggh…
Puta merda, isso era humilhante.
Sorrindo, ela se aproximou de mim e me deu um cascudo.
— Está tudo bem, eu entendo. Esse tipo de efeito é comum, sabe? A culpa não é sua. Não vou contar sobre isso para Sylphie ou Paul.
— Você é uma santa, Elinalise!
— Mas tente não confiar cegamente em mim, entendeu? Posso me controlar por um tempo, mas a minha maldição fica mais forte com o tempo. Em algum momento, posso não conseguir me conter.
— Sim. Certo. Bem, se acontecer, aconteceu.
— Não, idiota! Se chegar a esse ponto, você deveria me parar!
— Tá bom, tá bom.
Balançando a cabeça, Elinalise sorriu gentilmente.
— Então acho que vou dormir. Fique algum tempo de guarda, por favor. Ah, e certifique-se de queimar esse corpo.
— Certo.
Com isso, ela voltou para dentro das ruínas. Eu ainda não conseguia me sentir culpado pela forma como a tratei, mas não havia mais muita coisa que pudesse ser feita.
Precisaria queimar o corpo da Súcubo e depois enterrar seus ossos. De perto, não era tão atraente – suas características eram iguais às de um morcego, na verdade. Acho que se não prestasse atenção poderia acabar confundindo com uma humana, mas eu não conseguia entender por que fiquei tão excitado.
Poderia, inclusive, jurar que no começo ela era uma linda garota. Talvez só tivesse revelado sua forma real quando sua natureza verdadeira foi exposta, iguais aos vampiros de filmes de terror.
Ainda assim, aquele corpo não era coisa da minha imaginação. O corpo dela era formoso, sem dúvidas. Talvez fosse esse o problema. Do pescoço para baixo, era como uma versão mais encorpada de Elinalise, só que com asas.
Certo, vamos tentar desviar a atenção do assunto. Foi uma decisão muito difícil. Se Elinalise não tivesse aparecido na hora certa, o que me aconteceria? A coisa talvez me pegaria pela mão, atrairia para algum lugar e sugaria a minha fonte de vida.
Ugh, droga… E minhas bolas continuam cheias…
Mais um motivo para ficar decepcionado. Nesse ritmo, poderia acabar começando a, em algum momento, dar em cima de Elinalise. Talvez devesse me aliviar antes de voltar.
Enquanto olhava para a Súcubo, é claro…
Ainda era nossa primeira noite no Continente Begaritt, e a viagem já se revelava um verdadeiro desafio.
Tradução: Taipan
Revisão: Milady
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